☪ . ☆ NINETEEN ☆ . ☪
Não sei quanto tempo havia se passado mas Ran continuou ali e no momento que afastei os lençóis de meu corpo, me dei conta que ele estava dormindo, sentado ao lado da cama e sua cabeça encostada no colchão macio.
Suspirei para ele e com cuidado, saí da cama, andando até o banheiro. Eu precisava tomar um banho e me organizar antes de tirar Ran dali. Lee, em breve, chegaria no apartamento, talvez para ver se eu retornei para casa depois de tudo que aconteceu e talvez ele se desculpasse, talvez ele visse que eu ainda o amava e tudo ficasse bem, ainda seríamos capazes de ter nosso amor e alcançar nossa felicidade.
Em um movimento rápido, retirei minhas roupas e me enfiei embaixo do chuveiro, sentindo a água atingir minha pele, limpando-a. Tentei ignorar as manchas roxeadas espalhadas por minhas pernas, quadris e também as marcas de dedos em meus seios. A maioria daquelas marcas... A maioria delas, eu não sabia quando foram feitas.
Pisquei os olhos, desligando o chuveiro e saindo, pegando uma toalha que estava pendurada próxima a privada. Cobri meu corpo, saindo do banheiro em passos lentos para não acordar Ran. Com cuidado, puxei uma gaveta, buscando uma calcinha e um sutiã. Soltei um gritinho ao sentir a toalha ser puxada de meu corpo. Me virei, levemente assustada para Ran. Seus olhos... Eles estavam fixos na minha pele, nas manchas roxeadas.
Engoli seco. Não sei porque mas eu estava me sentindo muito perto de um desmaio enquanto era observada por Ran, enquanto via o ódio crescer em suas orbes roxas.
─ Me dá a toalha.─ Falei com um fiapo de voz. Eu não estava gostando daquele olhar, não estava gostando do quão indefesa estava naquele momento.
─ Quem fez isso com você.─ Uma ordem. Ele estava me dando uma ordem. Recuei quando ele deu um passo na minha direção.─ Aya, quem fez isso com você?
─ Me dá a porra da toalha.─ Gritei, avançando na sua direção, tentando pegar a maldita toalha de suas mãos mas mal consegui fazer nada, pois Ran me empurrou para a cama e não demorou muito para subir em cima de mim.
─ Haitani, para com essa porra!─ Gritei mais uma vez, tentando empurrá-lo para longe de mim mas ele agarrou meus pulsos, erguendo-os e os empurrando contra o colchão acima de minha cabeça. Seus olhos se prenderam nos meus e por um instante, parecia que eu não estava respirando. Seus olhos roxos pareciam brilhar em meio a escuridão, dominados por um ódio cego que não era exatamente direcionado a mim.
Engoli seco, me sentindo cada vez mais nervosa, principalmente quando Ran aproximou o rosto do meu, roçando nossos lábios e os grudando com força. Pisquei os olhos, sentindo-me surpresa.
Dez anos. Faziam dez anos desde a última vez que eu o beijei, que suas mãos estavam tocando minha pele nua. Dez anos é tanto tempo que eu... Minhas mãos se guiaram até os fios bicolores de Ran, encostando os dedos nas mechas e as puxando ainda mais para perto. Haitani moveu sua boca, escorregando ela para meu pescoço e beijando minha pele com suavidade, parecendo sentir tanta saudade que fez meu peito doer como o inferno.
Minhas mãos afrouxaram o aperto em seus cabelos no instante que sua boca cobriu um dos meus seios e sugou. Um gemido escorregou para fora dos meus lábios, senti um sorriso crescer em Ran e mais um gemido escapou por meus lábios no momento que uma de suas mãos escorregaram por entre minhas pernas. Retornei a puxar seus cabelos agora curtos, movendo os quadris contra sua palma, querendo um pouco mais de contato, querendo um pouco mais... Um pouco de Ran antes que...
Pisquei meus olhos, prestando um pouco mais de atenção ao meu redor. O Haitani riu malicioso contra minha pele e ergueu sua cabeça, me fitando com aqueles olhos roxos. Aqueles olhos... Sim, muito tempo atrás, eu me apaixonei por aqueles olhos e me afundei neles o máximo que podia, pois os amava com todo meu coração e aquilo não foi suficiente.
Acho que eu chorava quando ergui minhas mãos e toquei em seu rosto, acariciando sua pele com meus dedos. Ran franziu o cenho, afastando seus dedos do meio de minhas pernas e virando o rosto para beijar a palma da minha mão com doçura.
─ Eu não consigo fazer isso.─ Murmurei, um soluço escapou por meus lábios. Balancei minha cabeça, afastando minhas mãos do seu rosto mas também dele. Pisquei os olhos, as lágrimas caíram pelo meu rosto quando escorreguei até o chão, me encolhendo.
Não demorou muito para que Ran estivesse ao meu lado, segurando meus ombros e os acariciando, balancei meu corpo, tentando esquivar de seu toque.
─ Eu não consigo fazer isso.─ Repeti, chorosa.─ Eu não posso fazer isso. Não posso amar você de novo.
─ Por que não?─ Ele perguntou, a voz frágil demais. Seus dedos roçaram nos meus cabelos.─ Eu estou aqui, meu amor. A gente pode tentar mais uma vez, a gente pode...
─ Não, não pode!─ Falei, me levantando e praticamente correndo até meu guarda-roupa. Não sei como consegui vestir um moletom tão rosa que doeu na minha visão ou como coloquei minhas calças com rapidez. Soltei um suspiro, passando as mãos por meus cabelos.─ Você me deixou, Ran.
Eu continuei fitando minhas roupas, mordendo meus lábios com um pouco de força demais. Entrelacei meus dedos enfaixados uns aos outros com lentidão.
─ Dez anos atrás, você me deixou ir. Você não pode voltar e agir como se eu ainda fosse aquela estúpida que acreditou por um minuto que você a amava.─ Falei, piscando os olhos para tentar afastar as lágrimas.─ Eu tenho uma vida agora, tenho alguém que ama com todo meu coração e eu estou feliz.
Ran riu com escárnio.
─ Feliz?─ Ele perguntou, se levantando.─ Caralho, Aya! Esse desgraçado bate em você! Como isso é ser feliz?
Me virei e torci o nariz, irritadiça. Ah, ele não podia estar falando sério!
─ Pelo menos, eu sei que o Lee nunca vai me abandonar!─ Gritei.─ Eu sei que ele não vai ficar fodendo comigo por aí, me dizendo que me amava e depois me abandonando como se eu fosse nada!
Ele não me respondeu. Claro que ele não ia responder... Ele nunca falava quando tinha que falar, pois era covarde demais até para isso.
─ Sim, o Lee pode me bater mas eu sei que ele se arrepende e que vai continuar me amando até mesmo quando eu o odiar. Isso é o que importa! Eu não vou acabar sozinha no final de tudo! Não vou acabar tendo que lidar com a porra de um amor que me deixou!
E talvez essas sejam as últimas coisas que falei antes de sair dali, calçando botas e pronta para ir atrás de Asuka. Na casa de Asuka, eu poderia dar um jeito de ligar para Lee e resolver tudo. Eu ainda poderia ser feliz com alguém que me amava...
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