Capítulo 27
Stiles olhava para a paisagem que passava pela janela do carro em movimento, ele não sabia o que dizer para Sam ou o que fazer para o mesmo dizer alguma coisa.
Ele olhou para o seu lado direito, vendo Sam olhando para a paisagem também. Ele usava um capuz na cabeça e não tinha falado uma palavra sequer desde que voltou ao controle do seu corpo, e isso preocupava seu irmão e o seu pai, que estava dirigindo o carro.
Eles finalmente chegaram. Eles desceram do carro, andando em passos lentos até o porão gigante da Casa Eichen. Foi quando eles ouviram o barulho da moto. Stiles e Sam se viraram, a tempo de ver Scott estacionar perto deles e descer rapidamente da moto, andando até ficar na frente deles.
—Por que você não me contou? —Perguntou para Stiles, olhando dos amigos para a Casa Eichen repetidas vezes.
—Porque queríamos evitar algo assim. —Foi o xerife quem respondeu. Sua voz era amarga, Scott podia ver que ele também não queria fazer aquilo.
—São apenas 72 horas. —Stiles disse.
—Esse é o mesmo lugar de onde veio Barrow, o cara que tinha um tumor cheio de moscas! —Scott tentou argumentar. —Você não sabe de tudo ainda. —Se virou para o xerife.
—Eu sei o bastante. Nogitsunes, Kitsunes, Oni, ou sei lá como eles se chamam...
—Na verdade, isso está surpreendentemente certo. —Stiles falou. Sam ainda estava em silêncio, evitando ao máximo o contato visual com Scott.
—Scott, —Noah continuou, ignorando o filho. —eu vi uma ressonância que parecia exatamente igual à da minha esposa. E isso me aterrorizou. Eu vou amanhã até L. A. para falar com um especialista.
—Então por que está colocando ele aqui?
—Ele não está. —Sam suspirou. —A decisão foi minha.
—Sam, nós não vamos poder te ajudar se ficar ali dentro.
—E eu não vou poder machucar ninguém.
—Deaton tem algumas ideias. Os Argent estão ligando para algumas pessoas. Nós vamos achar alguma coisa, e se não conseguirmos...
—Se não conseguirem, —Sam o interrompeu. —se vocês não conseguirem, vão ter que fazer algo pra mim, okay? Garantirem que eu nunca saia daqui.
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—Sr. Stilinski! —Uma voz feminina os chamou, Stiles assumiu que a mulher fosse uma das enfermeiras daquele lugar, ou algo assim. —Por aqui, por favor. —Ela sorriu, e por algum motivo, isso só deixou Stiles mais assustado.
Eles a seguiram até uma pequena sala, onde Sam teve que assinar vários papéis e documentos, assim como seu pai. A mulher parecia cansada, Stiles imaginou que ela estivesse pensando no trabalho a mais que eles teriam com Sam ali.
—Sem celular nas primeiras 72 horas, —Ela dizia. —nem e-mails, ou visitas. Vamos levá-lo daqui para um exame físico. Pela manhã, você será avaliado por uma equipe de psicólogos, conversará com uma assistente social, e fará terapia em grupo.
—Eu sinto que estamos esquecendo alguma coisa. —O xerife falou, batendo sua caneta contra a mesa em um gesto nervoso. Aquele lugar tinha grades nas portas e janelas, ele odiava que estivesse deixando Sam num lugar como aquele. Numa prisão, num hospício.
—Você vai usar isso, Sam. —A mulher colocou um tipo de pantufa bege em cima da mesa. —Cadarços não são permitidos. Não está com um cinto, não é? —Sam apenas negou com a cabeça enquanto tirava seu capuz. —Por favor, esvazie seus bolsos aqui. —Indicou uma pequena caixa de plástico na mesa.
—Seu colar! —O xerife exclamou. —Seu colar, Sam. Esquecemos seu colar.
—Pai, está tudo bem. —Sam disse, começando a tirar seus sapatos.
—Não, não. Você não vai ficar bem. Nós... Nós precisamos ir buscá-lo.
—Está tudo bem, pai. Depois você trás ele.
—Eu não acredito que o esqueci. Você nunca o tira do pescoço para nada além de dormir ou tomar banho.
—Você pode trazê-lo amanhã, não tem problema. —Sam deu de ombros enquanto colocava tudo que tinha em seus bolsos lá. Algumas moedas, suas chaves, seu celular.
