Chapter 01
O ar frio embaçou a janela da sacada em nossa sala de estar, esperei nervosamente na frente dela e me esforcei para ver lá fora. A qualquer momento, a perua Volvo de Heechul iria parar na garagem.
Ele tinha ido para o Aeroporto pegar sua filha, Jennie Kim, que estaria vivendo com a gente o próximo ano, enquanto sua mãe tinha uma atribuição relacionada com o trabalho de um ano no exterior.
Heechul e minha mãe, Tayeon, só tinham estado casados por um par de anos. Meu padrasto e eu nos dávamos muito bem, mas eu não diria que éramos próximos.
Aqui está o pouco que eu sabia sobre a ex-vida de Heechul: sua ex-esposa, Hyuna, era uma artista coreana com base na área da baía de Seul, e sua filha era uma punk tatuada que, de acordo com Heechul, era autorizada a fazer tudo o que quisesse. E tinha algo a mais que a tornava única, Jennie era intersexual. Eu não sabia o certo o que isso significava, mas ao passar horas pesquisando no Google, agora eu tinha conhecimento desse termo peculiar.
Eu nunca tinha conhecido minha meia-irmã antes e só tinha visto uma foto dela que foi tirada há alguns anos atrás, pouco antes de Heechul se casar com minha mãe. Pela imagem, eu podia ver que ela herdou o cabelo escuro, provavelmente de sua mãe japonesa, juntamente com a pele alva, mas tinha os olhos escuros e traços fortes de Heechul.
Ela era deslumbrante, mas Heechul disse que Jennie tinha entrado em uma fase rebelde nos últimos tempos. Isso incluiu ela fazendo tatuagens quando tinha apenas quinze anos e se metendo em encrencas por menores de idade, bebendo e fumando maconha.
Heechul culpou Hyuna por ser volúvel e muito focada em sua carreira artística, permitindo assim que Jennie fizesse as coisas erradas, mas não sofresse as consequências.
Heechul alegou que ele havia encorajado Hyuna a assumir uma posição temporária dando aulas dirigidas por uma galeria de arte em Sidney para que Jennie, agora com 17 anos, pudesse vir morar conosco. Embora Heechul fizesse duas viagens curtas para o Japão por ano, ele não estava lá em uma base diária para disciplinar Jennie. Ele lutou com isso e disse que aguardava com expectativa a oportunidade de colocar sua filha na linha ao longo do próximo ano.
Borboletas invadiram meu estômago enquanto eu olhava para a neve suja que se alinhava na minha rua. O clima gélido de Boston seria um rude despertar para minha meia-irmã japonesa.
Eu tinha uma meia-irmã.
Esse era um pensamento estranho. Eu esperava que nós duas nos déssemos bem. Como filha única, eu sempre quis uma irmã.
Eu ri do quão estúpida eu era, fantasiando que este ia ser algum tipo de relacionamento de conto de fadas do dia pra noite, como os malditos Donny e Marie Osmond ou Jake e Maggie Gyllenhaal.
Esta manhã, eu ouvi uma música antiga do Coldplay que eu nem sabia que existia chamada Brothers and Sisters. Não se trata de irmãos por assim dizer, mas eu me convenci de que era um bom presságio. Isso ia ficar bem. Eu não tinha nada a temer.
Minha mãe parecia tão nervosa quanto eu, ela correu várias vezes, subiu e desceu as escadas para deixar o quarto de Jennie pronto.
Ela transformou o escritório em um quarto. Minha mãe e eu tínhamos ido ao Walmart juntas para comprar lençóis e outros artigos necessários. Foi estranho comprar coisas para alguém que você não conhece. Decidimos por roupa de cama vermelho-escuro.
Eu comecei a murmurar para mim mesma, pensando sobre como eu falaria com ela, o que iria falar, sobre como eu poderia apresentá-la aqui. Era meio emocionante e estressante ao mesmo tempo.
A porta do carro bateu, me levando a saltar para cima do sofá e endireitar a minha camisa amarrotada.
Acalme-se, Jisoo.
A chave girou fazendo barulho. Heechul entrou sozinho e deixou a porta aberta, permitindo que o ar gelado se infiltrasse no cômodo. Depois de alguns minutos, eu podia ouvir pés esmagando a camada de gelo que cobria a passarela, mas ainda não via Jennie. Ela deve ter parado do lado de fora antes de entrar.
Heechul colocou a cabeça para fora da porta.
- Traga seu traseiro aqui, Jennie Kim.
Um nó se formou na minha garganta quando ela apareceu à porta. Engoli em seco, meu coração batendo cada vez mais forte quando a realidade de que ela não parecia em nada com a imagem mostrada para mim me atingiu.
Jennie era mais baixa do que Heechul e o cabelo na altura dos ombros, que eu me lembrava da foto era agora um loiro vivo, comprido. Ela cheirava a cigarros, ou talvez fosse fumo de cachimbo, porque era mais doce. Uma corrente pendia de seu jeans. Ela não olhou para mim, então eu usei a oportunidade para continuar examinando-a enquanto ela deixava sua bolsa no chão.
Baque.
Foi o meu coração ou a mala?
Ela olhou para Heechul.
- Onde é o meu quarto?
