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Ludmilla tinha um sorriso sapeca no rosto observando Brunna se acomodar na cama, vestindo uma camisola preta de renda. Sentindo-se observada, a mais velha sobe o olhar para Ludmilla e ergue a sobrancelha.
- O que foi? - questiona, conhecia aquele sorriso e sabia que Ludmilla iria aprontar, era um sorriso idêntico ao de Cecília antes de fazer a maior bagunça.
- Você quer os seus presentes agora ou deixa para outro dia?
- Agora. - desconfiada, Brunna cruza as pernas sem desviar seus olhos de Ludmilla.
- Certo, qual você quer primeiro? - volta a perguntar entendendo suas duas mãos que estavam fechadas, em sua direção.
- A da direita. - aponta.
- Boa escolha, amor. - lança uma piscadela - Agora feche os olhos. - abre as mãos que estavam vazias, não tinha como guardar seus presentes ali.
- Isso é sério?
- Sim, é. - afirma com a cabeça não se deixando abater pelo tom desconfiado da namorada - Não vale espiar. - avisa quando Brunna já estava de olhos fechado.
- Tudo bem. - aperta os olhos indicando que não iria espiar.
Ludmilla fica alguns segundos parada para ter certeza que Brunna não iria abrir os olhos, sorri satisfeita andando até sua cômoda, abre uma de suas gavetas procurando a caixinha azul escura. Sentindo a ansiedade aparecer em suas veias, Ludmilla anda até a cama para subir e sentar ao lado da mulher. Abrindo a caixa, Ludmilla morde os lábios e suspira.
- Abre os olhos. - pede e Brunna obedece no mesmo instante, tendo sua atenção atraída para a caixinha que tinha duas alianças pratas e finas, eram lisas e simples, um pouco mais atrás dela havia um anel solitário, bem mais fino que as alianças com uma pequena pedra de diamante em cima.
Surpresa com aquilo, Brunna sorri levando as mãos para segurar a caixinha de veludo antes de voltar a olhar Ludmilla.
- São lindas. - murmura sentindo vontade de morrer de tanto amor, só por olhar nos olhos clarinhos.
- Fico feliz que gostou. - mexe os ombros aumentando ainda mais o seu sorriso - Vê se serve, caso o tamanho não ser o certo, podemos trocar. - diz.
- Coloca em mim? - pede e Ludmilla afirma com a cabeça, primeira ela pega o anel solitário, segura sua mão esquerda e desliza o anel em seu dedo anelar, fazendo o mesmo com a aliança, deixando um beijo em sua mão.
- Serviu perfeitamente. - fala abobalhada. Observando Brunna segurando a última aliança na caixa, ela entrega sua mão e Brunna desliza o pedaço de prata em seu dedo anelar, deixando um beijo em seus lábios.
- Eu adorei esse presente. - confessa roçando seus narizes, olhando em seus olhos.
- Isso é bom... Porém, acredito que vai gostar muito mais do outro.
- Qual é o outro? Um pedido de casamento? - brinca.
- Ainda não mas você vai gostar. - estreita os olhos capturando seus lábios com lentidão - Feche os olhos de novo.
- De novo? - sorri de canto acariciando seus ombros.
- E nada de espiar. - volta a avisar arrancando uma risada de Brunna.
- Prometo.- balança a cabeça.
Ludmilla a puxa para um último beijo antes de se afastar, andar até sua cômoda e olhar por cima do ombro esperando Brunna fechar os olhos. Quando a mulher fecha os olhos, ela pega o que seria necessário para aquele presente, liga o ar condicionado e sai do quarto para ir até o banheiro.
Notando o silêncio no quarto, Brunna arrisca abrir um olho e acaba com as sobrancelhas franzidas por Ludmilla ter desaparecido. Esperando pacientemente por sua namorada, ela fica observando os anéis em seu dedo com um sorriso abobalhado, eles não ficavam enormes em seu dedo justamente por serem finos, se encaixavam com perfeição. Deixando a caixinha na mesa ao lado da cama, assim que ouve o barulho da fechadura Brunna fecha os olhos e começa a ouvir os barulhos de saltos.
- Amor, abre os olhos. - pede com a voz delicada parando de andar. Atendendo ao seu pedido, Brunna volta a abrir os olhos com lentidão e no mesmo instante, sente o oxigênio de seus pulmões sumirem.
Ludmilla estava usando um sutiã de renda que deixava seus seios maravilhosos, um pouco mais para baixo, tinha uma calcinha boxing de renda da mesma cor e o que acaba com a sanidade de Brunna é ver a cinta liga que prendia nas meias 7/8. Para complementar, ela usava um robe de seda que estava aberto permitindo sua visão, além dos saltos também pretos. Ludmilla tinha os cabelos soltos e bem arrumados com apenas um batom vermelho nos lábios, coisas o suficiente para fazer Brunna quase desfalecer.
