Chapter 04
Jennie e eu nunca falamos sobre o beijo, mesmo que isso tenha passado pela minha cabeça constantemente. Eu tinha plena certeza de que não significou nada para ela, que ela estava apenas provando um ponto.
Mesmo assim, as sensações que eu experimentei eram as mesmas de um beijo com real paixão. A sensação dos seus lábios nos meus e o gosto dela não era uma memória que poderia ser apagada facilmente. Eu ansiava pela sensação novamente. Isso fez a batalha entre meu corpo e minha mente muito mais difícil que antes. Era uma maldição sentir atração por alguém com quem você tem que viver junto, particularmente quando ela traz as garotas da escola pra casa.
Uma tarde, enquanto nossos pais não estavam em casa, ela trouxe Lisa, e elas estavam no quarto dela se pegando. Outra tarde foi Im Nayeon. Então na outra semana foi outra, Bae Joohyun.
Eu fiquei no meu quarto tapando os ouvidos para não ter que escutar o som da sua cama rangendo ou os risinhos de garotas estúpidas. No dia em que a Nayeon saiu do quarto dela pra ir pra casa, eu mandei uma mensagem para logo em seguida.
[Você] Sério? Três garotas? A #4 vai vir amanha? O que você está pensando?!
[Jennie] Eu estou pensando que você gostaria que seu nome fosse Nayeon... 'irmã'.
[Você] Meia! Meia-irmã!
[Jennie] Misture as letras da palavra meia, e você tem peste. Meia = peste.
(Nota: originalmente em inglês, step é meia, e pest é peste. Misturado a palavra meia, forma-se: peste. Step-pest)
[Você] Você é uma idiota.
[Jennie] Você é uma peste.
Eu me levanto da minha cama bufando e vou direto ao quarto dela sem bater. Ela está jogando videogame e nem olha pra mim.
- Eu realmente preciso colocar uma fechadura nessa coisa.
Meu coração está disparado.
- Por que você é tão fodidamente babaca?
- Legal te ver também, mana. - Ela bate na cama ao lado de onde ela está sentada na beirada, com os olhos presos ao jogo. - Se você não vai sair de qualquer maneira, então se sente.
- Eu não tenho nenhuma vontade de me sentar na sua cama suja.
- Isso é porque você preferiria sentar na minha cara suja?
Meu coração quase para.
Sua boca se espalha em um sorriso perverso enquanto ela continua a jogar. Ela tinha me deixado sem palavras. O fato é que eu tinha me deixado sem palavras, porque logo que as palavras "sentar na minha cara suja" saíram da sua boca, eu tive a necessidade de cruzar minhas pernas para conter minha excitação.
Minha intimidade era uma tola sem esperança. Quanto mais cru ela era, mais forte era a atração por ela.
Ao invés de reconhecer a pergunta dela com uma resposta, eu olhei ao redor do quarto, fui direto até suas gavetas e comecei a remexer nas coisas dela.
- Onde estão minhas roupas íntimas?
- Eu te disse, não estão aqui.
- Eu não acredito em você.
Eu continuei procurando em volta até que eu esbarrei em algo que chamou minha atenção. Era uma pasta com uma grande pilha de papel dentro. Impressas na frente estavam as palavras Ray and the Yuki, por Jennie Kim.
- O que é isso?
Pela primeira vez ela parou o seu vídeo game e praticamente voou da cama.
- Não toque nisso.
Eu folheei as paginas o mais rápido possível antes dela arrancar das minhas mãos. Havia diálogos e algumas linhas foram riscadas e corrigidas com caneta vermelha.
Eu arregalei os olhos.
- Você escreveu um livro?
Ela engoliu em seco e, pela primeira vez desde que eu a conheci, Jennie parecia realmente desconfortável.
- Não é da sua conta.
- Talvez você seja mais do que um rostinho bonito.- Eu brinquei.
Meus olhos navegaram até a tatuagem da palavra "Ray" no seu bíceps direito e as engrenagens começam a girar na minha cabeça. A tatuagem estava conectada com a história que ela aparentemente escreveu.
Jennie me deu um último olhar mortal antes de ir até seu armário e colocar a pasta na prateleira do topo. Ela sentou de volta na cama e continuou a jogar.
Desesperada para me conectar com ela de alguma forma, eu me sentei ao seu lado e observei enquanto ela destruía seus inimigos virtuais em combate.
- Duas podem jogar?
Ela parou por um segundo congelada, então suspirou exasperado antes de me entregar um dos controles. Ela mudou as configurações para dois jogadores e nós começamos a batalha. Levou algum tempo para entender como jogar. Depois de múltiplas vitórias dela, meu personagem finalmente matou o dela, e ela se virou pra mim com um olhar divertido e, me atrevo a dizer... Admirado. Ela quebrou em um relutante, mas genuíno sorriso, e eu senti como se meu coração fosse se desintegrar. Um único pequeno gesto. E eu era uma causa perdida.
