Our Summer
escrita por saayxx
✷
Me abanei com o leque que minha tia havia largado sobre o sofá da sala. O dia estava mais do que quente, estava o verdadeiro inferno. Olhei para o ar-condicionado verificando se sua temperatura estava baixa o suficiente para esfriar o apartamento. Estava. Além da ansiedade que eu sentia, ainda tinha que lidar com o valor infernal dos primeiros dias de verão.
— Soo Ji? — olhei para a porta vendo meu irmão entrar na sala carregando uma caixa — Trouxe alguns exemplares para você autografar, esses vão fazer parte do sorteio no instagram.
— Ah, claro. — soltei o leque, me ajeitando sobre o sofá — Onde está a mamãe?
— Terminando de arrumar as coisas na livraria. — informou e eu balancei a cabeça, apanhando na minha bolsa uma caneta.
Assinei a parte interna das capas do livros. Deixando em cada um deles algum trecho, ou uma frase do livro, como uma forma de dedicatória. Ao terminar, Soo Jae me ajudou a guardar eles na caixa.
— Que horas vai se arrumar para descer? — ergueu as sobrancelhas, se pondo de pé.
— Que horas são? — perguntei, levantando também. Estiquei minhas pernas tentando me livrar de uma câimbra.
— Vai dar quatro horas. — afirmou olhando para o ecrã do celular.
— Droga! Deveria ter me avisando antes! Eu vou me atrasar! — corri pela sala, indo em direção ao banheiro.
— Desculpa!
Meu banho foi rápido e evitei molhar meu cabelo, caso ao contrário eu demoraria mais tempo tendo que secar ele. Ao terminar, fui pra meu quarto e joguei a tolha na cama, começando a me vestir. Graças aos céus minha roupa estava separada desde de manhã, eu não consegui conter a ansiedade. Me olhei no espelho, pentenando meu cabelo. Eu estava aceitável, dei um sorriso.
Meu cabelo preto tinha algumas ondas nas pontas por conta do coque que eu tinha feito, para não molhar no banho. Minha franja caia sobre meus olhos, e usei a mão para afastar os fios. Suspirei e fui até minha penteadeira colocando meu cordão da sorte.
— Dois minutos Soo Ji, vamos logo! — meu irmão chamou e eu apanhei minha bolsa, correndo para fora do quarto.
— Então? — perguntei, abrindo meus braços. Ele passou os olhos pela minha roupa e sorriu.
— Perfeita maninha. — elogiou, abrindo a porta de casa — Agora vamos, sim? Seus leitores vão reclamar se você se atrasar muito.
Apressei o passo e juntos nos saímos de casa. Durante o percurso, não consegui evitar ficar batendo meus pés contra o tapete do carro.
— Hey fica tranquila. — Jae tentou me confortar — Vai dar tudo certo, tá?
Acenti olhando pela janela mais uma vez. Quando Soo Jae dobrou a esquina da livraria, senti como se acabasse de afundar meus pés em concreto. Tive que respirar fundo antes de sair pela porta do carro e entrar pela porta lateral da livraria. Minha mãe veio até mim saltitante, me guiando até o local onde eu ficaria para dar os autógrafos. Cumprimentei a senhora Park, dona da livraria e agradeci por ela estar deixando eu usa-se o local, para a seção de autógrafos.
— Os leitores estão fazendo fila lá fora para te ver, podemos abrir as portas? — ela perguntou com um sorriso.
— Claro. — concordei e mexi no meu cordão, tentando aliviar minha ansiedade.
Assisti meus leitores entrarem pouco a pouca m livraria, eles corriam até as prateleiras embusca do novo livro, e vinham até mim. Sorri para todos eles, e, enquanto dava meu autógrafo, conversava com cada um deles, respondendo suas perguntas. Acho que era a melhor parte, ver a curiosidade deles e conseguir arrancar um sorriso satisfeito quando eu dava respostas boas.
— Então ele realmente existe? — uma garota loira indagou e eu a olhei — O Namjoon?
— Ah, existe. — sorri.
— Vocês ficaram juntos? — indagou.
