19-
Um sacrifício genuíno e uma promessa cumprida
Eles continuaram andando, Morrigan pegava plantas no meio do caminho e Peeta perguntava para que serviam, Katniss jogava nozes a sua frente e Finnick observava cada passo e ação de Morrigan, pronto para protegê-la caso fosse necessário. E depois de mais ou menos uma hora nesse ritmo, logo Katniss para de andar e todos a imitam.
— Vamos dar uma parada. — Katniss disse. — Preciso dar uma outra olhada de cima.
A árvore que ela escolhe parece ser ainda mais alta do que as outras. Ela escala os galhos retorcidos, mantendo-se o mais próxima possível do tronco. Enquanto isso, Morrigan e Finnick obrigam Peeta a se sentar um pouco e Finnick prova uma das frutinhas colhidas por Morrigan antes de oferecer a Peeta e a garota. Um suspiro de alívio escapou dos lábios dos três, era bom sentir algum líquido, por mínimo que fosse, em suas bocas.
— O campo de força deixou a gente preso num círculo. Um domo, para falar a verdade. Não sei até que altura ele vai. Tem a Cornucópia, o mar e depois a selva cercando tudo. É muito simétrico. E não muito grande. — Katniss informou ao descer.
— Você viu água? — Finnick perguntou.
— Só a água salgada do local onde os Jogos começaram.
— Deve haver alguma outra fonte. — Peeta disse, franzindo a testa. — Ou então estaremos todos mortos em questão de dias.
— Bom, a vegetação é densa. Pode ser que haja fontes ou córregos em algum lugar. Talvez até mesmo nos troncos…o problema seria pegar a água deles. — Morrigan disse com dúvida. — De qualquer modo, não faz sentido tentar descobrir o que existe do outro lado da montanha, porque a resposta é, obviamente, nada.
— Deve haver água potável entre o campo de força e a roda. — Peeta insistiu.
— Vai escurecer logo. A retaguarda está protegida, vamos montar acampamento e revezar para dormir. — Finnick disse com calma. — Posso ficar de guarda primeiro.
— Sem essa. — Katniss disse depois de soltar uma risada curta. Finnick se levantou irritado e apoiou seu tridente no chão.
— Escuta. Aquela coisa que eu fiz pro Peeta lá atrás se chama: Salvar a vida dele. Se eu quisesse matar vocês dois eu já teria feito isso. — Finnick disse se aproximando de Morrigan.
— Pode ir descansar, eu fico de guarda primeiro. — Katniss disse a Peeta.
Morrigan e Finnick teceram esteiras com algumas folhas e ao terminarem, Morrigan distribui as frutinhas entre eles, em seguida Peeta colheu algumas nozes iguais as nozes que Morrigan colheu na metade do caminho.
— Vou tentar achar algo melhor que frutas para comer. — Katniss disse se levantando.
— Também vou. — Morrigan disse e Katniss a olhou.
— Não precisa. — Katniss disse e Morrigan ignorou, já pegando sua lança.
— Eu vou.
— Mas…
— Regra número um: Não entre em debates com a Morrigan, ela teimosa o suficiente por vocês duas. — Finnick disse tecendo uma última esteira. — E ela já matou um lobo e dois tubarões.
— Matei o lobo sem querer. — Morrigan disse com as mãos na cintura.
— Mas matou. — Peeta retrucou e Finnick sorriu.
— Vamos, Kat. — Morrigan disse tomando a frente. — Posso te chamar de Kat?
— Posso te chamar de Mor? — Katniss retrucou e Morrigan riu baixo.
— Eu gosto de você. — Morrigan disse sorrindo.
Elas se movimentam sorrateiramente em meio às árvores, felizes por ver que o solo é bem propício a um caminhar sem ruído. Seguiram por uma diagonal, mas não encontraram nada além de mais vegetação densa. O som do canhão faz com que parem. O banho de sangue na Cornucópia deve ter acabado.
— Oito. — Katniss disse e Morrigan a olhou, estendendo a mão para ajudá-la a descer de uma pedra.
— Bem pouco. — Morrigan disse com um tom de voz calmo. — Esperava mais dos nossos colegas. — ela disse segundos antes de Katniss se apoiar em uma árvore. — Ei, tudo bem? Está pálida.
Morrigan observou os arredores com atenção antes de deixar sua lança no chão ao lado de Katniss e pegar o arco da garota. Morrigan mirou em um passarinho e repetiu o movimento com mais três antes de devolver o arco a Katniss, pegar os animais e guardá-los em uma folha grande. Morrigan prendeu sua lança nas costas e se abaixou ao lado de Katniss, olhou para cima, sabendo que estavam sendo observadas e tocou a barriga da garota.
