Capítulo 4
Sam abriu seus olhos e algo dentro dele parecia diferente. O enjôo tinha sumido e as vozes não passavam de sussurros distantes, o que não causava mais dor de cabeça. Em falando em dor de cabeça, a mesma tinha parado de um jeito que parecia que nunca tivesse existido.
O garoto olhou para os lados e percebeu que estava em um quarto de hospital, provavelmente tinha sido levado até ali por Stiles.
Ele se levantou e tirou a camisola do hospital, logo vestindo as suas roupas e calçando seus sapatos. Então ele saiu do quarto, vendo que o corredor estava completamente vazio.
Ao virar num corredor, deu de cara com Melissa McCall, essa que estava ofegante e toda suja de sangue.
—Ah, Sami. —Melissa suspirou de alívio. —Que bom que você acordou. Você tá bem?
—Tô. —Sam concordou sem expressar emoções, logo olhando para o sangue no corpo da mulher.
—Ah, não se preocupe, isso não é meu. —Melissa o tranquilizou. —E de um polícial que um garoto...
—Eu sei, eu tô sentindo o cheiro. —Sam a interrompeu. —Será que você pode me dizer onde está o garoto que está fazendo bagunça?
Melissa o informou que o garoto tinha ido para o terraço, e ao chegar no mesmo, viu Scott lutando contra o garoto bem perto da beira do terraço.
Sam não pensou duas vezes antes de correr até os dois e pular no garoto, o tirando de perto de Scott. Os dois pararam com o garoto em cima de Sam, ele rosnava e mostrava suas presas e olhos totalmente brancos. Sam também rosnou, mostrando seus olhos e presas antes de jogar o garoto para longe de si.
O garoto e Sam se levantaram, rosnando um para o outro, mas antes de fizessem alguma coisa, o garoto caiu no chão e um Tomahawk militar quase atingiu Sam. Só não atingiu porque Sam o parou no ar com seus poderes.
Sam pegou o Tomahawk militar e o arremessou contra a pessoa que tinha tentado acertá-lo, vendo que era um cara alto, careca, usando roupas pretas. E o detalhe mais sinistro era que ele não tinha boca. O homem desviou do Tomahawk, e o pegou antes de ir embora.
Sam ouviu um grunhido de dor e se aproximou de Scott, esse que encarava o aluno novato; Liam. O loiro segurava seu pulso esquerdo enquanto grunhia de dor, tinha uma mordida ali.
—É, Scott, espero que agora você esteja pronto para ter um beta. —Sam comentou e Scott o olhou incrédulo.
Não demorou muito para eles escutarem as sirenes da polícia, então pegaram Liam e saíram correndo do hospital.
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Quando Stiles chegou na casa de Scott, encontrou seu irmão, o mesmo parecia está diferente.
—Sam? —Chamou e o mesmo o encarou. —Você tá bem?
—Tô. —Sam concordou. —Por que não estaria?
—Não sei, talvez pelo fato de você ter quase colocado seus órgãos para fora hoje cedo.
—Eu tô bem. —Sam deu de ombros. Stiles franziu as sobrancelhas, ele estava estranho.
—Tem certeza que você tá bem? —Stiles perguntou. —Você tá parecendo um robô.
—Eu já disse que eu tô bem. —Sam disse com firmeza. —Então, o que você falou para o papai?
—Como eu disse para o Scott, eu falei tudo o que podia para o papai. —Respondeu enquanto passava pela porta da sala da casa de Scott.
—Mas você não falou sobre o Liam, né? —Sam o acompanhava enquanto subiam as escadas.
—Vocês mal me contaram sobre o Liam! —Stiles protestou, começando a ficar eufórico. —O que vocês fizeram com ele?
—Ele está lá em cima.
—Fazendo o quê? —Franziu as sobrancelhas.
—Descansando.
Stiles não estava gostando daquilo nem um pouco. Seguiu seu irmão até o quarto de Scott. O McCall estava lá, sentado na cama, os cotovelos apoiados nos joelhos, encarando o chão de forma preocupada.
Sam foi direto para o banheiro do quarto, e Stiles demorou um tempo para entender que devia continuar seguindo-o. Achou estranho, pois eles deviam estar indo até o Liam. Por que estavam indo ao banheiro?
O banheiro do quarto de Scott era um pouco grande. Havia uma banheira ali, daquelas que tem uma cortina para dar privacidade a quem fosse usá-la. Sam puxou a cortina e Stiles entendeu o que seu irmão quis dizer com "descansando".
Liam estava deitado na banheira. Seus braços e pernas estavam presos por fita adesiva, assim como sua boca. Ele olhava assustado para os dois adolescentes, e tentava falar alguma coisa num tom um pouco desesperado. Stiles suspirou. Scott era péssimo lidando com as coisas sob pressão. Ele arrastou a cortina da banheira de volta a sua posição original, recebendo protestos chorosos vindo da vítima.
