14
A noite chegou tranquila na casa dos Bolton-Hart, após o jantar a pequena família se encontrava no quintal. Harriet corria atrás de vagalumes com seu pai, Charlotte amamentava Oliver sentada em um balanço no deque da cozinha, alternava a atenção entre os dois filhos e tentava traçar um plano para os próximos meses.
- Muito bem, pequeno. Daqui à alguns dias será só nos dois por metade da manhã. - falou, encarando o filho de quase três meses quase adormecido.
Acariciou a bochecha macia dele suavemente, ainda parecia surreal ter em seus braços a criança que havia marcado uma fase importante de seu passado. Mas teria que se concentrar no presente, tinha planos para traçar e horários para organizar. Ter duas crianças pequenas em casa iria demandar toda a sua energia, ainda estava de licença, mas não poderia deixar o laboratório por muito tempo, eles precisavam dela.
Escutou os passos de Henry se aproximando, levantou o olhar e encarou o marido que sentou ao seu lado. Harriet ainda corria e pulava tentando pegar algum vaga-lume, sem sucesso, mas sua filha era persistente e Charlotte sabia que eles corriam o risco de passar o resto da noite só a observando tentar.
- Está tudo bem? - perguntou ao notar o olhar preocupado dela.
- Sim, só que ainda estou tentando ver uma forma de fazer os horários baterem. - respondeu, retirando Oliver com cuidado de seu peito e o colocando em uma posição confortável para arrotar. - Harriet vai começar na creche perto do seu trabalho e vou passar a manhã aqui com o Oliver, mas e depois?
- Não estou entendendo, já não tínhamos resolvido todos os detalhes? - indagou confuso, até porque esse era um tema que discutiam quase todas as noites.
- Os detalhes maiores, mas não quem vai ficar aqui comigo durante a tarde ou ajudar na organização da ONG. Sua mãe tem que cuidar do seu pai já que ele quebrou de novo a perna, a Piper tá em Milão até o próximo mês, o Jasper trabalha o dia todo e eu não vou chamar a minha mãe porque ela vai querer controlar tudo.
- Talvez no fim ela seja nossa única alternativa. - falou, se aproximando e passando o braço ao redor do ombro dela. - Ela não vem muito aqui e sei que sente falta da Harriet e do Oliver, que por acaso ainda não conheceu.
- Eu não tenho culpa dela ter inúmeras reuniões nas faculdades ao redor do país, ela é uma pesquisadora e palestrante famosa, uma hora dessas deve tá em Ohio ou até no Alasca. - disse, acomodando o bebê em seu colo de forma confortável para ele continuar dormindo. - Minha mãe é ocupada, ela sempre foi e você sabe bem disso. Ela nunca teria me deixado passar tanto tempo longe de casa se estivesse em casa pelo menos. - resmungou tão baixo que Henry teve que se aproximar mais um pouco para escutar, sabia que ainda era um assunto delicado para Charlotte. - Ela vem e vai começar a reclamar do meu pai, então vai apontar onde eu tenho que melhorar e vai querer monopolizar tudo.
- Char.
- Nem tente, você lembra muito bem de quando ela passou um mês aqui quando eu estava grávida da Harriet.
Henry não tinha como esquecer a forma como sua sogra exagerou totalmente nos cuidados com Charlotte, e com ele. A senhora Bolton parecia estar querendo compensar os anos longe e não de uma maneira confortável.
- Vamos pensar em algo e vamos dar um jeito. - prometeu, trocando um beijo rápido com ela. - Sempre damos.
- Mamãe! Papai!
O grito animado de Harriet roubou a atenção dos dois, a pequena parou em frente à eles com um enorme sorriso no rosto e um olhar que fez seus pais acreditarem que ela havia aprontado algo nos poucos segundos de distração deles.
- O que houve, estrelinha?
- Eu vou bilha, mamãe. - contou, batendo palmas animadas.
- Como assim? - Henry perguntou, se afastando de Charlotte e estendendo os braços para a filha se aproximar.
- Engoli um.
- Um o quê?
- Um deles. - apontou para o quintal.
- Hum? - Henry torcia para não ser o que ele estava pensando.
- Um lume, papai. - explicou, o encarando entediada fazendo sua mãe rir baixinho.
- Harriet, você sabe que não pode engolir insetos. Isso não é certo.
Charlotte deixou os dois em uma conversar que iria demorar um pouco, até porque sua filha tentava explicar que ela iria ser realmente uma estrela e Henry estava inutilmente tentando segurar o riso a vendo se defender. Era realmente uma noite tranquila na casa da pequena família.
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