☪ . ☆ FOURTEEN ☆ . ☪
Aya ficava completamente cega quando o assunto era o porra do Lee. Tão cega que chegava a me assustar, porque se um dia ele acabasse a matando, Aya provavelmente ainda ia achar que a culpa era dela. Por um lado, eu entendia; costumávamos ficar meio idiotas quando o assunto era alguém que amávamos, mas isso não era paixão e muito menos tolerável. E também não era amor. Aya tinha gritado na minha cara que eu não deveria me meter na vida dela, mas quer saber? Um grande de um foda se. Ela era minha melhor amiga, minha irmã, e estava cega. Eu não ia deixar Aya se afundar na merda sem fazer nada. Ela podia me odiar para sempre se quisesse, eu não ligava, pelo menos ela estaria viva para fazer isso.
A cada dia que se passava, tinha mais e mais certeza que o que ela tinha com Lee não era amor. Era como se Aya tivesse se agarrado a ele em uma dependência emocinal que me assustava, assustava para um cacete. Sim, eu entendia que Aya tinha ficado sozinha, mas, porra... Lee não prestava, não mesmo! Até Ran que é a porra de um assassino presta mais que esse merda, a começar pelo simples fato que ele nunca, jamais, bateria em Aya. E que Ran realmente se importava com Aya, mesmo que fingisse não estar nem aí.
-Desculpa ter te ligado no meio da madrugada.- murmurei para minha mãe, que estava no quarto de Violeta agora. Ela apenas fez um gesto de tanto faz. -Eu volto logo, se Vi acordar, diga que não vou demorar.
-Vá lá ajudar sua amiga. Violeta vai estar segura aqui.- minha mãe garantiu e eu não pensei muito antes de sair de casa e entrar no carro.
Tudo bem, o dia tinha sido uma porra e a madrugada tava uma puta de uma merda do caralho. E, sim, eu estava assustada com tudo o que tinha acontecido e estava ficando cada vez mais e mais assustada, principalmente com Aya.
Eu precisava me manter calma, ou tudo daria ainda mais errado, mas porque estava com um pressentimento tão ruim? E claro que só ficou pior no momento que cheguei ao apartamento de Aya, vendo a porta aberta.
Tudo bem...
Na verdade, quando entrei, percebi que nada estava bem. Principalmente pelas gotas de sangue espalhadas pelo chão. E ai, eu vi Lee, parecendo a beira de um colapso, o cinto enrolado na mão.
E, como uma pessoa que tinha apanhado a vida inteira, principalmente de cinto, eu entendi exatamente o que estava acontecendo ali.
Não sei de onde tirei forças, mas acho que, por um segundo, a raiva me dominou. Peguei a primeira coisa que encontrei, atirando em cheio contra ele e foi satisfatório ver o vaso atingir ele com tudo. Lee gritou quando vidro espalhou para todo lado, seus olhos se arregalando.
-Seu puto desgraçado do caralho, o que fez com minha amiga?- eu gritei com ele. Lee avançou contra mim, preparado para me bater também, mas eu não ia aceitar aquilo. Há muito tempo eu tinha parado de deixar que homens escrotos fizessem o que queriam comigo. Lee teve a decência de parecer abalado quando apontei o canivete que carregava comigo para ele, para sua garganta. Bem, quando você cresce em uma família bosta e teve um relacionamento com um delinquente, você aprende algumas coisas.
-Você é uma puta louca.- ele disse. Avancei contra ele e Lee cambaleou, caindo de bunda no chão.
-Eu juro, juro por tudo o que é mais sagrado, se você tocar minha amiga novamente, eu vou fazer você se arrepender de ter nascido!- eu gritei na cara dele. -Cadê ela? O que você fez?
-Ela não tá aqui!- ele gritou.
Tudo bem, eu precisava me acalmar. Não esperei por mais nada antes de correr para fora e voltar para o carro.
Certo, Aya não devia ter ido tão longe, né? Merda, merda do caralho!
Eu dirigi que nem louca pelas ruas, meu coração batendo loucamente dentro do peito. Eu poderia lidar com qualquer merda que fosse, mas não aquilo, aquilo não!
Preciso manter a calma. Preciso manter a calma e achar Aya e...
E foi quando eu a vi, andando sem rumo pela rua. Obrigada, Deus! Não pensei muito antes de parar o carro no meio da rua e gritar seu nome. Aya se virou para me olhar, parecendo atordoada. Eu não esperei ela dizer algo antes de puxar minha amiga para meus braços, a apertando com força.
