Chapter 10 - May, 7th
"Você me tem ao seu lado
Eu respiro quando vejo você
Eu te tenho ao meu lado
Nessas noites escuras como breu"
Depois daquilo, passei o resto da tarde com um sorrisinho bobo despontando na boca. A sensação deliciosa dos lábios de Jungkook nos meus era rebobinada em minha mente a cada cinco minutos e me fornecia uma boa quantidade de borboletas no estômago, que saboreavam aquela sensação como se fosse única e inesquecível. E, na verdade, era. Jeon Jungkook e eu nos beijamos, qual é, isso realmente era uma sensação única e inesquecível.
No entanto, após o acontecido, nós não comentamos nada acerca do que estava rolando entre a gente. Talvez fosse melhor assim, e eu não ligava muito para esse tipo de coisa.
Na manhã do dia seguinte, Jungkook me mandou uma mensagem perguntando se eu estava disponível para dar uma volta de tarde e, agora, ele se encontrava na frente da minha casa, encostado no batente da porta com um sorriso travesso despontando dos lábios bem desenhados e os braços cruzados no peito.
— Você quem decide, Ayumi-chan.
Mordi os lábios, indecisa.
— Para de deixar decisões difíceis na minha mão, Jungkook-san! — Reclamei, em uma falsa indignação. — Como você quer que eu decida entre praia e cinema?
— Decidindo. Ou pelo menos escolha um para fazer primeiro, porque não posso te levar nos dois lugares hoje.
Suspirei, colocando as duas opções em uma balança imaginária para cogitar o que mais valia a pena naquele momento.
— Praia.
Ele sorriu vitorioso com a minha resposta, como se já soubesse dela há muito tempo, e afirmou com a cabeça antes de apontar para o carro e me chamar para entrar.
— Se você quiser tomar banho na praia, pode ir buscar alguma roupa pra usar, eu espero.
— Você vai tomar banho?
— Não. — Ele fez uma careta engraçada, apontando para a sua calça jeans e camisa larga branca, deixando bem claro que aquilo, no entender dele, não era roupa para se tomar banho de praia.
— Ah, nada a ver, Jungkook. — Resmunguei enquanto fechava a porta atrás de mim e o acompanhava até o carro. — Mas, você tem sorte que eu não estou afim de tomar banho de praia. Senão, com certeza você entraria com essa roupa na água, querendo ou não. — Sorri de maneira convencida em sua direção, acomodando-me no banco de couro e colocando o cinto de segurança.
— Eu não duvido da sua capacidade de me convencer, Ayu-chan. Ou de me obrigar a fazer coisas. — Ele também sorriu, me encarando rapidamente enquanto ajeitava o retrovisor e ligava o carro. — Você já foi em quantas praias daqui do Japão?
Rebobinei minha vida, tentando me lembrar da última vez em que havia pisado em uma praia.
— Ahn… acho que só uma. Quando eu tinha 15 anos. — Entortei a boca. — Mas não foi tão legal porque eu peguei muito sol e fiquei parecendo uma pimenta.
Jungkook riu alto, com aquela mania fofa dele de franzir o nariz, e eu cruzei os braços, o acompanhando com uma risada contida.
— Não ri, palhaço. Eu fui pra escola por dias com roupas longas e óculos escuros pra tentar esconder ao máximo minha situação. Eu era meio burra. — Jungkook permaneceu com um sorrisinho nos lábios, atento às minhas palavras.
— Não foi uma ideia tão ruim. As pessoas, incluindo eu, acharam que você estava naquela fase que não quer falar com ninguém, só se esconder. Até porque você se sentava na última cadeira e tudo o mais.
— Você era meu stalker desde aquela época, Jungkook? — Semicerrei os olhos na sua direção, sorrindo.
— Todo mundo reparou em você, Ayumi-chan, não foi só eu. Com uma roupa daquelas você chamava a atenção até da diretora. — Ele riu e balançou a cabeça.
— Idiota. — Revirei as orbes, rindo baixo pela veracidade das palavras.
O silêncio pairou pelo ambiente e a música do rádio tomou conta do carro. De relance, vi Jungkook dublando as músicas que tocavam e me senti tentada a pedir-lhe que soltasse a voz, mas não o fiz.