Foi quando o xerife não aguentou. Sam se livrando de suas coisas, as portas batendo, os sons das grades daquele lugar. Era demais para ele, ele não podia deixar Sam naquele lugar.
—Quer saber de uma coisa? —Ele se levantou brutalmente. —Já chega. Pare com isso. Sam, pegue suas coisas. Não vou deixá-lo aqui sem ter a certeza que você vai ficar bem.
—Pai. —Sam suspirou, também se levantando. —Eu não tô bem há dias, então não se preocupe.
Então ele o abraçou, enterrando o rosto em seu ombro. Ele sabia que não era fácil para seu pai, mas era o melhor a ser feito. Quando se separaram, a mulher conduziu Sam pelo corredor, deixando o xerife sozinho naquela sala, com um peso gigante em seu peito e lágrimas nos olhos.
Stiles apertou os seus olhos, ele não estava mais aguentando aquilo, ele tinha que falar com Sam.
—Sam? —Chamou se levantando e se virando para o irmão, esse que parou e se virou para ele.
—Não, Stiles. —Sam negou com a cabeça e Stiles abaixou a cabeça, se sentindo magoado. Sam não queria magoá-lo, mas não conseguia esquecer o que fez o seu irmão passar. —Só não.
Sam voltou a deixar a mulher conduzi-lo para longe de sua família, e Stiles começou a sentir as mesmas coisas que seu pai estava sentindo.
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Aquele lugar tinha muitos andares, e aparentemente, o quarto de Sam era no penúltimo.
O garoto seguia a enfermeira pelas escadas em silêncio. Enquanto subia, ia observando o lugar. O prédio parecia antigo, as paredes pareciam ter sido pintadas várias vezes. Foi quando ouviu uma voz acima deles.
—Eu sou a parte do pássaro que não está no céu. Eu sou a parte do pássaro que não está no céu.
Sam olhou para cima. Havia um garoto - dois andares de onde eles estavam - amarrando uma corda no corrimão do corredor. Ele dizia as palavras para si mesmo, como se estivesse recitando um poema, ou algo assim.
—Você viu aquilo? —Sam questionou à enfermeira, que pareceu não tê-lo ouvido.
—Eu sou a parte do pássaro que não está no céu. —Ele repetia, sem nunca parar de amarrar a corda. Sam percebeu algo errado no mesmo instante, começando a correr pelas escadas, tentando chegar até ele.
—Sam, espere por mim! —A enfermeira ergueu a voz, mas Sam não parou.
—Aquele cara ali em cima. —Ele apontou, e finalmente a mulher entendeu o problema.
—Eu consigo nadar no mar, e ainda continuar seco. —Agora, o garoto amarrava a corda em seu próprio pescoço. —Eu consigo nadar no mar, e ainda continuar seco.
—Hey! —Sam gritou, voltando a correr. —Hey! Pare!
—Eu consigo nadar no mar, e ainda continuar seco. —O garoto subiu no corrimão, ignorando os protestos de Sam, ou talvez ele nem os ouvisse.
O garoto nem hesitou antes de pular, ficando preso pela corda, suspenso no ar. Sam parou imediatamente, pois sentiu uma enorme dor no seu peito. Ele gritou de dor, pois ela era muito forte.
—Sam? Você tá bem? —A enfermeira indagou e Sam suspirou, o que fez um vapor gelado sair da sua boca. Ele se ergueu - já que tinha pendido o corpo para frente - e olhou para a mulher.
—Tô, eu tô bem. —Ele murmurou e olhou aterrorizado para o corpo acima dele.
Sam engoliu em seco. Aquele lugar não era seguro.
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—Okay, eu sei que tem o negócio de 72 horas, mas eu realmente preciso usar o celular agora. —A voz de Sam tremia enquanto ele falava com a enfermeira, que continuava andando até o quarto que Sam ficaria, indiferente à urgência na voz do garoto.
—O acidente ocorrido está sendo resolvido. —Ela respondeu em tom frio.
—Você chama mesmo aquilo de acidente?
A mulher parou na frente de uma das portas, destrancando-a.
—Incidente.
—Um pouco melhor. —Bufou. —Ainda sim, eu preciso do celular. Só cinco minutos. Três minutos! Por favor, uma chamada de três minutos.
