-7-
Até quarta daquela semana Ludmilla já tinha entregado todos os cinco currículos por várias empresas que procuravam uma pessoa com suas formações. Ela estava ansiosa, não iria mentir, ficava com o celular por perto com medo de receber alguma ligação e acabar não atendendo mas tinha plena consciência que poderia demorar até um mês para ser chamada para uma entrevista, se é que fosse ser chamada.
Já Brunna, estava chegando mais cedo do que na semana anterior e percebe muitas mudanças no clima do apartamento com a chegada de Ludmilla. Antes o local era muito silencioso, sem o cheiro bom da comida pronta, sem vozes e risadas e Rafaela poucas vezes estava fora do quarto, diferente de agora. Sempre que Brunna abria a porta ouvia Rafaela rindo, conversando animadamente ou brincando com Cecília, muitas vezes até mesmo encontrou Rafaela jogando videogame com Ludmilla. Parecia que antes o apartamento era cinza e agora estava colorido, assim como sua filha.
Durante todos os dias da semana foram assim até que o final de semana chega mais uma vez. Naquele dia a casa acorda agitada como sempre, Rafaela andava de um lado para o outro pegando suas coisas para ir com seu pai para a casa dele, Brunna preparava seu café da manhã com habilidade e Ludmilla dava banho em Cecília para poder dar uma volta pelo bairro com a menina.
Quando Lucas entra no apartamento, ele vai até a cozinha cumprimentar Brunna e Rafaela pula em suas costas dando um abraço de bom dia.
- Bom dia, meu amor. - Lucas fala risonho beijando a testa da filha - Tudo bem por aqui? - pergunta intercalando o olhar entre as duas mulheres.
- Nunca esteve melhor. - Brunna responde passando o café.
- Ela não fez nada suspeito?
- Pai! - Rafaela reclama revirando os olhos para preparar seu copo com leite - Pare de ser implicante.
- Desculpe mas eu sou policial, é quase impossível não ser. - se defende cruzando os braços.
- É sério, Lucas. Relaxa, a Ludmilla já mora aqui a duas semanas e se mostrou ser uma pessoa maravilhosa. - Brunna também sai em defesa de Ludmilla.
- Certo, vou tentar parar com essa implicância. - ergue as mãos em sinal de desistência.
- Bom dia. - Ludmilla entra na cozinha com Cecília no colo. A menina usava uma blusa de manga cumprida da cor preta com as barras brancas, uma calça estampada com vários pandas tendo o fundo rosa pastel e um tênis parecido com um all star. No pouco cabelo que tinha, Ludmilla havia feito um penteado que aparentava ser dois coques que deixavam Cecília linda.
- Bom dia, Ludmilla. - Lucas cumprimenta a mulher que parece ser pega de surpresa pela simpatia do homem.
- Bom dia. - corresponde o cumprimento e coloca Cecília na cadeira de alimentação. Enquanto os três conversavam combinando que horas Rafaela voltaria no domingo, Ludmilla preparava a mamadeira de Cecília que mantinha os olhos presos na mãe. Seus olhos castanhos brilham ao ver Ludmilla entregando a mamadeira rosa para ela, em questão de segundos já colocava o bico na boca e sugava olhando a sua volta com curiosidade.
- Resolvido, volto na segunda depois da escola. - Rafaela fala na esperança que sua mãe concorde com ela.
- Certo mas se eu receber uma ligação que ela chegou atrasada, eu mato você. - aponta para o policial que esboça um sorriso debochado.
- Sabe que isso é ameaça e ameaça é crime, não é? - assim que ele diz, Brunna o imita com uma voz irritante e revira os olhos fazendo-o rir - Então nós já vamos. - suspira - Vamos, filhota?
- Claro, pai. - afirma com a cabeça levantando da cadeira, beija a bochecha de Cecília e faz o mesmo com Ludmilla - Tchau gente, até segunda. - se despede. Lucas faz a mesma coisa com as duas mulheres e afina a voz ao brincar com Cecília, segue sua filha para fora da cozinha e pega a mochila da menina para saírem do apartamento.