- Lá em cima, mas você não vai a lugar nenhum até dizer olá para sua irmã.
Todos os músculos do meu corpo se apertaram quando eu me encolhi no termo. Não havia nenhuma maneira de eu ser sua irmã. Primeiro, quando ela se virou para mim, parecia que ela queria me matar. E dois, uma vez que eu dei o meu primeiro olhar para o seu rosto esculpido, tornou-se claro que, enquanto minha mente estava cautelosa com relação a ela, meu corpo tinha sido imediatamente colocado sob um feitiço que eu teria dado qualquer coisa para tirar de mim.
Seus olhos perfuraram os meus como adagas, e ela não disse nada. Eu dei alguns passos para frente, engoli meu orgulho e estendi a mão.
- Kim Jisoo. Prazer em conhecê-la.
Ela não disse nada. Alguns segundos se passaram antes que ela relutantemente pegasse minha mão. Seu aperto era desconfortavelmente forte, quase doloroso antes que ela rapidamente liberasse.
Eu tossi e disse: - Você parece diferente...- A camiseta amassada agarrava seus seios e moldava-lhe a cintura curvilínea. Fisicamente, ela era o meu sonho, e em todos os outros sentidos, era o meu pesadelo. Ainda assim, eu me recusei a deixá-la ver que suas palavras tiveram um efeito sobre mim.
- Você gostaria que eu te mostrasse onde é o seu quarto? - Eu perguntei.
Ela me ignorou, ergueu as malas e foi em direção às escadas.
Ótimo. Isso estava indo bem.
Minha mãe desceu as escadas e imediatamente puxou Jennie para um abraço.
- É tão bom finalmente conhecer você, querida.
Seu corpo ficou tenso antes dela se afastar de mamãe.
- Gostaria de poder dizer o mesmo.
Heechul atacou em direção à escada e apontou seu dedo.
- Corte a merda, Jennie. Você vai dizer olá a Tayeon de uma forma decente. - Jennie repetiu com uma voz monótona, enquanto subia as escadas.
Minha mãe colocou a mão no ombro de Heechul.
- Está tudo bem. Ela vai melhorar. Deixe-a ficar sozinha. Esta mudança de ambiente não pode ser fácil. Ela não me conhece ainda. Ela está apenas um pouco apreensiva.
- Uma merdinha desrespeitosa é o que ela é.
Eu tive que dizer que fiquei surpresa ao ouvir Heechul falando assim sobre sua filha, independentemente de quão mal Jennie estava agindo. Meu padrasto nunca tinha usado palavras assim comigo, embora eu nunca tivesse feito nada para merecer isso. Mas Jennie estava sendo uma idiota desrespeitosa.
Naquela noite, Jennie ficou atrás das suas portas fechadas. Heechul foi lá uma vez, e eu os ouvi discutindo, mas minha mãe e eu decidimos deixá-los sozinhos e ficar fora de tudo o que estava acontecendo entre eles.
No meu caminho para a cama, eu não pude deixar de parar para olhar para a porta fechada do quarto de Jennie. Gostaria de saber se a sua alienação a nós era um indicativo de como o ano inteiro seria ou se ela iria mesmo durar o ano inteiro aqui.
Planejando escovar os dentes, eu abri a porta do banheiro e vi Jennie enxaguando o corpo molhado sob o chuveiro. Vapor e o cheiro de sabonete encheu o ar. Por alguma razão que só Deus sabia, em vez de correr para fora, eu congelei. E o mais preocupante, em vez de cobrir-se com a toalha, ela a deixou cair displicentemente no chão.
Minha boca caiu.
Meus olhos ficaram colados ao seus seios por alguns segundos antes de o meu olhar viajar até os dois trevos tatuados em seu torso e depois para a tatuagem em seu braço esquerdo.
O peito dela estava pingando água. Em seu mamilo esquerdo um piercing atravessado brilhava. No momento em que meus olhos pousaram no seu rosto, eles se depararam com um sorriso malvado. Eu tentei falar, mas as palavras não saíam.
Finalmente, eu balancei minha cabeça e disse: Uh... Oh, meu Deus... Eu... Eu estou tão... É melhor eu ir embora...
Quando eu virei a cabeça para sair, sua voz me parou no meio do caminho.
- Você age como se nunca tivesse visto
alguém pelado antes.
- Na verdade... Eu nunca vi.
- Que decepcionante para você. Vai ser muito difícil para a próxima ficar a altura.
- Arrogante demais?
- Você me diz. Não mereço ser?
- Deus... Você está agindo como...
- Uma grande idiota?
Era como um acidente de carro, impossível afastar-se. Eu estava olhando para ela de novo. O que havia de errado comigo? Ela estava completamente nua na minha frente, e eu não podia me mover.
Inferno... Seu pênis era perfurado. Que maneira de ser apresentada ao meu primeiro pessoalmente.
Ela interrompeu a minha encarada.
- Não há realmente nenhum lugar para ir a partir daqui, a menos que você esteja pensando em fazer alguma coisa, então você provavelmente deve sair e deixar que eu termine de me vestir.
Eu balancei a cabeça em descrença e bati a porta atrás de mim. Minhas pernas tremiam enquanto eu fugia para o meu quarto.
O que foi isso?
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