Chapter 22
Eu me virei e encarei seus olhos, brilhantes mesmo no escuro. Meu coração estava tão acelerado que parecia duelar com a batida da música. Tudo em volta parecia ter sumido ante a realização de que Jennie estava na minha frente, me segurando como se ela soubesse que eu precisava de apoio. Minha voz estava tremendo. Estava tão nervosa que minha primeira pergunta foi totalmente idiota.
-O que houve com seus óculos?
-Lentes de contato.
-Oh.
Finalmente o choque começou a passar o suficiente para que eu pudesse perguntar algo com sentido.
-Tenho milhões de perguntas. Como chegou aqui? Como me achou? Como...
-Cale-se, Jisoo. - Sua boca tomou a minha abruptamente para interromper as perguntas.
Ela me devorou completamente. Se eu tinha alguma dúvida sobre como as coisas estavam entre nós, o gosto possessivo de seu beijo, o jeito que pressionou todo o seu corpo contra o meu, aniquilou isso.
Sem dizer nada, seu beijo falava tudo. Sua língua contra a minha, os sons guturais que saiam de sua garganta, era a primeira vez desde que eu a tinha conhecido que realmente sentia nos meus ossos: ela era minha. Todas as reservas do passado, tudo que nos prendia tinha sumido. Não sabia de toda a história de como de repente chegamos aqui, mas tinha certeza que não importava.
Meus dedos subiram a seu cabelo desesperadamente enquanto a puxava para mim.
Nunca mais me deixe, Jennie.
Ainda estávamos no nosso mundo apesar das pessoas ao redor, esbarrando em nós. Ela respirou fundo, com a testa encostada. na minha.
- Estive esperando que terminasse o livro para me aproximar. Esse era o plano.
-Esteve em Nova York todo esse tempo?
-Já estava aqui esperando quando mandei o livro.
-Oh, meu Deus. - Enterrei o rosto em seu peito e senti o cheiro de seus cigarros.
Olhei pra ela e tive que perguntar, apesar de ser óbvio.
-Terminou com ela?
Jennie assentiu.
Continuei:
-Mas o fim... Disse que estava fazendo a coisa certa. Eu achei...
Ela me cortou com um beijo de novo e depois disse.
-Achei que você assumiria isso. Mas a coisa certa... Era admitir que eu não poderia amá-la totalmente se meu coração pertencia a outra pessoa. - Suas mãos pegaram meu rosto. - Meu coração voltou à vida quando te vi parada naquele jardim. Finalmente entendi. Só levou um tempo para clarear os pensamentos e finalmente perceber o que eu queria.
Tinha certeza que era uma longa história, que terminar as coisas com Joy não tinha sido fácil. Sabia que ela a amou e Jennie me diria tudo algum dia, mas agora não era o momento.
Como se tivesse lido meus pensamentos, ela disse.
- Prometo que te contarei tudo que aconteceu, mas não agora, ok? Só quero estar com você.
- Ok.
Envolvi meus braços em seu pescoço e soltei um suspiro tão intenso, que parecia que tinha segurado por sete anos. Talvez tivesse.
Nos beijamos como se nossa vida dependesse disso, sem respirar, pelo menos durante três músicas. Tinha certeza que meus amigos tinham visto, mas não conseguia desviar o olhar tempo suficiente para ver suas reações. Talvez achassem que ela era uma mulher qualquer, e eu teria que explicar muita coisa no trabalho.
Pressionei meu corpo contra o seu e senti seus seios e sua ereção. Estávamos praticamente fazendo amor na pista de dança.
Era surreal.
Ela falou no meu ouvido, me fazendo tremer.
- Você me quer, Jisoo?
-Sim.
-Confia em mim?
- Confio.
-Eu preciso que você me deixe te ter agora.
- Aqui?
Ela sorriu na minha boca.
- Queria que terminasse de ler, que soubesse de tudo antes que eu me aproximasse. Estive andando por essa cidade excitada pra caralho, por três dias apenas de pensar em estar com você. Seu apartamento é muito longe. Não posso esperar mais.
- Onde podemos ir? - Perguntei.
- Não importa, mas precisamos descobrir isso antes que eu te pegue aqui mesmo. — Ela pegou minha mão. - Vamos.
