━━━━━━ 𝐓𝐖𝐎
Eu não sabia exatamente o que eu queria ser da minha vida. Não lembrava do momento em que tinha decidido virar super heroína ou entrar para U.A. Também não conseguia me lembrar quando foi que eu comecei a cantar com o pseudônimo de Siren, ou quando eu consegui, no auge dos meus dezesseis anos, me tornar uma cantora até que popular. Parecia bem absurdo, eu sei. Posso dizer com total certeza que sanidade mental é algo que eu perdi já tem muito, muito tempo mesmo. Se eu tivesse apenas seguido o desejo dos meus pais, agora eu estaria nos Estados Unidos com eles, e não prestes a chorar de raiva porque meu incrível tio era um pé no saco.
-Você vai se atrasar de novo. - parecia que ele estava me dizendo isso pela décima vez, como se eu fosse uma estúpida incapaz de me dar conta desse incrível fato. Apesar da clara repreensão, o tom de voz do meu tio era calmo, quase como se ele não tivesse saco o suficiente para se importar, mesmo que eu me atrasar significasse que ele também chegaria atrasado, já que, adivinha só! Ele era professor da maldita U.A, mas nem mesmo tinha me recomendado, me fazendo entrar na raça e na coragem. Se eu soubesse que seria assim...
-Eu sei!- eu queria gritar, mas sabia que apenas seria pior, pois ai sim eu receberia uma bela repreensão. -Mas eu queria ficar dormindo. - murmurei com um suspiro, sabendo que pelo menos isso, esse lindo desejo, Shota Aizawa compartilhava comigo. Éramos muito diferentes um do outro, mas não é como se eu não respeitasse e admirasse ele pelo super herói que era. Até mesmo pela pessoa que era, já que ele quem havia decidido cuidar de mim quando meus pais colocaram na cabeça que queriam sair do país para embarcar em um jornada artística absurda. Sinceramente, deve ser ruim ter pais super heróis pelo medo constante de os perder, mas é definitivamente pior ter pais sem parafusos funcionais na cabeça.
Correndo de um lado para o outro, percebi que realmente tempo era algo que eu não tinha, e chegar atrasada mais um dia seria apenas humilhante. Já não bastava não ter feito amizade com ninguém nesses três meses de aula que já tivemos, ficar conhecida como a garota atrasada apenas ia ser uma dose adicional de humilhação a minha vida. Talvez eu realmente devesse largar meus estudos e me jogar na carreira como cantora, como meu queridissimo (sinta meu sarcasmo) acessor queria.
Eu saí praticamente correndo de casa, querendo morrer vendo o quão devagar meu tio estava andando. Era como se ele estivesse fazendo de propósito! Me fazia querer dar um grito, mas o dia nem tinha começado direito e eu precisava cuidar bem da minha voz. Um dos grandes karmas de ser uma cantora, era não poder nem mesno surtar um pouquinho que fosse, já que meu trabalho dependia dessa desgraça de garganta. Mais uma vez no dia, me perguntei se me atirar do alto da U.A não era uma opção.
Pelo menos não demoramos para chegar a U.A, e eu disparei pelos corredores, rezando para os deuses apenas para não chegar atrasada mais uma vez e interromper Snipe sensei. Se eu o interrompesse mais uma vez naquela semana, tinha bastante certeza que eu acabaria tomando um tiro bem no meio da minha testa, o que renho bastante certeza que não ia ser tão agradável assim. Eu preferia manter meu cérebro no lugar por enquanto.
Quase chorei de alegria ao perceber que ele ainda não estava presente, e fui até feliz sentar no meu lugar, vendo Tamaki Amajiki afundar o rosto na carteira quando passei por ele. Honestamente, se me perguntassem o que rolava com ele, eu não saberia dizer. Quer dizer, se eu parar para analisar meus colegas de turma, não existe uma pessoa aqui que seja normal. E o pior disso tudo é que eu me encaixo perfeitamente entre os alunos anormais, levando em conta que em três meses eu fui incapaz de usar habilidades sociais para me aproximar de qualquer um que fosse. Mas ninguém pode me julgar! Minha vida é um verdadeiro caos, um caos tão grande que é como se não existisse mais tempo para outras coisas como conversar com pessoas.
-Akiko-chan, o diretor te chamou lá na sala dele.
Essa frase foi o suficiente para me fazer entrar em mais um colapso naquele dia. A manhã já tinha começado uma merda e agora essa notícia! Pronto, ele deveria ter descoberto algum podre meu que nem eu sei qual é e decidido me expulsar! Ou percebeu que meu potencial para uma super heroína é extremamente baixo e resolveu me expulsar! Ou ele percebeu que eu...
-Bom dia, Akiko! - qualquer pensamento evaporou no instante que coloquei os pés dentro do escritório dele. O diretor era verdadeiramente fofo. Se ele quisesse me expulsar mesmo, bem, não me restava escolhas a não ser aceitar, e aceitaria feliz ainda por cima, apenas por ser uma ordem dele.
-Bom dia diretor Nezu. - falei fazendo uma reverência em comprimento para ele. Foi assim que notei uma garota parada ali na sala dele, parecendo mais inquieta do que o normal. Definitivamente, essa é das minhas. Surta com qualquer coisa e parece a beira de um colapso. Talvez eu devesse parar de dar shows noturnos, talvez isso melhore minha qualidade de vida, vai saber?
-Se importa de me ajudar hoje, Akiko?- ele perguntou. Ele deveria saber que se pedisse para eu me jogar do alto da U.A, eu faria com um sorriso no rosto, por isso eu apenas assenti em confirmação, o fazendo dar um sorriso para mim. -Esta aqui é a Elsa, nossa mais nova aluna de intercâmbio. Gostaria que você ajudasse ela nesses primeiros dias, mostrando a U.A para ela e a ajudando a se adaptar melhor.
-Claro! Vai ser um prazer ajudar. - falei e era sincero. Eu sabia o que era se sentir deslocado, e a julgar pela expressão no rosto daquela garota, ela estava se sentindo exatamente assim.
-Eu agradeço. Elsa, você vai estar em boas mãos. Akiko é um das nossas estudantes mais dedicadas.
A garota apenas assentiu, sem dizer absolutamente nada. Nem mesmo depois, quando tinhamos saído, ela fez questão de iniciar uma conversa, o que me deixou um tanto tensa.
Bom, mas eu tinha uma missão e um objetivo para cumprir. E, no final das contas, mesmo com minha vida caótica, eu era uma super heroína. E não desistia até comseguir fazer tudo o que eu deveria.
Por isso, me virei para a garota e estendi minha mão.
-Sou Akiko, do primeiro ano, prazer em te conhecer.
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