— Se eu te contar vou te dar spoiler do próximo livro. — afirmei e ela soltou um suspiro sorridente.
— Tudo bem. — murmurou e eu lhe devolvi o livro — Muito obrigada.
— De nada! Espero que goste do que vai acontecer com a Tae-Ha e o Namjoon. Boa leitura!
O resto da tarde foi muito tranquila. Pelo menos até o momento em que eu vi a próxima pessoa na fila, meu coração acelerou com força, e minhas pernas viraram gelatina no mesmo instante. Assim que terminei de assinar o livro de uma menina de cabelos turquesa, me coloquei de pé.
— Vamos dar uma pausa rapidinho, sim? — olhei de relance para ele, o vendo cruzar os braços com um sorriso divertido — Eu já volto meus amores, aproveitem e peguem com a minha mãe os marca textos gratuitos.
A passos rápidos me afastei do local, puxando meu irmão comigo. Assim que entramos no banheiro, tranquei a porta e me sentei na tampa da privada.
— Ele está aqui! — afirmei.
— Quem?
— Ele! Ele está na fila com os dois exemplares de Our Summer nos braços! — disse pondo minhas mãos no rosto — Ele vai ler os livros Soo Jae!
— Garota, quem vai ler o quê? De quem você está falando? — gritou comigo e eu olhei para ele.
— O NamJoon! Kim NamJoon! — afirmei e vi seus olhos se arregalarem.
— NamJoon? — repetiu — O quê? Mas, como?
— Não faço ideia, mas, ele está lá fora nesse momento esperando que eu volte e autografe os livros. — uma vontade de chorar me abateu.
— Soo Ji, se acalma, pelo amor de Deus! — meu irmão se abaixou na minha frente.
— O que eu vou fazer? Ele vai descobrir tudo!
— Relaxa, vou te dizer o que você vai fazer, tudo bem? — acenti o olhando nos olhos — Você vai voltar lá e dar o mesmo tratamento que deu a todos os leitores. Autografe os exemplares, e chame o próximo na fila, pronto. — moveu as mãos — Duvido que ele vá ficar aqui e esperar para conversar com você.
— Você acha? — mordi meu lábio inferior com força.
— Sim. Agora toma uma água e volta para lá. Você não pode finalizar a seção com todos aqueles leitores esperando. — afirmou e eu respirei fundo.
— Obrigada.
— De nada. Vou te esperar lá fora.
Quando ele saiu do banheiro, me levantei e me olhei no espelho. Eu estava pálida. Dei algumas batidinhas no meu rosto tentando recuperar a cor saudável. Pouco tempo depois eu sai do banheiro e voltei para o meu lugar sendo seguida por meu irmão.
Sentei novamente e apanhei a caneta, a apertando com força quando eu levantei o rosto e olhei para ele. NamJoon sorriu para mim e colocou os livros sobre a mesa. Não consegui evitar, notar o quão bonito ele estava. Aquelas covinhas deixavam ele tão lindo.
— Olá. — forcei um sorriso — Qual é o seu nome?
— Não é como se você não soubesse. Mas é
Kim NamJoon. — afirmou e eu abaixei meu olhar para o livro, abrindo-o e começando a escrever meu nome ali — Posso fazer uma pergunta?
— É claro.
— Você não achou que fosse ficar óbvio? — indagou e eu tive que olhar ele novamente.
— O que é óbvio?
— O fato do nome do personagem ser Kim NamJoon? — ele continuou sorrindo.
— Existe apenas um Kim NamJoon no mundo? — ergui minhas sobrancelhas e então o sorriso sumiu.
— Nós sabemos que ele sou eu, Soo Ji. — afirmou e eu novamente olhei para os livros, notando que ambos eram novos.
— Você já leu a história? — perguntei, e fechei o primeiro livro, abrindo o segundo.
— Não mas-
— Então apenas tire suas conclusões, após ler os livros, sim? — disse e fechei o livro os entregando — Aqui estão. Obrigada por vir.
— Eu que agradeço.