Nos demos as mãos e ela me guiou pela boate. Todos os pelos do meu corpo estavam eriçados. O que estávamos fazendo parecia perigoso. Jennie era uma mulher agora. A última vez que transamos, ela era praticamente uma menina. Tenho certeza que ela melhorou no tempo que estivemos separadas, e não sabia o que esperar. Fazia muito tempo desde que estive com alguém. Ela seria capaz de ver isso.
Tinha uma porta que levava aos fundos, mas quando Jennie tentou abrir, estava trancada. Ela me olhou com um sorriso que me deu calafrios..
- Confia em mim, né?
- Sim.
- Espere aqui.
Ela abriu uma porta que parecia uma saída de emergência e olhou lá fora antes de voltar.
- Quero que você escolha de acordo com seu desejo.
-Ok.
- Podemos ir até o hotel mais próximo, e fazer amor em uma cama ou...
- Ok. Ou?
-Ou podemos ir lá fora agora e foder forte naquele beco.
Os músculos das minhas pernas tremeram. Meu corpo já tinha escolhido por mim, eu queria me dar por inteiro a ela. Precisava disso tanto quanto ela. Queria forte, e queria agora.
- Quero a opção B.
-Boa escolha.
Ela abriu a porta e me levou para fora. O beco estava vazio. Uma leve neblina tomava o ar. Andamos um pouco até chegar a um local mais afastado.
-Ninguém nos verá aqui, - ela disse enquanto gentilmente me encostava na parede. - E eu estou morrendo de vontade de te tirar da tua zona de conforto.
Meu peito estava cheio de excitação por não saber exatamente o que ela faria comigo. Só sabia que não iria pará-la. Iria participar de tudo feliz. Estava tremendo um pouco.
-Você está nervosa? Não tenha medo.
-Só excitada. Já tem um tempo.
-Seu corpo se lembrará.
Jennie desceu a parte de cima do meu vestido para expor meus seios. Gentilmente puxou todo meu cabelo para trás antes de não tão gentilmente agarrar minha nuca. Era bom. Abaixou a boca para meu pescoço, me mordendo.
-Esse pescoço... Quase foi minha perdição... Minha coisa favorita no mundo todo. Ela disse enquanto cheirava e grunhia, o som vibrando em minha pele. - Posso praticamente cheirar o quanto você me quer, Jisoo. - Deixou uma mão no meu pescoço e com a outra beliscou meu mamilo. - Olhe como estão duros. Acho que sempre vi seus mamilos duros como ferro perto de mim. E queria que você pudesse ver seu rosto. Mesmo no escuro, posso ver como suas bochechas estão rosadas. Me deixa excitada saber que tenho esse efeito sobre você. Eu quero que você saiba que eu nunca quis nada na vida como que você fosse minha. Vou fazer isso agora. Ok?
Assenti, tão excitada que mal conseguia respirar. Enterrei meus dedos nas ondas de seu cabelo enquanto ela me beijava. Saboreei seu gosto, e senti seus dentes me arranharem. Não tinha nada delicado em estar com Jennie, mesmo quando era suave. Lambi seu piercing labial e ela gemeu quando puxei de leve. Eu não tinha o suficiente de sua boca. Queria ela sobre mim.
Minha excitação escorria por minhas pernas enquanto ela se ajoelhava no concreto para levantar meu vestido e lentamente abaixar minha calcinha. Ele olhou para mim e sorriu.
- Você não precisará disso. - Ela sorriu e acrescentou-pelo menos por uma semana. Ela colocou minha calcinha em seu bolso.
Minhas pernas tremiam. Jennie se levantou lentamente, e a sequência de eventos que se seguiram parecia uma coreografia erótica bem ensaiada. Cada som, cada movimento era mais quente que o anterior: tirar seu cinto, abrir seu zíper, seus dentes rasgando o pacote de camisinha enquanto me olhava, o som do látex se espalhando em seu pau que estava molhado ao redor do piercing na ponta. Ele pulsava com necessidade.
Seus olhos pareciam ter escurecido. Sem tirar o jeans, ela me levantou e envolveu minhas pernas em sua cintura, me apoiando na parede.
-Me avise se ficar muito intenso. - disse roucamente.
- Não vai...
Ah!
