Chapter 20
Ela voltou para mim?
Minha mão cobriu meu peito como se pudesse impedir meu coração de saltar.
Era metade da manhã, e a agitação da rotina diária podia ser ouvida da minha janela. O sol estava derramando dentro do meu apartamento. Eu já tinha ligado para o trabalho mais cedo informando que eu não iria hoje porque precisava terminar esse livro hoje.
Hoje à noite seria aniversário de 30 anos de um colega de trabalho numa boate no centro, e eu nem sabia se conseguiria ir. Entrei na cozinha para tomar água e comer uma barrinha de granola. A energia seria necessária para a próxima parte.
Ela realmente voltou para mim?
Enrolei-me no sofá, respirei fundo e virei a página.
Você tem que tratar o vício por uma pessoa do mesmo jeito que trataria por droga. Se não pudesse ficar com Jisoo por inteira, então não queria nenhum contato com ela porque isso causaria problemas. Mesmo ligar ou mandar mensagem não era possível. Parecia maldoso, mas eu não conseguiria lidar nem ao menos com ouvir a voz dela e não poder estar com ela.
Isso não significava que não a desejasse.
O primeiro ano foi um inferno. Mamãe não estava melhor que antes de eu ir para Boston. Ela continuava a me pedir informações sobre Heechul e Taeyeon, stalkeando as redes sociais de Taeyeon e me acusando de ser uma traidora depois que admiti que minha madrasta não era tão ruim depois que você a conhecia. Não podia citar o nome de Jisoo porque não queria que minha mãe suspeitasse de algo ou procurasse por ela. Mamãe estava tomando pílulas para dormir, e eu tinha que vigiá-la como um gavião. Eu estava certa na minha suposição de que ela nunca aceitaria o fato de eu estar com Jisoo naquela época.
Era uma ironia triste: Mamãe estava obcecada com Tayeon, e eu estava obcecada com a filha de Taeyeon.
Éramos duas problemáticas.
Não se passava um dia sem que eu pensasse em Jisoo com outra pessoa. Isso me deixava louca. Ela estava tão longe e eu não podia fazer nada. Ironicamente, existia um lado meu que queria que ao menos pudesse protegê-la como irmã, mesmo que não pudéssemos ficar juntas.
Doentio, né?
Mas e se alguém a magoasse? Eu nem ficaria sabendo e não poderia bater no infeliz. "E esqueça sobre ela transar com mais alguém." Uma vez tinha socado a parede do meu quarto só de pensar nisso. Então, uma noite, perdi o controle e mandei uma mensagem dizendo que sentia sua falta. Pedi que não respondesse. Ela não respondeu, e me fez sentir pior. Jurei nunca repetir aquele erro.
Minha vida voltou ao que era antes de mudar para Boston: fumar, beber e foder com garotas com as quais eu não me importava. Era vazio. A única diferença era que por baixo de tudo aquilo eu deseja mais... Desejava ela. Ela me deu o gosto do tipo de conexão que eu sentia falta na minha vida. Esperava que aquele sentimento no meu peito passasse com o tempo, mas nunca passou, apenas se intensificou. Achava que porque, lá no fundo, também sentia que onde quer que ela estivesse, Jisoo pensava em mim, se sentia do mesmo jeito. Eu sentia, e isso me torturou por anos.
Dois anos depois, o estado mental de mamãe finalmente melhorou quando ela conheceu um cara. Era seu primeiro namorado desde Heechul. Dawn era coreano e era dono do mercado no fim da rua. Ele sempre estava em nossa casa e sempre trazia comida. Pela primeira vez, ela parecia ter esquecido sua obsessão por Heechul. Dawn era um ótimo cara, mas quanto mais ela ficava feliz, mais eu ficava amarga. Abri mão da única garota que gostei porque achei que a devastaria. Agora, ela estava feliz, e eu ainda estava miserável. E Jisoo estava longe. Sentia que cometi o maior erro da minha vida.
Precisava falar com alguém sobre isso porque minha raiva estava me consumindo. Nunca contei sobre Jisoo a ninguém. A única pessoa em quem eu poderia confiar era o amigo de Heechul, Yeonjun, que era como um segundo pai para mim. Ele me deu algumas informações aquele dia no telefone; Jisoo tinha se mudado recentemente para Nova Iorque. Ele tinha seu endereço. Yeonjun tentou me convencer a voar até lá e contar a ela como eu me sentia. Não achei que ela iria querer me ver mesmo que ainda se importasse. Eu a machuquei tanto que não entendia como ela poderia me perdoar. Yeonjun achava que ir lá pessoalmente causaria uma boa impressão. Apesar de meus medos, reservei um voo para o dia seguinte, o que seria véspera de Ano Novo. Disse a minha mãe que iria visitar um amigo que conheci alguns anos atrás e festejar o feriado na cidade. Não poderia contar sobre Jisoo.
