☪ . ☆ FOURTY ☆ . ☪
Tava tudo uma bela de uma merda, sinceramente. Eu me sentia um lixo, estava com dores por todo o meu corpo e, apesar de estar conseguindo respirar melhor agora, ainda sentia incômodo com isso. Bem, a pessoa que tinha tentado me matar tinha mesmo se empenhado nisso! Simplesmente sensacional. Aparentemente, voltei para o Japão apenas para me fuder! E foi extremamente difícil convencer minha mãe que estava tudo certo e que ela não precisava comprar passagens para mim e Violeta para que voltassemos para Inglaterra e foi ainda mais difícil convencer Koji a não vir para o hospital com Violeta e foi ainda pior tranquilizar minha filha chorosa por uma tela de celular de que eu estava bem.
Mas pior de tudo mesmo não tinha sido isso, mas descobrir que alguém tinha tentado matar Aya com a porra de uma tesoura. E, sim, eu tentei levantar daquela cama e ir atrás da minha amiga no segundo que soube disso. Mas claro que tinha que ter um imbecil pra me impedir de fazer isso e esse imbecil foi Rindou, que ficou me olhando com pura irritação e, sim, eu o olhei com o dobro de irritação. Porra, tinham tentado matar minha melhor amiga e ele queria que eu ficasse parada, de boa? Tudo bem que eu estava morrendo de tanta dor, mas que se foda! Que. Se. Foda.
Rindou só me deixou em paz no momento que teve que, literalmente, fugir do meu quarto para, sabe, não acabar sendo preso de novo. Um belo de um imbecil do caralho, isso sim. E eu sabia muito bem que ele não demoraria muito para dar um jeito de voltar.
Mas parecia que não seria tão fácil assim ir atrás de Aya, e percebi isso no segundo que a porta do quarto abriu e dei de cara com olhos azuis e um cabelo tão pink que me fazia ter dor de cabeça. Ah, puta que pariu, era tudo isso que eu precisava pra terminar de tornar essa porra de vida mil vezes pior.
Sanzu entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, abrindo um sorriso puramente malicioso para mim. E, sim, eu peguei o copo que estava do lado da cama, bem inclinada a joga-lo bem no meio da cara de Sanzu. E ele deve ter percebido exatamente isso, porque ele deu risada, já que imbecis como ele não tinham medo da morte.
-O que você quer comigo?- eu disse fazendo cara feia. O sorriso de Sanzu ficou ainda maior e ele abriu a boca para dizer alguma coisa quando a porta foi aberta de novo.
Rindou olhou para cara de Sanzu e semicerrou os olhos antes de vir até mim lentamente e arrancar o copo da minha mão. Eu devia era ter quebrado esse copo na cara dele, isso sim! Que porra, agora tô na porra de um quarto com dois caras procurados pela polícia!
-Você deveria ser mais educada.- Sanzu disse, cruzando os braços e apoiando as costas na parede. O sorriso dele se tornou ainda maior. -Já que eu salvei sua vidinha.
-Vai a merda.- eu disse erguendo o dedo do meio para ele e Rindou agarrou minha mão, a abaixando. O olhei irritada e ele me encarou com aqueles olhos roxos, uma mensagem bem clara para eu parar com aquilo. Bem, ele que fosse se foder junto com esse amiguinho do caralho dele.
-Você deveria me agradecer, gatinha. Porque se não fosse por mim, você teria queimado até virar nada.- ele disse com uma risada e Rindou pareceu bem perto de voar no pescoço dele, mas eu o puxei. Bem, se eu não podia bater em Sanzu, ele também não podia!
-Sanzu, acho bom calar a boca.- Rindou rosnou. Sanzu deu de ombros, me analisando.
-Você pode me agradecer quando tiver melhorzinha.- ele disse e abriu um sorriso malicioso. -Vamos ver o que essa boca suja é capaz de fazer.
Rindou engasgou, parecendo incrédulo e, sim, eu dei uma risada levemente nervosa. E, sim, eu deveria dar um chute na cara de Sanzu, mas, sinceramente, não valia a pena o esforço.
-Que porra é essa, Sanzu?- Rindou disse com irritação e Sanzu deu de ombros.
-Qual foi? Salvei a vida dela, ela poderia ser mais agradecida! E porque tá tão irritadinho, hein? Não é como se a gente nunca tivesse dividido a mesma garota, né. - Sanzu soltou. Eu pisquei o olhos lentamente e Rindou abriu a boca algumas vezes, me encarando, mas nada saiu. Sanzu me encarou e revirou os olhos. -Tudo bem, eu fui atrás de você naquele dia porque ia te pedir desculpas pela ameaça. Mas acho que agora não tenho mais porque pedir desculpas, né? Estamos quites.