O que eu teria feito se ela fosse realmente legal comigo: perder a minha cabeça completamente e começar a me esfregar na perna dela?
Com esse pensamento, eu decidi que estava na hora de voltar para o meu quarto.
Eu passei o resto da noite tentando entendê-la e conclui que definitivamente havia mais da minha meia-irmã mais querida do que os olhos podiam ver.
[...]
Algumas semanas se passaram antes que eu aceitasse o convite de Bohyun para um encontro. Eu finalmente admiti que A. Não existe uma opção melhor no momento e; B. Uma distração da minha insalubre obsessão pela minha meia-irmã seria de grande ajuda.
Minha atração por Jennie estava em alta o tempo todo. Quase toda noite após o jantar eu ia ao seu quarto para jogar videogame com ela. Era uma maneira inofensiva de descarregar nossas frustrações uma na outra sem que ninguém realmente se machucasse. A coisa surpreendente foi que ela passou a ser aquela que iniciava o ritual.
A noite que eu decidi ficar no meu quarto e ler, ela me mandou uma mensagem.
[Jennie] Você vai vir jogar ou o quê?
[Você] Eu não ia não.
[Jennie] Traz um pouco daquele seu sorvete e coloca Snickers extra nele.
Essas mensagens pareceriam estranhas
para qualquer outra pessoa. No meu caso, no entanto, elas me deixaram tontas.
Naquela noite nós dividimos outra tigela de sorvete e jogamos até que eu não pude ficar de olhos abertos. Eu até consegui matar Jennie duas vezes das 17 que jogamos. Mesmo que ela realmente não se abrisse para mim, a hora de jogo parecia ser sua maneira especial de dizer que ela não achava mais minha companhia deplorável e que talvez ela até a apreciasse.
Mas, no típico estilo Jennie, logo que eu comecei a sentir que nós finalmente estávamos nos conectando, ela tinha que arruinar tudo.
Dois dias antes do meu encontro de sexta-feira à noite com Bohyun. Eu e Rosé estávamos na cozinha quando Jennie entrou e fez seu usual ritual de beber o leite direto da caixa. Os olhos de Rosé estavam fixos na camiseta de Jennie que subia enquanto ela levava o leite à boca. As duas tatuagens de trevo em cada lado do seu abdômen estavam expostas.
Ela estava praticamente babando.
- Oi, Jennie.
Jennie grunhiu em resposta através da caixa de leite antes de colocar de volta na geladeira. Então ela começou a vasculhar o armário de lanches. Rosé mergulhou um pretzel em um pouco de nutella e falou de boca cheia.
- Então você decidiu que filme você vai ver com Bohyun sexta à noite?
- Não, nós não discutimos isso.
Eu não pude deixar de notar que Jennie do outro lado da cozinha parou de mexer nos armários por um momento e congelou. Parecia que ela estava tentando ouvir o que estávamos dizendo. Ela olhou para mim por um instante com uma expressão incômoda.
- Bom, eu acho que vocês deviam assistir aquela comédia romântica com a Drew Barrymore. Faz ele sofrer com um filme de menina. O que você acha Jennie?
- O que eu acho do quê?
- Qual filme Jisoo deveria assistir no encontro com Bohyun?
Ela ignora a questão de Rosé e olha pra mim.
- Aquele cara é um idiota.
Ela começa a sair, mas Rosé a chama.
- Ei Jennie... - Ela se vira. - Você gostaria de ir junto? Quero dizer... Nós poderíamos ir com eles. Talvez fosse legal. Tipo um duplo encontro.
Ela dá uma risadinha e só a encara por um tempão com uma cara que gritava 'sem chance'.
Eu sacudo minha cabeça.
- Eu não acho que seja uma boa ideia. - Ela se vira pra mim com um sorriso malicioso.
- Por que não?
Por que não?
- Porque é o meu encontro. Eu não quero ninguém marcando em cima.
- Realmente te chatearia se eu fosse?
- Na verdade sim.
Ela olha para Rosé.
- Nesse caso eu adoraria ir junto.
A cara de satisfação de Rosé me deixa doente. Ela acha que essa é sua grande chance de ficar com Jennie. Enquanto que ela basicamente admitiu que estava fazendo isso só para me torturar.
- Até sexta então. - Ela diz antes de desaparecer.
Rosé abre a boca em um grito silencioso e bate os pés no chão excitadamente, e isso me dá vontade de vomitar. Agora eu tenho que me preparar para o que com certeza será o encontro mais estranho da minha vida.
Mas nada me preparou para o que na verdade aconteceu naquela noite.
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