— Qual praia nós vamos? — Questionei-o suavemente, relaxando o corpo na poltrona.
— Eu pensei em irmos nas praias mais próximas de Tokyo, porém, eu não gosto muito delas. Talvez nós demoremos uma hora pra chegar, então você pode descansar um pouco se quiser.
Virei suavemente a cabeça para observá-lo dirigir, sorrindo pequeno quando suas íris escuras encontraram as minhas.
— Obrigada, Jungkook. Você é incrível. — Sussurrei, realmente grata por ele tirar do seu tempo para termos algum lazer juntos.
— Não é nada, Ayumi-chan. Felizmente meu pai me liberou pra fazer esse passeio, senão eu sairia fugido que nem da última vez e não terminaria nada bem. — Soltei uma risada fraca pelo nariz. — Nós dois estamos precisando de umas férias, não acha?
— Acho. — Concordei, acompanhando sua risada logo em seguida.
Então, nos calamos novamente. O clima dentro do carro passava o reconforto rotineiro que Jungkook exalava, e ficou melhor ainda quando ele retirou a sua mão que estava na marcha automática para juntar na minha. Nós ficamos a viagem inteira assim, com seu polegar alisando o meu, nossos dedos entrelaçados e um ar leve e calmo. Por Deus, eu adorava me sentir bem daquele jeito. Adorava o modo como aquele garoto conseguia me transformar de caos para paz e me fazer esquecer dos meus problemas por alguns minutos.
Jungkook era, além de calmaria, transformação. E talvez ele estivesse começando a me transformar. Não exatamente do jeito que minha mente cogitava, mas com certeza do jeito que minha alma queria. Porque, afinal, desde que ele tinha aparecido na minha vida, tudo parecia ter arranjado uma mísera faísca de significância. Eu provavelmente poderia estar me enganando, achando que agora tudo poderia acabar bem, entretanto, eu queria acreditar naquilo. Queria acreditar que eu não era meus problemas e que eu poderia seguir em frente. Queria voltar a sonhar. Porém, eu sabia o que eu tinha. E que não seria de uma hora para outra que tudo se transformaria de chuva para arco-íris.
Experiências, sejam elas boas ou ruins, são o que regem a vida. E eu tinha que aproveitar a experiência maravilhosa que era conviver com Jungkook, porque sabia que ele provavelmente seria a única da qual jamais me arrependeria.
-•-
A água de um azul cristalino que minha visão me permitiu enxergar foi, com certeza, uma das melhores paisagens que eu já tive a chance de ver. A praia que Jungkook nos trouxe era um pouco distante, mas, valia a pena, porque, além de ser muito bonita, era pouco visitada, o que nos trazia mais privacidade. O sol quente e gostoso da primavera me fez sorrir e fechar os olhos para apreciar a deliciosa sensação que aquele lugar me trouxe, e me peguei pensando no quanto que eu tinha saudade daquilo. De sair, visitar lugares e sentir a natureza na pele.
— Jungkook, aqui é muito lindo. — Murmurei, ajeitando os fios que balançavam pelo meu rosto.
— É, não é? — Ele colocou as mãos no bolso e se encostou no carro, encarando as ondas a alguns metros de distância de nós dois. — Vem, vamos dar uma volta. — Ele guiou-me, colocando nossos sapatos dentro do carro e me puxando pela mão para pisar na areia fofa.
Sorri mais uma vez, apreciando as cócegas causadas pelos grãos entre meus dedos do pé. Jungkook sorriu também. Senti vergonha, porque parecia que eu nunca tinha pisado em uma praia, entretanto, logo passou quando puxei Jungkook para uma maratona até a beira da água. Passei a língua pelos lábios, sentindo o sal característico daquele tipo de lugar. Simples, mas incrivelmente significativo.
Nós caminhamos, permitindo que as ondas molhassem nossos pés, e, depois de um tempo, Jungkook me chamou para sentar em uma pequena praça que tinha ali perto, na calçada. As poucas crianças que estavam lá saíram para tomar banho na praia, deixando eu e Jungkook sozinhos, sentados nos pequenos balanços de lá — sim, e a ideia foi minha, inteiramente minha.
— Jungkook, me balança. — Sorri em sua direção, tentando persuadí-lo àquela infantilidade.