A viagem de seis horas foi a experiência mais enervante da minha vida. Queria chegar logo. Só queria abraçá-la de novo. Não sabia o que diria ou o que faria quando a visse. Nem sabia se estava com alguém. Estava indo no escuro. Era a primeira vez que pensava em mim primeiro e seguia meu coração. Esperava que não fosse muito tarde porque realmente queria ter a oportunidade de dizer as coisas que deveria ter dito três anos atrás. Ela nem sabia que eu a amava.
Se a viagem de avião levou uma eternidade, a viagem de metrô até seu apartamento foi ainda mais frustrante. Enquanto o trem balançava, toda memória que tinha dela passou pela minha cabeça como um filme. Não pude evitar sorrir enquanto pensava sobre as coisas que fiz com ela e como ela levava tudo na boa. Ela me fazia feliz. Na maior parte, minha mente voltava para aquela última noite quando ela me ofereceu sua virgindade.
O trem parou; estava um pouco atrasada. Chegar logo parecia urgente. Eu precisava dela. Quando finalmente cheguei ao prédio, chequei o endereço duas vezes. Seu sobre nome, Kim, estava escrito a caneta próximo a campainha do apartamento 7b. Não houve resposta. Não tinha ligado ou mandado mensagem, pois fiquei com medo de que ela não quisesse me encontrar. Mas eu vim até aqui. Tinha que ao menos vê-la.
O pub ali perto era o lugar perfeito para esperar antes de tentar de novo. Bati em sua porta de hora em hora desde as quatro da tarde até às nove da noite. A cada vez não houve resposta, e eu voltava para o Pub do Bob e esperava.
Eram 21h15min. Nunca esqueci o horário em que meu desejo se realizou. Eu a vi. Mas não do jeito que eu desejei que acontecesse. Jisoo. Estava usando uma parka branca enquanto entrava no Bob. Não estava sozinha. Um cara- que parecia bem mais centrado que eu tinha o braço envolto em sua cintura. A comida gordurosa no meu estômago começou a voltar. Ela estava rindo enquanto se sentavam no meio do restaurante. Ela parecia feliz. Ela não me viu porque estava de costas. Seu cabelo estava preso numa trança. Assisti enquanto ela tirava o cachecol lavanda que estava usando, revelando sua nuca, a nuca que eu deveria estar beijando essa noite depois que contasse o quanto a amava.
O cara se inclinou e gentilmente a beijou no rosto. A voz dentro de mim gritava. "Não toque nela". Os lábios dele falaram. "Eu te amo". O que eu deveria fazer? Ir até lá e dizer "Ah, olá, eu sou a meia-irmã de Jisoo. Nós fodemos loucamente uma vez e a deixei no dia seguinte. Ela parece feliz com você, e você provavelmente a merece, mas queria que você se afastasse e me deixasse levá-la".
Meia hora se passou. Vi a garçonete trazer a comida deles. Os vi comer. Vi o cara se inclinar e beijá-la mais uma dúzia de vezes. Fechei os olhos e ouvi sua risada. Não sabia por que tinha ficado. Só não conseguia deixá-la. Sabia que seria a última vez que a veria.
22h15min. Jisoo se levantou e deixou que ele colocasse o casaco sobre seus ombros. Nem uma vez olhou em minha direção. Não sabia o que faria se ela me notasse. Estava muito anestesiada para me mexer ou pensar. Observei-a cada segundo até que a porta se fechou atrás deles.
Naquela noite vaguei pela cidade e eventualmente terminei junto com a multidão na Times Square vendo a bola cair. Apesar dos confetes, do barulho e da alegria, me perguntei como cheguei ali porque ainda estava tonta desde que deixei o restaurante. Uma senhora qualquer me pegou e me abraçou quando o relógio marcou meia noite. Ela nem sabia, mas eu precisava daquele abraço mais que tudo.
Marquei um voo de volta para o Japão na manhã seguinte. Alguns meses depois, Heechul ligou para casa pela primeira vez em quase um ano. Casualmente perguntei por Jisoo, e ele me disse que ela estava noiva. Foi a última vez que mencionei seu nome. Demorou quase três anos antes que pudesse realmente seguir em frente.
Eu tinha que parar.
Joguei meu kindle para o outro lado. Meus olhos estavam tão cheios de lágrimas que as palavras estavam embaçadas. Fechei os olhos para ver se conseguiria me lembrar de algo que me desse alguma pista para o fato de que Jennie esteve lá. Ela esteve lá. Como não soube que ela estava atrás de mim?
Ela veio por mim.
Ainda não conseguia acreditar.
Eu me lembrava daquela noite. Lembrava que eu e Haein ainda estávamos na fase de lua de mel do relacionamento. As coisas estavam bem. Lembro que apesar de ser véspera de Ano Novo, ficamos o dia todo procurando um novo computador para mim. Lembro que paramos em meu apartamento para deixar o computador e fomos jantar no Bob antes de ir para a Times Square ver a bola cair. Lembro que quando deu meia noite, Haein me aqueceu com um beijo. Lembro de me perguntar porque na bruma da noite mágica com um homem que parecia perfeito e que realmente se importava comigo, tudo que eu queria era Jennie. Tudo em que eu pensava era Jennie: onde ela estava naquele momento, se ela estava assistindo TV, se ela também pensava em mim.