—Você gostaria de ir dormir, Sam. —A mulher o empurrou para dentro do quarto. —Ou quer ser apresentado ao sistema de contenção de cinco pontos?
Sam engoliu em seco, ficando em silêncio.
—Eu iria dormir. —Uma voz dentro do quarto falou. Sam se virou, e viu o seu colega de quarto na cama ao lado da parede, preso por cordas pelos pulsos e tornozelos. Ele acenou, sorrindo levemente.
Foi quando a mulher fechou a porta, deixando Sam sozinho com ele.
—Não, espera, espera, espera! —Mas era tarde demais. Sam estava preso ali.
—Eu sou o Oliver. —O colega de quarto disse.
—Sam. —Bufou.
—Houve um suicídio, hã?
—Sim. —Sam girou a maçaneta, em vão.
—Hoje é segunda-feira? A taxa de suicídios é bem maior nas segundas-feiras.
—Okay. Ah... Hey! —Sam levantou a voz, ainda virado para a porta. —Alguém pode... Alguém pode, por favor, me tirar daqui? Alguém? Qualquer um?
—Eu escutei, a propósito. —Sam se virou para Oliver, desistindo de gritar. —Aconteceu nas escadarias, não foi?
—Sim, como você sabe? —Ele andou até a cama vazia do outro lado do quarto, se sentando no colchão frio.
—Eu escutei o eco.
—O que quer dizer?
—É esse lugar. Algo sobre... O jeito que foi construído. Tudo ecoa... Eventualmente. É por isso que é chamado de Casa Eichen. Casa dos Ecos.
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Quando Oliver acordou, Sam ainda estava sentado na cama, do mesmo jeito que estava naquela noite, encarando a janela em silêncio.
—Ficou acordado a noite toda? —Oliver perguntou com a voz grossa de sono.
—Fiquei. Eu não quero dormir, peguei trauma.
Sam esfregou suas mãos uma na outra e depois passou elas por seus braços, desde que ele tinha voltado ao controle, estava sentindo muito frio e sua pele estava gelada, mas ele não sabia o que isso significava.
De repente, Oliver começou a tossir, tirando Sam de seus pensamentos.
—Você está bem? —Questionou.
—Eu engoli um inseto outro dia. —Oliver fez uma careta. —Já aconteceu com você? Eu fico tossindo, como se ainda estivesse na minha garganta.
—Isso é nojento, Oliver. —Ele fez uma careta. —Você não sabe quando destrancam as portas, sabe?
Um barulho de tranca soou na porta.
—Agora. —Oliver respondeu.
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—A maioria de nós está bem. —Oliver falava enquanto seguia Sam pelo pátio da Casa Eichen. —Os violentos estão trancados na unidade fechada. Essa é a Hillary. —Apontou para uma garota enquanto passava por ela. —Ela tem TOC. Esse é o Gary. Ele acha que é Jesus Cristo. Dan. Também Jesus. Essa é a Maria...
—Maria Madalena? —Sam arriscou, mas ele não estava se importando. Andava para todos os lados, procurando por um telefone, precisava falar com alguém o mais rápido possível. Avistou um daqueles telefones grandes e antigos preso à parede do outro lado do pátio. Começou a andar mais rápido até ele, sentindo seu nervosismo diminuir.
—Não, ela também acha que é Jesus. —Deu de ombros. —Você ficaria surpreso com o número de Jesus que temos aqui.
—Não muito. —Sam bufou. Eles finalmente chegaram na frente do telefone, mas Sam tinha que esperar uma garota terminar de usá-lo antes.
—Por que você já quer usar o telefone? —Oliver franziu as sobrancelhas.
—Porque depois de uma noite, eu mudei de ideia sobre esse lugar ser seguro para mim. —O Stilinski suspirou. Desde que tinha saído do quarto, ele ficava olhando para todos os lados, procurando pela saída. —Ou para qualquer um.
—Não. —Sam ouviu a garota dizer no telefone. —Não, eu acho que você está errado. Eu acho que devo contar a eles. Eles vão querer saber a história, a história inteira. —Ela fez uma pausa. —Sim, eu acho mesmo que eles deveriam saber. Sim, eu acho. —Sua voz diminuiu, ficando apenas um sussurro. —Um deles está parado bem atrás de mim.
