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Chapter 3 - May, 3th

Aviso básico nas notinhas finais. Espero que curtam o capítulo, eu amodorei escrever ele rs

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Me diga, se minha voz é falsa
Eu não deveria ter me jogado?
Me diga, se essa dor é falsa
Então o que eu devo fazer?”

Eu só acordei no dia seguinte, quando já passavam das 10:30AM. Meu celular denunciava uma chamada perdida de tia Teruko e mensagens não lidas da própria, assim como notificações em redes sociais e uma mensagem de voz que eu provavelmente nunca escutaria, já que estava ali há um bom tempo. Minha garganta estava seca e eu só lembrei do que tinha feito na tarde passada quando meus olhos rodearam o quarto e encontraram o remédio sobre a mesa. Respirei fundo e me levantei da cama de maneira letárgica, indo até o corredor e descendo as escadas para ir à cozinha beber água.

Abri a geladeira e retirei a jarra, colocando o líquido em um copo e bebendo o conteúdo rapidamente enquanto fechava meus olhos e espantava o sono que ainda insistia em permanecer em meu corpo. Deixei o objeto de vidro sobre a pia e me virei para voltar ao meu quarto, mas parei de andar assim que vi as agulhas de minha mãe ainda enfeitando a pequena mesa do canto da sala, ao lado da poltrona que ainda possuía linhas de crochê sobre seu assento.

Eu não sei se foi por conta de algum efeito colateral do remédio ou se foi pela saudade arrebatadora que mais uma vez me atingiu, entretanto, alguns milésimos de segundo depois os meus olhos já se encontravam transbordando de lágrimas e meu coração tão apertado quanto o meu pé quando usei um sapato dois números abaixo do que deveria. A dor de observar cada uma daquelas coisas ali e ser acordada para a realidade de que jamais veria a minha mãe fazendo aquilo de novo me causou mais uma série de lágrimas dolorosas e pesadas que desciam pelo meu rosto juntamente com os soluços que rompiam o silêncio daquela casa e me faziam ter falta de ar.

Me ajoelhei diante da cadeira almofadada e tomei um dos rolos de linha nas mãos. Se me esforçasse o suficiente, ainda poderia vê-la sentada ali, fazendo uma nova peça para vender, me chamando para aprender mais algum movimento iniciante ou pedindo que eu ligasse a televisão em algum canal de culinária. Sempre achei que crochê fosse coisa de gente velha, mas a minha mãe, no auge de seus 40 anos, fazia peças tão perfeitas que seriam vendidas em qualquer lugar que se pode imaginar.

Você precisa fazer com amor. Se fizer com amor e tiver bastante treino, conseguirá resultados tão bons quanto os meus”, ela costumava dizer quando me irritava cedo demais com aquele monte de pontos e vai-e-vens. Aprendi o suficiente para fazer uma peça básica e desisti logo depois.

No entanto, se soubesse que ela iria embora tão cedo, eu teria aprendido um pouco mais. Teria pedido a ela para me ensinar a fazer os tapetes pomposos de bichos e flores que ela fazia com tanta perfeição, ou até mesmo o vestido que uma vez ela preparou para uma festa de gala. Teria tido mais paciência para aprender a fazer os pontos menos apertados e passar a agulha de uma carreira para outra, somente para ter a chance de escutar a sua voz de novo. Teria até aguentado os calos nos meus dedos e passaria madrugadas crochetando ao seu lado, sentindo a sua sabedoria ser transmitida a mim na calada da noite.

Mas, infelizmente, o tempo não voltava e todos esses sentimentos caseiros e aconchegantes ficariam apenas em minha memória, me atormentando. Tudo que eu poderia sentir naquele momento não era a voz suave dela me repreendendo ou as suas mãos me corrigindo nas carreiras, e sim a culpa e a saudade por não ter sido boa o suficiente para ela. Por não ter aproveitado o suficiente ao seu lado e ter preferido me enterrar em minha própria dor do que me permitir ser cuidada por seu carinho constante e delicioso de mãe.

Eu estava fadada ao abandono, à tristeza e à solidão. Qualquer um que tentasse mudar isso, sairia machucado ou acharia tão insignificante ao ponto de deixar para lá depois da primeira tentativa frustrada. Eu não era suficientemente importante para as pessoas se deslocarem de seus pedestais ou deixarem seu orgulho de lado para me ajudar. Talvez jamais seria.