E todo o tempo, Jennie estava lá.
O destino tinha brincado conosco.
Nos próximos capítulos, ela escreveu sobre achar uma carreira que gostava, e como ela estava estável nisso. Sentia uma necessidade de ajudar outros, particularmente crianças que vinham de lares quebrados como ela.
Eu me apressei nos capítulos que descreviam como ela conheceu Joy. Foi a única parte do livro na qual não consegui me demorar. Ela a conheceu no centro juvenil, elas ficavam juntas depois do trabalho como amigas. Ela estava apreensiva de se envolver porque sabia que Joy era o tipo de garota que queria algo sério. Não sabia se estava pronta para isso. Com o tempo, Joy a fez esquecer sobre mim, a fez rir, e ela aprendeu a amar e se importar com Park. Era seu primeiro relacionamento sério, e Jennie planejava pedi-la em casamento... Até...
Senti meu mundo desabar aquele dia. As coisas finalmente estavam indo bem na minha vida. Meu emprego era estável. Joy e eu morávamos juntas, e eu estava planejando pedi-la em casamento no casamento de sua irmã que aconteceria em alguns dias. Um solitário estava escondido há semanas. Mamãe estava bem melhor. Estava com novos projetos de arte. Quando rompeu com Dawn um ano atrás tinha caído em depressão, mas agora estava namorando um cara chamado Sehun que de novo tirou seu foco de Heechul. Então, a vida estava tão boa quanto ficaria, até que um telefonema de Kate mudou tudo.
- Sinto te dizer isso, Jennie. Heechul teve um ataque do coração e morreu. - Foram as primeiras palavras que saíram da sua boca. Inicialmente, minha reação foi a mesma que teria se ela tivesse ligado para informar que dia da semana era.
Heechul estava morto.
Não importava quantas vezes repetisse isso em minha cabeça, não conseguia processar. Joy me convenceu a ir ao enterro apesar da minha opinião. Heechul não iria me querer ali. Ainda estava em choque e sem forças para lutar contra minha namorada. Ela não sabia como era meu relacionamento com Heechul. De sua perspectiva, não existia desculpas pra minha recusa. Para mim era mais fácil ceder do que lhe contar toda a história. Também sabia que mamãe não aguentaria ir. Ela queria que eu fosse representando nós duas.
Então, antes que eu me desse conta, estava em um avião com Joy indo para Boston. O ar do avião era sufocante. Joy ficava pegando minha mão enquanto eu aumentava o volume da música. Quase consegui me acalmar quando um flash do rosto de Jisoo se esgueirou sobre o pânico. Não teria apenas que lidar com a morte de Heechul, mas ela provavelmente estaria lá com seu marido.
Merda.
Sabia que seriam os piores dias da minha vida.
Quando chegamos a casa de Yeonjun e Kate, eu estava à flor da pele. Joy e eu tomamos banho juntas no banheiro do quarto de hóspedes, mas não ajudou a acalmar meus nervos. Antes que saíssemos do Japão, comprei uma caixa dos cigarros importados que eu costumava fumar. Peguei um e acendi enquanto sentava à mesa esperando Joy, que estava se arrumando no banheiro. Estava desapontada comigo mesma por voltar a fumar, mas parecia a única coisa me manteria de pé a essa altura dos acontecimentos. Não tinha motivação para me vestir e descer. Acendi outro cigarro, traguei fundo e fui até as portas francesas que davam para a sacada.
O céu estava limpo. Olhar para baixo foi um erro. Meus punhos se apertaram prontos para lutar em resposta ao fato de meu coração estar batendo tão rápido. Não deveria tê-la visto de novo dessa forma. Uma parte de mim queria reviver sem ser convidada. Não sabia como lidar com isso. Jisoo estava de costas. Ela estava olhando para o jardim e devia ter acabado de descobrir que eu estava aqui. Provavelmente estava planejando como escapar para que não precisasse me ver, ou talvez estivesse com raiva disso como eu estava. O fato de ela estar ali sozinha me dizia que o fato de eu estar lá a afetava.
- Soo. - Sussurrei.
Foi como se ela tivesse me ouvido, porque ela se virou. De repente, uma onda de emoção que eu tentei enterrar desde aquela noite em Nova York me inundou. Eu não estava preparada para vê-la me olhando.
Traguei fundo.
Também não estava preparada para como ficaria zangada nesse momento. Olhando para ela apenas uma vez, voltei a sentir tudo: a realização da morte de Heechul, o lembrete doloroso dos meus sentimentos não resolvidos por ela, o ciúmes e a tristeza daquela noite em Nova York, o pulsar do meu membro.
