in a world of boys / he's a gentleman.
CAPÍTULO ÚNICO.
2696 PALAVRAS
𐙚˙ATO UM:
LOVELORN
"desiludido sobre amor. de coração partido."
★
AMAR DREW NUNCA FOI O PROBLEMA. O problema era ser vista amando Drew.
No começo, era como andar no escuro, cada passo marcado por sussurros que se transformavam em gritos. Não importava o quanto eu tentasse me convencer de que as pessoas não me conheciam de verdade, a internet era implacável.
Sanguessuga.
Alpinista social.
Eles acusavam, bradavam aos sete ventos. Mas ninguém sabia da maneira como ele me olhava quando achava que eu não estava vendo, ou como ele preenchia o silêncio das minhas noites com promessas que nunca precisei pedir. Eu só queria amar, mas, aparentemente, amar alguém tão brilhante significava me queimar junto.
E, aos poucos, comecei a acreditar neles. Não porque eles estavam certos, mas porque era mais fácil me ver como a vilã que descreviam do que lutar contra todos. Comecei a me questionar se meu amor por Andrew era egoísta, se talvez eu estivesse realmente arruinando algo tão brilhante quanto ele. Me sentia errada, quase suja, como se amar alguém tão bom fosse um erro imperdoável.
Uma noite, depois de horas de rolar o feed e me deparar com outra enxurrada de comentários, eu não consegui mais segurar.
— Talvez eles tenham razão, Drew. – Eu disse, em um tom suave, quase baixo demais para ele ouvir.
Ele estava sentado no sofá, com o script de um novo projeto em mãos, mas a atenção dele foi imediatamente direcionada a mim.
— Razão sobre o quê? – Ele perguntou, a testa franzida. - Já concordamos que a cena fica melhor como você descreveu, eles não fazem ideia do que estão fazendo. - Ele continuou, pensando que isso era sobre a conversa que tivemos sobre a iluminação no set.
Eu hesitei, mas as palavras saíram antes que pudesse contê-las.
— Não, não... isso não é sobre o filme... – Eu disse, e senti ele se movimentar do outro lado do sofá.
Ele sabia que não seria algo bom a ser dito em seguida, sempre sabia exatamente o que eu iria dizer, mesmo antes que eu tivesse a chance de falar qualquer coisa. Andrew me observava com as sobrancelhas franzidas, confuso com meu silêncio.
— É só que... talvez eles estejam certos, sobre eu ser um peso, um atraso 'pra sua carreira. – Eu continuei, vendo sua expressão mudar lentamente.
Ele largou o script, a expressão agora tomada por algo entre dor e exasperação.
— Querida... não. Você não pode deixar que eles façam você pensar assim. – A voz dele era firme, porém suave, não havia raiva, apenas uma preocupação que quase me quebrou ainda mais.
— Mas e se eles estiverem certos? – Tentei dizer, mesmo que minha voz estivesse um tanto trêmula, minha frustração se derramando em lágrimas. — Olha o que aconteceu da última vez. Eles estão certos, Drew. Eu não deveria estar com você.
Ele ficou em silêncio por um momento, só me observando, como se estivesse tentando entender como eu podia acreditar em algo tão absurdo. Então ele veio até mim, segurando meu rosto com uma gentileza que partia meu coração.
Como alguém poderia ser tão cheio de um amor tão cego?
— Não é você, amor, eles não estariam felizes nem mesmo se eu estivesse com a pessoa mais amada do mundo... essas pessoas são apenas frustradas, se escondendo atrás de um perfil na internet ao invés de viverem suas próprias vidas. – Ele dizia de uma maneira tão suave que fez meu coração doer em meu peito. — E eu os entendendo, eu também estaria sendo um babaca frustrado se outra pessoa estivesse namorando com a cineasta mais incrível que já pisou no mundo.
E então tudo estava leve de novo. Me permiti rir de suas últimas palavras, embasbacada com tal afirmação tão cega de amor. Como eu não poderia me sentir culpada por isso? Ninguém jamais o mereceria, não quando ele tinha tanto amor para distribuir sem desejar nada em troca.