E assim sem se despedir ele se afastou, indo embora. Suspirei aliviada e sorri para o próximo leitor. Eu esperava nunca mais ter que encontrar Kim NamJoon.
✷
Apartir do momento em que eu soube que teria que fazer uma viagem para outro país eu soube que alguma coisa daria errado. Talvez fosse a minha incapacidade de entender o verbo to be, o que acabava por me atrapalhar a aprender o inglês. Mas obviamente o problema seria resolvido contratando um tradutor, e ai que o problema se dá início. Deixei que minha acessória tomasse conta do processo de contratação, então, quando desci do carro em frente ao hotel onde eu ficaria hospedada, não estava preparada para reencontrar NamJoon.
Quis imediatamente entrar no carro mais uma vez e quem sabe chutar algumas bundas. Entretanto fiz ao contrário, respirei fundo e continuei meu caminho de forma séria dizendo apenas um "olá" para o Kim. Já dentro do meu quarto de hotel, liguei para Seulgi completamente furiosa. Ela sabia da minha história com NamJoon, como ela era capaz de contratar o loiro?
— Kang Seulgi você sabe quem é o meu tradutor? — indaguei, enquanto roía minhas unhas. Era um hábito feio que eu tinha abandonado a alguns anos, mas infelizmente depois do meu reencontro com NamJoon, ele tinha retornado.
— Kim NamJoon, por que? — questionou —
Tem algum problema?
— Tem. Um problema horrível! Esse Kim NamJoon é o mesmo Kim NamJoon de cinco anos atrás! — ela ficou em silêncio, por alguns minutos enquanto eu massageava minhas têmporas.
— Minha nossa. Me desculpa Ji, eu deveria ter me tocado disso. Meu Deus que vacilo. — ouvi suspiros — Eu vou entrar em contato com outro tradutor, sim? Acho que até as duas ele já vai estar aí.
— Certo.
— Desculpa mesmo. Não vai se repetir.
— Tudo bem. Vou desligar agora, tchau.
Assim eu fiz me sentado na cama e suspirando em seguida. Se desse tudo certo, Seulgi dispensaria NamJoon, e um novo tradutor assumiria seu posto. Mas não deu, as duas horas o Kim me esperava na porta do quarto acompanhado do meu irmão que não tinha uma cara nada feliz. Ele entrou no quarto e fechou a porta impedindo que o loiro ouvisse nossa conversa.
— Por que ele está aqui? — perguntou, cruzando os braços.
— Seulgi o contratou por engano. — contei, enquanto me olhava no espelho, conferindo a minha maquiagem estava em ordem.
— E por que diabos ela não contratou outro?
— Ela mandou mensagem à alguns minutos se desculpando mais uma vez. Aparentemente ela não encontrou mais nenhum tradutor disponível nesse horário, desde que Donald Trump quis se encontrar com Kim Jong-un boa parte foi para Washington se candidatar.
— Mas que... — ele se sentou na ponta da cama — Como isso pode acontecer? Ele não vive em Seul? Como pode de repente estar aqui na Califórnia trabalhando como tradutor? Não acha que é muita coincidência?
— Talvez, não sei. — me apoei no batente e porta do banheiro — Nesse momento eu só quero ir ao evento e terminar com isso o mais rápido o possível.
— Você sabe que não é bem assim. — exclamou.
— Sei.
Com uma careta, apanhei minha bolsa sobre o colchão e acenei para ele, juntos nos saímos do quarto. Dirigi apenas um aceno com a cabeça para NamJoon e ele nos seguiu. O clima tenso dentro do carro era palpável, olhei pela janela o tempo todo, evitando o olhar do Kim, sentado ao meu lado.
Me senti aliviada quando finalmente chegamos, a uma grande livraria na Califórnia uma das mais conhecidas. Perkins Library era uma loja de livros famosa, e eu me sentia honrada de ter sido convidada a realizar uma sessão de autógrafos e uma sessão de perguntas e respostas. Eu estava nervosa para esta última parte, afinal meus leitores não sabiam que o Kim NamJoon da vida real estava ao meu lado. Enquanto dava os autógrafos, rezava a Deus que o loiro não tivesse lido os livros os quais tinha comprado em nosso último encontro, mas eu sabia que aquilo era completamente improvável.