Ela entrou de uma vez. Moveu a mão para formar um escudo atrás da minha cabeça porque percebeu que quase causou uma concussão. Sua boca ficou no meu pescoço, gentilmente me mordendo enquanto me fodia, o calor de seu membro se espalhando. Cada movimento era mais forte que o ultimo e cada vez mais rápido. Ela grunhia alto cada vez que metia. Alguém iria ouvir. Era o sexo mais selvagem da minha vida, seguido da vez que ela me fodeu no chão do meu quarto sete anos atrás. Não fazia sexo há quase dois anos, e não sabia que meu corpo se acostumaria tão rápido. Acho que estive molhada e pronta para ela desde o momento que a vi no jardim.
Ela continuou me fodendo, raivosa e desenfreada.
-Ninguém mais deveria ter isso além de mim. - Ela disse contra meu pescoço, entrando fundo. - Eu te deixei. - Mais fundo. - Te deixei ir.
Comecei a mover meus quadris, seguindo seu movimento.
-Então me tome de volta. Me fode mais
forte.
Minhas palavras chegaram nela, e ela aceitou o desafio. Mudou de posição de forma que agora suas costas estavam na parede, e ela não tinha mais que proteger minha cabeça. Reposicionou minhas pernas em sua cintura e colocou uma mão no meu pescoço enquanto a outra me segurava. Olhou nos meus olhos enquanto se movia, enquanto me sufocava levemente, apenas para dar prazer. Saber o quanto isso a excitava me deixava louca. Felizmente ninguém apareceu. Ainda estávamos sozinhas na neblina. O único som era da junção de nossa pele, o seu cinto solto e nossa respiração, o que parecia estar no mesmo ritmo.
Levantei sua camisa pela metade para olhar seu abdômen. Estava mais duro do que eu me lembrava e parecia ter sido talhado. Queria que estivéssemos pele contra pele, mas ficar totalmente nua era perigoso aqui.
-Não se preocupe. Mais tarde tiraremos tudo. - Ela disse. - Nós faremos tudo hoje.
Um orgasmo começou a tomar conta de mim. Eu não precisava dizer nada. Me maravilhou o quanto ela conhecia meu corpo.
- Você está gozando, ela disse. — Eu me lembro da sensação. Olha pra mim.
Ela segurou meu pescoço e olhou nos meus olhos enquanto me fodia o mais forte que conseguiu até que tremeu. Levou vários minutos pra minha respiração normalizar. Ela ainda segurava meu corpo mole enquanto beijava meu pescoço.
-Eu te amo, Jisoo.
Eu a amava tanto que nem conseguia dizer. Tantos sentimentos estavam na superfície, mas o medo tomou conta.
-Não me deixe de novo, Jennie. Não volte pra ela.- eu disse.
Ela me segurou forte.
-Não vou, baby - ela disse, levantando meu rosto para olhá-la.
- Olhe para mim. Não precisa mais se preocupar com isso. Não vou a lugar nenhum. Sei que eu preciso te provar isso, e eu vou.
Ela me colocou no chão e arrumou sua calça antes de me levantar de novo. Carregou-me até a calçada mais perto onde pegamos um taxi.
Ainda parecia um sonho.
No banco traseiro, encostei a cabeça em seu peito. Seu coração batia forte na minha orelha enquanto ela acariciava meu cabelo todo caminho até meu prédio. Quando entramos no edifício, suas mãos estavam nos meus ombros enquanto ela beijava minha nuca todo o caminho até meu apartamento.
Me atrapalhei com as chaves e uma vez que entramos, tive a urgência de fazer algo que nunca tinha feito antes.
A encostei na parede mais próxima e levantei sua camisa. Seu olhar era uma mistura de fome, choque e divertimento ante minha coragem. Minha língua circulou o piercing em seu mamilo e lambeu cada músculo do seu seio até o abdômen. Me ajoelhei, e quando ela se deu conta do que eu ia fazer, sua respiração acelerou.
- Caralho, ela disse roucamente. - Isso realmente está acontecendo?
Não perdi tempo em tirar o seu cinto e jogá-lo no chão. Tirei sua cueca box e fiquei maravilhada com seu pau, seu tamanho, o calor e o brilho do piercing na ponta. Fantasiei em chupá-lo tantas vezes porque foi algo que nunca fizemos.