Adorando a reação de Brunna, Ludmilla dá alguns passos até a cama e morde os lábios conseguindo ver o brilho de desejo tomar conta dos olhos castanhos. Esboçando um sorriso sacana, a mais nova se inclina levando sua boca até o ouvido de Brunna.
- No primeiro momento eu pensei em deixar você fazer qualquer coisa comigo mas agora eu mudei de idéia, será ao contrário. - esquecendo como respirava, Brunna separa os lábios e puxando fôlego com força.
Brunna morde os lábios ao sentir a mão quente da mulher jogar seu cabelo para trás e os lábios macios tocarem seu pescoço, dando beijos, lambidas e mordidas que a deixavam maluca por Ludmilla saber os lugares exatos que Brunna gostava.
- Você é um inferno de mulher. - ela fala baixo, sentindo Ludmilla rir baixo contra seu pescoço.
- Vou te mostrar o que é ser um inferno de mulher. - a voz rouca e arrastada causa arrepios em Brunna, a deixando totalmente entregue a qualquer coisa que Ludmilla fosse fazer com ela.
[...]
Rafaela estava sentada em sua cama acompanhada de mais três garotas, Gabriela e Karina que eram suas melhores amigas e Sabrina, uma garota que tinha ficado sem uma dupla por ser odiada por todos da sala mas Rafaela não entendia o motivo, por isso resolveu a chamar mas com apenas dez minutos da garota ali, já começava a entender.
- Por onde vamos começar? - Karina pergunta percebendo que Rafaela já estava ficando com os nervos a flor da pele.
Gab começa a ajudar Karina a tirar o foco de Sabrina e elas conversam sobre como o trabalho seria feito, iniciam um pequeno rascunho em uma folha de sulfite e explicam como seria feito na cartolina.
- Mãe! - Rafaela fala vendo Ludmilla passar em frente a sua porta, tinha chego a pouco.
- Oi querida. - apoia as mãos no portal da porta - Olá garotas. - cumprimenta as três, já conhecia duas delas por sempre estarem indo ali no apartamento, fosse para sequestrar Rafaela ou para fofocar - Estão fazendo trabalho?
- Sim, você chegou a muito tempo?
- A uns cinco minutos, você sabe onde a Brunna e a Cecília foram?
- A mãe levou a Cecília para o parquinho ali em baixo, a Ceci estava querendo ficar aqui com a gente e quando a minha mãe ia tirar ela, ela abria o berreiro. - explica arrancando uma risada de Gab.
- Entendi, obrigada. Boa sorte para fazer o trabalho. - deseja antes de se retirar.
- Você tem mães lésbicas? - Sabrina questiona.
- Não, minha mãe é bissexual... Bom, é o que acho, a Ludmilla é lésbica. - explica sem ver mal algum em dizer aquilo.
- Você não tem pai? - Rafaela para o que estava fazendo, sobe o olhar para a garota que parecia ter uma expressão enojada e levanta a sobrancelhas.
- Tenho um pai e três mães, algum problema? - pergunta incomodada com sua expressão. Não se importava de incluir Estefani como mãe afinal a mulher sempre a apoiava em qualquer coisa, assim como sua mãe.
- É nojento...
- Pessoal, vamos focar no trabalho. - Karina tenta intervir vendo Rafaela apertar o lápis com os dedos.
- O que é nojento?
- Duas mulheres, eu acho nojento. É a minha opinião.
- A é? - solta o lápis e cruza os braços - Sabe o que você deveria fazer com a sua opinião?
- Rafael...
- Você deveria pegar ela e enfiar no meio do seu cu! - continua a falar sem se importar com Gab tentando a impedir.
Sabrina a olha surpresa vendo o rosto de Rafaela ficar vermelho pela raiva que sentia, sendo necessário apenas alguns segundos até elas começarem a discutir.
- O que está acontecendo aqui? - Ludmilla entra no quarto vendo que Rafaela estava a ponto de arremessar alguma coisa em Sabrina enquanto Gab e Karina tentavam acabar com a discussão.
- Essa vagabunda entra na minha casa, come a comida que a minha mãe fez e ainda quer falar merda sobre ela! - aponta para Sabrina.
- Rafaela! - Ludmilla chama sua atenção.
- Cadê a sororidade que você tanto prega? - Sabrina debocha.