- Sabe uma coisa que eu acho incrível? - Brunna começa a falar colocando uma boa quantidade de café em uma das suas xícaras de chá - A forma que você conseguiu conquistar a Rafaela, desde que você começou a morar aqui ela começou a me obedecer com mais facilidade. - olha para Ludmilla com descrença - Qual o truque?
- Não sei. - balança a cabeça rindo - Deve ser para você não ficar irritada e nós expulsar.
- Isso poderia acontecer nos dois primeiros dias mas agora isso está fora de cogitação. - faz careta observando Ludmilla sentar a mesa e pegar um dos pães que estavam dentro do saco plástico - Esqueci de te dizer, eu finalmente consegui entregar o seu currículo para o meu superior e ele me sugeriu algo para que você tenha mais chances de conseguir um emprego em outros lugares.
- Qual? - ergue a sobrancelha interessada no assunto.
- Bom, eu tenho um nome conhecido pela cidade. Modéstia a parte, claro. - solta uma risada sem graça - Mas eu poderia fazer algumas cartas de recomendação e quando você for em uma entrevista, entrega para quem te entrevistar.
Ludmilla fica em silêncio a encarando nos olhos pensando se deveria aceitar ou não. Revisa todas as coisas que Brunna estava fazendo por ela mas coloca na balança que se conseguisse um emprego, poderia devolver cada centavo gasto Cecília e consigo.
- Aceito. - sorri, afirmando com a cabeça. Brunna sorri com animação e da um gole no seu café.
- Quando eu imprimir te entrego, provavelmente eu faça amanhã porquê preciso resolver algumas coisas hoje.
- Tudo bem, sem pressa. - passa a língua sobre os lábios e olha para Cecília que olhava para as duas - Quando eu terminar de comer e levar essa lindinha para passear, vou ir naquela pracinha que tem aqui perto. Cecília ama grama. - sorri de lado voltando sua atenção para Brunna.
- Posso ir junto? Faz tempo que não faço essas coisas pela manhã.
- Claro que sim. - balança a cabeça fazendo um sinal positivo - Eu andei pensando e quero devolver o quarto para a Rafa, posso dormir no sofá.
- Deixa disso, ela está adorando dormir na minha cama. Parece que sentia falta de roubar a minha coberta à noite. - brinca - Ela estava até pensando em passar algumas roupas para o meu guarda-roupa para liberar espaço para você no dela.
- Sério? Meu Deus, não precisa. - arregala os olhos.
- Fale isso para ela, você já deve ter percebido que quando ela coloca algo na cabeça não sossega até fazer. - pega seu pão com manteiga e da uma mordida - Além do mais, qualquer coisa eu expulso ela do meu quarto e ela dorme na sala. - mexe os ombros.
- Então depois eu converso com ela. - murmura começando a comer.
Pouco tempo depois, Cecília já estava no seu carrinho com um brinquedo de plástico e mais algumas coisas na rede em baixo do carrinho, caso viessem a ser necessárias. Ludmilla esperava Brunna que se arrumava para correr pelo parque enquanto ela passeava com Cecília.
- Podemos ir. - Brunna diz atraindo a atenção de Ludmilla. Ela usava uma calça legging preta, um sutiã esportivo que deixava a parte superior do abdômen exposto e um tênis de corrida. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, em uma mão tinha o celular e na outra uma garrafa de água da cor rosa.
- Vamos. - afirma com a cabeça indo até a porta da sala para abrir e empurrar o carrinho para fora. E novamente, lá estava ela sentindo seus músculos tensos.
- A Rafa e eu íamos na acadêmia do prédio até mês passado, acho que iniciar com corrida é um ótimo começo para tentar voltar a rotina de acadêmia. - Brunna comenta vindo logo atrás.
- Tem acadêmia aqui? - pergunta apertando o botão do elevador.
- Sim, a Rafa não te contou? - Ludmilla se limita a negar com a cabeça evitando a olhar - Bom, tem. Se quiser pode usar.
- Não, eu sou mais do estilo sedentária. - torce o nariz esperando as portas metálicas se abrirem ouvindo Brunna rir do seu lado.
- Se eu não fazer algum tipo de exercício não aguento ficar andando de um lado para o outro. - suspira entrando no elevador assim que as portas se abrem.