Ela pegou meu cabelo.
-Não posso dizer quantas vezes sonhei em foder essa boca. Tem certeza que você quer isso?
Ao invés de responder, passei a língua pelo seu piercing e saboreei seu gosto salgado, enquanto acariciava o resto. Com cada bombada, cada lambida, ela ficava mais molhada. Seu abdômen contraiu, e ela respirava com dificuldade.
-Merda. Isso é muita provocação.
Parei e lambi os lábios enquanto a olhava. Ela fechou os olhos em resposta. Jennie era tão controlada, mas agora estava entregue, e isso me excitava. Seus olhos ainda estavam fechados quando a enfiei até o fundo da garganta pela primeira vez. Os sons de prazer que ela emitia eram tão sexy e me encorajavam a tomá-la mais rápido e mais fundo. Amava a sensação dela preenchendo minha boca. Não poderia ter o bastante. Estava tão molhada que gozaria se ela me tocasse. Ela enfiou as unhas no meu cabelo e me puxou.
- Pare. Você vai me fazer gozar e quero gozar dentro de você.
A chupei mais forte.
-Não. - Eu disse, querendo que ela gozasse na minha boca.
Sua respiração estava irregular.
- Você está tomando pílula?
Assenti.
- Tomo há anos. Regula meu ciclo.
Ela saiu da minha boca.
- Levante e se vire.
Meu coração estava acelerado enquanto ela tirava meu vestido. Pegou meus quadris e se enterrou em mim. Sem a camisinha.
O calor e a umidade de sua pele dentro de mim, e a sensação do seu piercing eram quase mais do que eu conseguia aguentar. Tudo estava duplicado. Suas mãos agarraram minha bunda enquanto ela me fodia. Conseguia ouvir minha excitação enquanto ela se mexia. Estava pronta para gozar a qualquer momento, tão excitada depois de chupá-la e pelo fato de ela me foder sem camisinha.
-Nunca mais conseguirei usar camisinha com você. - Ela falou. - Isso é tão bom.
Eu estava começando a gozar.
- Goza dentro de mim, agora.
Ela meteu tão forte, que eu tinha certeza que teria hematomas amanhã.
-Merda... Jisoo... - Ela continuou se mexendo até que o êxtase passou, e depois continuou metendo devagar por um tempo. Jennie finalmente saiu de mim e me virou para me beijar. Ela riu.
- Quase não conseguimos passar pela porta da frente. Você se deu conta disso?
-Acho que estou pronta de novo.
- Ótimo, porque nem estou perto de terminar com você. - Ela disse, me arrastando para o quarto, enquanto sua calça caia solta em seu quadril.
[...]
Quatro velas estavam acesas a nossa volta enquanto ficávamos sentadas em minha cama, às 4h da manhã, nos dando sorvete na boca.
- Então, como sabia onde me achar hoje à noite?
- Bem, quando você me mandou a mensagem dizendo que tinha terminado, estava sentada na Starbucks na esquina do seu apartamento. Vim para cá achando que seria onde você estaria. Queria ir até você e te surpreender. Eu te esperei nas escadas. Essa... Pessoa... Que disse ser sua fada madrinha veio até mim e disse "Jennie, certo? Reconheceria você em qualquer lugar pela descrição que Jisoo me deu. Sabia que viria atrás dela, sua burra idiota".
-Sério? - Comecei a rir. — É a Félix. Ela é como minha fada madrinha.
- Bem, você sabe que sua fada madrinha é...?
-Sim, eu sei. Nós não falamos sobre isso.
- Vocês devem ter falado muito de mim. De qualquer forma, eu precisava te encontrar e perguntei se ela sabia onde Você estava.
-Então ela te deu o nome da boate?
-Não de cara. Acho que ela queria me torturar.
-O que ela fez?
-Me fez tirar a camisa.
-Você está brincando?
-Não, estou falando sério.
- Foi só isso?
- Quisera eu.
- O quê?
- Ela me fez segurar uma placa feita de papelão que dizia "otária" e tirou uma foto.
Cobri a boca com a mão e fale.
- O quê?
- Sim. - Ela disse que era um efeito colateral.
- Félix é louca.