𐙚˙ATO DOIS:
LOVESICK
"doente de amor."
★
ERA ISSO QUE EU ERA: DOENTE. Não de dor ou de mágoa, mas do tipo de amor que consome tudo. O tipo de amor que arranca os medos pela raiz e faz você repensar até as verdades mais enraizadas. Com Drew, eu não precisava de máscaras ou desculpas. Ele via o pior de mim — as noites em que eu afundava em um silêncio pesado, os dias em que eu preferia evitar qualquer contato com o mundo — e nunca tentou fugir. Ele apenas ficava.
Os dias depois daquela conversa no sofá foram diferentes. Eu ainda via os comentários, ainda lia as manchetes, mas havia algo no olhar de Drew, em como ele segurava minha mão nos bastidores, que fazia tudo parecer menos real. Ele tinha esse talento: tornava o ódio lá fora pequeno demais para alcançar o que tínhamos.
Eu comecei a perceber que, no fundo, não era o amor que eu temia. Era o peso da responsabilidade de amar alguém tão exposto.
Ele estava crescendo, sua carreira estava decolando de uma forma que eu nunca poderia ter previsto. E eu? Eu estava vendo o quanto isso podia ser um fardo. Quando Drew se tornava mais famoso, mais presente nas capas das revistas e nos programas de TV, mais comentários surgiam sobre nossa relação. Alguns alegando que ele não era mais o mesmo, outros sugerindo que eu estava apenas agarrada à sua fama.
Naquela tarde, em que o set estava mais quieto e eu tinha acabado de ver outro post ridículo sobre nós dois, senti o peso da dúvida mais uma vez. Estávamos em uma pausa e Andrew sentou-se ao meu lado, como se nada estivesse acontecendo, como se o mundo lá fora não fosse um problema.
Ele me entregou seu café, o sorriso aberto, como se me dissesse em silêncio que tudo ia ficar bem. Eu sorri de volta, mas a verdade é que eu estava longe dali, perdida em meus próprios pensamentos.
— Você parece distante. – Ele comentou, sua voz suave, mas com a preocupação bem visível em seus olhos.
Eu podia mentir, dizer que estava tudo bem, como sempre fazia. Mas, com Drew, isso nunca funcionava. Ele me conhecia demais, sabia quando estava fingindo.
— Estou aqui. – Respondi, sem realmente acreditar nas minhas próprias palavras.
Ele arqueou a sobrancelha, o olhar desconfiado, e eu sabia que ele não compraria isso.
— Amor... – Drew colocou o roteiro de lado e se inclinou para mais perto, seus olhos fixos em mim, como se estivesse tentando entender cada fragmento de dor que estava estampado no meu rosto. — Um dólar pelos seus pensamentos? – Ele disse, buscando um clima mais brincalhão.
Eu queria responder que nada estava acontecendo, que tudo estava sob controle. Mas a verdade era que não estava. Eu estava me afundando cada vez mais na ideia de que amar Andrew estava me destruindo. A cada comentário, a cada mentira espalhada sobre nós, uma parte minha se quebrava.
Eu me perguntava se o preço de estar ao lado dele seria sempre esse.
— É difícil, às vezes. – Admiti finalmente. — Não é como se eles tivessem parado. Eu só... aprendi a calar o barulho, mas ele ainda está lá. Não sei mais onde parar de ouvir.
Andrew não respondeu de imediato, apenas me olhou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse absorvendo cada palavra. Ele me conhecia melhor do que eu mesma me conhecia e, naquele momento, suas palavras chegaram como um bálsamo.
— É por isso que eu estou aqui, sabia? Não importa o barulho, querida... só importa que você continue sendo você, e se o mundo não consegue ver o que vejo, isso é problema deles, não seu e muito menos meu.
Ele sorriu, aquele sorriso que sempre me fazia perder o fôlego. Eu sabia que ele estava certo. Eu sabia que os outros não importavam. Mas, por um momento, eu me perguntei se ele não merecia algo melhor. Alguém que não fosse alvo de tanto ódio, alguém que não tivesse que carregar a culpa de ser parte de sua vida.