O nível de raiva crescendo em mim foi uma surpresa desagradável. Eu estava confusa entre: nunca quis vê-la de novo, Jisoo; e, é malditamente bom vê-la de novo, Jisoo.
Senti como se ela conseguisse me decifrar naquele momento, e não gostei disso. Ficamos ali nos encarando por um minuto inteiro. Sua expressão de surpresa escureceu assim que senti as mãos de Joy me envolverem. Instintivamente me virei e entrei, tirando Joy de sua visão. Acho que estava tentando proteger Jisoo, mas não sei porque me incomodei. Mas que merda ela esperava que eu fizesse, sentasse e a desejasse enquanto ela estava casada com o Sr. Perfeito? Ainda assim, sei que ver Joy aparecer do nada deveria ter sido um choque.
- Está tudo bem?- Joy perguntou.
Ela não tinha visto Jisoo.
- Sim. - Disse ausentemente. Precisando ficar sozinha, andei até o banheiro e fechei a porta para me preparar antes que tivesse que enfrentar tudo.
Ela estava sentada na parte mais distante da mesa de jantar quando descemos. Não me olhou. "Odeio quando você faz isso, Jisoo." Eubin se levantou e me abraçou. Cumprimentei-a brevemente, falei que sentia muito pela morte de Heechul, mas o tempo todo estava pensando em que merda diria para Jisoo. Olhei para ela e agora ela também me olhava. Eu me afastei enquanto Joy abraçava Taeyeon e dava seus pêsames.
Precisava encarar a situação.
Andei até ela e mal consegui dizer seu nome.
- Jisoo.
Ela pulou nervosamente como se eu falar seu nome tivesse acendido um fogo em seu traseiro. Ela se encolheu um pouco.
- Si-Sinto muito... Sobre Heechul.
Seus lábios tremeram. Ela estava descomposta - uma bagunça, eu disse a mim mesma. Não queria admitir que ela estava ainda mais bonita do que eu me lembrava, as novas luzes em seu cabelo destacavam o tom escuro de seus olhos, senti falta da pintinha próxima de seus lábios, o jeito que o vestido preto agarrava seus seios me lembrou de coisas que deveria esquecer. Não pude me mover, só fiquei ali lhe encarando. O cheiro familiar do seu cabelo era intoxicante. Meu corpo se encolheu quando ela me abraçou. Realmente tentei não sentir nada, mas em seus braços eu estava no epicentro de tudo. Seu coração batia contra meu peito, e o meu imediatamente acompanhou o ritmo. Nossos corações estavam se comunicando de um jeito que nossos egos não nos permitiam dizer com palavras. A batida do coração era a forma mais pura de honestidade.
Pus minhas mãos em suas costas e pude sentir seu sutiã. Antes que pudesse processar o que isso fez comigo, a voz de Joy me devolveu à realidade enquanto Jisoo se afastava. O espaço entre nós pareceu imenso. Não acreditava que isso estava realmente acontecendo: meu passado colidindo com meu presente. A que escapou estava cara a cara com a que me fez superar tudo.
As mãos de Jisoo estavam vazias; sem anéis. Onde estava seu noivo ou marido? Onde ele estava?
Perdida em meus pensamentos, nem ouvi o que estava sendo dito. Kate salvou o dia quando chegou com a comida e Jisoo foi ajudá-la. Jisoo voltou e começou a colocar a mesa. Estava tão tensa que os talheres ficavam escorregando e batendo na mesa enquanto ela lutava com eles. Queria brincar e perguntar quando ela tinha começado a tocar bateria com colheres. Eu não consegui. Quando ela finalmente se sentou, Yeonjun perguntou.
- Então, como vocês se conheceram?
Jisoo olhou para cima pela primeira vez enquanto Joy contava como nos conhecemos. Quando Joy se inclinou para me beijar, senti Jisoo nos observando e o clima ficou muito desconfortável. O assunto mudou para minha mãe, e Jisoo voltou a fingir prestar atenção na comida. Meu corpo congelou quando Joy perguntou.
- Onde você vive, Jisoo?
- Vivo em Nova York. Cheguei aqui há alguns dias.
"Eu" cheguei, não "nós".
Queria ter uma câmera para pegar o olhar no rosto de Jisoo quando Joy sugeriu que nós fossemos visitá-la em Nova York. O clima ficou calmo de novo, e a olhei algumas vezes quando ela não estava prestando atenção. Quando ela me viu, voltei a atenção ao prato.
- Jennie nunca me contou que tinha uma meia-irmã. - Joy disse.
Não sabia a quem ela dirigiu essa frase, mas não queria tocar nesse assunto. Jisoo ainda se recusava a me olhar. Eubin falou.
- Jennie viveu conosco por um tempo curto quando eram adolescentes. - Ela olhou para Jisoo. -Elas não se davam bem naquela época.