— Vai ficar tudo bem. — Morrigan disse e Katniss tocou a mão dela assentindo. — Consegue andar?
— Consigo, vamos.
Ao voltarem para onde estavam os meninos, Katniss e Morrigan são recebidas com olhares esperançosos.
— Nada de água. Mas eu peguei nosso possível jantar. — Morrigan disse olhando Finnick em seguida. — Precisaríamos de uma fogueira.
— Tenho uma ideia melhor. — Peeta disse antes de pegar um pedaço do passarinho, espetá-lo com um galho e o jogar no campo de força.
— Genial. — Morrigan fala sorrindo.
O sol se põe no céu róseo enquanto todos se reúnem na tenda improvisada que Finnick e Morrigan montaram. Katniss ainda se encontrava receosa com as frutinhas de Morrigan e a garota a tranquilizou novamente sobre ser a mesma alguns jogos atrás. Morrigan tinha uma vasta coleção de plantas consigo, organizadas por utilidade.
— Como você memorizou a utilidade de cada uma delas? — Katniss perguntou. — São todas muito parecidas.
— Prática e vovó. — Morrigan disse sorrindo. — Ela sempre curou nossas doenças e machucados com plantas medicinais.
— Morrigan era uma garota muito agitada quando éramos crianças. E um dia, estávamos correndo pela casa e já era quase de madrugada. — Finnick começou a contar. — Tínhamos aula no dia seguinte, então Mags nos deu meia xícara de chá calmante para dividirmos.
— Dormimos por doze horas seguidas. — Morrigan concluiu rindo. — Não conseguimos nem mesmo acordar para a aula.
— Acho que nunca tive uma noite de sono tão longa quanto essa. — Katniss disse sorrindo um pouco.
— Um dia vocês provam esse sonífero dela, espanta todos os pesadelos. — Morrigan disse.
A noite chegou de verdade. Morrigan e Finnick estavam sentados juntos, com Morrigan apoiando sua cabeça no ombro de Finnick. O suor escorria por suas testas, mas mesmo assim não conseguiam ficar distantes. Katniss se aproximou deles e se sentou próxima, Morrigan ergueu a cabeça, genuinamente preocupada.
— Como o Peeta está? — Morrigan perguntou.
— Acho que ele está bem. — Katniss respondeu. — Só desidratado, como todos nós.
Logo o silêncio foi preenchido pelo hino de Panem. Mostrando os tributos que haviam morrido. O grupo observou as fotos e Distrito de cada um passarem em silêncio. Nenhum deles ousou dizer qualquer coisa. E então, segundos depois escutam um apito fraco. Todos olham para cima e veem um paraquedas descendo até eles. Katniss é a pessoa que corre ver o que é.
— O que é isso? — Finnick perguntou.
— É do Haymitch. — Katniss falou pegando o objeto em mãos. — Acho que é um batoque.
— Um o quê? — Finnick perguntou.
Katniss não respondeu, apenas se levantou e se aproximou de uma árvore e usou uma pedra para fincar o objeto de metal no tronco. Ela ficou parada em frente a árvore, esperando ansiosamente que alguma coisa saísse do tronco. Morrigan, Peeta e Finnick se aproximaram, também esperando. Katnis bateu no tronco frustrada e em seguida a água começou a cair em uma linha fina e Katniss foi a primeira a tomar um pouco.
— Não acredito. — Finnick disse sorrindo e Katniss deu espaço para o próximo.
— Bebe um pouco de água. — Morrigan disse a Peeta.
Depois que Peeta bebe a água, ele se afasta e Finnick coloca a mão nas costas de Morrigan, indicando que ela fosse a próxima. Morrigan não hesitou e bebeu a água, dando espaço para Finnick o fazê-lo em seguida. Finnick jogou água em Morrigan e ela riu jogando nele também. Todos tomaram mais um pouco de água, em meio a risadas aliviadas. Eles deram um jeito de guardar o objeto que tirou água da árvore e se deitaram para descansar um pouco. Morrigan estava com a cabeça deitada na perna de Finnick e ele estava com a cabeça apoiada na árvore atrás de si.
Tudo estava silencioso. Todos com seus olhos fechados descansando um pouco. Finnick era o vigia agora. Todos ergueram os corpos em alerta quando ouviram um barulho alto. Eles ficaram olhando em volta em alerta, até que o som parou.
— Eu contei doze. — Katniss disse e Finnick olhou para ela.
— Meia-noite? — Morrigan perguntou.