A sessão de autógrafos durou até as quatro. Fomos deslocados para uma sala reservada para a sessão de perguntas e resposta. Meus leitores estavam todos sentados, e celulares foram apontados para mim quando entrei no local, acenei para todos. Havia uma mesa com três cadeiras, me sentei entre meu irmão e o Kim, este que ficou a minha direita pronto para traduzir cada pergunta que fosse feita. Entregaram microfones para mim e para NamJoon. Me sentei o mais confortável possível, arrumando as mangas da minha blusa que insistiam em deixar meus ombros expostos.
— Boa tarde. — comecei a falar exibindo um sorriso — Quero agradecer a todos vocês por estarem aqui presentes nesta tarde. E também quero agradecer a livraria Perkins por terem me feito esse convite de vir aqui, conhecer meus leitores que vivem na américa do norte.
O loiro traduziu tudo e não consegui evitar notar como a voz dele ficava linda ao falar em inglês.
— Vamos começar? — perguntei, erguendo minhas sobrancelhas e quando NamJoon traduziu eles bateram palmas animados — Quem gostaria de fazer a primeira pergunta?
Todos levantaram as mãos, passei meus olho por eles e escolhi uma mulher morena, com a blusa vermelha. Apontei em sua direção e as outras pessoas mantiveram suas mãos abaixadas enquanto, enquanto ela falava. Mantive meus olhos em minhas mãos enquanto o Kim traduzia para mim. Era a pergunta mais frequente que me faziam.
"Kim NamJoon, era ou é real?"
Olhei para frente com o mesmo sorriso. E balancei minha cabeça acentindo.
— Sim ele é real. — confirmei e todas pareceram estar felizes, mas ao mesmo tempo um pouco bravas.
Depois disso muitas perguntas me foram feitas. "Vocês tem contato?", "Você sente rancor dele?", "Se vocês se encontrassem, como você reagiria? Perdoaria ele?" Respondi a todas como se ele não estivesse ali do meu lado.
— Minha reação seria tranquila eu acho. Se eu perdoaria? Talvez. Vocês tem que concordar que foram muitos vacilos. — esperei que o Kim traduzisse e exclamações afirmativas foram ouvidas — Mas, se eu visse arrependimento em seus olhos — olhei para o homem a minha direita — eu o perdoaria sim.
Meu relacionamento com Namjoon havia sido muito conturbado nos conhecemos quando eu tinha dezenove e ele vinte três anos, foi durante um verão quente. Éramos do mesmo círculo de amigos então não foi nenhuma surpresa, quando nós dois começamos a frequentar a casa um do outro. Ficamos por um mês até eu pedir para namorar com ele. Os problemas surgiram depois que conheci sua família, meu sogro não foi com a minha cara e eu também não gostei dele. O Kim sabia disso, mas ele era muito apegado ao pai e quando eu fui humilhada e expulsa da casa dele alguns anos depois, ele apenas assistiu, sem dizer nada. Não nos viamos desde então, ele me ligou muitas vezes e sempre pediu desculpas, mas eu estava magoada de mais.
Dois anos após o ocorrido, durante um verão em Daegu, comecei a me dedicar a literatura e não me acanhei quando comecei a escrever sobre minha história com Namjoon. No início meu maior desejo era enviar para ele um exemplar. Quem sabe lendo aquelas páginas ele pudesse entender como eu me senti, por todos aqueles meses que ficamos juntos e que eu fui maltratada pela sua família. Porém desisti da ideia e continuei minha vida, sempre tentando esquecer o passado.
Our Summer acabou ganhando uma sequência. Obviamente o segundo livro acabou tomando rumos diferentes, da realidade. E com mais um ano, eu tinha batido o recordes de vendas da editora com quem eu trabalhava. Eu superei Namjoon. Pelo menos por todos os cinco anos em que ficamos longe um do outro. E agora mais um verão se iniciou ele estava de volta.