- Bem... Ela obviamente se importa com você. Posso entendê-la. De qualquer forma, só depois de tirar a foto que ela me deu o endereço e disse "é sua última chance".
-Nossa.- eu disse.
- Sim.
Jennie se virou para mim.
-Preciso que saiba de algo.
- Ok...
- Mais cedo, quando terminamos de transar no beco e você me pediu para não voltar para Joy, foi difícil de ouvir isso. Tem uma parte de você que não acredita que isso é real, e você está traumatizada por eu ter te deixado no passado. Me fez ver o quanto eu te feri, e o quanto terei que trabalhar para reconquistar sua confiança.
-Eu estava apenas muito sentimental no momento, ainda mais depois de passar o dia lendo seu livro. Cada sentimento, incluindo meu maior medo, veio à tona.
Jennie tirou o pote de sorvete das minhas mãos e o colocou de lado. Ela colocou a mão no meu rosto.
-Nunca ouve uma competição. Eu amava Joy, mas era por omissão. Eu te amo muito mais. A cada segundo que passei de novo com você eu tinha que, constantemente, me lembrar de que amava ela, o que não é algo que se deva fazer. Meus sentimentos por você eram tão fortes que me assustaram. No segundo que entrei no avião, sabia que estava voltando pra terminar as coisas com Joy. Era o certo a fazer.
- Você a feriu, não foi?
-Sim. Ela não merecia.
-Sinto muito.
-Seria pior se estivéssemos noivas ou casadas porque não sei se o resultado teria sido diferente. Não seria justo continuar com ela e te amar como eu amo.
-Acho que sei exatamente o que ela deve estar sentindo.
- Sim, provavelmente sabe. Uma parte de mim sempre se sentirá péssima por feri-la, mas não podia ser evitado. Levou vários dias depois que voltei para descobrir um jeito de explicar tudo a ela porque queria ser honesta. Não fiz isso imediatamente, mas não dormi com ela, você precisa saber disso. Eu inventava desculpas. Em resumo, não queria voltar pra você com qualquer coisa me prendendo ou sem que você soubesse tudo sobre meu passado. Então depois que me mudei, passei muito tempo trabalhando no livro até que cheguei ao ponto de ficar confortável sobre você lendo.
- Obrigada por dividir isso comigo.
Ela me beijou.
-Eu te amo tanto, Soo.
-Também te amo Nini.
-Eu não vou voltar para Osaka.
- O quê? Nem para pegar suas coisas?
-Não. Coloquei tudo num depósito. Mamãe está bem. Mas precisaremos ir lá visitá-la logo.
- Nós?
Queria conhecer Hyuna tanto quanto Dorothy queria conhecer a Bruxa Má do Oeste.
-Sim. Contei a ela sobre você. No começo ela não aceitou muito bem, mas expliquei o quanto eu te amo e disse que ela precisava aceitar. Ela aceitará, Jisoo. E se não aceitar, não importa mais.
- Espero que sim.
- Preciso achar outro trabalho porque saí do Centro Juvenil depois que terminei com Joy. Então, na verdade, uma das coisas que fiz nos últimos dias foi uma entrevista numa escola aqui na cidade na última sexta. Eles me ofereceram o cargo de conselheira.
-Sério?!
- Sim.
- Jennie, isso é ótimo!
Ela pegou o sorvete e voltou a tomar.
- Precisarei de um lugar pra ficar. Sabe de alguma garota que precise de uma colega de quarto?
-Na verdade, Félix está procurando alguém.
Ela me deu uma colher.
- Estava falando de outra garota. Estava pensando em morar com essa linda e pequena ninfa que eu conheço que gosta de ser chupada.
-Oh... Talvez ela esteja interessada.
- Ótimo, porque eu não aceitaria não como resposta. - Ela me beijou com a boca cheia de sorvete. Ei... Você nunca me explicou com o que realmente trabalha. Disse que é algo administrativo, mas pra que empresa? Ou você é uma agente do FBI ou algo do tipo?
Oh.
Estava surpresa que demorou tanto antes que tivesse que confessar. Tinha uma razão pela qual escondia isso.
-Não é bem administrativo, e você acertou a parte de agente. Tem um motivo pelo qual eu estive hesitante de contar a você. Eu me senti realmente culpada quando nós nos separamos, porque eu realmente desejava poder fazer algo para te ajudar.