— Talvez o número dos Distritos. — Katniss respondeu.
Eles ficaram em silêncio. E novamente um som alto se fez presente. Raios começaram a atingir a árvore mais alta da arena.
— Olha, se você não quiser dormir, eu quero. — Finnick disse para Katniss.
— Tá. — Katniss disse.
Todos estavam dormindo enquanto Katniss era a vigia. Morrigan tinha a cabeça no ombro de Finnick, enquanto ele apoiava a cabeça na árvore atrás de si. Eles estavam de mãos dadas, com os dedos entrelaçados. Embora dormissem, o sono não era pesado, mas dava para descansar um pouco o corpo e a mente. Katniss acabou cochichando e quando acordou no susto, se levantou e olhou em volta, procurando algo que pudesse ser um potencial perigo. Katniss voltou a se sentar, mas então ela ouviu um barulho bem baixo, quase imperceptível. Ela olhou para trás e viu uma névoa se movendo em direção a eles. Katniss estendeu a mão para tocar a névoa e quando ela alcançou seus dedos, Katniss gritou de dor, sentindo seus dedos serem queimados.
— Corram! Corram! A névoa é venenosa! — Katniss grita e todos se levantam rápido.
Finnick e Morrigan acordam instantaneamente, levantando-se para enfrentar um inimigo. Mas quando veem a parede de névoa, Morrigan sacode Peeta para acordá-lo e o levanta do chão à força antes de sair correndo junto dos outros, segurando a mão de Finnick, deixando que Peeta corresse com Katniss.
— O que é isso? O que é isso? — Finnick perguntou, atônito.
— Algum tipo de névoa. Gás venenoso. Corra, Peeta! — Katniss exclamou puxando o garoto pela mão.
Todos corriam rápido, menos Peeta, que ainda estava fraco por ter sido atingido pelo campo de força. Peeta estava lento. E o emaranhado de trepadeiras e vegetação rasteira, faz com que o grupo tropece a cada passo. Morrigan olha para a parede de névoa que se estende em uma linha reta até onde seus olhos alcançam, em todas as direções. Peeta tropeçou e Finnick soltou a mão de Morrigan para ajudá-lo, a névoa o alcança e ele grita de dor. Morrigan volta e o puxa consigo, também soltando um grito abafado de dor quando a névoa toca seus braços. Morrigan pensa nos olhos grudados nas telas de TV nos distritos, sabendo do amor de infância deles, vendo se vão sair dali juntos ou se vão abandonar um ao outro. Mas a Capital, ou melhor, o Presidente Snow, não quer correr o risco de perder dois dos seus melhores brinquedos. Morrigan segura com firmeza a mão dele e os dois continuam correndo.
Parece que estão se movendo com mais rapidez, mas nunca o suficiente para uma parada para descanso, e a neblina continua em seus calcanhares. Gotículas se soltam do paredão vaporoso. Elas queimam, mas não como fogo. Os macacões não ajudam em nada. Eles têm a sensação de que estão vestidos com lenços de papel, tendo em vista a limitada proteção que os trajes fornecem.
— Peeta... — Katniss disse antes de sentir seus braços arderem.
Seja lá que espécie de produto químico esteja contido na névoa, causa mais danos do que queimaduras, ele atinge os nervos de quem atinge. Finnick voltou para ajudar Peeta. Katniss encaixou seu ombro embaixo do braço de Peeta. Os três seguiam os passos de Morrigan, por alguns metros, até que Finnick parou.
— Não está funcionando. Vou ter de carregá-lo. — Finnick disse e Katniss assentiu.
Finnick, agora com Peeta enganchado em suas costas, seguindo Katniss e Morrigan, que estavam abrindo caminho em meio às trepadeiras. A névoa avançava silenciosa, constante e firme. Katniss e Morrigan se ajudavam descendo a montanha em diagonal. Morrigan estava tentando manter distância do gás enquanto fazia o grupo contornar em direção à água que cerca a Cornucópia. Em certo ponto da descida, Morrigan pisa em uma raiz e seu pé escorrega, ela cai e solta um resmungo, chamando a atenção de Katniss, que voltou para ajudar Morrigan. Mas Morrigan torceu seu pé ao cair e não conseguia se manter de pé sozinha, não a princípio, Katniss voltou para ajudar, as duas começando a ir mais devagar, agora Finnick estava ao lado das duas, que se seguravam em trepadeiras e troncos para ajudar, tentando continuar se movendo rápido.