Sam sentiu como se estivesse levado um soco. A garota estava falando dele. Depois de tudo o que Sam tinha passado, tinha aprendido a não ignorar coisas assim. A garota se virou e se afastou de Sam em passos rápidos, como se estivesse com medo dele, ou algo do tipo.
—Quem é aquela? —Sam indagou à Oliver depois que a garota já estava à uma distância aceitável deles.
—É a Meredith. Ela é um pouco estranha.
—Não, você é um pouco estranho. Ela é muito estranha. —Sam colocou o telefone na orelha.
—Ah, você não perguntou, mas os telefones ficam mudos depois de um suicídio.
—Então por que eu estou escutando sussurros vindo dele? —Sam perguntou confuso, pois ele não conseguia entender os sussurros.
—É sério? Deixa eu ver. —Sam entregou o telefone para Oliver e o mesmo colocar na orelha, mas logo franziu o cenho. —Eu não tô escutando nada.
—Tá, vai me chamar de maluco agora? —Sam resmungou irritado. —Olha, eu não tenho cabimento nenhum para isso.
—Não, é sério. Olha. —Sam pegou o telefone novamente e colocou na orelha, vendo que ele realmente estava mudo.
—Que estranho, eu podia jurar que tinha ouvido sussurros vindo deles.
O Stilinski apenas colocou o telefone de volta no gancho e deu meia volta, começando a andar na outra direção, logo sendo seguido por Oliver.
—O que vai fazer agora?
—Eu vou sair desse manicômio.
—Essa não é bem a maneira apropriada de descrever esse lugar.
Sam suspirou para se acalmar, Oliver está certo. Porém, Sam não sabia o porque estava tão irritado.
—Eu sei.
De repente, o garoto parou. Parada de costas um pouco para frente dele estava Malia, o que o deixou surpreso, não esperava encontrá-la ali.
—Malia? —Chamou se aproximando dela. Malia se virou e franziu o cenho, como se não se lembrasse dele. —Oi, eu sou o Sam. Eu sou o amigo do Scott. Lembra que nós a ajudamos com...
Antes que Sam pudesse continuar, Malia o deu um forte soco no rosto, o que o fez cair para trás.
—Ei, Malia! —Um enfermeiro gritou, a segurando por trás para imobilizá-la.
—Depois de tudo o que eu fiz, eu confesso que mereci isso. —Sam murmurou e fez menção de se levantar, mas parou ao perceber uma coisa.
O chão onde ele estava... Era... Quadriculado. Tinha aberturas, como se fosse para passagem de luz, ou algo assim. Sam ficou olhando para aquilo, tinha a sensação que já tinha visto antes, mas onde...
Foi quando ele percebeu. Era ali. Aquele era o porão que ele e Stiles tinham ficado. Era o porão que havia aparecido no sonho deles. Onde eles viram o Nogitsune pela primeira vez.
—Basta! —Morell exclamou aparecendo e viu Sam olhando para o porão com um olhar indescritível, então se aproximou dele e se agachou ao seu lado. —Sam? Você viu algo, não foi?
—O porão. Já estive lá antes. —Sam contou, mesmo estando confuso com a presença dela.
Porém, ele decidiu deixar isso para lá. Depois de tudo de estranho que aconteceu na vida dele, ele não se surpreendia com mais nada.
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—Eu quero voltar a falar de culpa hoje. —Morell falou.
Sam tinha ficado surpreso quando soube que a conselheira de sua escola também trabalhava como psicóloga na Casa Eichen. Agora eles estavam todos sentados - formando um círculo - fazendo terapia em grupo.
—Pode surpreender vocês quando eu digo que culpa é uma coisa boa. —Ela continuou. —É uma emoção bem madura. Malia, —Ela olhou para a garota sentada a alguns metros dela. —você disse algo sobre culpa no outro dia, disse que vinha com uma reação física.
—Eu disse que me fazia sentir vontade de vomitar. —Malia cruzou os braços.
—A culpa geralmente se torna física. —Morell assentiu. —Você a sente por dentro. Não é apenas psicológico.
Enquanto ela falava, Sam podia sentir o olhar da mulher sobre ele, como se ela observasse cada um de seus movimentos.
Sam desviou seus olhos para seus pulsos, finalmente vendo as veias negras nos mesmos. Ele ficou confuso, mas na hora foi como se ele começasse a escutar os pensamentos de todos ali e também sentir a morte de cada pessoa que já tinha morrido ali naquele local, o que o fez ficar confuso.