Por alguma razão, o olhar desconfortável de Jisoo me atingiu. Ela ainda olhava para baixo, sem prestar atenção ao que a mãe tinha dito, ou a mim. Uma necessidade inexplicável de fazê-la me notar, notar o que tivemos, tomou conta de mim. Voltei a meu jeito antigo por um momento e falei para chamar sua atenção.
- É verdade, Jisoo?
Ela parecia esgotada.
- O que é verdade?
Levantei minha sobrancelha.
- Que não nos dávamos bem.
Sua mandíbula se apertou e seus olhos nunca deixaram os meus enquanto me avisavam pra não pressionar. Finalmente, ela disse.
-Tivemos nossos momentos.
Minha voz baixou até ficar gentil.
- Sim, nós tivemos. - Seu rosto estava vermelho. Eu pressionei. Tentei controlar o dano aliviando o clima. - Do que você costumava me chamar?
- O que você quer dizer?
— “Meia-irmã mais querida”, era isso? Por causa da minha personalidade brilhante? - Me virei para Joy. - Eu era uma fodida miserável naquela época. Fui assim por um tempo... Até que Jisoo me fez querer ser uma pessoa melhor.
- Como você sabe sobre esse apelido? - Jisoo perguntou. Ri pra mim mesma, lembrando como costumava ouvir suas conversas com sua amiga. Era bom vê-la finalmente sorrir. - Oh, é mesmo. Você costumava ouvir minhas conversas.
Joy olhava para nós.
- Parece que aqueles eram momentos divertidos.
Não tirei meus olhos de Jisoo. Queria que ela soubesse que foram os melhores da minha vida.
- Eles eram. - Eu disse.
A única coisa boa em focar em meus sentimentos não resolvidos por Jisoo era que tirava meus pensamentos de Heechul. Quando escapei para ficar sozinha no quintal depois do jantar, o fato que ele estava morto voltou a me atingir. Ele e eu nunca tivemos a chance de nos entender. Era interessante como fazer as coisas darem certo nunca importou enquanto ele estava vivo, mas com ele morto, isso me assombrava. Eu, no mínimo, queria provar que ele estava errado, fazendo algo de mim. Agora, ele estava em algum outro lugar provavelmente encarando Taehyung. Pensar nisso constantemente me deixava louca. Peguei um cigarro e tentei meditar. Não funcionou porque minhas emoções foram de triste para zangada. Ouvi a porta se abrindo e passos atrás de mim. Não me pergunte como, mas sabia que era ela.
- O que está fazendo aqui, Jisoo?
- Joy me pediu pra vir conversar com
você.
Sobre o que elas falaram? Joy não podia descobrir o que aconteceu entre Jisoo e eu. Ri sarcasticamente.
-Oh, sério?
-Sim.
-Estavam comparando notas?
-Isso não é engraçado.
Não era, mas meu mecanismo de proteção de agir como uma idiota em horas de estresse saiu com força total. Era tarde demais. E merda, eu queria que ela nos reconhecesse.
Apaguei o cigarro.
- Você acha que ela teria te enviado para conversar comigo se ela soubesse que a última vez que nós estivemos juntas estávamos transando como coelhos?
A cor fugiu de seu rosto.
- Você tem que falar desse jeito?
- É verdade, não é? Ela ia pirar se soubesse.
- Bem, não vou contar a ela, então não precisa se preocupar. Eu nunca faria isso. - Os olhos de Jisoo começaram a se mexer, o que significava que eu estava a
afetando. Antigos hábitos eram difíceis de matar. Eu estava viciada agora.
- Porque você está piscando para mim?
-Eu não estou... Meus olhos estão mexendo porque...
-Porque você está nervosa. Eu sei. Você
fazia isso quando te conheci. Bom saber que completamos o ciclo.
-Acho que algumas coisas nunca mudam, não é? Faz sete anos, mas parece que...
-Foi ontem. -Interrompi. - Parece que
foi ontem, e isso é fodido. Essa situação toda é.
-Isso não deveria ter acontecido.
Meus olhos pararam em seu pescoço, e não consegui afastá-los. Sabia que ela notaria. Eu me senti possessiva de repente, algo que sabia que não tinha direito de ser. Mas ainda precisava saber que merda estava acontecendo.
- Onde ele está?
- Quem?
- Seu noivo.
-Não estou noiva. Eu estava... Mas não mais. Como você sabia que eu estava noiva?
Tive que olhar pra baixo. Não podia deixá-la ver como essas notícias me afetavam.
-O que aconteceu?
-É uma longa história, mas fui eu quem terminou. Ele se mudou pra Europa a trabalho. Não era pra ser.
- Você está com alguém agora?
-Não.
Merda.
Ela continuou.
- Joy é muito legal.
-Ela é maravilhosa; uma das melhores coisas que já me aconteceu, na verdade.
