☪ . ☆ THIRTEEN ☆ . ☪
Violeta estava cega. Era uma criança, eu não ia julgá-la por estar feliz por ter encontrado seu pai biológico que aparentemente mal a conhecia mas já amava, porém eu não poderia ignorar o estado de Asuka. Havia chegado ali no fim da madrugada quando Lee dormiu mais uma vez e fui rápida em apenas vestir uma calça qualquer antes de correr para fora do apartamento, talvez mancando um pouco por conta da câimbra em minha perna.
Suspirei, passando as mãos por meus cabelos, reprimindo minha vontade de choramingar pelo simples fato que meu couro cabeludo estava dolorido demais pelos puxões de Lee. Asuka pareceu notar a forma que afastei minhas mãos dos meus fios e me foquei no chá do fogo. Em pouco minutos, estávamos bebendo chá de camomila para acalmar nossos nervos enquanto Violeta dormia de forma tranquila em algum lugar da casa.
─ Eu cometi um erro?─ Perguntou ela em determinado momento, seus olhos fixos no meu rosto. Apenas soltei mais um suspiro, balançando a cabeça.
─ Rindou disse que te amava mas pelo que me lembre muito bem, era ele que estava quase fodendo com uma qualquer quando você ainda morava lá com ele.─ Mordi meus lábios, gesticulando com uma mão.─ Ele disse que te amava mas ele te machucou, Asuka. Não fisicamente mas sim emocionalmente. Eu não acreditaria nele e muito menos nesse amor. Então, ele não pode gritar com você ou te ameaçar quando tudo que fez foi por conta das ações dele.
Asuka não disse nada, apenas assentiu em confirmação, bebericando o chá. Em determinado momento, notei que seus olhos estavam presos em minha pele, mais especificamente no meu quadril. Segui seu olhar e ofeguei de forma nervosa, notando que Asuka analisava uma marca roxeada em meu quadril, no ponto que a calça não cobria. Puxei a barra da minha camisa para baixo, evitando seu olhar.
─ Você caiu?─ Perguntou ela. Murmurei qualquer coisa em concordância, evitando seus olhares, sabendo que ela sabia muito bem o que estava acontecendo.─ Foi aquele merda do Lee que te fez cair?
Não respondi, não tinha nada a ser dito mas ainda assim...
─ Para com isso!─ Grunhi, um pouco histérica.─ Minha vida não é assunto seu. Estamos felizes, estamos bem.
─ Ele bate em você, onde isso é tá feliz ou bem?─ Ela retrucou, irritadiça. Revirei os olhos, abandonando minha xícara e começando a me afastar.─ Meu Deus, Aya! O que aconteceu com você? A Aya que eu conheci nunca deixaria um merda pisar nela.
Sem me conter, me virei e encarei com Asuka que franziu o cenho, parecendo ainda mais puta comigo.
─ Bom, acho que você não me conhecia naquele tempo, pois eu deixei um merda pisar em mim e agora tô aqui, Asuka!─ Gritei.─ E quer saber? Foda-se, Lee pode ter seus problemas de raiva mas pelo menos ele não tá só preocupado em me foder e depois me largar como se fosse a porra de um brinquedo velho como o Ran fez!
Asuka não me disse nada, ela parecia surpresa e talvez chocada com o que eu acabara de falar.
─ Durante toda minha vida, toda a porra de homem que eu encontrei só me enchia de promessas e dizia que me amava mas ia lá e me abandonava. Ran fez isso, Rindou fez isso com você. Mas a diferença é que encontrei alguém que não queria só me foder, mas sim que quer uma vida comigo, casar e ter a porra de filhos. Tá legal, Lee pode ser meio agressivo comigo mas ele está comigo e vai ficar comigo até o fim. E pra mim, é isso que conta.
─ Onde você estava?─ Disse Lee, assim que ultrapassei as portas do apartamento. O sorriso que eu o direcionei não foi retribuido, deixando minha bolsa largada na poltrona mais próxima. Aquele olhar escuro me deixava nervosa, eu sabia muito bem o que estava por vir...
─ Na casa da Asuka, ela pediu ajuda com a Violeta.
─ Ela não é a mãe da menina? Por que ela ia pedir sua ajuda?
