Planejei viver em solidão, mas nunca sozinho,
tendo comigo apenas o tempo e a imaginação
para que eu pudesse me distrair e ser feliz.

Percorri nas memórias cenários fantásticos,
andei por nuvens melancólicas
e mergulhei em abismos em mim.

Trouxe no bolso um sonho e um rosto que nunca encontrei.

Guardava a noite nos olhos, e quando amanhecia,
eu já era um ser antigo e sem a convicção necessária para existir.

Visto de longe, o meu corpo parecia uma fortaleza
que escondia uma catástrofe,
dessas que anunciam o fim do mundo de tempos em tempos.

Havia muito mais do que isso no brilho fosco da sabedoria vulgar,
nos movimentos graciosos que eu julgara inocentes
e até mesmo inexpressivos.

Visto de perto,
tudo era elevado ao extremo;
as luzes, os caminhos, os desejos.

Visto de perto, eu sentia muito medo.