Porém, os barulhos iam ficando cada vez mais alto. O coração de Sam estava começando a acelerar, assim como a sua respiração. Então, para tentar abafar os barulhos, Sam tapou as suas orelhas.
—O que a culpa faz em você, Sam? —O questionamento de Morell tirou Sam daquele tormento, então o garoto se ergueu o olhar na direção dela.
—Desculpe? —O garoto tentou se obrigar a se acalmar. —O que você disse? Eu não estava prestando atenção.
—Culpa. Como ela o faz se sentir?
—Nervoso. —Exatamente como agora.
—Como um senso de urgência? Você sente a necessidade urgente de consertar algo que tenha feito. De se desculpar. Isso são reações saudáveis. —Ela olhou em volta. —Alguém aqui sabe como se chama alguém que não sente culpa?
—Sociopata. —Oliver ergueu a mão, tímido.
—Isso mesmo, Oliver.
Sam voltou a pender o corpo para frente quando sentiu um forte cansaço e um frio muito grande. E sem Sam perceber, as veias negras nos seus pulsos subiram um pouco por seus braços.
Foi quando Morell viu. Veias vermelhas escuras na pele do garoto, por todo seu pescoço, e pareciam se estender pelas costas.
—Me desculpem, pessoal, mas nós precisamos fazer uma pequena pausa. —Ela se levantou, olhando fixamente para Sam. —Vem comigo, Sam. Quero falar com você por um momento.
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—São chamadas de figuras de Lichtenberg. —Morell olhava para as linhas vermelhas no topo das costas de Sam, as analisando. —Aparecem em vítimas de raios. O fato de aparecerem em você depois de uma injeção de líquen-bobo é significativo e estranho.
—Com "significativo e estranho" você quer dizer "esperançoso e otimista"?
—Quando as marcas falharam, a força do Nogitsune sobre você voltará. —Ela andou até um armário, abrindo-o e retirando dois frascos de lá, entregando um deles à Sam em seguida.
—O que é isso? Pílulas para dormir?
—Anfetaminas. Dormir é extremamente o que você não quer fazer. Você ficar vulnerável quando dorme.
—Então tudo o que eu preciso fazer é ficar acordado?
—Por enquanto. —Ela assentiu. —Se seus amigos ainda não tiverem encontrado um jeito de tirar o Nogitsune de você quando essas marcas sumirem, eu vou te encontrar.
—Para me dizer o que fazer?
—Não, para te dar uma injeção. —Ela ergueu o outro frasco em sua mão. —Brometo de pancurônio. Causa parada respiratória.
—Isso soa bastante como morte.
—É usada em injeções letais, sim.
—Então... Quando o Nogitsune assumir o controle, você me mata.
—Eu vou fazer o que eu sempre fiz: manter o equilíbrio.
—Okay então. —Ele respirou fundo. —Obrigado pelas drogas ilícitas. —Ele se virou, andando na direção da saída.
—Sam, —Ela chamou. —fique acordado.
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Sam olhou aquele corredor várias vezes antes de se convencer que não tinha ninguém ali além dele. Ele andou até o fim do corredor, na direção da porta.
Aquela porta. Sam sabia. De algum jeito, ele sabia que aquela era a porta para o porão. O porão em que ele e Stiles estiveram em seus sonhos. O porão que o Nogitsune o tinha levado. Aquilo não podia ser por acaso. Tinha que ter algo ali, alguma resposta, alguma solução, qualquer coisa.
Levou a mão até a maçaneta, a porta estava trancada, assim como ele achava que estaria.
—O que você está fazendo? —Uma voz disse atrás de Sam. O garoto pulou com o susto, só se acalmando quando viu que era Oliver ali, e não um dos funcionários.
—Preciso passar por aqui para ir para o porão. —Sam respondeu em voz baixa.
—Nem mesmo os médicos têm acesso a essa porta. Apenas o Brunski.
—O servente-chefe?
—Ele tem chaves pra tudo aqui.
—Ele carrega elas o tempo todo?
—Se você quer as chaves, provavelmente vai ter que encontrar uma maneira de... Enganar ele.
—Bom, parte de mim esta ficando muito boa em enganar as pessoas. —Sam então saiu correndo para o banheiro.