Com a costa da mão, limpei minha bochecha molhada, sentindo a rotineira tristeza preencher cada poro do meu corpo. Quem visse a minha situação, claramente pensaria logo em alguma cena de filme dramático, porque era o que estava parecendo. Ri sem um pingo de graça do meu pensamento, me levantando e colocando as linhas e agulhas no armário ao lado da poltrona para tirá-los do meu campo de visão. Respirei fundo antes de decidir que precisava me desfazer de algumas coisas daquela casa.

Dito isso a mim mesma, eu me dirigi ao meu quarto, onde tomei um banho e me vesti com alguma camisa de manga comprida que eu tinha em meu armário, não me dando ao trabalho de refazer o curativo em meu braço direito. Finalizado as minhas higienes matinais, eu me sentei na cama e peguei meu telefone.

Teruko-san:
Durma bem, pequenina <3
Amo muito você!

Um sorriso ladino tomou os meus lábios ao ler a mensagem tão repleta de cuidado que ela tinha me enviado durante a noite. E mais uma vez eu me peguei agradecendo pela tia que eu possuía, mesmo que tê-la por perto fosse uma das últimas coisas que eu queria no momento e eu estivesse repleta de sentimentos egoístas.

Eu sabia que minha tia sentia uma falta absurda de minha mãe, e eu me sentia culpada — mesmo que não tivesse um pingo de culpa — por tê-las separado tão cedo. Por que raios eu não tinha morrido no lugar de minha mãe? Ela era cheia de vida, alegre, bondosa e engraçada. Eu, uma jovem amargurada e recheada de problemas e demônios internos.

Um toque estridente tocou pela casa, me fazendo dar um pequeno pulo de susto e espantar o marejar dos meus olhos, demorando algum tempo para raciocinar e descer rapidamente as escadas para atender quem quer que estivesse tocando a campainha. Quase engasguei quando vi Jungkook parado na entrada, vestindo trajes sociais de cor azul escura — que o deixaram com um ar maduro que talvez tenha sido o motivo de eu quase ter engasgado  — e dando um leve sorriso quando foi atendido.

— Ahn… Jungkook! — Anunciei feliz, gaguejando um pouco antes de me encostar na porta, confusa.

— Ayumi-chan, bom dia. — Ele saudou. — Vim buscar o paletó.

— Claro! O paletó. Eu sabia. — Menti, falando como se fosse o óbvio. A verdade era que eu tinha esquecido desse detalhe, somente lembrando disso no instante em que as palavras saíram de sua boca. — Vou buscar. Você pode entrar se quiser e esperar aqui na sala. — O convidei, abrindo mais o objeto de madeira para que ele entrasse.

Jungkook assentiu e caminhou devagar para dentro da casa, ficando parado ainda próximo à porta aberta, enquanto eu corri escada acima para ir buscar o que ele queria. Entrei no quarto arfando pela energia gastada e toquei as mangas do paletó, puxando-as e logo indo de encontro à saída. Porém, antes que saísse do quarto e fosse entregar a roupa de Jungkook, meu pé trombou com o pé da mesa e o quadro que estava ali em cima foi ao chão. O som do vidro quebrando provavelmente foi semelhante ao que meu coração fez enquanto observava, com hesitação, a peça caída no assoalho.

Lentamente, me agachei e toquei a moldura, virando-a. A queda causou rachaduras em diversas partes do rosto de minha mãe e do meu, fazendo a foto parecer vários fractais de gelo desordenados e ridículos. Meu peito se apertou e minha garganta ardeu nos instantes em que meus olhos analisaram a imagem, não sabendo se era por causa do que eu via ou porque aquela moldura tinha sido um dos últimos presentes que minha mãe havia me dado — que ironicamente guardava a última foto que nós tínhamos tirado.

Está tudo bem. Isso não foi nada.

Respirei fundo e me levantei, descendo os degraus — bem mais lento do que quando os subi — e estendendo a peça escura na direção de Jungkook, que a pegou. Imaginei que ele fosse sair logo depois que eu fizesse isso, mas ele permaneceu ali, em pé na minha frente. Eu não tive coragem de levantar a cabeça para olhá-lo.

— Ayumi-chan? — A sua voz grave e doce ecoou em meus ouvidos, elevando as batidas do meu coração. Comecei a perceber que isso era uma reação rotineira do meu corpo quando se tratava dele. — Você está bem?

Não respondi. Nem se quisesse, conseguiria, na verdade, porque eu sentia cada pedacinho de mim se contorcer de dor e tristeza, implorando que aquilo tudo fosse um grande e desastroso sonho causado pela minha dosagem exagerada de remédio.