—Ah... Gente? Se importam de explicar que porra está acontecendo? —Stiles revezou o olhar entre Sam e Scott.
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Stiles e Sam se sentaram na cama, se juntando ao McCall. Stiles encarava o nada, ainda digerindo e processando todas as informações que tinha acabado de receber.
—Então você o mordeu. —Stiles falou.
—Aham. —Scott balançou a cabeça.
—E você o raptou.
—Sim.
—E você o trouxe aqui.
—Eu entrei em pânico.
—Aham.
Ao seu lado, Stiles ouviu uma pequena risada vinda de Sam. Ele se virou para seu irmão com um olhar reprovador.
—Desculpa. —Sam murmurou, tentando esconder um sorriso. —Isso não é engraçado.
—Isso é péssimo. —Stiles bufou. —Por que você mordeu ele?
—Era o único jeito! —Scott protestou. —Sean tinha levado ele para o terraço, e estava ameaçando jogá-lo de lá do alto. A gente acabou lutando. Foi bem intenso. E o Liam acabou ficando pendurado na borda do telhado. Ele ia cair e morrer!
—E você resolveu segurar ele com a boca?
—Sean estava segurando minhas mãos!
Stiles piscou, não conseguindo visualizar a cena.
—O quê?
—Scott segurou o braço dele com a boca, para que não despencasse para a morte. —Sam explicou. —Foi um péssimo jeito de salvar a vida dele, mas funcionou.
—Obrigado, Sami. —Scott agradeceu.
—Então ele é seu beta agora? —Stiles se voltou para o melhor amigo.
—Se ele sobreviver. —Foi Sam quem respondeu. Scott bufou, desolado.
—É claro que ele vai sobreviver.
—Eu meio que concordo com o pessimismo do Sam dessa vez. —Stiles apontou para seu irmão. —Isso não vai ser fácil de jeito nenhum. Mas, se ele não sobreviver, eu espero que isso não termine com a gente enterrando partes de seu corpo no deserto.
Um lamento foi ouvido do banheiro, junto com sons do calouro se debatendo. Aparentemente, ele havia escutado a última parte.
—Só para lembrar, é por isso que eu sempre crio os planos. —Stiles disse. —Seus planos são horríveis.
—Eu sei. —O McCall apenas concordou. —Foi por isso que eu te liguei. Então, o que fazemos?
—Bom... —Sam levantou uma das mãos. —Eu voto em enterrar partes do corpo dele no deserto.
—Nós não vamos matar ele! —Scott descartou a ideia. —Tirando essa péssima ideia, o que vamos fazer?
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Stiles deixou Sam e Scott cuidarem da parte difícil. Tirar Liam da banheira e levá-lo até o quarto, prendendo-o em uma cadeira com mais fita adesiva.
Os três se entreolharam, como se estivessem confirmando qual era o plano. Bom, o plano era simples, em teoria: era só conversar com Liam.
Mas, sinceramente, Sam estava com um pouco de medo daquele garoto. Liam respirava fundo e pesadamente, suas mãos estavam cerradas e sua expressão era de pura raiva. Sam tinha certeza que, se não estivesse preso, Liam os atacaria.
—Liam, vamos tirar a fita da sua boca. —Stiles começou a falar. —Se você gritar, a gente coloca ela de novo. Se você falar calmamente, não volta. Entendeu?
O calouro demorou um pouco, mas concordou com a cabeça. Stiles sinalizou para Sam tirar a fita.
—Você assiste filmes demais. —Sam comentou, removendo a fita de uma vez.
Liam grunhiu. Por um momento, Stiles pensou que ele ia começar a gritar mesmo assim, mas isso não aconteceu.
—Okay, Liam. —Stiles continuou, realmente se sentindo em um filme. —Eu sei que você viu muitas coisas estranhas essa noite. E coisas mais estranhas vão acontecer por causa das coisas estranhas que aconteceram essa noite, entendeu?
—Não muito. —Liam piscou.
—Isso é bom, muito bom. —Stiles respirou fundo.
—Também não entendi. —Scott disse.
—É melhor você contar à ele.
—Okay. —Foi a vez de Scott respirar fundo. —Liam, o que houve com você, o que eu fiz com você... O que eu tive que fazer para te salvar...
—Bom plano, péssima execução. —Sam murmurou.
—... Vai... Vai mudar você.
—A não ser que te mate. —Stiles falou ao mesmo tempo que seu irmão.
Os dois garotos se encararam, surpresos. Scott bufou, passando a mão pelo rosto.
Liam arregalou os olhos. Sua expressão passou de furiosa para assustada.