Ela era. Eu amava Joy; eu amava. Eu nunca poderia feri-la. Precisava convencer a Jisoo e a mim que Joy era a pessoa certa. Era errado o fato que ouvir que Jisoo estava solteira me deixava tão animada. Jisoo rapidamente mudou de assunto para Heechul e minha mãe. Estava começando a chover, então usei isso como desculpa para entrar. Ela não foi. Então, seus olhos começaram a se encher de lágrimas. De repente, meu coração parecia que estava se partindo. Precisei lutar contra essas emoções, e eu só sabia uma forma de fazer isso com Jisoo: sendo uma idiota.
Explodi com ela.
- O que você está fazendo?
- Joy não é a única que está preocupada com você.
-Ela é a única que tem o direito de estar. Não precisa se preocupar comigo. Eu não sou da sua conta.
Meu coração estava batendo rápido em protesto ao que tinha acabado de sair da minha boca porque lá no fundo, queria que ela se importasse. Ela estava ferida. Eu a magoei de novo, e mesmo assim precisava lutar contra esses sentimentos.
- Quer saber? Se eu não me sentisse tão triste pelo que você está passando agora, mandaria você beijar minha bunda. - Ela disse.
Suas palavras vibraram diretamente no meu membro. Senti a urgência de agarrá-la e beijá-la. Eu precisava esquecer isso.
-E se eu quisesse ser uma idiota, eu diria que você está louca para que eu beije sua bunda porque você se lembrou do quanto ama quando eu faço isso.
Que merda foi essa que eu disse? Eu precisava sair antes que fizesse algo ainda mais estúpido, se bem que seria difícil superar isso. Enquanto passava por ela, eu disse.
-Cuide de sua mãe hoje à noite.
Então a deixei ali no jardim. Quando abri a porta, dei um beijo forte em Joy para me obrigar a parar de pensar em Jisoo.
O velório foi mais difícil do que eu esperava, de várias formas. Me recusei a olhar o caixão. Não conhecia ninguém. Não me encaixava aqui. As vozes se fundiram. Não ouvia nada. Não via nada. Contava os minutos para poder voltar ao avião. Joy me mantinha em pé. A única vez que senti dor foi quando olhei para Jisoo. Fui para um lugar para fugir de tudo, e acabei me encontrando com ela. Ela tentou fingir que não me viu quando saiu do banheiro, mas sabia que era a oportunidade de me desculpar pelo meu comportamento anterior.
Não esperava que ela usasse aquele momento para dizer que ainda sentia algo por mim. Quebrou toda minha resolução. Tudo nesse dia tinha me enfraquecido. Seu cabelo estava preso, e em algum ponto, envolvi a mão em seu pescoço. O trauma de toda essa experiência tinha embaçado meu julgamento. Era irreal, como se estivesse sonhando. Mas não tinha nada que eu precisasse mais nesse momento.
Os passos de Joy interromperam meu transe. Ela tinha vindo me ver, mas não viu nada. Me senti culpada quando olhei em seus olhos amorosos. Ela estava preocupada comigo e eu, enquanto isso, estava no meio de algum tipo de sonho.
Eu me odiava.
Logo depois de subirmos, insisti que saíssemos mais cedo e achássemos uma carona para a casa de Yeonjun e Kate. Estava desesperada para lavar toda a marca de Jisoo de minhas mãos e mente, então praticamente ataquei Joy quando chegamos no quarto. Disse que precisava de sexo ali, naquele momento. Ela não questionou, apenas começou a se despir. Ela era esse tipo de namorada. Ela me amava incondicionalmente mesmo no meu estado maníaco. O problema era que... O que o meu corpo realmente queria não estava no quarto.
Enquanto me movia dentro e fora de Joy, fechei meus olhos e só vi Jisoo: o rosto de Jisoo, o pescoço de Jisoo, a bunda de Jisoo.
Foi a coisa mais baixa que já fiz. Culpa me consumiu, e parei imediatamente. Sem explicação, corri ao banheiro e liguei o chuveiro. A necessidade de alívio era imensa. Comecei a me masturbar ante uma imagem de Jisoo de joelhos me olhando enquanto cobria seu pescoço com o resultado do meu prazer. Isso me fez gozar em um minuto. Eu era doente. Depois que me recuperei do orgasmo, me senti pior que antes.
Aquela noite, meus pensamentos se revezavam entre Jisoo Heechul. Não dormi. Heechul ganhou na maioria das vezes enquanto imagens dele me atormentavam. Joy iria embora para o Japão antes por causa do casamento de sua irmã. Não conseguia imaginar como suportaria o enterro sem Joy para me apoiar... Ou me manter afastada de Jisoo.