E, talvez, Drew soubesse exatamente o que eu estava pensando, porque ele se aproximou, segurando minha mão com mais força, e me olhou diretamente nos olhos.
— Não sou melhor sem você, amor. – Ele disse com tanta firmeza que foi como se tudo ao nosso redor desaparecesse. — Não importa o que digam ou o que aconteça. Nada é mais importante para mim do que você.
Eu queria acreditar nisso. Eu queria me convencer de que o que sentíamos era mais forte que o mundo. E, naquele momento, olhando para ele, eu sabia que ele estava me dizendo a verdade. Porque, no final das contas, ele nunca me abandonou, mesmo quando o mundo parecia estar contra nós.
Foi naquela tarde, enquanto ele me fazia rir com uma piada idiota sobre um erro no roteiro, que percebi que não precisava mais me esconder.
Drew estava certo, e isso era tudo o que eu precisava: nós dois, juntos, sem medo do que as outras pessoas pensavam.
Porque, com ele, eu estava segura. E, pela primeira vez em muito tempo, eu sabia o que era ser feliz.
𐙚˙ATO TRÊS:
LOVE-STRUCK
"completamente apaixonada."
★
Eles ainda falavam. Claro, sempre falavam. As pessoas sempre têm algo a dizer quando não entendem o que veem, especialmente quando se trata de algo tão simples e belo quanto o amor. Mas, naquele momento, enquanto eu segurava a mão de Drew, sentada ao seu lado na plateia de uma pequena exibição do filme que havíamos trabalhado juntos, eu não me importava mais.
As luzes do cinema se apagaram e, por alguns segundos, a única coisa que eu sentia era o calor da mão dele na minha, a leveza de ter ele tão perto. O som da tela tomou conta da sala, e eu, mais uma vez, observei os rostos na tela, as cenas que havíamos criado. Cada quadro carregava um pouco de nós - nossas conversas, nossas ideias, até nossas noites sem dormir. Andrew estava ali em todos os sentidos, tanto no personagem que ele trouxe à vida quanto no homem que eu conhecia e amava.
Quando o filme terminou, os aplausos preencheram o espaço, mas minha mente estava em outro lugar. Eu não conseguia desviar o olhar dele, da maneira como ele sorria para mim, com aquele brilho nos olhos que era só dele. Ele virou-se para mim, empolgado, seu rosto iluminado pela exibição da tela.
— Você percebeu como a sua cena roubou tudo? – Ele disse, seu tom cheio de uma confiança adorável. — As pessoas vão falar disso por meses.
Eu ri suavemente, balançando a cabeça.
— Tenho certeza de que eles vão falar mais sobre você, como sempre.
Ele fez uma careta de desagrado, mas não demorou muito para seu sorriso torto voltar ao rosto.
— Talvez. Mas, no final das contas, a única opinião que realmente importa é a sua.
Eu não soube o que responder. Não era a primeira vez que ele me dizia algo assim, mas aquela frase ecoou dentro de mim.
Ele, com toda sua fama, suas oportunidades e sua vida agitada, ainda se preocupava com o que eu pensava. Eu, uma simples cineasta, trabalhando para realizar os meus sonhos, e em partes, os dele também, e ele, cujo atraia todos os holofotes no instante em que adentrava qualquer lugar. Mas a preocupação dele sempre era por mim. Como se fosse isso que realmente importasse.
Como eu poderia acreditar no que diziam na internet quando era isso que eu tinha ao meu lado?
A exibição terminou e, enquanto as luzes se acendiam e todos se levantavam para se dirigir à saída, Andrew continuou a me segurar pela mão, como se o toque dele fosse a única coisa que ainda fazia sentido naquele cenário cheio de gente. Nós ficamos para trás, esperando o tumulto diminuir, como sempre fazíamos.
As luzes do salão refletiam em seu rosto, deixando-o ainda mais bonito do que eu lembrava. Não tinha como escapar disso - Drew sempre tinha o poder de me fazer sentir como se o mundo fosse pequeno demais para o que sentíamos um pelo outro.