Sinceramente, não sabia porque ainda insistia em perder meu tempo escutando o que saía da boca desse imbecil. Deus, o que eu fiz para merecer tal coisa?
-Tá beleza, dá para os dois darem a porra do fora daqui?- eu disse irritada. -Sanzu, você pode ir se foder, e sozinho, porque com você eu não irei foder. E, Rindou, se você não vai me ajudar a sair dessa porra, pode ir embora também.
-Tá de sacanagem, né?- Rindou disse, perplexo, e eu arqueei uma sobrancelha para ele. Rindou bufou, mas saiu, empurrando Sanzu para fora, que ainda teve a cara de pau de gritar um "me liga, gatinha". Sinceramente, esse cara é um bosta, e espero que ele se foda, se foda muito!
Eu tremi de tanta irritação e passei a mão pelos meus cabelos, piscando um pouco os olhos para afastar as lágrimas em meus olhos. Tudo tinha ficado tão, tão merda e eu simplesmente... Não conseguia mais esconder o que estava sentindo, sinceramente. Olhei para a meu braço esquerdo enfaixado, pensando no inferno que seria e na dor que eu sentiria quando voltassem para repetir o procedimento para ajudar a cicatrização e fazer outro curativo. Eu queria ir para casa, queria sumir desse hospital, mas sabia que, graças a essa queimadura e aos pontos no meu abdômen e a minha dificuldade para respirar, não sairia daqui tão cedo, o que era um verdadeiro inferno da porra!
-Asuka?- uma batida na porta e, no segundo seguinte, vi Ishiro entrando no meu quarto, parecendo muito preocupado assim que seus olhos caíram sobre mim. -Ah, Deus!
Eu sabia o porque ele estava aqui, sabia muito bem também que ele deve ter tido acesso ao meu depoimento para polícia e se inteirado de tudo o que tinha acontecido no dia do incêndio. E sabia o que meu superior diria antes mesmo de falar.
-Precisa deixar o Japão. - não disse? Eu sabia exatamente que ele diria isso!
Ishiro se aproximou mais da minha cama, segurando minha mão com delicadeza e a apertando de leve. Nos conhecíamos há anos, ele tinha me dado todo o suporte do universo em minhas pesquisas e, se eu era quem eu era hoje, era graças a ele.
-Foi um erro ter te pedido para voltar e eu sinto muito.- ele disse e eu suspirei. -Tentaram te matar, Asuka.
-Eu sei. E eu não vou deixar o Japão, Ishiro!- eu disse reovltada e ele piscou oa olhos para mim, parecendo indignado.
-Como assim não vai? Asuka, alguém fez isso de propósito, queriam você morta!- ele disse com os hos arregalados. -É sua vida que está em risco aqui!
-Eu não vou abandonar minha pesquisa agora.- eu rosnei. -E se essa pessoa quer me matar, vai ter que se esforçar mais!
-Você está brincando com o destino. - ele balançou a cabeça para mim e me olhou seriamente. -Apenas rezo para que sua filha não chore no final pela morte da mãe.
-Se não vai me ajudar, então saía daqui.- eu disse um pouco irritada quando Rindou entrou no quarto. Ele me olhou e franziu o cenho para mim, parecendo confuso com meu tom, mas se aproximou mesmo assim.
-Como você se sente?- ele perguntou, me analisando com aqueles olhos roxos. Eu tombei a cabeça para trás e grunhi.
-Nossa, me sinto incrível, Rindou, nem é como se tivessem tentado me matar.- eu disse cheia de sarcasmo. Rindou cruzou os braços e me encarou.
-Olha, Asuka...- ele começou, passando as mãos pelos cabelos e se sentando na cama ao meu lado, seus olhos cravados nos meus. -Sei que você não tá legal, e eu entendo isso, mas eu não te fiz nada, sabia?
Eu pisquei os olhos antes de passar a mão pelo rosto. Tudo bem, Rindou tendia a ser um merda comigo desse jeito que eu estava sendo no passado, mas acabei de perceber que eu estava agindo como uma babaca igual ele e não gostei nada disso. Estiquei a mão, segurando a dele.
-Desculpa. - eu suspirei e ele torceu o nariz para mim, esticando a mão livre e passando pela minha bochecha de leve.