Embaralhando as letras da palavra funeral; você tem "diversão real". É claro que não foi nada disso. "Não olhe para cima". Era o que eu me dizia. "Não olhe para o caixão. Não olhe para Jisoo. Apenas continue encarando o relógio, e cada minuto passado será um passo mais perto de acabar". Essa regra funcionou até que fomos para o cemitério, nesse ponto eu pirei e acabei no Honda de Jisoo indo Deus sabe para onde. Precisava fumar, mas a necessidade não era grande o suficiente para parar o carro. Tudo estava borrado: o funeral, meu ataque de pânico e agora, até as árvores que se alinhavam ao longo da estrada enquanto Jisoo dirigia tão rápido que elas se fundiram em uma linha verde. Tudo estava embaçado. Continuei olhando pela janela pelo que pareceram horas até que ela falou.
- Mais uns 20 minutos e então pararemos em um lugar, ok?
Olhei para ela. Ela estava cantarolando.
Doce Jichu.
Merda.
Meu peito estava apertado. Fui tão idiota com ela e agora eu estava praticamente de carona. Ela me salvou de mim mesma essa tarde, e não fiz nada para merecer isso. Não tinha energia de lhe dizer o quanto isso significava pra mim, então apenas disse:
- Obrigada.
Um fio de seu cabelo loiro estava na minha calça preta. O enrolei na mão e finalmente relaxei o suficiente para dormir. Era a primeira vez que dormia em dias. Acordei delirando. Quando me dei conta de onde ela tinha me levado, senti vontade de rir.
Um cassino.
Era brilhante.
Quando entramos no prédio, Jisoo começou a tossir incessantemente e reclamar da fumaça. Era estranho, mas meu desejo de fumar tinha passado. A adrenalina de estar naquele ambiente tinha tirado meu foco dos problemas. Eu estava pulsando.
- Tente se divertir, irmãzinha. — A provoquei sacudindo seus ombros e me arrependi imediatamente de por as mãos nela porque, aparentemente, meu corpo não era confiável.
-Por favor, não me chame assim.
-Como prefere que te chame? Ninguém nos conhece aqui. Podemos inventar nomes. Estamos ambas de preto. Parecemos membros da máfia.
- Qualquer coisa menos irmãzinha. O que você quer jogar?
- Quero ir a uma das mesas. E você?
- Aos caça-níqueis.
Caça-níqueis. Deus, ela era fofa.
-Caça-níqueis? Você está selvagem hoje,
hein?
-Não ria.
-Não se vai a um cassino como esse para jogar nas máquinas, especialmente nos caça-níqueis.
-Não sei como jogar nas mesas.
-Posso te ensinar, mas precisamos de bebidas antes. - Pisquei para ela. - Álcool antes do pôquer, sempre.
Seu rosto ficou rosa. Quase tinha me esquecido de como adorava deixá-la envergonhada. Ela revirou os olhos.
-Bom, algumas coisas nunca mudam. Pelo menos você voltou a fazer piadas sujas. Isso quer dizer que fiz algo certo hoje.
-Sério, essa ideia... - Olhei para o caos ao nosso redor e depois para ela. - Vir aqui... Foi perfeito.
O que desejava lhe dizer era que passar um tempo com ela de forma tão inesperada era a melhor parte. Compramos algumas fichas, e fui comprar algumas bebidas. Estava me sentindo bem até voltar para onde Jisoo estava esperando. Um gordo com chapéu de vaqueiro tinha batido em seu traseiro enquanto ela estava ao seu lado. Sem pensar, meu corpo entrou no modo de combate.
-Me diga que eu não vi esse idiota te bater na bunda. - Dei a ela as bebidas. - Segure isso.
O segurei pelo pescoço. Precisei das duas mãos para passar em volta de seu pescoço gordo.
- Quem você acha que é para por as mãos nela desse jeito?
Ele levantou as mãos.
- Não sabia que ela estava acompanhada. Ela estava me ajudando.
-Parecia que você estava ajudando a si mesmo. - Acidentalmente cuspi nele enquanto falava então o arrastei até Jisoo. -Se desculpe.
-Olhe moça...
-Se desculpe. - Eu gritei enquanto apertava seu pescoço.
-Sinto muito!
Minhas orelhas pulsavam. Ainda queria matá-lo. Jisoo implorava.
- Vamos, Jennie. Por favor, vamos.
Seu rosto assustado me fez perceber que bater no cara não valeria a pena. Peguei minha bebida e comecei a me afastar. Então, o ouvi dizer.
- Tem sorte de chegar agora. Ia pedir a ela para soprar meus dados.
Eu perdi o controle, indo em sua direção e quase ferindo Jisoo que tentou usar seu pequeno corpo como escudo. Acabou molhada com as bebidas que caíram nela.
- Jennie, não! Podemos ser expulsas. Por favor. Eu estou te implorando.
Me dei conta naquele momento que se tocasse nele ou o mataria ou o feriria gravemente. Precisava me afastar.
- Agradeça a ela por ainda ter um rosto. — Ainda fervia quando saímos da sala. A única vez que tinha feito aquilo também foi em defesa de Jisoo. Agora eu a protegia como uma irmã ou ex-amante? Essa era a questão. Seu cabelo estava bagunçado, e seu vestido molhado.
-Merda, Jisoo. Você está uma bagunça.