— Ayumi-chan… — Jungkook me chamou mais uma vez, tocando em meu queixo com o indicador e o polegar, erguendo meu rosto logo em seguida.

Chorar na frente de outras pessoas sempre foi uma coisa que eu evitei fazer a minha vida inteira, porque isso significava vulnerabilidade e a última coisa que eu queria passar para os outros era a ideia de que eu era uma garotinha chorona e delicada. Entretanto, eu já havia carregado coisas demais comigo mesma e chega um momento em que você não consegue mais se segurar, ou engolir o choro, ou simplesmente dizer “está tudo bem”. E Jungkook-san estava com uma feição tão compreensiva e preocupada em minha direção que foi impossível não deixar minha armadura cair de meus ombros.

E também, eu não tinha mais ninguém no mundo ao qual poderia recorrer caso precisasse de ajuda. Não mais.

Senti o polegar de Jungkook tocar em minha bochecha, limpando a primeira lágrima que escorreu por ela, dando um suspiro profundo antes de tocar em meus ombros e me puxar para um abraço.

Eu o impedi com as mãos em seu peito.

— Por mais triste que eu esteja, não vou me encostar em você e correr o risco de sujar seu paletó. — Foi inevitável não falar isso, mesmo que eu quisesse muito abraçá-lo.

— Jura, Ayumi? — Ele perguntou, parecendo indignado com as minhas palavras.

— Eu estou falando sério, Jungkook. — Passei a costa da mão pela minha bochecha agora molhada e me apressei a dizer: — T-tira logo isso, por favor.

Ele tinha aberto a boca para retrucar, mas assim que escutou meu pedido, rapidamente passou o tecido pelo seu braço e jogou-o no sofá da sala, indo até a porta e a fechando para então se aproximar de mim de novo.

— Você é louca, Ayumi. — Murmurou, rabugento, esticando a mão até meu ombro para me puxar para perto de si.

No entanto, aquele ato não foi de fato necessário porque no instante em que ele fez menção de me puxar, eu já tinha me lançado em seu peito e o apertado contra meu corpo com força, totalmente necessitada de alguém com quem pudesse desabafar o que quer que eu estivesse prendendo dentro de mim.

Um misto de confusão, dor, saudade, tristeza, apatia e desespero corria pelas minhas veias. As mesmas veias que foram, há pouco tempo, cortadas no chão do banheiro de meu quarto. Soluços altos e um murmúrio sofrido era tudo que provavelmente Jungkook estava escutando, no entanto, havia muito mais. Aquela simples ação de abraçá-lo e permitir a mim mesma desabar significava um grito inaudível de socorro, que eu não podia proferir e que era abafado pelos sussurros desgastantes e destruidores de minha própria mente acabada.

Eu estava tão ferrada.

Como se lesse meus pensamentos, os dedos de Jungkook tocaram meus cabelos, pressionando suavemente o meu rosto contra seu ombro enquanto as minhas mãos seguravam com força a base da camisa social — há pouco tempo limpa — branca que ele usava, em busca de um suporte que provavelmente eu jamais encontraria.

— Está tudo bem, Ayu-chan, eu estou aqui. — Ele disse, em um tom de voz arrastado e baixo, como se falasse com uma criança assustada.

E era exatamente como eu me sentia no momento. Uma criança que havia acabado de ter um pesadelo e ia de encontro aos pais para se proteger. Porém, o meu caso era mais sério e perturbador, porque eu jamais encontraria os meus pais nas minhas noites tempestuosas de pesadelos infantis.

E, com esse pensamento, eu lembrei de quem me abraçava naquele momento. Eu não era o tipo de pessoa que firmava amigos em sua vida, entretanto, ele se mostrou um exceção. Mesmo com todos os problemas e defeitos que encontrou em mim nos últimos anos, nunca se afastou. Ele soube respeitar meu espaço. E, ao rebobinar mentalmente tudo que já tinha acontecido comigo, eu percebi que Jungkook sempre esteve ali, direta ou indiretamente. Desde a minha nota baixa no 8º ano — em que ele me ajudou a estudar —, até a morte da minha mãe no final da minha vida letiva — onde ele me enviou flores e, agora, se oferecia como um ombro amigo.

Ele escolheu ficar.

Jungkook sempre esteve ali, porque se importava comigo. E estava ali, nesse momento, por esse mesmo motivo.