Andamos juntos pela cidade iluminada por letreiros de néon, cada esquina mais vibrante que a anterior, mas o som do mundo ao redor se tornou distante. Eu estava imersa nele, no momento. Ele parou de repente, como se uma ideia tivesse surgido em sua mente, e virou-se para mim, com um olhar mais sério, mas cheio daquela intensidade que eu conhecia tão bem.
— Você sabe o que me faz mais feliz? – Ele perguntou, seus olhos fixos nos meus, mas de uma maneira que me fez sentir como se fosse a coisa mais importante do mundo.
Brinquei, tentando aliviar o peso da conversa com algo bobo. — Pizza de pepperoni?
Ele sorriu, mas seus olhos permaneciam focados em mim, como se ele estivesse tentando ver até a minha alma.
— Não. Você. – Ele falou, e a simplicidade das palavras me fez parar por um segundo.
Ele não estava dizendo apenas que me amava. Ele estava dizendo que eu era a sua felicidade, a razão de todo aquele brilho em seus olhos, como se ele estivesse me mostrando algo que só nós dois entendíamos.
— Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Sage. E o mundo inteiro pode gritar o contrário, pode dizer o que quiser, mas não importa. Só importa o que nós dois sentimos, entende? Você é a única coisa que faz sentido para mim.
Eu senti meu peito apertar. As palavras dele caíram como um peso suave, algo que eu tinha tanto medo de acreditar, mas que agora parecia verdade. Porque era assim que eu me sentia também.
Ele era tudo o que fazia sentido, tudo o que eu queria. Eu já havia me perdido na vida antes, já tinha acreditado que o amor era algo inalcançável. Mas, com Andrew, tudo parecia fácil. Ele me fez acreditar que, sim, o amor poderia ser simples, que ele não era algo que destrói, mas algo que salva.
— Eu não sei como você consegue... - Falei, com a voz rouca. – Como consegue me fazer acreditar que é possível ser feliz, mesmo quando o mundo inteiro está contra.
Ele sorriu de novo, dessa vez mais suavemente, e deu um passo mais perto, ainda segurando minha mão.
— Porque eu acredito em nós, Sage. Eu sei quem você é, e eu sei o que você significa para mim. E ninguém pode tirar isso de nós, não importa o que digam.
Eu me senti envolvida pelo amor dele, de uma maneira tão profunda que quase parecia que o ar ao nosso redor estava se tornando mais denso, mais carregado de tudo o que nós éramos juntos. Drew não era apenas o homem que amava a mim, ele me amava de uma maneira que não se importava com o que o mundo dissesse, e isso era tudo o que eu precisava.
— Deus... Joseph Andrew Starkey, você é absolutamente brega além da conta. – Eu brinquei, arrancando uma risadinha dele.
Então o encarei, mais séria dessa vez, o coração batendo forte, e disse o que eu sentia, sem medo ou reservas.
— Drew, você foi a minha salvação. Eu achava que nunca mais seria feliz depois de tudo o que passei, mas você... você me fez acreditar que é possível. Você me deu a chance de ver que posso ser feliz, só por ser eu mesma.
Ele não disse nada de imediato, apenas me olhou nos olhos com uma expressão que era uma mistura de carinho e adoração. Então, ele me puxou para mais perto, e, como sempre, o toque dele parecia ser o único lugar onde eu encontrava paz.
E, finalmente, ele me beijou. O beijo não era apenas paixão. Era a confirmação de tudo o que sentíamos, a certeza de que, mesmo que o mundo nunca entendesse, nós estávamos juntos, e isso era o suficiente.
E ali, no calor do momento, com as luzes da cidade ao fundo e o som da nossa respiração entrecortada, eu soube que não importava o que acontecesse lá fora. Com Andrew, eu estava em casa. E, pela primeira vez, eu finalmente entendi o que todos dizem sobre o amor, não era possível descrever, era pra ser sentido, não precisava ser colocado em palavras bonitas ou em grandes gestos, ele simplesmente era. E isso era mais do que eu poderia pedir.
FIM!
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