Voltei a olhar para meus leitores e escolhi a proxima pessoa.
✷
Entrei no carro, mas dessa vez meu irmão não veio comigo. Ele iria encontrar alguns amigos e por isso não ia me acompanhar até o hotel.
— Desculpa. — ele me abraçou — Apenas ignore, caso ele pergunte algo.
Respirei fundo e nos separamos. Entrei no carro sendo seguida por NamJoon. A tensão continuava a ser palpável e usei meu celular como distraçã, mas isso não foi possível por muito tempo, já que o loiro começou a falar.
— É sobre nós dois. Our Summer, mas a coisa muda completamente no segundo livro. — ele comentou e mantive minha cabeça abaixada.
— O segundo livro conta como foi o reencontro de Tae-Ha e NamJoon. Como deve ter percebido, é totalmente diferente do nosso. — disse.
— Como você imaginava que o nosso seria?
— Talvez.
— Tem algo no primeiro livro, depois que Tae-Ha foi expulsa da mansão Kim. — começou começou dizer — Ela descobre que estava grávida. — ergui minha cabeça e o olhei — Isso não aconteceu na realidade não é?
— Não. — guardei meu celular — Eu voltaria para te procurar se eu estivesse grávida.
— Tem certeza? — ergui minhas sobrancelhas.
— Acha que por acaso eu estaria escondendo um filho seu? — perguntei — Ele sentiria a sua falta. Não estava gravida quando fui embora.
— Uma pena.
Desviei meu olhar para a janela.
— Eu sempre imaginei como seria ter um filho com você. — revirei meus olhos.
— Vai continuar imaginando.
O silêncio permaneceu por um longo tempo.
— Can you stop? — olhei para o loiro — We'll stay here.
— O você disse?
— Nos vemos conversar.
— O que? — ele segurou meu braço — Me solta NamJoon.
Em poucos minutos nos estavamos fora do carro. Eu não sabia exatamente onde, mas diante de nós estava o oceano.
— Eu sei que fui um babaca. Mas eu era jovem, naquele tempo eu só queria orgulhar o meu pai, entende? SeokJin sempre foi o favorito dele, ele sempre se orgulhou do meu irmão.
— E você então pretendeu deixar que eles fizessem o que queriam comigo? — perguntei e desci as curtas escadas e tirei meus sapatos sentindo a areia abaixo dos meus pés.
— Eu era um idiota, depois que você foi embora, notei isso. Por isso apareci na sua porta alguns dias depois, para te pedir perdão. — caminhou ao meu lado, e eu mantive meus olhos na água.
— Eu ouvi coisas muito ruins vindo da sua família NamJoon. E no momento que te perguntei se você está disposto a se afastar da sua família o qur você me respondeu? "Não posso". Você escolheu ficar com aquelas pessoas tóxicas.
— São a minha família. — defendeu.
— Eu sei. — murmurei e me aproximei da água.
— Diminui o contato com eles. Faz quase três anos. Vejo meu pais apenas em datas comemorativas. — exclamou — Não quero que você volte para mim Soo Ji. Quero que você me perdoe.
Me virei para ele, ignorando o por do sol atrás de mim. Olhei em seus olhos, do mesmo jeito que disse que faria e procurei arrependimento. Quando encontrei, o perdoei.
✷
NamJoon me acompanhou nos dois dias que eu tive que ir para a livraria. O clima está bem mais ameno entre nós. Meu irmão não achou que fiz certo quando contei que perdoei o loiro. Porém ignorei seu sermão e voltei a dar os autógrafos. As perguntas, foram praticamente as mesmas dos outros dois dias, mas respondi a todas com paciência.
— Você ama ele, ainda? — troquei olhares com Namjoon.
Hesitei, no momento de responder. Eu sempre conseguia responder tudo com rapidez, eu quase sempre tinha todas as respostas. Minha vida é um livro aberto e eram poucas as pessoas que não sabiam alguma coisa sobre mim.