— Nem precisa pedir duas vezes. — Respondeu.
Talvez Jungkook fosse realmente uma criança em corpo de gente grande.
Ri enquanto ele se posicionava atrás de mim para iniciar a brincadeira, logo me empurrando alto o suficiente para que eu sentisse um frio gostoso no estômago. Então, ele se afastou para o lado, me olhando com um sorriso grande igual o meu no rosto, como se estivesse vendo uma coisa muito fofa acontecendo ali, e eu continuei me balançando, achando muito boa a sensação de liberdade que fazer aquilo me proporcionava.
Então, quando eu parei o balanço e ri mais uma vez, idiota, Jungkook se aproximou e se ajoelhou na minha frente, segurando ligeiramente as mãos e apoiando os cotovelos em suas coxas, passando a língua pelos lábios.
— Ayumi-chan, teve o momento em que eu te impulsionei no balanço e você foi alto, não é? — Assenti com a cabeça, percebendo que era mais um daqueles momentos em que ele me ensinaria algo, buscando não me distrair para entender mais uma daquelas metáforas tão maravilhosas que ele me passava. — E também teve o momento em que eu me afastei, e você mesma se manteve alto, balançando-se sozinha, não é? — Mais uma vez assenti. — É isso que você precisa entender, botan — sorri boba ao escutar o apelido, sentindo meu coração acelerar pelo simples fato de vê-lo abrir a boca. — Mesmo quando ninguém estiver ali para te impulsionar a ir mais alto e continuar seguindo em frente, você precisa ter a força necessária pra fazer isso. Basta confiar em si mesma e permitir-se lutar. Não desistir também é possível. Sempre é.
Ele se ergueu e estendeu a mão para mim. Levantei-me e Jungkook sorriu pequeno.
— Ter a ajuda de alguém nos nossos momentos ruins e bons é importante, mas se ninguém estiver lá quando você necessitar, você terá que se manter no alto e em pé sozinha. Não estou falando isso porque vou me afastar de você, porque isso não vai acontecer. — Ele apressou-se em falar, me causando uma breve risada. — Estou falando isso porque quero que você entenda que é forte e pode enfrentar o que vier. Não deposite sua força e esperança em outra pessoa, é responsabilidade demais para esse alguém. — Inesperadamente, senti sua mão tocar a minha, levantando-a e entrelaçando nossos dedos na altura do meu ombro. Ele sorriu, evidenciando seus dentes, me levando a fazer o mesmo. — Ao invés disso, compartilhe a sua força com o outro. Seja a sua própria força, mas, quando tiver companhia, não faça tudo sozinha.
Observei nossas mãos juntas, mordendo os lábios.
— E-eu… eu não entendi… Quero dizer, é errado eu encontrar em você motivos para continuar vivendo? — Murmurei, encarando-o à procura de consentimento. Ele levou a mão livre até minha bochecha, alisando a região.
— Não, não é isso. É errado você encontrar motivos para viver só em mim. — Esclareceu, sério. — Eu não quero que você deposite suas esperanças em mim porque eu sou falho e não sei do futuro. Eu quero que você entenda que é o seu próprio sol e o seu próprio mundo, mesmo que não ache isso agora, e que, se por alguma loucura do destino eu não estiver mais aqui amanhã, você terá forças para se manter de pé.
Molhei novamente os lábios, mordendo-os em seguida e refletindo sobre o que acabara de escutar. Jungkook me puxou para perto e envolvi sua cintura, sentindo-o beijar minha testa antes de continuar:
— Não quero que faça de mim o seu único mundo porque senão você não terá para onde fugir se ocorrer um apocalipse. — Meu coração acelerou. Demorei algum tempo para permitir que as palavras saíssem da garganta.
— E se eu estiver em um apocalipse, Jeon? — Questionei-o suavemente. — E se meu mundo estiver desabando, para onde eu vou fugir?
— Você não vai, Ayu-chan. Você fica e luta contra o que quer que tenha causado seu apocalipse. E, agora — aconcheguei-me mais em seu peito —, eu estou aqui. Posso te ajudar a conquistar de novo o seu mundo.