-Não entendi.
-Eu sou uma agente literária, Jennie.
Ela colocou o pote na mesinha.
- Como é?
- Represento autores, e acho que poderia ajudar a publicar seu trabalho, particularmente Kai and the Yuqi. Trabalho com uma editora de romances juvenis, e acho que deveríamos mostrar seu trabalho.
- Você está brincando?
-Estou falando sério.
- Como você se envolveu com isso?
-Na verdade, eu caí de paraquedas. Estava procurando por um trabalho na faculdade, comecei como estagiária e fui subindo até a posição de agente. Sou nova, então ainda estou trabalhando meu portfólio de clientes.
-Por favor, me diga que terei que dormir com você para alavancar minha carreira.
- Faz parte do acordo.
-Falando sério, nossa, estou orgulhosa de você.
-Não sabe como me senti culpada no último ano quando vi escritores menos talentosos que você tendo sucesso. Não sabia como entrar em contato ou se era isso que você queria, pois sei como é reservada com seus livros.
-Sabe que eu não espero um tratamento especial. Você não me deve nada.
- Sua escrita me impressionou antes dessa carreira. Acredito em você. Trabalharemos juntas. Se não acontecer nada, ao menos nós tentamos.
-Se não der em nada, ainda sim serei a pessoa mais sortuda do mundo. - Ela sussurrou, ainda pensando sobre isso.- Isso é muito louco.
Me levantei para ir para o seu lado, passando o dedo em sua clavícula.
-Falando em sorte, notei essa nova tatuagem aqui.
Ela começou a me provocar.
- Oh, você notou?
Eram um coelho e um ursinho, acompanhado da palavra luck.
- Fofa, mas exótica.
Elas me fizeram rir. Jennie não era do tipo fofa.
- Qual o significado?
-Honestamente? Fiz recentemente. Elas me lembram de você. Além disso, você é meu amuleto da sorte. Mais de uma vez, você transformou algo ruim em algo mágico para mim. - Ela me beijou profundamente e continuou. - você é fofa parecendo um coelhinho e eu um ursinho. É um pedacinho de nós duas, em mim.
Oh meu Deus. Eu a amo.
- São as minhas preferidas agora.
- Era isso ou então eu teria que tatuar uma ferradura no meu traseiro. Isso não ia funcionar.
***
Alguns meses mais tarde, era Natal em Nova York. Era minha época favorita do ano com todas as luzes e decorações pela cidade. Natal seria o melhor porque Jennie e eu estaríamos juntas pela primeira vez.
Iríamos para o Japão passar o feriado. com Hyuna. Por sugestão de Jennie, falei com ela no telefone algumas vezes para tirar a estranheza da situação. Ela foi surpreendentemente cordial, e me fez sentir melhor sobre a viagem. As coisas nunca seriam perfeitas entre nós, e tenho certeza que ela preferia Joy. Mas ao menos, com Heechul morto e com o passar do tempo, ela me aceitaria.
Alguns dias antes de viajarmos, Jennie e eu fomos convidadas para uma festa de Félix. O apartamento de Félix era um clássico da cidade. Ela levou a sério o tema, pendurando visgo de plástico e luzes brancas em todo apartamento. Até tinha uma faixa dourada escrito "Coma, beba e seja feliz”. Ela também montou uma mesa com gemada e aperitivos.
Jennie e eu estávamos relaxadas depois de algumas canecas de gemada. Ela estava tão sexy com um chapéu de Papai Noel enquanto me guiava até um canto vazio da sala.
Puxei a bola na ponta de seu chapéu.
- Você sabe que é a Mamãe Noel mais sexy que eu já vi, né?
Ela envolveu as mãos em minha cintura.
- Sorte sua que eu não apareço só uma vez por ano.
Envolvi seu pescoço e me aproximei.
- E eu lhe darei bem mais que biscoitos.
-Não me importaria de espalhar um pouco de alegria naquele banheiro, agora. -Ela disse.
Então, fizemos isso.
Quando voltamos, era hora de abrir os presentes. Felix deu o seu a Jennie primeiro. Elas acabaram ficando bem amigas.