—Oi? —Sua voz era falhada e cansada, era praticamente um sussurro.
Os três garotos se entreolharam, tentando decidir o que fazer. Cada um queria que o outro dissesse alguma coisa, então ninguém falava nada. A guerra de olhares foi interrompida por um som vindo do loiro.
Sam se virou para ele. Liam havia abaixado a cabeça, seus ombros tremiam levemente e alguns sons estranhos saiam de sua garganta.
—Wow. —Stiles deu um passo para trás, assustado. —Ele está... Ele está chorando?
—Liam, está tudo bem. —Scott se abaixou em frente à cadeira. —Vai ficar tudo bem. Você não vai morrer.
—Provavelmente não. —Stiles e Sam acrescentaram, ao mesmo tempo.
Stiles bufou, olhando aborrecido para seu irmão, que devolveu o mesmo olhar. Mas o pior olhar era o de Scott.
—Dá pra vocês dois pararem?
—Temos que mentir para ele? —Sam questionou. O choro de Liam ficou mais alto.
—Não é mentira! —O McCall protestou, claramente se sentindo culpado. —Ele não vai morrer.
—Você só está falando isso porque ele está chorando. —Sam cruzou os braços. —Você sabe que ele está fingindo, né?
O choro do calouro aumentou ainda mais, seus ombros começaram a tremer compulsivamente. Stiles deu um passo para trás, se sentindo assustado e com pena do garoto.
—Qual é, Sami. —Stiles disse. —Ele foi sequestrado, eu também estaria desesperado. Aliás, eu fui sequestrado várias vezes, então...
—Mas ele... —Sam tentou argumentar, mas foi interrompido por Scott:
—Stiles, me ajuda a desamarrar ele.
Stiles nem hesitou. Foram até a cadeira e arrancaram toda a fita adesiva que prendia o calouro. Depois que foi solto, Liam continuou com a cabeça baixa, mas agora não emitia som nenhum.
—Liam, você está bem? —A voz de Scott era cheia de preocupação.
—Nós sentimos muito por isso. —Stiles tentou se desculpar. —Muito mesmo.
Liam se levantou devagar, ainda sem olhar para os meninos.
—Gente! —Sam tentou avisar, mas Liam foi mais rápido. Pegou a cadeira que estava atrás de si e a jogou com toda a força em Scott, partindo-a em vários pedaços.
O McCall gritou, caindo no chão no mesmo instante. Stiles não pôde processar direito o que havia acabado de acontecer, mas, quando deu por si, Sam tinha ficado entre ele e Liam. Sam estava com as mãos levantadas, como se tentasse acalmar o loiro, mas não funcionou. Liam chutou seus joelhos, fazendo Sam se desequilibrar e cair.
Stiles deu um passo para trás, percebendo que só tinha sobrado ele e Liam em pé ali.
—Qual diabos é o seu probl... —Mas Stiles não conseguiu terminar a frase. O punho de Liam chocou contra sua bochecha, o empurrando para trás. O garoto sentiu uma dor se espalhar por seu rosto. Ele só não caiu também porque se apoiou na parede do quarto.
Liam não perdeu tempo, saiu correndo do quarto. Os três adolescentes se encararam por um momento, em choque.
—Eu disse que ele estava fingindo! —Sam gritou enquanto se levantava.
Scott também se levantou. Ele e Stiles correram para fora do quarto. Sam iria também, mas antes mesmo de passar pela porta, ouviu gritos e barulhos de tombos. Quando chegou no corredor, não viu ninguém, mas continuou ouvindo aquela barulheira.
O corredor do segundo andar terminava na escada. Sam correu até ela a tempo de ver os três caídos no pé da escada, lutando entre si. Scott e Stiles tentavam agarrar Liam, que lutava para se libertar.
Sam arregalou os olhos. Começou a descer as escadas correndo. Quando estava na metade do caminho, viu Liam se levantar e correr para a porta, saindo da casa. Scott e Stiles nem perceberam, estavam ocupados demais lutando um com o outro no chão.
—Gente! —Sam gritou para os dois. —Gente!
Os dois garotos pararam de lutar, olhando para Sam. Então olharam um para o outro, percebendo que Liam não estava mais ali.
Sam revirou os olhos, bufando. Liam tinha corrido tão rápido que nem dava mais para vê-lo na rua.
—Muito bem, pessoal. —Sam cruzou os braços. —Muito bom mesmo.
—É, Scott, você estar completamente ferrado. —Stiles comentou, olhando para o amigo.
—Stiles, seus planos também são péssimos. —Scott encarava a porta escancarada.
Sam negou com a cabeça, esboçando um pequeno sorriso. Tinha se divertido muito nesse dia.
•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.
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