Sorri, soltando um pouco de ar dos pulmões e me afastando para observar seu rosto. Toquei em sua bochecha, deslizando os dedos até a sua nuca e puxando-a para juntar nossos lábios em um selinho casto, sentindo o sal do mar invadir minha boca quando aprofundamos o beijo. Puxei levemente sua camisa com minha mão livre, tocando em seu abdômen pelo tecido claro e sentindo a região se tensionar com meu toque suave. Jungkook parou o que fazíamos apenas para sorrir com nossas testas coladas e novamente me beijar, dessa vez com mais lentidão que o início, como se quisesse aproveitar cada movimento de nossas bocas unidas e cada toque de minha mão em sua pele, ou apenas queria escutar melhor o som gostoso que nossas bocas faziam quando trabalhavam em conjunto daquele jeito.
Sua mão permaneceu na base da minha coluna quando nos afastamos e foi para a minha cintura quando ficamos lado a lado para observar a praia.
— Jungkook-san… — Ele murmurou baixo em resposta. — Você ainda vai trabalhar hoje?
— Não. Por quê?
— Vamos tomar banho. — Convidei-o, tirando meus olhos da água para ver sua expressão confusa característica.
— O quê? Não, não, Ayu-chan, eu não trouxe nada pra banho e você também não.
— E daí? Vamos tomar banho de calça jeans e camisa mesmo, ué. — Dei de ombros, começando a puxá-lo pela mão em direção ao mar. Ele hesitou, tentando me impedir.
— Não, Ayu-chan, você já vai começar com suas loucuras? — Ele possuía um tom minimamente assustado, o que me fez rir.
— Já, já sim, querido, vamos logo. — Ri, puxando-o, no entanto, ele parecia disposto a não ir comigo. — Vamos, Jungkook! Para de ser chato.
— Ayumi-chan, eu avisei que não ia tomar banho. — Se defendeu, estancando os pés no lugar e me fazendo bufar em frustração.
— Ah, Jungkook, deixa disso. — Cruzei os braços, dramática. Então, decidi convecê-lo de uma maneira mais prática e que com certeza funcionaria. — Vamos, por favor, Kookie. Essa pode ser a última vez que viremos pra uma praia juntos. — Juntei nossos corpos mais uma vez, segurando em sua mão e fazendo a melhor cara de decepção que pude. — Por favor… — Eu sussurrei, encarando sua orbes tão próximas da minha, vendo-o morder os lábios de uma maneira tão provocativa que eu quase cogitei realmente a ideia de não irmos para a água.
— Pra sua informação, essa não vai ser a última vez que viremos em uma praia juntos. Mas você me convenceu, botan. — Ele deu uma breve pausa antes de sussurrar. — Como sempre. — Ri enquanto o puxava pela areia, vendo-o balançar a cabeça em negação.
Quando senti a água gelada na perna, fiz menção de voltar para a terra firme, mas Jungkook me impediu com seu corpo e me forçou a continuar caminhando. Depois de um tempo, o sol equilibrou um pouco a temperatura, e logo a água não estava mais tão ruim assim, nos deixando livres para mergulhar e se divertir.
E, depois que mergulhamos a primeira vez, eu me surpreendi com um Jeon Jungkook sorridente parado do meu lado, balançando os fios molhados de um lado para o outro como um cachorro e, principalmente, com uma camisa branca estupidamente transparente colada ao corpo, parecendo mais com uma obra de arte do que com um garoto de dezenove anos.
— Ayumi-chan. — Jungkook me chamou um pouco longe, com a água batendo no meio de seu peito. — Me aproximei dele, curiosa. Seus dedos ajeitaram meu cabelo encharcado atrás da orelha antes que falasse. — Você entendeu o que eu quis dizer no parque?
Levei um tempo para responder.
— Aham. — Fui sincera. — Mas, só porque entendi, não quer dizer que vou praticar. Você sabe… — Passei a língua pelos lábios, desviando o olhar do seu. — Não é fácil achar qualidades em si mesmo. Ainda mais em mim.
Ele assentiu com um breve movimento de cabeça, compreensivo.
— É, eu sei como é difícil. — Suspirou. — Às vezes eu só queria que você pudesse se enxergar pelos meus olhos, Ayumi. E pudesse ver o quanto que você é maravilhosa.