Quando ele chegou no mesmo, estranhou está cheio de vapor, mas ignorou isso e foi até a pia.
Ele tomou uma das pílulas que Morell o deu e abriu a torneira para lavar o rosto, e ao terminar, ele viu pelo reflexo do espelho que Malia estava no meio do vapor, tomando banho.
—Relaxa, Sam. —Ela pediu ao ver o jeito que ele ficou. —Você não entrou no banheiro feminino por engano. Eu tomo banho aqui porque o chuveiro do banheiro feminino não esquenta, e desde que eu voltei a ser humana, eu não consigo me aquecer.
—Eu posso te ajudar com isso. —Sam falou se virando e se aproximando dela. —Mas primeiro eu vou precisar da sua ajuda.
—Você vai ficar me olhando? —Malia indagou enquanto virava a cabeça para olhá-lo.
—O soco que você me deu prova que você não gosta de mim, e eu sou gay. —Sam murmurou, vendo Malia desligar o chuveiro. —E além disso, os meus olhos não saíram dos seus até agora.
—Espero que você não queira que eu me desculpe pelo soco. —Malia se enrolou em uma toalha e se aproximou de Sam.
—Não, eu mereci aquele soco. —Sam deu um pequeno sorriso. —Eu não consigo usar meus poderes para entrar no porão, então eu preciso de ajuda para pegar as chaves do Brunski. Se você me ajudar, eu te ajudo a conseguir o que você quer.
Malia suspirou, ela não queria ajudar Sam, mas se isso significava que ela iria voltar a ser uma coiote, ela iria ajudar sem pensar duas vezes.
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Sam tinha que admitir: estava impressionado com Oliver e Malia.
Os dois simularam uma briga bem na hora que Brunski estava por perto. Quando Brunski foi aparar a briga, Malia conseguiu roubar a chave sem ele perceber, e ainda não ser penalizada pela briga.
Sam tinha que ser rápido. Assim que chegou àquela porta de novo, começou a testar todas as chaves daquele molho, ficando mais nervoso a cada segundo. Nenhuma das chaves estava funcionando.
—Vamos, vamos. —Ele bufou. —Eu achei que esse cara tinha chaves pra tudo.
—Eu tenho. —Uma mão segurou seu ombro, e outra a mão que Sam segurava as chaves. Brunski. —Mas ninguém tem a chave para essa porta.
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—Para a sala do silêncio, rapazinho.
Brunski sorriu enquanto dois seguranças levavam Sam pelos braços para dentro de uma das "salas do silêncio". Sam se contorceu até se livrar deles. Aquela sala parecia um tipo de solitária, Sam imaginou que ficaria ali de castigo por roubar as chaves.
Brunski ergueu um pequeno frasco. As anfetaminas que os seguranças haviam pegado do bolso de Sam.
—Quer me contar onde arrumou isso?
—Em uma máquina automática. —Bufou. Brunski riu de lado.
—Eu sempre amei os sarcásticos. —Ele se virou para os seguranças. —Dêem a ele cinco miligramas de Haldol.
Um dos seguranças segurou os dois braços de Sam, impedindo-o de se mexer, enquanto o outro tirava uma seringa e um frasquinho de seu bolso.
—Espera, espera. —Sam arregalou os olhos. —O que é isso? É um sedativo? Não, não, não. Espera. Tudo bem, me desculpem. Me desculpem!
Mas eles não ouviram. Sam tentou se soltar, mas era inútil, o segurança era bem maior e mais forte do que ele. Quando o outro tinha terminado de colocar os cinco miligramas de Haldol na seringa, ele andou até o garoto e enfiou a agulha na coxa do mesmo, que grunhiu de dor.
—Vocês não entendem. —Ele tentou dizer, ainda sendo ignorado. —Eu não posso dormir.
Os seguranças soltaram o garoto, que caiu no chão. Os efeitos do sedativo já sendo visíveis.
—Eu não posso dormir... —Os olhos de Sam começaram a fechar, seu corpo começava a pesar. Ele pôde ouvir a porta se fechando, deixando-o trancado ali dentro. Rapidamente, a escuridão foi tomando conta da mente de Sam, seu corpo foi tombando no chão. —Eu preciso ficar acordado... Eu preciso...
Eu tenho que ficar acordado.
•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.
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