Morrigan e Finnick se olharam. Seus olhos se encontrando em meio à escuridão iluminada pelo luar. Morrigan podia ver os olhos verdes de Finnick ao luar. Podia vê-los muito bem. Como se fossem olhos de gato, com uma estranha qualidade reflexiva. Talvez porque estivessem brilhando devido às lágrimas.
— Ajuda o Finnick. — Morrigan falou com a voz embargada. — Ajuda ele e eu vou sozinha. — ela completou.
— Nem ferrando. — Finnick disse controlando as lágrimas.
— Seus braços estão tremendo mais que quando a gente nada no frio. — Morrigan disse com a voz ainda chorosa. — Precisa ajudar o Peeta e não vai conseguir sozinho. Eu vou estar logo atrás de vocês.
— Me promete… — Finnick pediu e Morrigan.
— Eu prometo. — Morrigan respondeu.
Finnick hesitou, olhando para Morrigan como se estivesse avaliando se deveria obedecer ou não. Katniss percebeu o conflito em seus olhos e se aproximou rapidamente, colocando uma das mãos no braço de Finnick.
— Finnick, não temos tempo para discutir. Vamos logo! — Katniss disse com urgência.
Finnick respirou fundo, relutante, e deu um último olhar para Morrigan antes de se virar e continuar carregando Peeta com o máximo de rapidez que conseguia. Katniss ficou para trás apenas por alguns segundos, olhando para Morrigan.
— Fique perto. Não pare de se mover. — Katniss ordenou antes de seguir Finnick.
Morrigan lutou para se colocar de pé, gemendo de dor ao apoiar o peso no pé torcido. Usando as trepadeiras e troncos como apoio, ela começou a mancar atrás do grupo, o coração disparado enquanto ouvia o sibilo ameaçador da névoa cada vez mais próximo. Katniss, um pouco mais à frente, olhou para trás várias vezes, os olhos fixos em Morrigan. Ela queria voltar, mas sabia que não podia abandonar Peeta e Finnick, que também estavam à beira do limite.
— Morrigan, anda logo! — Katniss gritou, a voz cheia de tensão.
Morrigan não respondeu, concentrada em avançar. Cada passo era uma agonia, mas ela não parava. A névoa estava perto o suficiente para que pudesse sentir o calor químico em sua pele. Algumas gotas escaparam da massa densa e tocaram suas pernas, deixando marcas vermelhas e ardentes. Ela mordeu o lábio com força para não gritar, os olhos lacrimejando por causa da dor. Eles continuam se movendo apressados e depois de muito avançarem, a névoa os alcança e todos gritam de dor ao sentirem suas peles queimando. Katniss e Finnick se desequilibram e caem, Katniss puxa Peeta consigo até um lago que estava alguns metros à frente deles. Morrigan caiu no chão fraca e cansada e Finnick voltou para buscar ela. Finnick fez um esforço e carregou Morrigan até a água. Agora, Katniss, Peeta, Morrigan e Finnick estavam caídos na água, respirando de forma ofegante enquanto as dores das queimaduras cessavam aos poucos.
— Parou. — Katniss disse, e os outros olham na direção da névoa.
A névoa agora começa a subir, como se estivesse sendo lentamente aspirada em direção ao céu. Eles observaram até ela ser totalmente sugada e não sobrar mais nenhum resquício. Morrigan se afasta de Finnick, que se deita de costas. Eles ficaram deitados na água por mais alguns segundos, até que Morrigan deu um tapa em Finnick, fazendo ele olhar para ela confuso.
— Eu disse para continuar sem mim. — Morrigan disse baixinho.
— Achou mesmo que eu ia deixar você? Tem certeza que me conhece desde que somos crianças. — Finnick disse e Morrigan riu.
— Te odeio, cabeça de bagre. — Morrigan falou.
— Também te odeio…docinho. — Finnick disse beijando a mão de Morrigan.
O quarteto continuou deitado na água, respirando fundo e aproveitando o frescor da água. Até que Peeta apontou para cima e todos seguiram o olhar dele.
— Macacos. — Peeta disse.
Todos olharam para cima e avistaram um par do que imaginaram serem macacos. Mas nenhum deles nunca viu nada como eles.
Oi genteeeee! Como vcs estão??
Voltamos a programação normal de postagens, as atualizações dessa fic serão feitas de quinta, mas como eu estou viajando, não consegui postar na quinta-feira passada. Estou postando hj então o próximo sai na quinta da próxima semana.
Por favor, comentem! os último capítulos tiveram tão pouco de comentários que eu desanimei muito em escrever essa fic, por isso fiquei tanto tempo sem postar.
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de favoritar e comentar bastante.
Bjs, Ana!!
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