Senti minhas bochechas queimarem enquanto eu sorria, boba.
— Algum dia você lista as minhas qualidades e me entrega pra eu poder analisar e ver se você não é iludido. — Brinquei, vendo-o revirar os olhos.
— Algum dia eu listo elas e te entrego pra ver se você se imagina como realmente é, botan, pode deixar. — Sorriu minimamente antes de calar-se. Ri, bagunçando seus fios compridos com as mãos e me aproximando um pouco mais de si.
— Obrigada. — Agradeci-o, do fundo do coração. Ele já deveria estar cansado de me escutar falando aquilo, no entanto, eu realmente era muito grata a cada segundo que ele me permitia desfrutar ao seu lado, e jamais cansaria de lembrá-lo disso. — Isso aqui tá muito bom, não acha? Devíamos repetir mais vezes. — Comentei, mudando o foco.
— Nós deveríamos repetir muitas coisas juntos, Ayumi, não só isso. — Ele riu, mas foi uma risada baixa e grave. Então, senti suas mãos tocarem na minha coxa e erguerem minhas pernas, entrelaçando-as na sua cintura.
Sorri.
— Você acha? Por mim, só deveríamos repetir a vinda nessa praia mesmo. — Fingi indiferença, passando meus braços por seu ombro sem tirar o pequeno sorriso dos lábios.
Ele riu mais uma vez, concordando. — Se você me prometer que também vai tomar banho da próxima vez que a gente vier aqui, eu te trago sem problema nenhum. Porque você fica bonita molhada desse jeito.
Eu pensei em negar, entretanto, sabia do que ele estava falando porque foi exatamente o que eu pensei quando vi as gotinhas de água salina escorrerem por seu rosto bem desenhado. Eu já disse que Jungkook parecia muito com uma obra de arte?
— Só se você entrar junto comigo. — Alertei-o. Ele sorriu, beijando meu pescoço em resposta e me causando cócegas quando moveu a boca até meu ouvido.
— Você é linda, botan. Obrigado por existir na minha vida.
Ri, compreendendo que aquele era seu modo de me lembrar de suas palavras anteriores. Ele realmente me enxergava do mesmo jeito que eu o enxergava?
— Jungkook…
— Hum? — Ele permaneceu com a cabeça debruçada em meu ombro, soltando leves lufadas de ar em meu pescoço úmido.
— Eu vou tentar fazer o que você disse sem precisar da sua lista...
— Porque você precisa encontrar suas qualidades sozinha. — Complementou-me, compreensivo. — É isso mesmo, botan. Está aprendendo rápido, parabéns. — Brincou, me fazendo revirar os olhos. Ele ergueu a cabeça e me olhou por um curto período de tempo, piscando lentamente como se não tivesse pressa em tirar-me de seu campo de visão. — Eu disse que você é maravilhosa. — Sentenciou, bobo, enquanto eu me inclinava sobre seu rosto para beijá-lo novamente.
Poderia demorar até que eu me enxergasse como a pessoa que ele falava, entretanto, conhecendo Jeon Jungkook como eu conhecia, se ele me enxergava daquele jeito era porque eu realmente era mais do que uma garota defeituosa e sem graça.
Nós ficamos na praia por bastante tempo — e não, dessa vez eu não fiquei igual um pimentão, porque Jungkook me fez sair da água para ir com ele comprar protetor solar — e tivemos problemas para entrar molhados no carro, porém, demos um jeito — ou não demos, porque simplesmente sentamos com as roupas encharcadas nas poltronas — e a viagem de volta foi tão tranquila quanto a ida. Respondi uma das mensagens de minha tia com uma foto de Jungkook dirigindo, o que a fez mandar mensagens um tanto quanto suspeitas e dizer que estava feliz por saber que o problema entre a gente tinha sido resolvido. É, eu também estava.
Ele me deixou em casa quando já passavam das seis da noite e nós nos despedimos depois que eu o agradeci mais uma vez pela tarde que tivemos. Quando passei pela porta de entrada, deixei que um suspiro derrotado escapasse por meus lábios. Me sentia muito feliz por ter Jungkook perto de mim, mas, por que sempre que estávamos distantes um do outro, eu voltava a pensar no quanto que ele era incrível demais para mim? E que nós nunca daríamos certo? Eu era tão instável quanto as ondas daquela praia, e isso poderia arruinar tudo aquilo que eu estava vivendo.