-Vai ficar tudo bem.- eu disse quando Aya começou a chorar, chorar tanto que me assustou. Eu passei a mão pelo cabelo de Aya com calma. -Vai ficar tudo bem, Aya.
E eu realmente desejava que isso fosse verdade.
Aya não quis conversar sobre tudo o que tinha acontecido e eu não a pressionei para que falasse. Apenas cuidei dos cortes pelo seu corpo com calma e carinho, deixando que Aya se instalasse no quarto de hóspedes e dando a ela a privacidade que sabia que Aya precisava.
O rosto de minha mãe estava sério quando encontrei com ela no fim do corredor. E eu sabia que a merda só tinha ficado ainda maior.
-Que história é essa que Violeta conheceu o pai?- minha mãe disse, parecendo bem perto de ter um colapso. Eu deu um longo suspiro, piscando os olhos para afastar as lágrimas que brotaram ali.
-Ele descobriu. - eu disse baixinho. -Eu não pude evitar.
-Ah, meu Deus. - minha mãe sussurrou, visivelmente nervosa. -E agora, Asuka?
-Não tem nada que eu possa fazer. Se eu tentar esconder ela dele, vou acabar morta, mãe. Eu... Eu não quero pensar muito sobre isso agora, tudo bem?- eu disse, descendo as escadas para ir até a cozinha. Café, eu precisava de café!
-Como assim, Asuka? Você precisa pensar nisso, precisa pensar no como vamos tirar Violeta de perto desse maldito psicopata!- ela disse nervosa e eu respirei fundo.
-Mãe, sinceramente, você não conhecê Rindou.- eu disse e ela franziu o cenho para mim.
-E nem você, Asuka.- ela disse, balançando a cabeça. Escutar aquilo, por mais verdade que fosse, era como tomar um soco no estômago. Minha mãe suspirou. -Só... Tome cuidado, tudo bem? Tome muito, muito cuidado, filha.
-Tudo bem.- eu murmurei. Minha mãe me beijou antes de ir embora.
Como tudo tinha dado tão, tão errado em tão pouco tempo?
Uma parte de mim queria desesperadamente ligar para Ran e encomendar a morte de Lee, mas eu não tinha o direito de fazer uma merda dessas. Aya nunca, jamais, iria me perdoar por isso. E eu não tinha esse direito, de me meter nessa merda. Mas, ah, sim. Eu jamais deixaria esse merda tocar novamente na minha amiga, isso era certo.
Escutei uma voz me chamando e me virei para encarar Aya. Ela parecia péssima; simplesmente péssima e ver minha amiga dessa forma me quebrou de milhares de formas diferentes.
-Você quer alguma coisa? Café? Chá?- perguntei e ela negou, sem nem mesmo me olhar. -Um abraço?
Aya deu uma risada fraca antes de assentir e eu sabia que estava chorando quando a puxei para perto de mim, a apertando com força. Passei a mão pelo cabelo curto de Aya com calma.
-Eu sei que você não quer que eu me meta, mas eu irei te falar algo que você precisa ouvir, e irei te dizer isso porque te amo com todo meu coração e tudo o que menos quero é te ver morta por causa de um merda como Lee. - eu falei e Aya abriu a boca, mas não a deixei falar. Me afastei dela apenas o suficiente para fitar os olhos vermelhos pelo choro de Aya. -Ele não merece você. Nunca mereceu e jamais irá merecer você, Aya. Dizer que ele é um merda não é sequer o suficiente. Lee é o pior tipo de cara, Aya. É o tipo que mente, manipula e machuca. Ele entra na sua mente, faz você achar que a culpa é sua, faz você pensar que ele vai mudar, quando claramente não vai. E você está errada se acha que ele te ama. Isso... Não é amor. Não é amor, Aya. Ele abusa de você, não vê? E você está tão dependente, tão dependente dele, que não consegue ver isso. Mas saiba, Aya Takahashi, que não vou deixar você se afundar. Não vou deixar você se tornar completamente Junko e esquecer de quem é a Aya, aquela fodona que meteu porrada em gente otária por muito menos. E, acima disso, não vou deixar Lee destruir você, está me ouvindo? Você me salvou uma vez. E eu farei o mesmo por você, quer você queira, quer não.
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