-Oh, Félix. Não precisava. - A sala explodiu em gargalhadas enquanto Jennie levantava uma camisa com sua foto sem camisa, segurando a placa onde se lia "otária". Também tinha uma caneca e um mouse pad fazendo conjunto.
Félix riu.
-Com toda essa coisa do livro, não queria que esquecesse suas raízes.
Jennie riu e depois aceitou seu presente verdadeiro, um cartão presente do Starbucks onde ela passava tanto tempo escrevendo depois do trabalho. Recentemente tínhamos conseguido um contrato para Kai e a Garota e uma sequência que ainda seria escrita. Ela ainda trabalhava na escola durante o dia.
O presente de Jennie para mim foi o último a ser distribuído. Fiquei surpresa de ela ter comprado algo, pois tínhamos combinado de trocar presentes no Japão. Vamos dizer que, assim que abri a caixa, tudo fez sentido. Esse não era meu presente verdadeiro. Era o ultimo par de calcinhas que ela tinha me roubado anos atrás. Era um de renda lilás. Eu me lembrava delas e balancei a cabeça.
-Eu não acredito que você guardou isso todos esses anos.
- Foi uma lembrança que tive de você por muito tempo.
Sussurrei em seu ouvido.
-Sua sorte é que a minha bunda ainda cabe nisso.
Ela sussurrou de volta.
-Acho que eu sou mais sortuda por caber dentro da sua bunda.
Bati no braço dela.
- Você é tão pervertida. Mas eu amo isso.
- Você não leu o cartão. - Ela disse.
Eu abri. Tinha a foto de um casal de velhinhos se beijando perto de uma árvore de Natal. Era um desses cartões em branco que você escrevia algo dentro.
Jisoo,
Esse Natal será o melhor da minha vida. Por sua causa...
Estou agradecida.
Estou feliz.
Estou completa.
Estou em paz.
Estou excitada com o futuro.
Estou apaixonada.
Por sua causa nesse Natal...
Estou alegre.
Case comigo...
Não entendi até vê-la se ajoelhar e pegar uma caixinha no bolso.
-Não sabia o que era o amor até te conhecer, Jisoo, não apenas como dar, mas como receber. Eu te amo tanto. Por favor, aceite se casar comigo.
Cobri o rosto em choque.
-Eu aceito. Sim. Sim!
Todos aplaudiram. Félix deveria saber de tudo porque estourou logo uma garrafa de champanhe. Quando Jennie colocou o anel no meu dedo, eu engasguei.
- Jennie, é o anel mais lindo que eu já vi, mas você não conseguiria pagar por isso.
O diamante tinha ao menos dois quilates e era rodeado por pedras menores.
Ela levantou e encostou seu nariz no meu.
- Esse anel é o que Taehyung deu a Hyuna anos atrás. Ele não tinha problemas com dinheiro. Mamãe parou de usar depois que Taehyung morreu, mas não quis se desfazer. Guardou todos esses anos. Nunca o tinha visto, mas ela me mostrou logo antes de eu me mudar para cá. Imediatamente perguntei se poderia ficar com ele, sabendo que queria dá-lo a você algum dia. Ela me deu, mas insisti que a pagaria algum dia. Esse anel uma vez representou muita dor para minha família, mas não vejo mais dessa forma. Se não fosse por tudo isso, não existiria um nós, e não consigo imaginar isso. Esse anel é uma peça indestrutível de luz no meio de toda escuridão que foi meu passado. Ele me lembra do seu amor por mim. É o anel certo para você.
Um ano depois, na véspera de Ano Novo, Jennie e eu tivemos uma cerimônia privada, apenas no civil. Usei meu cabelo preso. Ela ficou feliz com isso.
Não era necessário um casamento grande; só queríamos torná-lo oficial. Escolhemos a véspera de Ano Novo para brincar com o destino. Depois de um jantar a dois no Pub do Bob, nos juntamos à multidão na Times Square; Quando a bola caiu, Jennie me deu um beijo apaixonado que mais do que compensou a oportunidade perdida cinco anos atrás.
Quando ela me colocou no chão, eu sussurrei no seu ouvido e lhe dei a surpresa da sua vida. Mais tarde, ela colocou a cabeça na minha barriga e brincou de seu jeito único sobre como nós poderíamos fazer um reality show: ela era oficialmente a filha bastarda que tinha engravidado a meia-irmã.
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