Isso implicava que ele sentiria a minha partida.

Eu não queria que aquele ser humano doce sofresse, era a última coisa que eu queria em toda a minha vida.

O meu choro involuntariamente se tornou mais alto e doloroso ao pensar nisso, e Jungkook me apertou mais em seus braços, como se quisesse fundir o seu corpo ao meu para partilhar do meu sofrimento, apenas para que eu não o fizesse sozinha.

Nós ficamos assim por um tempo, juntos, dividindo alguma coisa que nenhum de nós dois sabíamos o que era, enquanto meus soluços diminuíam até não passarem de lapsos de uma tristeza há pouco sentida em um nível alto demais. Então, Jungkook me afastou suavemente para que pudesse olhar em meus olhos.

— Você já comeu alguma coisa hoje, Ayu-chan? — Perguntou, examinando o meu rosto provavelmente inchado.

Balancei a cabeça em negação e baixei o olhar, subitamente envergonhada por ele me ver naquele estado.

— Você se importa se... eu usar sua cozinha para fazer alguma coisa pra você? — Questionou, duvidoso e com cuidado.

Eu me sentia cansada demais para dizer que ele não precisava fazer nada e que estava tudo bem, então dei de ombros, sentindo-o tocar em meu pulso e me guiar até o sofá da sala, pedindo para que eu sentasse ali e assim o fiz.

Jungkook se afastou e passou pela ilha, indo até a cozinha e me encolhi no meu lugar, abraçando minhas pernas e apoiando minha testa nos joelhos. Escutei o barulho do armário sendo aberto, da louça sendo mexida e do fogão sendo ligado, e eu mais uma vez cheguei à conclusão de que Jungkook era incrível. Ele iria cozinhar para mim, por Deus, quem faz uma coisa daquelas para alguém? Quem faz uma coisa daquelas para mim?

— Eu vou aqui em cima rapidinho, Jung. — Murmurei, me levantando e subindo até o meu quarto.

Juntei e coloquei o quadro quebrado sobre a mesinha, entrando no banheiro e firmando as minhas mãos na pia, fechando os olhos. Após respirar o suficiente e me acalmar, eu me inclinei e lavei o rosto e as mãos, procurando de alguma maneira apagar os resquícios do que tinha acabado de acontecer lá embaixo.

Quando terminei, enxuguei as regiões do meu corpo que estavam molhadas, jogando a toalha sobre a cama, hesitando em voltar para a sala. Entretanto, é claro que eu não deixaria Jungkook sozinho na minha casa e muito menos o ignoraria depois do que ele tinha feito por mim. Depois de tudo que ele tinha feito por mim, na verdade.

O encontrei fritando alguns ovos em uma frigideira e me sentei nas cadeiras da ilha, apoiando meu queixo sobre minhas mãos enquanto observava seu rosto de perfil. Ele tinha enrolado um pouco as mangas de sua camisa e parecia focado em não deixar a sua comida passar do ponto, mantendo as mãos firmes na alça da panela e a boca entreaberta do jeitinho que ele sempre deixava quando estava concentrado.

— Você tá me deixando nervoso. — Ele disse, me fazendo piscar rapidamente por ter sido pega em flagrante. Jungkook sorriu ladino, olhando de relance para mim antes de voltar ao seu foco.

— Você fica fofo cozinhando. — Admiti, dando de ombros por ter sido tão indiscreta, sem me importar em tirar minha visão de seu corpo caminhando pela cozinha. — Você devia fazer isso mais vezes pra mim, eu não reclamaria. — Brinquei, rindo baixo logo depois.

Jungkook também riu, parando seu trajeto de um lado para o outro e olhando para mim.

— Onde ficam os temperos?

Apontei para o armário próximo a sua cabeça e ele acenou brevemente em agradecimento, pegando alguma coisa antes de voltar ao fogão.

— Eu não cozinho muitas vezes, e quando o faço é só pra mim. Você é a primeira pessoa que terá o prazer de comer da minha comida. — Ele olhou para o relógio de parede discretamente, engolindo em seco e pegando uma panelinha para fazer arroz, pondo-a sobre o fogo.

— Você andou de metrô pela primeira vez comigo, agora cozinha pela primeira vez pra alguém e esse alguém sou eu. — Pensei em voz alta, batucando o dedo indicador nos lábios. — Eu realmente tô me sentindo importante. Você tá me mimando, Jungkook, depois não reclama.

— Não se preocupe, não vou. — Ele respondeu tão rápido que me assustei, sentindo minhas bochechas queimarem idiotamente em meu rosto.

Passei a língua pelos lábios para esconder o sorriso que queria surgir por ali, achando graça nas palavras de Jungkook.

Achando graça. Eu estava achando graça de alguma coisa logo depois de sofrer uma crise. A que ponto aquele garoto de cabelos escuros me fazia bem?

— Como estão as coisas pela escola? — Busquei um assunto diferente, vendo-o pegar um prato no armário e colocá-lo na bancada na minha frente.

— Normais. Ainda é o terceiro dia de aula e a instrutora de História passou um trabalho imenso pra minha sala fazer. Me explica como é que se estuda sobre época medieval e faz um “resumo” de 5 páginas? — Seu timbre saiu agudo em sinal de revolta, me fazendo rir. — Nem os resumos que eu faço da empresa do meu pai dá 5 páginas, sinceramente.

Franzi o cenho com aquela confissão, semicerrando os olhos.

— Empresa do seu pai?

— Oh, você não sabia? — Ele endireitou a coluna, fazendo um “o” mínimo com a boca.

— Não sabia do quê, exatamente?

Jungkook voltou sua atenção à frigideira, colocando os ovos no prato e retornando ao fogo para ver se o arroz estava bom.

— Do quê exatamente você não sabe? — Questionou.

— Seu pai tem uma empresa, é?

Ele acenou afirmativamente com a cabeça. Isso explicava o SUV da Hyundai que ele usava.

— E você trabalha nessa empresa. — Concluí o óbvio, e mais uma vez ele afirmou. Isso explicava a sua roupa social em tardes frias. — O que vocês fazem lá?

— Nós somos uma multinacional. Mexemos com imóveis. — Deu de ombros, fazendo um bico ao observar o arroz. Pareceu ponderar sobre suas palavras antes de prosseguir. — Escuta, há quanto tempo você não come?

Eu não consegui segurar um grunhido insatisfeito de escapar por entre meus dentes, totalmente cansada de escutar aquela pergunta mais uma vez em menos de vinte e quatro horas.

— E o que você faz na empresa? Trabalha na administração ou algo do tipo? — Ignorei sua segunda fala e imaginei o posto ocupado por Jungkook. Ele fazia o tipo de cara que trabalhava com contas, planilhas e dinheiro, com certeza.

Ele não pareceu se abalar pelo fato de eu ter ignorado-o de uma maneira tão brusca e se encostou no armário, cruzando os braços na minha direção, a colher usada para mexer no arroz pendendo de sua mão direita.

— Aham. Sou vice-diretor da ala administrativa da empresa. O segundo cargo mais alto, abaixo apenas do cargo do meu pai. — Eu podia ter imaginado coisas, mas aquilo pareceu soar infeliz ao sair de sua boca.

— E isso é ruim? — Arqueei uma das sobrancelhas.

— Quando ainda se é um estudante do colegial, é sim. Muito ruim, aliás. — Ele desviou sua atenção para o piso, suspirando em um sinal aparente de cansaço.

Apesar de conhecer Jungkook há tanto tempo, eu não fazia a mínima ideia de que seu pai tinha uma empresa e que ele cuidava de uma coisa tão importante nela. Sabia que ele era muito bem de vida, mas a ideia de ser filho de um empreendedor foi uma coisa que com certeza não tinha passado pela minha cabeça em todos aqueles anos. E mesmo que ele não tivesse todo o tempo do mundo para se dedicar aos estudos, suas notas sempre foram brilhantes. Subitamente me senti mal por não saber de uma coisa tão simples como essa, apesar de ter plena consciência de que Jungkook não ficaria chateado por eu não prestar atenção nesse detalhe de sua vida.

— E o Jimin? Como vocês se conheceram? — Eu estava gostando daquele momento, onde podia me dar ao luxo de conhecê-lo um pouco mais. Era bom conversar sobre coisas banais com alguém que não fosse minha família.

— Eu e Jimin nos conhecemos desde criança. Nossos pais são sócios. — Explicou, e seus lábios desenharam um meio sorriso em seu rosto. — Eu não faço ideia do que seria de mim sem ele. Com certeza já teria cometido algum crime com algum cliente. É com certeza o melhor amigo que eu já tive em toda a minha vida.

Meu coração pareceu derreter dentro do meu peito pela maneira carinhosa e amável que Jungkook falava sobre Jimin, deixando impossível, dessa vez, que eu segurasse o meu sorriso.

— Mas já chega de falar de mim, não? — Jungkook olhou para a panela, tirando-a do fogo e despejando uma parcela generosa sobre o meu prato. — É melhor você comer.

Aceitei sua oferta e peguei a colher que ele estendia na minha direção, esfriando rapidamente a comida antes de enfiá-la na boca. Jungkook parecia aqueles participantes de programas culinários, me olhando com expectativa.

— Hm, está muito bom. — Admiti, vendo-o sorrir acanhado, colocando uma das mãos na nuca.

— Desculpe por essa comida simples, mas foi o máximo que eu pude fazer.

— O quê? Por favor, Jungkook, você fez até demais. — Balancei a cabeça, vendo-o franzir o nariz de uma maneira muito engraçada. — Tá ótimo, você é incrível.

Ele arqueou uma das sobrancelhas, passando a língua pela bochecha como se segurasse um sorriso de destoar em seu rosto. Eu sorri.

Depois de mais algumas colheradas, Jungkook se sentou no banco ao meu lado, com seu corpo parcialmente virado para o meu. Ficou quieto por um tempo, não tardando em falar algo.

— Quais são seus sonhos? — Perguntou.

Ponderei em alguma resposta por uns segundos, pegando um pouco de comida e questionando-o sem palavras se ele queria. Afirmando com a cabeça, eu direcionei a colher até sua boca, vendo-o mastigar o conteúdo na espera de minha resposta.

— Sinceramente? Eu não faço ideia. — Confessei e imaginei o misto de confusão que deveria ter se formado em seu rosto, me surpreendendo por encontrar nada mais do que uma expressão compreensiva exposta ali.

— O que você gosta de fazer?

— Dormir. E talvez ler. — Coloquei mais uma colherada em sua boca. — E você?

Ele demorou um pouco para responder por estar engolindo a comida.

— Gosto de jogar videogames. Gosto muito mesmo. — Ri por aquele seu hobby, encolhendo os ombros. — Gosto de treinar também.

— Treinar o quê?

— Karatê. E simplesmente a academia em si. Gosto de trabalhar meu corpo.

Talvez eu devesse ficar surpresa, mas como eu já tinha ideia de que ele fazia algo parecido — porque seu corpo realmente era bonito e definido —, apenas assenti com a cabeça.

Ficamos calados até nós dois — sim, nós dois — terminarmos a comida. O ar parecia bem menos pesado e sufocante com a presença dele ali. Quando Jungkook avisou que precisava ir embora, eu apenas assenti, porque sabia que ele provavelmente tinha um compromisso.

— Obrigada. — O agradeci sinceramente enquanto ele colocava o paletó azul e dobrava cuidadosamente o preto em seu antebraço.

— Não foi nada. Eu gostei, obrigado por isso. — Ele foi até a porta e eu a abri, sorrindo em sua direção. — Se você precisar de mim, por favor, me chame. Eu falo sério. — Seu tom grave elucidava a seriedade daquela frase.

— Eu sei que fala, obrigada, Kookie-san. — Mesmo que eu já soubesse, escutá-lo falando aquilo me trouxe uma borboleta deliciosa no estômago.

— Okay. — Ele assentiu e se aproximou de mim, colocando as palmas ao redor de meu rosto e beijando demoradamente minha testa, casto e carinhoso.

Sorri mais uma vez, fechando os olhos para apreciar aquele momento por alguns instantes.

— Tchau.

— Tchau, obrigada. — Sussurrei em resposta, vendo-o caminhar até o seu SUV preto de praxe e entrando no banco do motorista.

Fechei a porta logo em seguida, suspirando profundamente por sentir que a confusão dentro de mim havia aumentado depois daqueles momentos tão íntimos com Jungkook.

Eu não queria, ou melhor, não deveria deixar que aquilo se repetisse.

Eu precisava me afastar dele. O mais rápido possível.


AAAARGH, EU AMO DEMAIS O JUNGKOOK AAAAAAAAAAAISVAIAVAUABAIAJAA

Stream DNA. Amo vocês, e aviso que não posso com esse casal.

Perdoem o atraso, aconteceram várias coisas na última semana e eu me enrolei um pouco na hora de postar, desculpem mesmo.

Ps: Eu acho que não tenho estruturas pra ir em um show ao vivo dos meninos, Love Yourself in Seoul veio aí pra me provar isso.

Xoxo,
~Ally

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