Pisquei os olhos no momento que ele me deu as costas, caminhando até suas calças que estavam largadas no chão, suas mãos começaram a retirar o cinto. Inconscientemente, dei passos para trás, minhas costas estavam coladas na porta quando abri minha boca para falar.
─ Sou a madrinha da Violeta, tô aqui para cuidar dela quando for preciso.─ Lee riu com minhas palavras. Ele se virou, apertando o cinto entre suas mãos. Engoli seco... Eu estava tremendo, mas por que estava tremendo? Ele só estava segurando um cinto, claramente só ia atrás de alguma calça para ir ao trabalho, afinal eu ia continuar de folga.
─ Então quer dizer que se estivéssemos ocupados com nossos filhos, você ia abandonar tudo por causa daquela garotinha mimada?─ Ele cuspiu. Me encolhi e minha mão foi até a maçaneta, pronta para abri-la.
─ Claro que não, mas eu tentaria ajudar, Lee. Sou a madrinha.─ Falei. Seus olhos cheios de fúria me encararam, ele começou a se aproximar e as mãos que seguram o cinto, começaram a tremer.
─ Você me deixaria de lado por causa da porra de uma criança?─ Ele gritou.─ E ainda tem a porra da coragem de dizer que me ama! Ah, meu Deus, não acredito que me apaixonei por uma puta egoísta!
─ O que? Não!─ Gritei, me aproximando dele com tropeços, o que acabou sendo mais um erro que eu sempre acabava fazendo quando se tratava de Lee.─ Eu amo....
Não sei como aconteceu mas... Sua mão agarrou meu braço com força e fui jogada no chão. Meu rosto atingiu o piso, me senti tonta por um instante e meus olhos piscaram, algo líquido escorreu pela minha pele. Não consegui identificar o que era, pois minhas pernas foram puxadas. Acho que gritei quando eu senti Lee puxar minhas calças. Acho que pedi para o parar, não... Eu implorei. Implorei que ele parasse de puxar minhas calças, as retirando entre puxões violentos. Soltei mais um grito, tentando chutá-lo para que parasse com isso. Implorei, implorei, implorei.
Mas fui silenciada no momento que o cinto atingiu minha pele, formando uma mancha vermelho que me fez soltar um grito cheio de dor. E naquele mesmo instante, houve um barulho de algo caindo no corredor. Pisquei os olhos, lançando um olhar para Lee que arregalou os olhos, franzindo um cenho de forma irritadiça. Não sei como, mas consegui empurrá-lo com os pés, obrigando ele a cair no chão e corri para a porta. Lee tentou me agarrar, tropecei e cair em frente a porta.
Chorei, solucei quando lancei um olhar para ele, me encolhendo contra a madeira da porta.
─ Junko, não faça essa porra!─ Ele gritou.─ Junko, não faça isso ou tudo tá acabado!
Tudo tá acabado... Meu futuro casamento e meu relacionamento... O amor que eu tinha e tanto desejei, briguei para ter. Uma decisão e tudo estava acabado.
Pisquei meus olhos, meus lábios tremiam por conta do pânico e desespero em meu coração. Entre as lágrimas, tentei fitar seu rosto com atenção. Eu precisava de tempo, precisava respirar. Só era aguentar, não era? Em breve, arrependimento pintaria o rosto de Lee e ele voltaria ser quem eu amava com todo meu coração. Ele voltaria e... Ele se levantava, continuava a me fitar com fúria.
─ Eu disse pra você ficar longe daquela vadia.─ Ele rugiu. Não quem eu amava, não era... Não era... O cinto estalou. Não era quem eu amava. Ele ia me matar, se eu continuasse ali.
Escorreguei um pouco no chão quando me levantei, caindo no piso do corredor após atravessar a porta. Não demorei muito para correr, escutando os gritos de Lee atrás de mim. Corri até chegar nas ruas, chorando e com todas as manchas roxas espalhadas por minhas pernas.
Perdida. Eu estava perdida, finalmente mostrei aquilo para o mundo e isso me faziam chorar ainda mais.
Arrependimento pesava em meus ombros, eu havia deixado quem eu amava para trás e... Eu havia deixado Lee para trás e não podia voltar, eu não podia e aquilo doeu muito mais do que todas as agressões...
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