-Você não precisa me pedir desculpa.- ele murmurou e suspirou. -Só... Eu não sou seu inimigo, Asuka.
Eu sabia disso. Porra, claro que eu sabia disso. Rindou era um idiota da porra e às vezes eu queria mata-lo por ser um babaca, mas eu o amava.
-Eu vou dar um jeito nisso. - ele falou e eu sabia do que estava falando e sabia muito bem o que ele faria no segundo que colocasse as mãos em quem quer que tenha feito isso comigo.
Segurei o rosto de Rindou, o forçando a me olhar. E respirei fundo.
-Sei que você tá envolvido com muita merda, sei que você é a verdeira definição de problema, sei que a gente nunca vai dar certo juntos, mas eu te amo. - eu disse meio baixo e Rindou apenas me olhou, parecendo dividido entre ficar feliz por escutar eu falar que o amava ou me dar um tapa por eu ressaltar o como a gente nunca daria um bom casal. -Pronto. Agora eu posso morrer.
-E pode parar de falar merda também!- ele disse me beliscando com tanta força na perna que me fez chiar. Olhei feio para ele, mas não tive tempo de reclamar porque Rindou grudou a boca na minha, me beijando com tanto amor que fez minha garganta fechar.
-Agora.- eu disse, me afastando dele e o olhando feio. -Me leva até a Aya ou eu vou te jogar por uma janela.
Aya e eu nos abraçamos de um jeito meio torto, uma tentando não machucar ainda mais a outra, e aquilo me fez dar uma risada fraca. Bem, duas fodidas, era isso que nós éramos. E, sim, eu comecei a chorar quando me dei conta que não só quase tinha morrido, mas podia ter perdido minha melhor amiga também.
-Porque tá chorando, sua maluca?- Aya disse, a voz embargada. Empurrei meu ombro no dela.
-Cala essa boca, sua ridícula. - eu choraminguei e Aya riu, me apertando mais contra si. Por um tempo, ficamos em silêncio. -Você salvou minha vida. Obrigada.
Aya ficou em um profundo silêncio antes de apertar minha mão com força na dela.
-Você não podia morrer.- ela disse num sussurro, piscando os olhos para afastar as lágrimas. -Não seria justo.
-E você não pode me assustar desse jeito.- eu murmurei. -Que merda aconteceu, Aya?
-Eu não sei.- ela sussurrou. -Não sei porque aquela lunática queria me matar.
-Mas que merda. Estão tentando matar nós duas.- eu resmunguei. Por um tempo, Aya ficou em silêncio, parecendo pensativa. -Aya?
-Você acha que isso tem algo haver com Ran e Rindou? - ela soltou e eu pisquei os olhos. Por um segundo, fiquei pensativa, mas, então, neguei.
-Eu acho que... Bem, pelo menos no meu caso, eu acho que isso não tem nada haver com alguém querendo afetar Rindou. Foda dizer isso, mas teriam feito algo com a Violeta, não comigo. E quem além de você sabe que eu tô com esse babaca? - eu disse e Aya assentiu antes de fazer uma careta. Eu passei a mão pelo cabelo. -Isso foi diferente, foi pessoal. A pessoa queria que eu morresse e da pior forma possível.
-Você acha que...- ela começou, mas se calou. Olhei para minhas mãos e elas tremiam um pouco.
-Eu acho que foi o Kazume, sim. Mas eu não tenho certeza e muito menos como provar isso.- eu disse num sussurro. -E não posso falar isso para Rindou, porque ele mataria Kazume sem nem mesmo se certificar que é a pessoa certa. Então, só problemas, nenhuma solução. - eu suspirei. Aya parecia séria, bem, bem séria. -E essa garota, Aya... Precisamos descobrir quem ela é e porque fez isso com você. Essa vaca tem que pagar.
-Eu sei. - Aya disse num sussurro. -Eu sei. Tem tanta coisa acotecendo, Asuka...
Aya começou a chorar e eu a abracei com força, meu coração batendo acelerado. E eu também chorei, mas de medo. Medo do que poderia acontecer, medo por mim mesma, mas principalmente medo por Aya. Medo porque Aya não estava apenas tendo a vida ameaçada por lunáticas aleatórias, mas também porque minha amiga estava lidando com tanta, tanta coisa... E eu apenas queria ter uma forma de ajuda-la. Ou de, pelo menos, tirar aquela dor dela.
Merda.
Às vezes eu apenas queria que nós duas pudéssemos fugir para longe daqui.
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