Desviei meu olhar do Kim. Eu ainda amava ele? Cinco anos tinham se passado, muita coisa aconteceu. Mas, eu ainda o amava? Ele não era uma má pessoa. Tudo bem ele não tinha me defendido quando era necessário. Mas ele também não ajudou na humilhação. Haviam muitos pontos negativos com certeza. Todavia, eu conseguia me lembrar dos gestos gentis vindo de sua parte. NamJoon era carinhoso e atencioso. Seu defeito era querer agradar a todos, o que podia torna-lo um babaca.
Ergui minha cabeça.
— Não amo como antes. — comecei a dizer e sorri — Mas ele ainda, tem um espaço do tamanho de um grão de areia no meu peito.
A sessão foi finalizada as cinco e meia. Me despedi dos meu leitores e me retirei da sala sendo acompanhada por Namjoon.
— Você falou sério, sobre me amar? — ele perguntou enquanto me seguia.
— É só um grão de areia. Não fiquei animado. — sorri — O que eu disse, não é um convite para você tentar me conquistar novamente. — me virei em sua direção.
— Quem disse que quero te conquistar?
— Ah, não? Ótimo.
— Ótimo. — deu de ombros.
Soltei um risada e voltei a olhar para frente. Fomos jantar, meu irmão nos acompanhou dessa vez. Os dois ainda se estranharam, mas após algumas taças de vinho, ambos estavam mais relaxados. Em algum momento, eles começaram a conversar como se fosse amigos a muito anos, e eles eram.
Meu irmão fazia parte do nosso ciclo de amigos.
— Escuta NamJoon. — meu irmão disse ainda segurando a taça entre seus dedos — Eu sei que minha irmã lhe perdoou, acho que foi idiotice, entretanto, eu respeito a decisão dela mesmo que não goste. — disse a última frase me olhando — Não me importa se vocês vão ser amigos, ou vão voltar a ficar juntos. Mas se você magoar a minha irmã novamente, eu juro que vou te arrebentar.
— Seus punhos, vão ficar intactos para sempre, então. — o Kim disse com um sorriso.
Eles continuaram uma conversa cheia de ameaças que não se concretizaram. Me diverti com cada uma delas, principalmente quando partiam de meu irmão que parecia das vez mais bêbado. Ele era realmente muito fraco para bebida. O Kim me ajudou a levar meu irmão para o hotel, depois que o deixamos no quarto dele, o loiro me levou até o meu.
— Foi ótimo trabalhar com você Namjoon. Espero que esse lance de tradutor, de certo.
— Obrigado.
— Boa noite.
— Boa.
Assim eu fechei a porta. Naquela noite eu comecei a escrever os primeiros da minha próxima obra. O jantar tinha me inspirando.
✷
Dias depois, eu já tinha boa parte do livro escrita. Todavia ele ainda não estava completo e para ser lançado antes precisava passar pela análise da editora e ser aprovado. Depois de pagar o uber sai do carro e entrei na cafeteria. Fiquei sentada por alguns minutos até que reconheci o homem que caminhava em minha direção. Ele se parecia com NamJoon, ou o Kim se parecia com eles. Cumprimentei Kim Hanson, pai de NamJoon.
— Quanto tempo. — ele disse sério.
— Foram anos ótimos, sem encontrá-lo.
— Fiquei sabendo que você se entendeu com Namjoon. — comentou.
— Nos reencontramos a alguns dias. Ele foi meu tradutor durante minha estadia na Califórnia. — contei.
— Espero que não pretenda ter algo com ele.
Ergui meus olhos em sua direção.
— As coisas que pretendo ou não fazer não lhe interessam, senhor Kim. — afirmei, e cruzei meus braços — Quando vai parar de querer se meter na vida dele? Namjoon é um homem adulto.
— É um irresponsável.
— Não é não. Você diz que ele é, mas não é. Ele sempre está se esforçando, você só não nota isso. Seu filho merece mais amor, Hanson. — apanhei minha bolsa.
— Não me diga o que meu filho precisa.
— Tudo bem. Agradeço o convitepara o café café, mas, tenho coisas para fazer. — me despedi.