"Na verdade, nunca esteve mais bonita."
Ela riu.
-Uma bagunça gostosa.
-Vamos. Vou te comprar uma roupa nova.
-Tudo bem. Só estou um pouco molhada.
"Um pouco molhada."
Merda.
Não pense nisso, Jennie.
-Não, não está bem. É minha culpa.
- Vai secar. Vamos fazer assim, se ganhar algo hoje à noite, pode gastar tudo numa nova roupa para mim numa dessas lojas caras. É a única forma que eu a deixarei gastar dinheiro comigo.
Me senti uma idiota, e sabia que não sairia até que pudesse comprar o melhor vestido para compensar o que eu fiz. Depois que fui pegar mais bebidas, disse a ela que era melhor ficarmos separadas enquanto jogava. Existiam muito idiotas jogando pôquer, e não queria bater em ninguém. Jisoo não sabia como era atraente. Surpreendeu-me que ela apenas tivesse ouvido e concordado em esperar.
Quando me sentei à mesa, meu telefone vibrou.
[Jisoo] Porque se importa se outros caras derem em cima de mim? Você não deveria se importar.
Merda. Não deveria ser uma surpresa ela me chamar atenção. Ela estava certa. Eu estava sendo egoísta. Eu não estava com medo de algum cara dar em cima dela. O que me dava medo era a possibilidade de ter que ver enquanto ela devolvia o interesse. Ela era solteira, e eu não. O que a pararia? Eu era ciumenta como sempre, e não tinha o direito de ser. Era irracional e errado. Então não a respondi, porque não havia uma boa resposta.
Não conseguia me concentrar e ficava perdendo. Minha mente estava focada na mensagem e no meu comportamento inaceitável. Peguei meu telefone e olhei fotos de Joy numa tentativa de me lembrar a quem eu pertencia. Passei pelas fotos: nossa viagem a Coréia do Sul, ela e minha mãe cozinhando, nós nos beijando, nosso gato Leo-chan... O anel que ela ainda não tinha visto. Tentei voltar a atenção ao jogo, mas a pergunta de Jisoo continuava me consumindo. Então, respondi com o que parecia ser verdade.
[Você] Sei que não deveria me importar. Mas quando é você, o que deveria estar sentindo nunca é o que eu sinto.
Uns vinte minutos depois, eu já tinha perdido 200 dólares quando ela me encontrou e esfregou mil dólares em meu rosto. Não acreditava que ela tinha ganhado isso tudo em caça níqueis.
- Merda, Jisoo! Parabéns!
Quando lhe dei um abraço, pude sentir como seu coração batia rápido. Disse a mim mesma que era porque ela tinha ganhado e não pelo mesmo motivo que o meu coração estava explodindo. Decidimos procurar um lugar para comer e optamos por uma churrascaria. Durante a refeição, estava pensando sobre uma mensagem que recebi mais cedo de um número desconhecido. Nela só havia o número 22 e tinha chegado exatamente às 22h22min. 22 de fevereiro era o aniversário de Heechul. Eu tinha certeza que a mensagem era dele, que era sua forma de mexer comigo do além. Então, não estava tocando na comida. Jisoo, ao contrário, não teve problemas em terminar meu bife e o dela. Mergulhou a carne no molho. Eu lhe provoquei.
- Que tal um pouco de carne nesse molho?
- Eu adoraria. Isso me lembra do meu pai. Ele costumava colocar molho em tudo.
Vê-la comer me tinha feito sorrir. Ela não tinha como saber o quanto significava para mim que ela estivesse ali. Eu tinha pirado de mil formas diferentes e ainda assim ela estava ali... Com molho em todo rosto. Ela me viu sorrir.
-O quê? - Perguntou com a boca cheia.
Peguei meu guardanapo e limpei sua boca.
-Nada, desastrada.
De repente me dei conta: amanhã poderia ser a última vez que haveria. Meu corpo inteiro se tencionou. Esse dia me fez sentir de tudo. Outra coisa me atingiu: a pergunta para sua mensagem mais cedo, a razão porque me incomodava se outro cara aparecesse. Consegui deixá-la ir uma vez porque achei que ela estava feliz e com alguém que a amava. Tudo que acreditei para superá-la era uma mentira. Perceber isso agora me fez sentir tudo de novo, mesmo que eu não pudesse lidar com isso.
Encostei minha cabeça no sofá e suspirei. Ler o que Jennie pensava estava me matando. Precisava parar um pouco de ler porque estava me sentindo ansiosa sobre para onde o livro estava indo. Eu já estava atrasada para o aniversário da minha amiga. Não poderia faltar porque fui uma das organizadoras. Decidi que tomaria um banho, me vestiria e levaria o kindle comigo para ler sempre que pudesse. O aparelho mostrou que só faltava 15% do livro para terminar. Achei que não teria problemas em terminá-lo em público.
Você sabe o que dizem sobre achar coisas.
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