Ignoro
o que se acredita existir atrás dos olhos,
o que faz ferver as entranhas
e explodir as energias
em pesadelos fraternos
e solidão instantânea.

Desprezo o que se diz das eloquências,
das proibições, e dos pecados
cometidos pela nossa antecedência.

Desprezo o que se conhece do sofrimento,
do desespero mil vezes infernal da consciência, 
aquela que todos nós refutamos
no início dos tempos,
quando ainda não sabíamos
dar nomes ao que sentíamos.

Ignoro a insistência das sombras,
o frio temível da sua respiração,
o futuro de blasfêmias que significam
e oferecem àqueles sem casa...

Quando meu coração deixar de bater,
eu me alojarei em minha alma,
e vagarei com ela por mundos mágicos dentro de mim.

Seremos perdidos
e nunca mais seremos vistos.

Seremos felizes!