- Sororidade? Com uma vagabunda como você?! Prefiro lamber caco de vidro! - fica de pé e Ludmilla arregala os olhos. Nunca tinha visto Rafaela naquele estado - Sai da minha casa. - aponta para a porta do quarto.
- Nós precisamos fazer o trabalho ou a nota será menor! - aponta para a cartolina.
- Foda se a merda do trabalho! Saí agora da minha casa! - vendo que não sairia nada certo dali, Ludmilla entra no meio segurando Rafaela pelos ombros vendo os olhos castanhos tomados pela fúria e marejados.
Karina estava em choque, não sabia lidar com discussões então Gab pega as coisas de Sabrina, entrega para a garota e a puxa para fora do quarto.
- Vamos conversar lá no quarto da sua mãe. - Ludmilla pede com a voz calma vendo Rafaela afirmar com a cabeça sentindo o carinho da mais velha em seu ombro - Nós já voltamos. - Ludmilla avisa para Karina que afirma com a cabeça.
Ludmilla guia Rafaela até o quarto de Brunna, fecha a porta e encara Rafaela que se senta na cama deixando lágrimas grossas fruto do ódio que sentia escorrer por suas bochechas.
- O que aconteceu? - pergunta com a voz mansa se aproximando da cama.
Por um momento, Rafaela agradece que era Ludmilla que estava presente e não sua mãe ou já estaria ouvindo a mulher surtando pelos seus xingamentos.
- Aquela vagabunda...
- Sem xingamentos. - interrompe levando a mão até seu rosto, enxugando as lágrimas.
- A Sabrina começou a falar coisas homofóbicas quando descobriu que minha mãe namora com você. - murmura chorosa mas com a voz carregada de raiva - Eu não me importo se fale de mim, pode até me dar um soco no estômago mas não gosto que falem da minha família, Lud. - funga.
Ludmilla fica observando Rafaela por alguns segundos até a garota começar a descarregar a raiva que sentia em formas de lágrimas. Sem pensar duas vezes, Ludmilla a puxa para seus braços e acaricia seus cabelos castanhos, ela permanece em silêncio por alguns segundos até Rafaela se acalmar.
- Eu sei o quanta revolta causa por pessoas falarem essas coisas... E como sua amiga eu digo que você não estava errada em expulsar ela mas como eu namoro a sua mãe e você me chama de mãe, eu tenho que te advertir pela maneira que você falou com a garota. - Rafaela ri sentindo Ludmilla secar suas lágrimas, mais uma vez - Porém... Hmm, não sirvo para te dar uma bronca por causa disso. - suspira murchando os ombros.
Não poderia ficar brava com a ação de Rafaela pois apoiava a garota, já tinha feito coisa pior quando falaram coisas homofóbicas para ela porém sabia que Brunna iria ficar furiosa, o que ela não poderia ficar.
- Eu estou orgulhosa de você por ter se imposto e não abaixado a cabeça. - fala segurando sua mão - Mas não faça mais isso, não com toda essa raiva, é isso que eles querem, querem que você perca a cabeça e vá para cima deles para que eles possam nos taxar como agressivos ou coisa do tipo. - pausa - Não se combate o ódio com ódio, isso gera apenas mais ódio.
- Mas Ludmilla...
- Existem outras formas de combater homofobia... Mesmo que eu ache que às vezes um pedaço de tijolo ou madeira resolva. - murmura arrancando uma risada alta de Rafaela.
- Tudo bem...- se dá por vencida.
- Eu não vou contar para a sua mãe o que aconteceu, não quero que ela se irrite e sabemos como ela iria se irritar. - Rafaela afirma com a cabeça - Porém, não quero que isso aconteça mais, não nessa casa. Agora você vai sair desse quarto e ir pedir desculpas para as suas amigas, a coitadinha da Karina ficou apavorada.
- Você realmente não vai contar para a minha mãe?
- Vou fazer vista grossa, só porquê você me deixou orgulhosa e eu sou sua amiga porém dá próxima vez isso não vai acontecer, terá que ouvir a Brunna esbravejando aos quatro ventos que não te criou dessa maneira. - segura o rosto de Rafaela para beijar sua testa.
- Obrigada por entender, Lud.
- Isso não vai ficar barato, viu? Você vai ter que limpar muito o banheiro para pagar.
- O quê?! Isso é tipo um castigo indireto. - abre a boca com indignação.
- É a vida. - Ludmilla lança uma piscadela em sua direção - Agora vai lá. - deixa um tapinha em seus ombros antes da garota se levantar.
- Ludmilla, minha mãe e você são o par perfeito, uma toda estourada e outra calminha. - brinca fazendo Ludmilla rir.
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