- Imagino... - afirma com a cabeça parando ao seu lado com o carrinho. Assim que as portas se fecham, Brunna começa a mexer no celular e Ludmilla observa Brunna pelo espelho do elevador.
Quando as portas do elevador se abrem em outro andar, um homem bem arrumado entra e para perto de Brunna, também a observando pelo espelho. Ela solta um suspiro baixo quando ele puxa assunto sobre o tempo e como previsto, Brunna sorri e responde com educação.
- Mama. - Cecília balbucia balançando as perninhas.
- O que foi, bebê? - questiona com a voz divertida e um sorriso doce nos lábios. Ela tira uma mão do empurrador e leva até sua barriga fazendo cócegas de maneira rápida tirando uma risada da mesma.
Sentindo dois olhos castanhos em seu rosto, Ludmilla sobe o olhar para Brunna percebe que a mulher a olhava mas logo desvia no momento em que as portas do elevador se abrem mais uma vez para que elas saíam.
Conversando elas vão até a praça que ficava apenas dois quarteirões do prédio. Não era a praça em que tinha conhecido Rafaela, ficava no lado oposto a aquela. Em menos de cinco minutos, as duas já tinham chegado na praça que não era tão grande mas tinha alguns brinquedos para as crianças e aparelhos de exercícios.
Parando em baixo de uma sombra, Ludmilla retira Cecília do carrinho e senta no chão colocando a menina sentada na grama. Ela solta um gritinho animado e bate as mãozinhas na grama verde fazendo Ludmilla rir. Observando as duas, Brunna resolve avisar Ludmilla que iria correr e assim faz, ela se afasta para iniciar a sua corrida ali perto deixando as duas sozinhas.
Após quase quarenta minutos de corrida, Brunna se aproxima de Ludmilla completamente suada e ofegante, senta de frente para a mais nova e bebe alguns goles de água. Ludmilla olha para a mulher de maneira discreta sem soltar as mãos de Cecília incentivando a bebê dar alguma passos lentos.
Cecília da um passo tímido e flexiona os joelhos indo para cima e para baixo, olha para a mãe e Ludmilla comemora instigando a bebê a repetir o movimento até que se cansa arrancando uma risada de Brunna.
- Ela me lembra a Rafa quando era desse tamanho, cansava de fazer algo e se jogava no chão. - comenta risonha obrigando que Ludmilla a olhe.
- Cecília não tem paciência. - beija a bochecha da bebê que solta um gritinho em protesto - Essa minha filha é estressada, meu pai. - resmunga tentando beijar a bebê mais uma vez mas ela grita mais alto.
Cecília faz uma carinha de brava, olha para Brunna e engatinha até ela, apoiando as mãozinhas em sua coxa para tentar ficar em pé. Brunna deixa sua garrafa de lado, pega Cecília nos braços, cruza as pernas e coloca a bebê sentada ali sentindo ela bater as mãozinhas no seu joelho.
- Quando ela completa nove meses? - questiona quando Cecília começa a se mexer querendo sair do seu colo. A cada dia que se passava ela ficava ainda mais agitada e curiosa, isso significava menos tempo no colo.
- Na terça. - Ludmilla puxa Cecília para perto quando ela ameaça engatinhar para longe.
- O que? Como você não me contou? Tenho que comprar um presentinho para ela.
- Brunna, não! - nega com a cabeça arregalando os olhos - Você não pode gastar mais nenhum centavo com a gente.
- Presente não se nega, Ludmilla. - sorri de lado passando a mão pelo pescoço tentando tirar o incômodo que o suor causava naquele local por estar extremamente quente.
Ludmilla revira os olhos em tom de brincadeira, pega a garrafinha com água e leva até os lábios de Cecília que abocanha o bico sugando o líquido com calma.
Ao chegarem no apartamento, Brunna vai tomar banho e sai com os cabelos molhados, veste uma das suas roupas de ficar em casa e se arrasta até a cozinha para fazer brigadeiro, pegar uma garrafa de água e se jogar no sofá para assistir "cidade invisível". Completamente entregue ao cansaço, Brunna solta um gemido baixo quando sente suas costas relaxarem por se deitar no sofá.
Se deliciando do brigadeiro que tinha feito, Brunna ri sozinha pensando que tinha corrido para queimar calóricas e nesse momento estava se entupindo de açúcar.
Quando Ludmilla consegue fazer Cecília volta a dormir, ela aparece na sala, Brunna engole seco e arruma um pouco a posição no sofá sem querer parecer folgada, olhando para a mulher que parecia sonolenta, ela senta no sofá para fazer o seguinte convite:
- Vem assistir série comigo. - a chama dando uma batidinha no lugar vago do sofá.
Sem pensar suas vezes, Ludmilla senta no lugar indicado e boceja. Sem se importar de compartilhar a mesma colher e o brigadeiro com Ludmilla por ambas estarem com preguiça de irem até a cozinha, Brunna passa a panela de brigadeiro para mulher que segura, pega um pouco de brigadeiro com a colher e leva até sua boca devolvendo a panela logo em seguida.
- Do que essa série fala? - pergunta com os olhos presos na televisão.
- Sobre o folclore brasileiro. - se limita a dizer já que tinha muita mania de dar spoiler.
- Parece ser legal. - murmura bocejando.
- E é. - concorda voltado a dividir o brigadeiro.
Elas ficam passando o brigadeiro uma para a outra até que ele acaba, Brunna coloca a panela no chão e se aconchega no sofá se sentindo cansada assim como Ludmilla. Sem perceber, aos poucos ela vai caindo no sono até que adormece por completo vindo a acordar somente três horas depois.
[…]
Perto das cinco e meia, Brunna começa na se arrumar começando por se depilar, passando por hidratar o rosto e depois tomar um longo banho para começar a segunda etapa, vestir um dos seus vestidos curtos com decotes generosos, deixar o cabelo extremamente liso e uma maquiagem escura nos olhos. Por último, se perfumou e passou um batom vermelho nos lábios. Sempre gostava de ir preparada por nunca saber se iria conhecer um homem legal para acabar passando a noite e ela realmente precisava disso.
Se olhando no espelho insegura se estava bonita, morde o lábio e pega a bolsa preta para ir atrás de Ludmilla que estava no quarto de Rafaela. Dando uma batida tímida, ouve a voz rouca da mulher dando permissão para que entre.
- Ludmilla, de amiga para amiga, você acha que eu estou bonita assim ou está faltando algo? - pergunta ao abrir a porta andando até o meio do quarto para que Ludmilla a analise.
Os olhos castanhos percorrem seu vestido de cima a baixo de maneira avaliativa, passa os olhos por suas pernas torneadas até chegar no salto preto, sobe o olhar mais uma vez até chegar no rosto analisando a maquiagem que destacava seus olhos amendoados. Vendo o quanto a mulher estava arrumada, suas bochechas coram por não estar acostumada a ficar diante de alguém tão linda.
- Na minha opinião, você está linda. Não está faltando nada. - elogia com sinceridade.
Brunna solta o ar aliviada sentindo seu ego e auto estima irem as alturas pelo elogio da mais nova, um sorriso começa a crescer em seus lábios e ela afirma com a cabeça diversas vezes, demonstrando estar satisfeita.
- Obrigada. - sorri ficando de costas para olhar Cecília que estava em pé no berço - Tchau pequena Oliveira, até amanhã. - se inclina para beijar a cabeça da bebê que balbucia sílabas desconexas - Já estou indo, se quiser pedir uma pizza para comer eu deixei um dinheiro na cozinha. - avisa voltando olhar para a mulher que cora afirmando com a cabeça
- Se divirta.
- Você também. - sorri antes de sair do quarto e fechar a porta, procura seu celular que estava no carregador e tira vendo que a bateria já estava cheia, manda mensagem para suas duas amigas avisando que já estava saindo de casa e recebe um áudio de Larissa dizendo que Juliana e ela estavam indo para o bar no centro.
Chamando um carro durante sua pequena caminhada até a saída do prédio onde morava, Brunna fica esperando um Onix branco. Quando um carro do mesmo modelo e cor estaciona perto de onde ela estava, primeiro ela confirma a placa e depois o rosto do motorista, para só depois entrar no carro. O caminho todo ela vai trocando áudios com Larissa, uma mania de segurança que ela tinha adquirido depois de um incidente desagradável em um carro de aplicativo. Pelo trânsito daquela hora da noite ter uma grande quantidade de carros, demora quase vinte minutos até que cheguem no bar indicado, Brunna paga o homem agradecendo pela viagem e sai do carro encontrando suas duas amigas paradas perto da entrada do bar. Com cuidado, Brunna anda até o encontro de ambas que conversavam com animação.
- Boa noite, mulheres mais lindas de São Paulo. - as cumprimenta abraçando Larissa, logo em seguida Juliana.
- Enfim você chegou, eu necessito beber, reclamar do meu chefe, beber mais, reclamar e me atualizar sobre a vida de vocês. - Juliana fala sorridente.
- Meninas, aconteceu tanta coisa nessas últimas semanas... - Brunna arregala os olhos para dar mais veracidade as suas palavras.
- Vamos entrar. - Larissa quase arrasta as duas amigas para dentro. Ela tinha contado os dias para finalmente sair para beber com elas, fazia quase três meses que isso não acontecia.
Pegando uma mesa em um lugar mais reservado, todas se sentam e pedem a mesma bebida, um chopp para começar sendo servidas em questão de minutos por um garçom.
- Então, quem começa? - Brunna questiona dando um gole na cerveja vendo que Juliana estava quase explodindo para começar.
- Vocês acreditam que o imbecil do meu chefe começou a pegar no meu pé, só porquê a um mês eu saí mais cedo para cuidar da Gab que estava doente? - fala com incredulidade - Aquele filha da puta está me sabotando passando meus casos para outros advogados?
- Acho que o seu chefe e o meu são da mesma árvore genealógica, ambos são filhos da puta. - Larissa leva o chopp até os lábios dando um grande gole.
- Sorte minha que meu chefe é um amor, o que acaba com tudo são o pessoal que trabalha comigo. - ela revira os olhos - Mas não, vocês não sabem a nova que a Rafaela aprontou...
- Levou uma ratazana para casa? - Larissa segura a risada ao ouvir Juliana dizer.
- Isso ela já fez com sete anos, não seria uma surpresa.
- Colocou fogo no seu quarto tentando fazer algum trabalho da escola?
- Ela levou uma mulher e um bebê para morar no meu apartamento sem eu saber! - as duas mulheres arregalam os olhos.
- Desculpe dizer isso Brunna mas a sua filha é mais doida do que a Gabriella e o João ao mesmo tempo. - Juliana refere ao seus gêmeos que por consequência eram melhores amigos de Rafaela.
- E o que você fez? Aposto que expulsou as duas na base da paulada.
- Deixei elas morando lá e virei amiga da Ludmilla. - sorriu. Por pouco o queixo das duas mulheres não tocam no chão descrentes de que estavam ouvindo aquilo sair da boca de Brunna - Claro, depois de surtar com a Rafaela.
- Você é maluca? E se ela for uma assassina ou golpista, sei lá. - Larissa estremece ao dizer.
- O Lucas puxou a fixa dela e é limpa. - deu de ombros - Não tem mal algum ajudar alguém.
- Amiga, você é louca. - Juliana fala lentamente antes de virar seu chopp de uma vez.
- O Luan e eu terminamos, dessa vez é definitivo. - Larissa muda de assunto atraindo olhares surpresos para o seu rosto.
- Até fim, aquele homem era insuportável, não sei o que você via nele. Além de feio era sem graça, não tinha um emprego para colocar no currículo e por ai vai. - Brunna revira os olhos dando alguns goles na sua bebida até terminar por completo e pedir uma caipirinha.
- A rola, era a rola. - Larissa choraminga. Um silêncio fica na mesa até que Juliana e Brunna começam a rir.
- Larissa , o que mais tem por aí são paus para você sentar. - Juliana tenta consolar a amiga.
- Se quiser eu compro um para você. - ela diz tocando a mão de Larissa por cima da mesa de maneira debochada.
- A cada ano vocês ficam piores. - resmunga com desgosto intercalando o olhar entre as duas.
Larissa, Juliana e Brunna eram melhores amigas desde o ensino médio. Os professores costumavam chamá-las de "o trio parada dura" por serem um tanto quanto falantes na sala de aula, a amizade enfraqueceu um pouco quando entraram na faculdade mas quando Brunna e Juliana descobriram estar grávidas na mesma época, as três se juntaram para morar juntas e levarem seus respectivos parceiros juntos, o que resultou em cinco jovens adultos com três bebês em um apartamento mediano. Pelo laço das mães, Gab, João e Rafaela cresceram quase como irmãos mantendo a relação até hoje.
- Minha vida está uma bagunça. - Brunna resmunga já com sua caipirinha em mãos - A Rafaela, meu trabalho, Ludmilla e Cecília, estresse e mais estresse, e o pior de tudo, está acontecendo umas coisas estranhas.
- Que coisas? - Juliana pergunta.
- Eu não sei explicar. - solta um grunhido carregado de frustração - Não sei explicar, só é novo.
- Tipo o que? Não vai me dizer que quer ter mais filhos graças a filha dessa mulher.
- Não, misericórdia. Não tenho mais disposição para gerar uma criança. - balança a cabeça apertando os olhos - É só uma bola de linha que eu não encontro a ponta para tentar desenrolar. - usa aquilo como exemplo para tentar explicar o que ela nem mesmo sabia o que era.
- Sabe o que é isso? Falta de transar. - Juliana sorri de maneira maliciosa - E falando no diabo... Tem um homem maravilhoso que não para de te olhar desde que você entrou aqui. - aponta a direção com seus olhos e Brunna põe sua atenção sobre um homem sentado a algumas mesas de distância. Ele tinha um braço fechado com tatuagens, uma barba bem feita e o cabelo em um corte moderno impecável. Apenas pelo tamanho do seu braço já dava para perceber que era um homem que ia a academia com frequência.
Achando o homem extremamente belo, Brunna sorri de canto quando o homem retribuí seu olhar. Ela mexe no cabelo, pega a caipirinha que bebia dando um pequeno gole e volta a olhar para suas amigas.
- É muito lindo. - afirma com a cabeça.
- Hoje tem. - Larissa brinca se deliciando do coquetel que bebia.
- Assim eu espero, não faço algo parecido a quase um ano. - suspira profundamente - Não tinha tempo para nada.
Elas conversam por quase duas hora até que Juliana toca a mão de Brunna e aproxima seu rosto do ouvido da mulher para dizer:
- Ele está vindo ai com uma caipirinha. - Juliana sussurra para deixar sua amiga preparada.
O homem se aproxima cumprimentando todas que estavam na mesa com extrema educação e oferecendo a caipirinha para Brunna que resolve aceitar. Os dois conversam um pouco até que Larissa e Juliana se afastam indo até o balcão deixando os dois a sós em vista que estavam se dando bem.
- Então Bil, qual o seu nome de verdade? - questiona deixando o homem ri sem jeito.
- Acrebiano. - Brunna solta uma risada e ele a acompanha dando um gole na cerveja que bebia.
- É sério?
- Sim, por incrível que pareça. - aperta os lábios se divertindo com a cara que Brunna havia feito.
Conversa vai, conversa vem até que Brunna o beija sendo correspondida na mesma hora sentindo o corpo amolecer graças aos braços fortes que envolvem sua cintura. Naquele momento teve a certeza que não sairá daquele bar desacompanhada. Como previsto, perto da meia noite Brunna saiu acompanhada pelo homem pegando um uber indo em direção ao apartamento do mesmo.
Entrando no apartamento com dificuldade por estarem se beijando com tamanha fúria, eles tropeçam pelo apartamento até que caem em uma enorme cama de casal, Brunna procura a barra da camisa preta que ele usava e puxa para cima tirando do corpo do mesmo.
Horas depois, perto das três da manhã Brunna estava nua debaixo do edredom macio com o ar condicionado ligado e o braço forte do homem que dormia passando por sua cintura. Ali ela sentiu que ter dois orgasmos realmente tiraram todo o estresse que estava carregando pelas últimas semanas.
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