☪ . ☆ THREE ☆ . ☪
Às vezes pensava que, para os meus pais, tudo pudesse se resolver com dinheiro. Para eles, não existia algo no mudo que dinheiro não comprasse, incluindo amizades. E, analisando a garota ruiva que vivia grudada comigo na Universidade, mesmo eu já tendo deixado claro que prefiro a morte, tive bastante certeza que para eles, comprava mesmo. E se eu parasse para analisar, todas as amizades dos meus pais eram baseadas em uma única coisa: dinheiro. O que era a porra de uma piada, sinceramente. Era irritante o quão mesquinho eles eram, e era irritante que estivessem, constantemente, me arrastando para essa merda do caralho!
Shiori olhou para mim e torceu o nariz, visivelmente desgostosa com algo que viu na minha pessoa. Não que eu me importasse com as opiniões de uma metida mimadinha pelos pais, sinceramente. Ela sim era o tipo de filha "perfeita"! Vivia na porra das asas dos pais e fazia exatamente tudo o que eles mandavam sem questionar, sem achar ruim. Meus pais bem que queriam que eu fosse assim, mas eles que fossem se foder!
-O que foi?- eu soltei com irritação, olhando para os grandes olhos castanhos escuros de Shiori. Ela torceu o nariz e fez uma careta engraçada. Era óbvio que eu não gostava dela e ela me achava irritante, não sei porque insistia em grudar em mim. Provavelmente por causa que seus pais irritantes eram amigos dos meus pais irritantes. Bem, por mim, sinceramente, ela podia ir se foder. Ela, meus pais, os pais dela e essa porra de Universidade do caralho.
-Você tá de ressaca?- ela disse me olhando seriamente. Revirei os olhos. Bem, isso não era da porra da conta dela, correto? Correto! Por isso nem perdi o meu tempo respondendo ela enquanto caminhava apressadamente pelo Campus, não para ir logo para as aulas, mas para me livrar logo de Shiori, essa chata do caralho.
Quase agradeci quando chegamos na sala e já estava lotada pelos outros alunos. Assim foi fácil me sentar bem, bem longe de Shiori e sua chatice. E dormir até que as aulas tivessem, enfim, acabado.
A boate estava mais lotada que o normal para uma sexta feira depois de uma longa semana. Tudo bem, as sextas e sábados, geralmente, ficava extremamente cheio de gente, mas nesse dia estava ainda mais cheio que o normal. O que não sabia dizer se era bom por ter tantas pessoas novas e diferentes ou ruim porque não estava mais dando conta sozinha de tudo o que tinha para fazer. Em determinado momento da noite, tive que ir atrás de Hiroki para que ele me ajudasse no bar já que o outro atendente que ficava comigo não tinha dado o ar da graça!
Foi fácil me distrair de tudo ao meu redor enquanto estava focada em fazer meu trabalho. Foi fácil não sentir a imensa vontade de aliviar minhas dores com álcool quando minha cabeça estava cheia demais com outras coisas para que eu sequer pensasse em beber alguma coisa.
-Asuka.- quando senti uma mão se fechar em meu ombro, dei um pulo. Estava tão perdida no meu próprio mundo que nem mesmo notei Hiroki se aproximando até ele estar do meu lado. Ele soltou uma risada com minha reação, me fazendo torcer o nariz um pouco.
-Pode ir pra casa. - ele disse e eu franzi o cenho. Ele esclareceu: -Pelo jeito as coisas aqui vão terminar tarde. Hayato chegou, então pode ir.
Eu apenas assenti, saindo de trás do balcão e me sentando de frente para Hiroki que ainda estava do outro lado, abrindo um largo sorriso para ele. Ele apenas olhou para mim e balançou a cabeça, já entendendo exatamente o que eu queria e onde isso ia levar.
Hiroki apenas suspirou, mas também não me impediu de virar copo atrás de copo ou me censurou quando me enfiei no meio das pessoas para dançar até que o meu cabelo estivesse grudando no meu pescoço e eu estivesse completamente suada, cansada e completamente bêbada.
Nada fora do comum. Apenas mais um dia normal da vida fodida de Asuka Nakamura, onde tudo só ficava bom e aceitável quando estava completamente bêbada e risonha, esquecendo toda a merda que minha vida era e o quanto eu simplesmente queria sumir, desaparecer para sempre.
Não sei, exatamente, como acabei indo parar sozinha no meio da rua, só sei que não estava nem sequer conseguindo ficar de pé direito sozinha. Por isso acabei cambaleando pela rua e quase indo de cara com a porra de um poste. Tudo bem, tavez eu devesse parar de beber tanto assim, já que estava começando a foder minha vida já fodida e tudo que eu menos precisava é acabar morrendo por beber demais! Seja sendo morta na rua por estar muito bêbada ou por uma cirrose, sei lá.
Foi ai que percebi um par de olhos me olhando como se eu fosse uma retardada. Bem, acho que qualquer um olharia assim para uma garota que quase meteu a cara no poste.
Me virei um pouco para olhar o cara do meu lado, que estava encostado no muro e com os braços cruzados. Os olhos dele encontraram os meus e ele arqueou levemente a sobrancelha para mim.
Ele não parecia muito mais velho que eu; talvez alguns centímetros mais alto, tinha o cabelo loiro com algumas mechas em azul meio bagunçado. Tive que semicerrar um pouco os olhos para analisar ele melhor, mas era impossível não enxergar os olhos roxos por trás do óculos de armação redonda.
-Caralho, eu tô é muito bêbada, tô até vendo coisas porque parece que acabei de encontrar um Deus grego. - eu soltei com um sorrisinho, me apoiando no poste pra não cair de boca no asfalto. Ele piscou, parecendo surpreso com minha audácia (ou cara de pau) e arqueou a sobrancelha. -O gatinho não sabe falar?- cantarolei. Ele apenas continuou me olhando daquele jeito levemente revoltante, sem nem se mexer. Que maldito!
Estava prestes a me aproximar quando uma voz gritando meu nome me fez dar um pulo, arregalando os olhos. Hiroki parecia bem perto de me meter um chute, e achei que ele ia ter um infarto quando o cara encostado na parede direcionou o olhar para ele.
Hiroki, intimidado. Por um cara mais baixo e mais magro que ele e que certamente também era mais novo. Torci o nariz.
-Não dê ouvidos a ela, é uma maluca bêbada. - Hiroki murmurou, sem nem mesmo olhar nos olhos do cara. Mas que porra? -Vem logo, Asuka.
-Aí, não me puxa assim não. - eu resmunguei. E aí franzi o cenho de novo quando Hiroki deu dinheiro para aquele cara. Mas que porra?
-Vem logo.- ele sibilou, me arrastando para dentro da boate. Quando estávamos lá, ele suspirou aliviado, como se tivesse acabado de se livrar do capeta. -Você ficou maluca?
-Qual é, Hiroki? Tá com medinho porque, hein?- eu provoquei com uma careta. Ele torceu o nariz, passando a mão pelo cabelo de forma nervosa.
-Porque você tava flertando com um dos piores delinquentes de Shibuya, sua imbecil do caralho! Aquele era Rindou Haitani. E você deveria ficar bem longe dele se não quiser morrer.
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