Eu não tinha nada para fazer, mas não queria ficar mais nenhum minuto conversando com aquele homem. Mais alguns dias se passaram e eu tive que retornar a Califórnia. Dessa vez eu contratei o tradutor e sorri quando vi NamJoon, me esperando na recepção do hotel.
— Senhorita Jung. — me cumprimentou.
— Senhor Kim. Obrigada por aceitar ser o meu tradutor mais uma vez.
— Disponha.
— Bom, eu vou deixar minhas malas no quarto, me espera aqui? Temos que passar em algumas livrarias e ir na BookCon ver como está o meu painel. — informei e ele acentiu.
Passamos o dia fora e admitia que estava me acostumando com a presença dele. Fomos a algumas livarias e aproveitei para fazer propaganda do meu próximo livro, muitos se mostraram estar empolgados, assim como eu. Durante a noite jantamos juntos, o Kim me contou sobre obque aconteceu durante os cinco anos que a passaram. Fiz o mesmo. Deveria ser dez horas quando estavamos caminhando pela praia.
— É engraçado. — ele disse chamando minha atenção — O verão parece gostar de nos unir.
— Citando Our Summer? — ergui minhas sobrancelhas, escondendo um sorriso.
— Talvez.
Ficamos em silêncio.
— Então, você vai viver em Los Angeles agora? — perguntei, mudando de assunto.
— Vou. Gosto de trabalhar como tradutor. As vez tenho a oportunidade de traduzir conversas muito interessantes. — contou.
— Trabalhou com mafiosos senhor Kim?
— Sim, yakuzas perigosíssimos. — brincou.
A noite foi divertida. Conversamos por mais tempo. Não consegui evitar recordar do tempo que passamos juntos. Naquela noite decidi dar uma chance para o Kim, entretando ele teria que lutar muito para conquistar um lugar maior do que apenas um grão de areia no meu coração.
✷
Dois anos se passaram. O calor da Califórnia está insuportável, consequências de um dos verões mais quentes, dos ultimos cinco anos. Arrumei meu cabelo e sai do meu quarto, encontrando minha filha sobre o tapete da sala. A garotinha de cabelos um pouco ondulados, sorriu quando me viu e escondeu algo atrás das costas.
— O que você tem aí mocinha? — perguntei curiosa.
— Nala. — negou.
— Não é mais um livro é? — arqueei minhas sobrancelhas, me aproximando — Você rasgou mais um Sun?
— Desculpa. — mostrou o livro com as folha rasgadas.
— Aí meu amor, você tem que tomar cuidado. — falei tomando o livro de suas pequenas mãos e a peguei no colo — Acho que até você ficar mais velha, os únicos livros que você vai pegar vão ser os de pintar.
— Mas mamãe, eu gosto de ver as capas dos seus livros. — fez um bico e eu soltei uma risada, caminhando para fora de casa.
Descalça mesmo pisei na areia e procurei meu filho com os olhos, o encontrei nos braços de NamJoon. Este que apontava para alguma coisa na água, monstrando para o Hoseok.
— Amor, nosso raio de sol, destruiu mais um dos meus livros. — contei enquanto aproximava — Vamos ter que instalar prateleiras altas.
— Você vai pregar elas, não é? É capaz de eu destruir a parede com a furadeira. — ele levantou beijando minha testa.
— Com certeza.
— Está pronta? Os convidados estão esperando.
Acenti e ele segurou minha mão. Eu deveria estar nervosa, morrendo de medo, entretanto naquele momento estava empolgada. Finalmente eu iria me casar com NamJoon. Seria uma cerimônia pequena a beira-mar com poucos convidados. O pedido tinha sido feito depois que dei a luz aos gêmeos. Os pais dele foram convidados, mas apenas a senhora Kim veio.
Eu poderia contar como foi a cerimônia e como nos vivemos depois disso. Poderia contar as loucuras que Hoseok e Sun aprontaram conforme foram crescendo, e da reação de NamJoon, quando nosso filho apareceu em casa com dois namorados.
Mas, então eu estaria te dando um spoiler do próximo livro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro