☪ . ☆ TWENTY ONE ☆ . ☪
Não era difícil perceber que Rindou mudava constantemente seu jeito de agir. Em um segundo, me pedia para ficar ali, no outro já estava agindo como um babaca de novo. Eu simplesmente não conseguia entender qual era a dele. Queria socar a cara de Rindou ao mesmo tempo que queria beijar a boca dele, e digo com certeza que isso não é nada saudável. Pelo menos, não para a porra da minha sanidade mental. Mas tudo bem. Mesmo que ele agisse como um babaca na maior parte do tempo, ele não hesitou em me ajudar quando percebeu o quão na merda eu estava. E isso fazia dele o primeiro a fazer algo do tipo por mim, o que era foda. O quão bem eu estava de companhia, não é mesmo? Já que a primeira pessoa a me oferecer ajuda é um delinquente arrogante e sádico.
Comecei a me irritar de verdade quando começou a ficar realmente tarde e Rindou simplesmente me deixou plantada na sala e foi para o quarto, me ignorando completamente, como se eu sequer estivesse ali.
Tá beleza, já sabia que Rindou era um babaca metido e imbecil quando resolvi me envolver com ele. Agora eu que me foda! Engoli meu orgulho e minha vontade de chutar o estômago dele, seguindo Rindou. Claro que seguindo ele caminhando e choramingando porque, porra. Nem de pé eu estava conseguindo ficar, e esse merda nem pra me ajudar nessa porra! Me encostei no batente da porta, respirando fundo e cruzando os braços, apenas observando ele trocar de roupa. Caralho, ele era um imbecil, mas era mesmo gostoso.
-Vai ficar ai me olhando?- ele disse, sem nem mesmo fazer questão de se virar para mim. Calma, Asuka, você não pode atirar seu tênis na cara da pessoa que te ajudou, seria muita ingratidão da sua parte... Respirei fundo, passando a mão com irritação pelo cabelo.
-Onde é pra eu ficar?- eu disse arqueando a sobrancelha. Rindou me fitou com aqueles olhos roxos antes de os revirar.
-Você fica onde você quiser, Asuka. - o grande ignorante do caralho disse, indo até a cama e se enfiando ali. Deus, isso só pode ser um tipo de teste, não é possível uma porra dessas.
Meu orgulho me mandava ir embora ou, sei lá, dormir no sofá, mas quer saber? Foda se. Eu estava toda fodida, com dor e querendo chorar de raiva da minha família de merda que me vendeu como se eu fosse um pedaço de carne, então eu apenas fui mancando até a cama, me sentando ali e arrancando meu tênis, a calça e a camiseta. Bom, eu não tinha outra roupa, e não ia dormir com essa, então foda se. E não é como se Rindou já não tivesse visto cada parte do meu corpo, então foda se de novo.
Estava irritada e me sentindo um lixo humilhada. Me deitei, bufando, e dei as costas para Rindou. Mas não é como se importasse, porque ele já estava de costas para mim. Juro, eu realmente não entendo esse imbecil. Parecia que ele estava testando a porra da minha paciência, e por mais paciente que eu fosse, não ia ficar aguentando essas merdas do caralho não.
Eu enfiei o rosto no travesseiro dele, puxando o cobertor para mim e ignorando a reclamação de Rindou. Ele que fosse se fuder.
E não foi muito difícil perceber que Rindou nunca, jamais, demonstraria algum tipo de afeto, pelo menos de forma direta e óbvia. E também não foi difícil perceber que ficar perto dele ia, de fato, ser a porra de um desafio do caralho. Mas eu estava sempre metida com essas coisas, não é? Então, que diferença faria, afinal?
Não sabia que horas eram quando acordei, mas minha cabeça estava explodindo e minha garganta tão seca que estava doendo. Fiz uma careta quando percebi que tinha dormido abraçada com o babaca do caralho. Eu apenas bufei, me afastando dele e rapidamente me levantando da cama. Quase caí de boca no chão no processo, fodida demais até mesmo para me manter de pé. Porra! Que vida de merda essa que eu tinha.
Tive que me arrastar, praticamente, até a cozinha, depois de quase morrer só pra colocar minha roupa. Apenas para trombar com alguém e quase cair de novo na porra do chão. Eu teria caído, certamente, se Ran não tivesse me agarrado pelos ombros. Pela cara de sono e o cabelo completamente bagunçado, ele tinha acabado de acordar, e agora estava me fitando com aqueles olhos roxos, completamente confuso. Ele piscou e lentamente abriu um sorriso cheio de malícia para mim, me fazendo revirar os olhos.
-Não sei o que vai dizer, mas nem começa.- eu disse com irritação e ele deu uma risada para mim, o que me fez torcer o nariz.
-Eu não ia falar nada.- o idiota disse de forma calma, me dando as costas e fazendo seu caminho para a cozinha. Eu, certamente, o segui, ou pelo menos tentei já que eu estava bem, bem fodida.
Fiz uma careta de dor enquanto me sentava no banco, apoiando os cotovelos na pedra da bancada. Ran me encarou com aqueles olhos roxos e eu o encarei de volta, como se aquilo fosse um jogo para ver quem desviaria o olhar primeiro. Ele lentamente deu um sorriso para mim e eu bufei.
-Porque tá aqui? - ele disse arqueando a sobrancelha, colocando um copo de água na minha frente. Eu bufei, mas peguei o copo e bebi tudo com rapidez. -Na verdade, não precisa responder. Não quero saber das aventuras sexuais do meu irmão.
-Ah, vai se fuder.- eu murmurei erguendo o dedo do meio para ele. Ran apenas deu risada, me analisando com aqueles olhos roxos.
Sinceramente, em que merda eu tinha me metido? Porque era óbvio que aqueles dois irmãos tinham vários parafusos a menos, mas ali estava eu, enfiada na casa deles, sem nem medo de acabar morta por causa disso.
-Você deve ser boa mesmo.- ele soltou, me fazendo engasgar, porque entendi perfeitamente o que ele quis dizer com essa merda de frase. Ran deu um sorriso malicioso para mim. -Só assim para Rindou trazer você pra cá.
-Que porra isso quer dizer?- eu soltei, torcendo o nariz. Ran deu de ombros.
-Você conhecê meu irmão, não? Ele é estranho.
-Você também é, Haitani.- eu disse com uma careta. -Vocês dois são.
-Ainda assim, aqui está você.- ele soltou. Revirei os olhos e ele franziu o cenho para mim. -Para uma garota rica, você até que não é chata e mimada.
-Para um delinquente com tal reputação, esperava mais de você. Que no mínimo fosse assustador, mas olho pra você e só sinto vontade de morrer. E não de medo, de tédio.- eu retruquei e ele deu um sorriso para mim que indicava que sim, eu tinha tocado na ferida dele.
-Não sei dizer se você é burra ou corajosa. - ele disse cruzando os braços. -Por não ter medo quando claramente tá se metendo com quem não deve.
Eu dei de ombros, apoiando o rosto na palma da mão e suspirando. Ran franziu as sobrancelhas, parecendo analisar meus movimentos.
-Minha vida já é a porra de uma merda, que diferença vai fazer se ela ficar pior?- eu disse e ele balançou a cabeça.
-Não deveria dizer isso, Nakamura. Atraí coisa ruim. - ele cantarolou e eu bufei.
-Não sei dizer quem é mais otário, você ou Rindou.- soltei e Ran riu, dando de ombros.
-Deveria tomar cuidado. - Ran disse, se inclinando e afundando o dedo na minha bochecha, um sorriso sarcástico nos lábios. -Para não acabar com esse coraçãozinho machucado.
Tudo bem, aquele papo de "eu nunca mais irei transar com Rindou porque ele é um merda do caralho" não era bem verdade. Percebi isso logo. Era meio difícil não perder a calcinha quando ele sabia beijar tão bem. Em um momento você tá ali, tentando afastar o imbecil, no outro já perdeu a roupa.
Rindou estava me beijando de uma forma que caralho. Até fazia eu esquecer meu nome. E era bem difícil me concentrar em qualquer coisa com o corpo dele pressionado contra o meu e as mãos dele percorrendo minha pele.
Mas claro que tinha que ter alguma porra pra atrapalhar, e isso era a pessoa que estava batendo na porta da frente como se fosse derrubar ela a qualquer instante. No começo, Rindou ignorou. Depois, se levantou, puto da vida. E eu sabia que isso ia dar uma merda do caralho, por isso peguei a primeira camiseta que vi na frente e a vesti rapidamente, indo atrás. Ou pelo menos tentando já que eu tava com o tornozelo fodido.
Pisquei os olhos lentamente para a cena que se desenrolava na minha frente; tá legal... Aya estava no chão, a perna erguida para chutar Rindou e ele estava com o nariz sangrando e parecendo bem perto de dar um cacete na Aya. Torci o nariz.
-Que porra tá rolando aqui?- eu soltei, ganhando a atenção de Aya. Ela piscou, parecendo processar o que estava acontecendo e eu franzi o cenho para ela.
Aya parecia bem perto de dizer alguma coisa, mas no momento que ela ia começar a falar, a porta da frente abriu e Ran entrou. Ele olhou Rindou e franziu o cenho. E depois olhou para Aya com malícia, o que me fez revirar os olhos. Um puta babaca, eu diria. Aya apenas bufou, desabando de vez no chão.
-Eu deveria arrebentar a sua cara, sua puta.- Rindou cuspiu com irritação, parecendo bem perto de avançar em Aya de novo. Eu fui até ele, o empurrando para longe dela.
-Para com essa merda, caralho.- eu disse começando a me irritar. Rindou revirou os olhos para mim. Me virei e encarei Aya com a sobrancelha arqueada.
-O que tá fazendo com esse merda?- ela soltou e eu torci o nariz.
-Ei, você não pode me julgar. - eu disse cruzando os braços. -Se você tá aqui, é porque tá atrás daquele outro otário ali, então, automaticamente, não pode falar nada.
Aya revirou os olhos, mas também não disse nada, porque sabia que eu estava certa. Ran foi até ela para ajudar Aya a se levantar, mas ela deu um tapa nele e fez isso sozinha. Eu não nego que dei risada da cara que Ran fez e não nego que ri mais ainda com o olhar de morte que ele me lançou. Um puta otário, devo dizer.
Fiquei olhando Aya caminhar até mim e ela torceu o nariz enquanto olhava para meu rosto. E ai, ela se virou para Rindou, o olhando com raiva.
-Você que fez isso com o rosto dela, seu bosta?- ela soltou. Rindou piscou os olhos, parecendo perplexo.
-A única vadia que eu bateria sem nem peso na consciência é você, Takahashi, então pode ficar tranquila, eu não toquei na sua amiguinha.- Rindou disse antes de me lançar um sorriso malicioso. -Pelo menos não de uma forma que ela não quisesse.
Aya fez uma careta de nojo antes de me olhar de novo e eu bufei. Era só o que me faltava mais essa, ter que explicar toda a situação merda da minha vida de novo. Droga, como apenas um tapa era capaz de deixar um corte na minha bochecha, denunciando o quão merda era minha vida?
-Quem fez isso com você, então? - ela disse franzindo o cenho. Eu suspirei.
-Ninguém que seja importante. - mentira, mas ela não precisava saber. Aya já tinha os problemas dela, pra que se importar com os meus?
Ela parecia bem perto de começar a me questionar ao invés de, sei lá, simplesmente ir resolver as merdas dela com o Ran, mas fui salva por um toque de celular. Que era o meu. Torci o nariz, procurando aquela merda e atendendo sem nem olhar quem era, doida para fugir daquela situação de merda. E me arrependi no segundo que o fiz.
-Que merda você quer comigo, Shiori?- eu disse com irritação.
-Onde você tá?- ela praticamente gritou, o que me fez fazer uma careta.
-Isso não é da porra da sua conta, cacete.- soltei irritada. Mas que porra, Shiori só servia para me encher a porra do saco!
-Asuka, você precisa ir pra casa.
-Ah, vai tomar no cú, Shiori, sinceramente...- eu comecei, mas ela me cortou.
-Não, é sério! Seu pai mandou gente atrás de você, porra! E isso não vai dar certo, não mesmo, principalmente se ele te pegar fazendo seja lá a merda que você tá fazendo!
Porra.
Caralho.
Claro que minha vida tinha que piorar, e claro que tinha que ser agora.
E, sim, eu estava fodida. Bem, bem fodida.
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