-36-
Depois de Brunna deixar Ludmilla no seu trabalho como sempre, ela partiu para o seu pedindo para Brenda comunicar a sua equipe que queria uma reunião de emergência em trinta minutos, o que deu tempo o suficiente dela ir até a sala de Paulo.
- Bom dia, o Paulo já chegou? - questiona para a secretária que confirma e pega o telefone para avisar seu chefe que Brunna estava ali. Liberando sua entrada no escritório, Brunna segura os papéis com firmeza e entra no enorme escritório encontrando o homem abotoando o blazer enquanto tomava uma xícara de café.
- Bom dia Brunna, como está? - pergunta bem humorado apoiado na mesa.
- Estou ótima, obrigada por perguntar. - responde com gentileza andando até o homem.
- O que lhe traz até minha sala?
- Eu queria comunicar a você que não poderei mais vir trabalhar e por isso, trabalharei de casa. - explica vendo suas grossas sobrancelhas ficarem franzidas - Achei que seria melhor eu vir falar com você antes de levar os papéis até o RH.
- Tem algum motivo por trás?
- Estou grávida. - Paulo fica em silêncio por alguns segundos, solta a xícara sobre a mesa ainda em surpresa e passa a língua sobre os lábios - É uma gravidez de risco e como pode ver, tenho ordens médicas para trabalhar de casa. - estica o papel para o homem que prontamente o pega para analisar - Meu médico achou que fosse melhor eu pegar um afastamento mas eu preferi continuar trabalhando. - continua se explicar, sabia que Paulo era compreensivo, pelo menos teve a sorte de não ter um chefe misógino e imbecil.
- Wow, meus parabéns Brunna. - ele abre um enorme sorriso voltando a olhar - Está de quantos meses?
- Não tenho certeza mas acredito que três. - contém uma sorriso, encostando sua mão na barriga com discrição.
- Por que sua gravidez é de risco? - questiona interessado.
- São trigêmeos.
- Boa sorte. - dispara soltando uma risadinha - E sobre o home office, por mim está tudo bem desde que a sua eficiência não caia. - estende o papel de volta para a mulher.
- Não irá, isso eu prometo. - balança a cabeça passando confiança para Paulo - Eu já vou porquê tenho que comunicar a minha equipe e organizar algumas coisas. - sorri.
- Tudo bem mas meu Deus, uma filha pequena e agora mais três? - brinca.
- Como você...
- Fofocas correm. - mexe os ombros arrancando uma risada de Brunna. Se despedindo do homem, ela sai do escritório voltando para o seu andar, tomando extremo cuidado para que nada tocasse em sua barriga.
Assim que ela entra na sua sala, pegou uma caixa e começou a colocar vários papéis ali dentro, até mesmo seu notebook do trabalho. Testando para ver se a caixa estava pesada, acaba percebendo que iria pedir a ajuda de Brenda para levar ela até seu carro. Deixando a caixa sobre sua mesa, ela vai para a sala de reunião junto com Brenda.
- Bom dia, pessoal. Todos estão aqui? - questiona caminhando até onde ficava o monitor enorme. Intercalando o olhar entre as pessoas ali vendo todos afirmarem com a cabeça, sorri esperando que Brenda se sente - Peço que não se preocupem por conta da reunião de emergência, não irei dar nenhuma bronca. - brinca tentando acabar com o clima tenso que estava pairando sobre a sala de reuniões.
Podendo ver todos relaxarem e soltando uma risada baixa, Brunna esboça um sorriso contido e respira fundo.
- Eu pedi para a Brenda, minha secretária, comunicar uma reunião de emergência pois preciso comunicar que não virei mais trabalhar. - todos arregalam os olhos - Não, não fui demitida, se acalmem. - ri divertida gesticulando com as mãos - Como temos uma relação boa, acredito que possa contar que estou grávida de trigêmeos e terei que ficar em casa.
Ouvindo aquela notícia alguns arregalam os olhos, outros ficam com uma cara de surpresa e as mulheres que eram mães soltam um "vixe".
- Tive a mesma reação, acreditem. - comenta com bom humor - Mas o foco dessa reunião não é a minha gravidez, quero dizer que enquanto eu estiver trabalhando em casa, qualquer coisa que de errado eu quero que reportem a Allyson, ela irá tentar ajeitar e em último caso, me informará e eu mesma arrumo. - toca o ombro de Allyson que a olha surpresa. Brunna sempre quis resolver as coisas sozinha e aquela mudança tinha pego a mulher de surpresa - E nossas próxima reuniões, vocês irão me ver por ali. - aponta para o monitor - Torçam para a minha internet estar boa. - brinca fazendo todos ali presentes rirem.
Explicando que Brenda lhe mandaria relatórios semanalmente sobre sua equipe e que esperava não precisar chamar a atenção deles por e-mail, finalizando aquela reunião, todos a parabenizam pela gravidez recebendo diversos abraços. Ficando apenas com Allyson e Brenda para combinar as coisas, Brunna sai do trabalho perto do meio dia encontrando Ludmilla no mesmo restaurante que sempre se encontravam, trocou algumas palavras acalmando a mulher dizendo que tudo tinha ocorrido bem e aproveitou para buscar Rafaela na escola.
Estacionada em frente a escola da menina, Brunna ficou mexendo no celular pesquisando algumas coisas sobre gravidez de trigêmeos para tentar ficar mais calma, ela acaba ficando ainda mais nervosa quando se depara com uma foto de outra grávida vendo o tamanho da barriga que ela tinha no final da gravidez. Engolindo seco desviando os olhos para sua barriga que ainda estava quase imperceptível, ela respira fundo repetindo em sua cabeça que não tinha motivos para surtar.
Quando Brunna percebe diversos adolescentes passando por seu carro, ela presta a atenção para ver se encontrava Rafaela. Encontrando a garota saindo dos portões da escola segurando na mão de Pedro, Brunna abaixa o vidro esperando a garota notar sua presença ali, Rafaela abre um enorme sorriso quando encontra o rosto familiar de sua mãe, arrastando o garoto consigo, os dois param na frente do vidro.
- Olá, senhora Gonçalves! Parabéns pela gravidez, a Rafa me contou. - o garoto parabeniza fazendo Brunna sorrir.
- Obrigada, Pedro. Como você está?
- Bem e a senhora?
- Ótima. - balança a cabeça desviando seus olhos para a sua filha - Vamos filha? Vou precisar da sua ajuda para carregar algumas coisas. - aponta para a caixa no banco de trás.
Rafaela afirma com a cabeça dando um beijo na bochecha de Pedro para se despedir, trocam algumas palavras e a garota entra no carro cumprimentando sua mãe com um beijo.
- Como a minha mamãe gravidinha está? - pergunta sorridente colocando o cinto.
- Ótima, filhota. Como foi a escola? - questiona sorridente com o carinho da filha.
- Divertido, uma menina do primeiro ano saiu no tapa com uma do segundo, elas arrancaram um tufo de cabelo da outra. - fala inconformada.
- Que horror, por quê elas brigaram? - Brunna dá partida no carro para sair daquela vaga.
- Parece que era por homem, eu assisti tudo de camarote porquê estava sentada perto delas. Não fiz nada por achar ridículo a briga e ainda mais ridículo o motivo mas tive uma ótima fofoca para contar. - Brunna tenta se manter séria ouvindo o relato da filha mas acaba caindo na risada, não conseguia acreditar que sua filha era tão fofoqueira assim.
Ao chegarem no apartamento, Rafaela ajuda sua mãe a carregar as coisas mais pesadas até chegarem no apartamento, sendo recebidas por Cecília correndo na direção das duas completamente pelada, soltando gritinhos animados, como sempre fazia. A babá, Verônica vinha logo atrás com os cabelos em pé e com sabão até em seu rosto, o que causou várias risadas da parte de Rafaela.
Vendo aquela cena, Brunna se ajoelha cumprimentando sua filha sem se importar de ficar molhada, mas logo lhe dá uma bronca por estar sendo levada com Verônica. O que fez Cecília pedir desculpas do seu jeitinho e dar um beijo na babá, a deixando com um sorriso bobo, Verônica ficava besta como Cecília era educada e respeitava a palavra das duas mães, mesmo sendo tão nova.
Indo com Verônica para terminar seu banho, Brunna troca de roupa e vai para a cozinha começar a preparar seu almoço, sabia que Verônica sempre preparava algo para Rafaela, Cecília e ela comerem mas Brunna notou que ocorreu um imprevisto. Arrumando a mesa adicionando um prato para Verônica, Brunna espera todas chegarem e se derrete vendo Cecília com os cabelos molhados, um vestido vermelho de bolinhas e um laço na cabeça.
Após comer com suas filhas, Brunna pede licença e se tranca no quarto para começar a trabalhar, permitindo a si mesma de ter algumas pausas para ir brincar com Cecília e conversar um pouco com Verônica. Conseguindo finalizar seu dia de trabalho com sucesso, ela sorri satisfeita saindo do quarto para esperar Ludmilla e dispensando a babá, chamando um carro para a mulher.
Sentada no chão com Cecília entre suas pernas, Brunna segurava um livro com diversas figuras.
- Quem é esse bichinho? - aponta para o porco fazendo Cecília imitar o barulho de um porco, olhar para cima e sorrir orgulhosa. - Isso mesmo, um porquinho. - afirma com a cabeça e a bebê aperta um botão fazendo o barulho do animal sair pelos alto falantes do livro.
Brunna e Cecília ficam se divertindo por um bom tempo com aquele livro até a porta se abrir, atraindo a atenção delas para Ludmilla que entrava na sala segurando seu blazer. Ludmilla deixa sua bolsa junto com o blazer de lado, tira os saltos e se ajoelha abrindo os braços para receber Cecília que corria ao seu encontro.
- Olá, meu bebê! - fala enquanto beijava sua bochecha se levantando com ela nos braços.
- Mamãe, Cecília... - começa a balbuciar como se explicasse algo deixando uma risada escapar dos lábios de Ludmilla.
- A é? - a menina afirma com a cabeça - Que feio, dona Brunna. - olha para sua namorada que já estava de pé e ergue as sobrancelhas.
- O que eu fiz? - questiona com um tom brincalhão enquanto a mulher colocava Cecília no chão.
- Não sei mas entendi "mamãe" no meio de tudo. - enruga o nariz envolvendo a cintura de Brunna com seus braços.
- Que lindo, se ela estiver te contando a bronca que eu dei nela por correr pelada por ai, estará tirando a minha autoridade como mãe. - finge estar brava passando os braços por seu pescoço.
- Putz, por que você não me avisou? - arregala os olhos colando seus lábios - Só me falta eu estar mimando a nossa filha. - Brunna solta uma risada contra seus lábios aprofundando o beijo delas sabendo que Cecília tinha corrido atrás de Rafaela.
- Amor, amanhã você irá comigo na consulta?
- Claro, vou tirar minha tarde de folga e depois repôr em horas extras. - balança a cabeça olhando em seus lindos olhos castanhos - Como eu não iria na primeira vez que iremos ver nossos filhinhos?
- Devia ter imaginado. - sorri apaixonadamente dando-lhe mais um beijo lento antes de se afastar.
Indo para o banheiro tomar um banho, Ludmilla passa no quarto de Rafaela para deixar um beijo em sua testa encontrando suas duas garotas na cama assistindo alguma coisa, quando se aproximou viu que era a turma da Mônica e isso a fez rir. Feito o que tinha ido fazer, Ludmilla se retira para tomar seu banho para poder se dedicar 100% para sua família e sua grávida favorita.
[...]
Brunna estava sentada na cama com o rosto afundado nas mãos, parecia que ela finalmente tinha digerido que teria trigêmeos, três bebês de uma única vez e um medo irracional tinha a atingido, tinha certeza que sentia o mesmo medo que sentiu quando descobriu estar grávida da Rafaela, sua primogênita.
- Brunna, está tudo bem? - Ludmilla pergunta entrando no quarto segurando uma garrafa de água, sempre acordava no meio da noite com sede.
- Não. - murmura com a voz chorosa deixando a mais nova em estado de alerta. Subindo com rapidez na cama, Ludmilla se senta sobre seus pés com um olhar preocupada.
- O que foi, vidinha? - toca sua perna indicando que estava ali. Tirando as mãos do rosto, Brunna permite que Ludmilla veja seus olhos vermelhos - Ei, o que aconteceu?
Assim que Ludmilla pergunta aquilo, os lábios de Brunna começam a tremer e a mais velha se joga em seus braços ficando encolhida como uma criança indefesa buscando proteção. Completamente confusa, Ludmilla a aperta contra seu rosto ouvindo a mulher chorar baixinho contra seu pescoço, acariciando suas costas, Ludmilla fica em silêncio permitindo que Brunna chore em seu ombro.
O choro de Brunna dura vários minutos até que ela se afasta envergonhada, enxuga o rosto e deixa seu olhar caído sobre a cama.
- O que aconteceu? - volta a perguntar segurando a mão de Brunna - Fala comigo, amor. - pede levando uma mão até o queixo de Brunna onde levanta seu olhar com delicadeza.
- Estou com medo. - confessa olhando nas orbes claras.
- Por que? - descendo sua outra mão, ela acaricia o braço de Brunna.
- Uma gravidez de três é de risco, eu já tenho trinta e cinco anos e não sei se consigo... - sua voz some quando um outro choro tenta subir sua garganta mas ela o reprime - Eu não sei, amor. Estou com tanto medo.
- Eu também estou. - confessa - Mas você é uma mulher forte e batalhadora e nós vamos conseguir, estamos juntas nessa, você não está sozinha. - Brunna morde o lábio inferior com força.
Tomando coragem para colocar todo seus medos sobre aquela gravidez para fora, Ludmilla ouve tudo com atenção e paciência permitindo que a mulher chore entre suas falas. Entendia perfeitamente os medos de Brunna, Ludmilla estava sentindo a mesma coisa mas sabia que Brunna sentia tudo com mais intensidade, pois ela era quem estava carregando os embriões que mais para frente se tornariam bebês e precisariam de muito cuidado até lá.
No fim do desabafo de Brunna, Ludmilla começa a falar coisas que surge um efeito calmante sobre Brunna a deixando bem mais calma por sempre enfatizar que ela não estava sozinha e elas passariam por isso juntas. Por fim, Brunna se deita na cama agarrada a mãe dos seus filhos e recebendo um carinho gostoso junto com beijos, acaba adormecendo de exaustão.
Na noite anterior Ludmilla era quem tinha adormecido de exaustão após chorar, essa noite tinha sido Brunna indicando que ambas estavam se abrindo para permitir que elas entrassem fundo em seus seres, fazendo o relacionamento delas evoluir aos poucos e as duas aprendendo mais sobre a outra, conhecendo seus medos, traumas e inseguranças para trabalharem juntas nisso.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro