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Brunna estava sentada com sua barriga exposta observando Natália fazer os mesmos procedimentos da primeira vez; passar o gel avisando que estava gelado para só depois aproximar o aparelho de ultrassonografia da sua pele.
- Prontas para descobrir se são meninos ou meninas, mamães? – pergunta bem humorada.
- Não fala no plural, a Ludmilla vai desmaiar. – Brunna tira onda com a cara da sua namorada que apenas revira os olhos, sem deixar o sorriso abandonar seu rosto.
- Ainda não acostumou, Ludmilla? – brinca.
- Não. – nega com a cabeça arrancando uma risada da obstetra e Brunna.
- Bom, primeiro vamos ver como eles estão e já olhamos o sexo. – avisa quando o som de três batidas rápidas de coração ecoam pela sala deixando as duas futuras mães aliviadas.
Natália percebe o quanto o casal estava ansioso para descobrir o sexo dos bebês, e por isso, dá uma olhada superficial nos fetos vendo que todos pareciam estar do mesmo tamanho, as batidas do coração fortes e com isso, começou a tentar ver o sexo deles.
- O que vocês acham que vão ser?
- Eu estou torcendo para ser meninos porquê a Ludmilla quer colocar um nome horroroso que vai ser o motivo de uma delas ir para a terapia. – Brunna comenta.
- A é? Qual é o nome? – olha para Ludmilla pelo canto dos olhos.
- Anaís. – Brunna e Natalia seguram a risada – É por causa de um desenho.
- Ah, entendo... – fica em silêncio quando finalmente consegue ver o sexo de um dos fetos e por serem idênticos, aquele seria o mesmo resultado para os outros dois – Prontas, mamães? – olha para Brunna e Ludmilla que tinham as mãos entrelaçadas, junto com um sorriso nervoso nos lábios.
- Sim. – falam em sincronia.
- Vocês terão três menininhos. – vira o monitor para as duas. Brunna comemora animada pelo fato que seu filho não teria um nome feio e Ludmilla faz o mesmo, um pouco decepcionada que sua filha não chamaria Anaís – Meus parabéns.
- Finalmente meninos na família! – Brunna comemora se inclinando para beijar os lábios de Ludmilla.
- Vai chamar Darwin. – sussurra.
- Nem pensar, sai daqui! – aponta para a porta na sala. Ludmilla tomba a cabeça para o lado e ri da cara brava de Brunna.
Minutos depois quando as duas já estavam com os ânimos acalmados, Natália continua com a consulta checando o crescimento e desenvolvimento de cada feto.
- Já tem nomes em mente? – Natália questiona, anotando algumas coisas na prancheta para ficar atenta ao desenvolvimento de cada feto.
- Bom, a Rafaela sugeriu que os nomes sejam A, B e D pois quando formos chamar os mais novos podemos falar "A, B, C, D" – Ludmilla fala a ideia que elas tinham.
- Eu já coloquei alguns na lista com a letra B, agora só precisamos decidir.
- Qual vocês já pensaram?
- Nós duas gostamos muito de Benjamin.
- Oh... Parece que um gostou. – aponta para o monitor quando um feto se mexe quando Brunna diz aquele nome.
- Qual?
- O feto C. – aponta para a tela e Ludmilla abre um enorme sorriso.
- Parece que já encontramos o nome para um. – a mais nova comenta, acariciando a mão de Brunna.
- Aparentemente sim. – Brunna olha para ela, rindo baixinho – Agora só precisamos de mais dois nomes.
- Na próxima vez, vocês podem vir com nomes na cabeça e ver qual se mexe com o nome. – Natália sugere, muitas mães faziam aquilo – Ou esperarem a Brunna começar a sentir eles mexendo e fazerem isso em casa.
- Mas vai demorar muito para eu sentir?
- Não muito, como são três bebês o local é bem mais apertado, não se surpreenda se começar a sentir pelos próximos dias.
- E eu queria fazer uma pergunta...- Ludmilla toma coragem para fazer aquela pergunta, achava idiota mas realmente queria saber pois já tinha pesquisado na internet e tido um resultado que a agradou.
- Pode fazer, Ludmilla.
- Eu vi uma reportagem de uma mãe que adotou um bebê e mesmo sem nunca ter tido uma gestação, apenas com a vontade de amamentar e estímulos, ela conseguiu produzir leite... Será que quando eles nascerem e eu tentar, tem chances de eu conseguir? – enquanto falava, Brunna pode notar seus olhos brilharem apenas com a ideia de poder amamentar – Eu nunca tentei quando a Cecília era pequena porquê ela começava a chorar de fome e eu ficava desesperada. – completa envergonhada.
- Eu tenho uma notícia boa para você, Ludmilla. A alguns anos atrás cientistas fizeram alguns testes e descobriram que sim, mesmo se a mulher não ter tido uma gestação ela pode amamentar, só é necessário seguir uma pequena técnica que eu posso te ensinar quando Brunna estiver no fim da gestação e você poder produzir leite. – ao ouvir aquilo, Ludmilla fica radiante olhando para Brunna com medo de que ela não goste.
- Você não acharia ruim, não é? – questiona incerta.
- Claro que não, amor. Você é a mãe deles também e eu confesso que adoraria uma ajudinha na hora de amamentar. – Brunna sorri de orelha a orelha vendo o quanto Ludmilla desejava aquilo.
- Eu quero. – Ludmilla balança a cabeça freneticamente.
- Então começamos assim que Brunna completar trinta e duas semanas porquê pode demorar um pouquinho. – Natália explica.
- Tudo bem. – a mulher murmura passando a ficar inquieta na cadeira, vibrando de animação pela possibilidade de poder amamentar.
Ludmilla sempre teve esse desejo mas nunca achou que pudesse, chegou a conversar com uma obstetra na época mas a mulher acabou sendo grossa, falando que é óbvio que ela não poderia, o que minou suas esperanças mas a fala de Natália a deixava cheia de esperanças.
Pouco menos de duas horas depois, Brunna e Ludmilla saem da clínica indo até o carro. Passariam do shopping para comprar três roupinhas azuis para relevar o sexo do bebê a Rafaela que estava a ponto de roer os dedos de ansiedade.
- Vamos ter menininhos. – Ludmilla cantarola abraçando Brunna por trás antes de chegarem no carro.
- E você me ajudar a amamentar esses bezerrinhos. – Brunna entra na brincadeira, cantarolando também.
- Bem, se você chama eles de bezerros está nós chamando de vacas, de maneira indireta. – Ludmilla junta as sobrancelhas enquanto Brunna se virava para ficar de frente para ela.
- Hmm, minha vaquinha. – roça seus narizes arrancando uma risada de Ludmilla.
- Vamos comprar as roupinhas e depois passamos para ver aquela casa, que tal? – sugere acariciando sua cintura.
- Vamos, não vejo a hora de encontrarmos um local para nos instalarmos e eu poder montar o quartinho. – sorri selando seus lábios antes de sair dos braços firmes, andar até o carro e abrir a porta do passageiro assim que Ludmilla desativa o alarme.
- Eu também. – murmura baixo dando a volta no carro para entrar no banco do motorista.
O caminho até o shopping foi divertido, elas estavam quase soltando fogos pela notícia recém descoberta e por Ludmilla estar cinco vezes mais eufórica do que normalmente estaria. Assim que chegam no shopping, demora um pouco até acharem uma vaga mas logo já estavam dentro do shopping com Brunna segurando uma casquinha de creme.
Andando de mãos dadas, Ludmilla e Brunna vão para uma loja de roupas infantis que já tinham ido a um tempo atrás quando foram comprar o presente de Rafaela. A primeira coisa que Brunna observa é a diversidade de roupas infantis, desde fantasias a roupas de batismo, algo que ela não optaria por comprar já que não seguia uma religião mas se caso Ludmilla desejasse batizar os trigêmeos, ela não iria se impor.
Em segundos, uma atendente se aproxima mas Ludmilla acaba por a dispensar, preferiam ficar a sós escolhendo as três roupinhas que iriam usar.
- Olha que lindo esse. – Ludmilla levanta um conjunto que vinha luvas, uma toca, a roupa e até mesmo uma manta.
- É maravilhoso mesmo. – Brunna murmura tocando o plástico – Podemos levar essa para quando eles forem sair da maternidade. – ao falar aquilo, seus olhos castanhos brilham.
- Sim. – concorda animada – Mas para revelar o sexo para a Rafa podemos pegar uma mais simples, não é?
- Sim, estava pensando em uma azul, outro azul escuro e uma verde azulado, o que acha?
- Eu adorei, são cores lindas. – balança a cabeça colocando aquele conjunto dentro da cesta que segurava.
Elas se divertem procurando as peças de roupas da cor que queriam e no meio desse processo, acabam pegando algumas roupas para Cecília. Pouco mais de meia hora, elas já estavam no caixa pedindo para que colocassem as três roupas masculinas em uma embalagem de presente e as outras em uma normal.
Ludmilla fica responsável por carregar todas as sacolas, sabia que Brunna odiava carregar essas coisas, ao contrário dela que amava levar as coisas, ficava perdida se andasse sem nada em mãos.
O casal sai do shopping e Brunna ajuda Ludmilla a colocar as roupas no porta malas, entram no carro e ligam para o corretor perguntando se poderiam ver a casa que ele tinha falado naquele momento. Quando o homem confirma que poderiam, elas encerram a ligação e Brunna fica responsável por colocar o endereço no GPS enquanto Ludmilla saia do estacionamento.
Desde que começaram a procurar uma casa, há um mês atrás, elas nunca ficavam satisfeitas com as casas que viam. Quando gostavam de uma, era em um bairro muito afastado ou não tinha um quintal espaçoso.
Assim que Ludmilla entra no bairro em que a casa ficava, ela logo nota que era em um condomínio as obrigando a esperar Thiago, o corretor que iria mostrar a casa. Elas ficaram conversando esperando o homem chegar e liberar suas entradas.
Logo de cara, Brunna já gosta daquele local. A entrada era bonita, não parecia haver muitos buracos pela rua e por terem sido barradas de entrar, mostrava que o bairro no mínimo seguro.
Olhando pelo retrovisor, Ludmilla vê o carro preto de Thiago parando logo atrás delas e o homem engravatado sai, andando até o carro.
- Me desculpem a demora, peguei um pouco de trânsito. – ele explica olhando pela janela do carro, apertando a mão de Ludmilla. – Vou liberar as suas entradas e já vamos ver a casa.
- Sem problema. – Brunna responde. Thiago diz mais algumas palavras antes de ir até o porteiro, o fazendo abrir o portão para que eles entrem.
Ludmilla dá partida no carro esperando Thiago chegar até o carro preto e ir na frente para o seguir. Quando entram no condomínio, elas conseguem ver as casas com muros altos, algumas de dois andares e alguns carros parados na frente. Brunna começa a elogiar o bairro por ele ter uma boa aparência e Ludmilla concordava, sua primeira impressão tinha sido boa.
Virando em algumas ruas, Thiago estaciona em frente a uma casa de dois andares com a estética moderna, seu portão era branco e as paredes cinzas. Era bonita.
Brunna e Ludmilla se encaram por alguns segundos para terem certeza que ambas estavam gostando daquilo antes de descerem do carro. Quando um sorriso rasga os lábios de Ludmilla, Brunna não se controla e cola seus lábios com animação.
Já dentro da casa, Thiago a grande garagem que tinha uma parte cobertas e do lado direto, tinha um pequeno jardim com algumas flores e uma árvore pequena, depois a sala de estar que era consideravelmente grande, o escritório que ficava em um corredor próximo da escada para o segundo andar e um banheiro simples que tinha por ali, antes de irem para a cozinha onde tinha uma ilha de centro e vários armários embutidos.
Deixando o quintal para o final, Thiago as conduz para o segundo andar onde tinha quatro quartos, duas suítes e um banheiro parecido com o de baixo, com o acréscimo de uma banheira. Os olhos de Ludmilla quase saltam do rosto quando entram no quarto principal vendo o quanto amplo ele era, sem contar o closet que era enorme. O banheiro da suíte tinha uma banheira grande e um pouco longe dela, um chuveiro quadrado.
- Meu Deus. – Brunna murmura apertando o braço de Ludmilla. Estava apaixonada por aquela casa e nem tinha visto tudo.
- Essa casa é nova, foi construída a dois anos atrás e tem tudo de mais moderno. – Thiago explica antes de saírem daquela suíte e ir para a outra, ela era um pouco menor do que a anterior mas Brunna pode visualizar um quarto para a Rafa ali.
Como sempre, na sincronia que tinham, Brunna e Ludmilla precisavam trocar apenas alguns olhares e já entender o que estavam pensando.
Os outros dois quartos eram iguais, menores que as suítes mas ainda sim perfeitos. No primeiro, elas montaram um quarto para Cecília após baterem o olho naquele cômodo, no segundo, elas imaginaram o quarto com três berços e as decorações, o que deixou Brunna mais do que eufórica, estava a ponto de fechar negócio ali mesmo sem se importar com o preço da casa.
- O dono da casa aceitaria uma entrada de cem mil e o resto quando vendesse o meu apartamento? – Brunna questiona descendo as escadas.
- Sim, ele apenas quer vender rápido porquê está se mudando de país mas quando ele me procurou, disse que não importava a forma que seria o pagamento, ele aceitava desde que fosse no dinheiro e não em troca de imóveis. – Thiago explica andando na frente das duas, gesticulando com as mãos.
- O que você está pensando? – com curiosidade, Ludmilla sussurra no ouvido de Brunna.
- Não sei se são os hormônios da gravidez mas estou tentada a fechar um negócio agora. – sussurra de volta vendo um sorrio divertido brincar nos lábios de Ludmilla. - Você gostou dessa casa?
- Se eu gostei? Eu amei. - tendo a confirmação que precisava, Brunna sorri satisfeita olhando para o corretor.
- Na parte de fora, temos a área da churrasqueira e uma piscina de um metro e setenta de profundidade. – o homem aponta para a piscina.
- Cuidado amor, passa muito além da sua cabeça. – zomba o meio metro que chamava de namorada.
- Cala a boca, você não tem nem 1,65. – rebate beliscando seu braço, tirando uma risada baixa do corretor e da namorada.
Em silêncio, Brunna se afasta de Ludmilla e anda para o centro do quintal percebendo que ele era espaçoso. Para a piscina, poderia colocar uma grade de proteção e estava tudo certo, na grama, ela poderia comprar um escorregador e um balanço para as crianças.
- Qual o preço dessa casa.
- Quatrocentos.
- Negócio fechado. – Brunna estende a mão. Tinha cem mil em sua conta, aquilo era sua economia mas já dava para dar de entrada.
Thiago solta uma risada baixa mas ao ver que Brunna não abaixava a mão, ele levanta as sobrancelhas.
- Sério?
- Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Eu adorei essa casa e a minha mulher também, não tenho nenhuma dúvida. – nega com a cabeça vendo um sorriso apaixonado nos lábios de Ludmilla.
Ludmilla adorava quando Brunna adquiria aquela postura séria, era tão intimidadora que nem a barriga de gestante conseguia tirar isso dela.
- Negócio fechado. – Thiago diz com um sorriso de orelha a orelha, apertando a mão de Brunna e depois a de Ludmilla.
[...]
Brunna entra no apartamento com toda sua alegria, sendo recebida pelos bracinhos gordos de Cecília pedindo colo. Atendendo ao pedido da bebê, ela vai para o sofá e a pega nos braços, cumprimentando Verônica que estava na cozinha lavando o copo em que Cecília estava tomando leite.
- Rafaela, vem aqui. Temos um presente para você. – Ludmilla chama a adolescente, fechando a porta e colocando todas as sacolas no chão.
Ouvindo a palavra "presente", Cecília estica seu pescoço em direção a Ludmilla tentando descobrir o que eram todas aquelas sacolas. Descendo colo de Brunna, ela apoia as mãozinhas no joelho se inclinando sobre uma sacola tentando descobrir o que era.
- DESCOBRIRAM O SEXO? – uma Rafaela eufórica sai do quarto, arregalando os olhos ao ver Ludmilla estendendo uma sacola de presente em sua direção.
- Descobrimos. – balança a cabeça. Quando a atenção de Cecília para sobre a sacola que Ludmilla segurava, ela tenta pegar mas devido sua pouca altura, fica impossível.
- Abre, Rafa. – Brunna pede, colocando uma almofada nas costas por sentir sua lombar doendo pelas horas em pé.
Em urgência, a adolescente pega a sacola com as mãos, voando para o sofá onde começa a desembrulhar o pacote, quase desmaiando ao ver três roupinhas em tons diferentes de azul.
- São meninos? – arregala os olhos encarando suas mães.
- Surpresa! – o casal fala em sincronia.
- Oh meu pai, vou ter irmãozinhos? – pergunta ainda sem acreditar, segurando uma roupinha perto do rosto – Meu Deus! – se joga em cima de Brunna, tomando cuidado com sua barriga e beija todo o seu rosto antes de se levantar para se jogar em cima de Ludmilla, quase derrubando a mulher.
Ignorando toda aquela bagunça, Cecília sobe no sofá e pega a roupinha que Rafaela tinha deixado sobre o sofá.
- Nenê? – aponta para a barriga de Brunna, segurando a roupinha.
- Sim, querida. É a roupinha dos bebês. – afirma com a cabeça desviando a atenção de Rafaela que fazia uma dancinha tosca cantando que teria irmãozinhos.
- Nenê! – levanta os bracinhos com animação, olhando para Verônica que estava perto do balcão com um enorme sorriso. Adorava a energia daquela família – Mamãe papou nenê! – exclama olhando para Verônica e apontando para Brunna.
Assim que Cecília diz aquilo, todos param o que estavam fazendo, encaram a bebê e caem na gargalhada.
- E vamos nós mudar em até dois meses, eu comprei uma casa! – Brunna dá a nova novidade fazendo Rafaela tropeçar e quase cair.
- Meu Deus, são muitas novidades. Minha pressão vai cair! – a adolescente fala estendendo a risada de todas.
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