Assim que as nuvens se agruparam
e deram aos meus olhos
a visão que eu precisava para um encantamento,
um arco-íris constrangedor surgiu na última linha do horizonte
como um alento para os dias
e as horas que me consomem.

Tudo era mais nítido e digno de uma observação mais atenta;
a convergência e sincronia de mil corações envenenados,
a distribuição de palavras incompreendidas
provocando lágrimas que não ousamos chorar,
mas que choramos porque somos incompreensíveis
e delinquentes de coração,
já que nossas almas se perderam no vale cinza, nos abismos,
e nos sonhos que enterramos no solo deste lugar sem descrição
e que nos aterroriza em suas paisagens perversas.

Ousamos nos levantar e seguir em frente, em círculos,
na eterna busca pelo próprio rabo,
no desejo violento de explodir e conquistar a si mesmo;
estar em tudo e poder sentir o não sentir
desta mão que nos conduz sem nenhuma regência,
que nos acolhe como filhos
e nos afaga na cabeça
onde a ferida estará sempre aberta.