Tomei um banho para tirar o sal do corpo e peguei meu celular para ver a mensagem nova que eu havia recebido.
Jungkook-san:
Amanhã nós não poderemos nos ver, Ayu-chan. Mas, se precisar de mim, pode me ligar.
Okay?
Me:
Okay.
Organizei alguma bagunça que tinha no andar de baixo e ocupei minha mente com qualquer coisa até dar a hora de dormir. Revirei na cama por tempo o suficiente para perceber que eu não iria conseguir chegar a lugar algum daquele jeito e me sentei, frustrada, olhando ao redor em busca de alguma solução. Então, meus olhos pousaram sobre o potinho de remédios para dormir na mesinha ao lado da cama. Estendi a mão para pegá-lo, entretanto, hesitei, fechando os olhos e soltando o ar preso em meus pulmões, disposta a não cometer mais o mesmo erro duas vezes.
Disquei o número que eu sabia que poderia me ajudar naquele momento e esperei os toques serem extintos e sua voz rouca e doce agraciar meus ouvidos.
— Ayumi-chan?
— Jungkook-san… — Murmurei, engolindo em seco. — Você me disse que era pra compartilharmos nossas forças, não é?
Ele assentiu. Hesitei, como sempre fazia quando precisava mostrar aquele meu lado para ele. Talvez eu tivesse medo de que ele me achasse menos incrível quando soubesse o quanto eu era psicologicamente ferrada, apesar de tudo.
— Eu não quero fazer nada de errado, Kookie-san, por favor, fica falando comigo. — Encarei o teto, fechando os olhos em seguida. — Eu preciso da sua força agora, me desculpa… — Pedi, sabendo que eu queria demais dele. Que eu sempre exigia mais dele do que ele de mim.
— Eu estou aqui, Ayumi-chan, fica tranquila. E não vou sair. — Garantiu-me.
Senti a primeira lágrima silenciosa escorrer pelo meu rosto enquanto ele professava algumas palavras através do telefone, presente. Ele ficou ali, com seu timbre grave invadindo meus tímpanos, conversando comigo sobre coisas banais o suficiente para que eu pudesse relaxar um pouco.
Eu queria tanto ser digna dele. Tanto.
— Ayu-chan? — Ele me chamou, querendo saber se eu ainda estava escutando-o do outro lado da linha. Murmurei em resposta, sonolenta. — Você vai ficar bem.
Sorri, sentindo meu corpo responder positivamente a sua afirmação.
— Obrigada, Jungkook. — Sussurrei.
Ele se calou e eu adormeci depois de alguns minutos escutando sua respiração em meu ouvido. Adormeci antes que pudesse escutar suas palavras de despedida dirigidas a mim.
— Fique bem, botan… Eu amo você.
OKAY, MAS E AÍ, HOJE É ANIVERSÁRIO DO JUNGKOOK E EU NÃO TÔ SABENDO LIDAR COM ISSO!
Espero que me perdoem pela demora, eu planejava postar isso aqui meio dia pra comemorar o niver do JK, mas aí veio essa bomba de notícias, E AQUELE VÍDEO MARAVILHOSO DO JUNGKOOK CANTANDO QUE EU TÔ EM LOOP DESDE A HORA QUE ELE POSTOU, CARAMBA, e aí eu atrasei tudo porque entrei na famosa crise existencial pós-voz do Jungkook.
Espero que tenham curtido esse capítulo e absorvam tudo que eu quero passar a vocês por ele.
LEIAM A HISTÓRIA DA _meninadojardim, ELA É UMA INSPIRAÇÃO DIÁRIA DA MINHA EXISTÊNCIA COMO ESCRITORA, AMEM-NA.
Vocês são incríveis, obrigada mesmo pelo feedback positivo nessa história, nem tenho como agradecer vocês por tamanha benção. CÊS SÃO TOPS.
(Eu ainda não tô superando o Jungkook e o seu vídeo, ESSA MÚSICA VAI SER TÃO BOA. Mas, afinal, quando eu superei ele, né?)
Xoxo,
~Ally
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