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No domingo a tarde, Brunna decidiu que levaria Cecília para o seu trabalho pois Ludmilla estava a ponto de começar a chorar por não ter conseguido uma babá que lhe passasse confiança. Não dando oportunidade para que Ludmilla começasse suas perguntas inseguras, ela apenas lhe encheu de beijos dizendo que amaria passar um tempo a sós com a pequena.
Na manhã seguinte, Ludmilla foi a primeira a acordar, algo difícil de acontecer por ela tinha o sono pesado mas seu nível de inquietação a deixava com o sono leve. A primeira coisa que elas fez foi arrumar a bolsa de Cecília onde tinha fraldas, brinquedos, chupetas, um potinho com saladas de frutas e o seu leite em pó para caso fosse necessário, acordando Cecília com cuidado para ela tomar banho, a bebê ameaça chorar mas ao receber os beijinhos da sua mãe, se acalma e aproveita o banho quentinho, logo após isso, vestindo uma roupa quente e confortável, Ludmilla prepara sua mamadeira e deixa a bebê que estava sonolenta dentro do berço para ir se arrumar.
Quando saiu do banho, Brunna estava na cozinha adiantando o café da manhã e Rafaela ainda dormia, ela foi para o quarto vestir o seu terno cinza escuro, ajeitou a gola da camisa social que tinha o último botão aberto, vestiu o blazer e respirou fundo passando as mãos pela roupa, sentando-se para fazer uma maquiagem fraca, Brunna entra no quarto enrolada em uma toalha, a olha por alguns instantes e sorri.
- Bom dia, como está se sentindo? - pergunta beijando seus cabelos bem alinhados.
- Ansiosa. - responde a olhando pelo espelho, terminando de fazer o delineado em seus olhos. Ludmilla tinha passado apenas um pouco de base e corretivo para esconder as olheiras em baixo dos olhos e algumas marcas de espinha que tinha por sua bochecha, além do delineado que dava o toque final para seu rosto.
- O carrinho da Cecília desmonta?
- Sim. - balança a cabeça guardando os pincéis e vai atrás da sua bolsa.
- Vi que ela já está pronta e dormindo, então vou levar o carrinho para não interromper o sono dela.
- Obrigada por estar me ajudando.
- Somos mães, amor. Mães se ajudam. - mexe os ombros colocando a toalha sobre a cama para começar a se vestir - Então será assim, eu levo a Cecília comigo, nós nos encontramos para almoçar, você vê ela e depois eu a trago para casa e Rafaela fica com ela o resto da tarde. - repassa o plano.
- Sim. - afirma com a cabeça enquanto checava se todos os seus documentos estavam na bolsa.
- Perfeito. - murmura para si, vestindo o terno com habilidade para começar a maquiagem.
Quando as duas saem do quarto, Rafaela já estava tomando seu copo de leite e as duas se juntam para comer. Na hora de sair do apartamento, Brunna leva a bolsa e o carrinho deixando Ludmilla carregar a bebê adormecida em seus braços, colocando tudo no carro, elas vão em direção ao trabalho. Deixando Ludmilla na frente do seu trabalho, Brunna lhe dá um beijo desejando boa sorte e se despedem para que ela possa ir para o seu prédio.
Estacionando o carro na vaga de sempre, Brunna desce do carro e vai tirar o carrinho que estava no porta malas, colocando Cecília no carrinho, ela pega as duas bolsas, tranca o carro e vai até o elevador que a levaria para seu andar. Recebendo alguns olhares curiosos dos funcionários que entravam no elevador, Brunna esperava pacientemente até poder sair da caixa metálica empurrando o carrinho.
Novamente, atraindo a atenção de quase todos que trabalhavam no mesmo andar que ela por estranharem a mulher com um bebê, ela entra em sua sala e coloca o carrinho de Cecília perto da sua mesa, arruma a manta sobre a bebê e senta na cadeira confortável que tinha em seu escritório.
Em questão se segundos, Allyson entra em sua sala com um olhar desconfiado, andando até sua mesa intercalando o olhar entre Cecília e Brunna.
- Quem é ela? - aponta para o carrinho.
- Minha filha. - responde despreocupada, ajeitando o óculos em seu rosto enquanto assinava alguns papéis.
- Quando você engravidou que eu não fiquei sabendo? - brinca andando até Cecília para analisar seu rostinho.
- É a filha da minha namorada, a Ludmilla. Aconteceram alguns imprevistos e precisei trazer ela comigo. - explica de maneira superficial, não era acostumada a contar da sua vida no ambiente de trabalho.
- Entendi... Não se esqueça, temos uma reunião com a equipe em vinte minutos, precisamos ver os últimos detalhes para aquele evento.
- Já estava me esquecendo. - suspira subindo o olhar para Allyson. - Obrigada por me lembrar. - agradece.
Elas trocam mais algumas palavras até que Allyson se retira permitindo que Brunna continue assinando alguns papéis permitindo que os enfeites, buffets e locais de festa sejam aprovados. Vinte minutos depois, Brunna saia segurando alguns papéis e empurrando o carrinho de Cecília até entrar na sala de reuniões, atraindo o olhar da sua equipe que tanto lhe dava orgulho.
- Bom dia. - cumprimenta todos deixando o carrinho da bebê perto da sua cadeira, dando falta de uma funcionária, Brunna franze o cenho - Onde está a Vitória?
- Estou aqui, Sra Gonçalves. - a mulher entra correndo na sala com o cabelo bagunçado - Me desculpe, eu tive um problema com meus filhos e...
- Está tudo bem. - a tranquiliza com um sorriso gentil - Eu entendo. - aponta para Cecília que se mexia um pouco, fazendo uma carinha desgostosa e voltando a dormir.
Quando Brunna foi escolher seus funcionários, ela deu preferência para mães pois sabia o quanto era difícil para elas conseguirem um emprego e por isso, ela tinha sete mulheres que eram mães solo ou sustentavam a casa na sua equipe.
- Podemos começar? - questiona ligando o enorme monitor que estava conectado ao notebook para começar organizar os últimos detalhes.
No meio da reunião, Cecília acorda e começa a chorar por estar estranhando o local, o que fez Brunna terminar de apresentar sua idéia para um evento com a bebê no colo, que arrancava um ou outro sorriso das vinte pessoas presentes ali. Cecília olhava a sua volta com curiosidade vendo os rostos estranhos e o céu azul, junto com alguns prédios, gostando da visão que o andar em que estavam proporcionava.
Encerrada a reunião, Brunna volta Cecília para o carrinho, pega os papéis parabenizando o pessoal pelo último evento e se retira voltando para seu escritório, fechando a porta e deixando que Cecília explore o local, chamando sua atenção quando tentava pegar algo quebradiço. Lhe entregando um papel junto com os giz de cera que encontra dentro da sua bolsa, a bebê fica sentada sobre o tapete desenhando.
Perto das nove vendo que estava quase na hora de Cecília comer algo, vasculha a bolsa da bebê encontrando um pote com uma salada de frutas com manga, banana, morango e mamão, procurando uma colher, ela aperta os lábios vendo que Ludmilla tinha esquecido de colocar. Pedindo para sua secretária levar uma colher até sua sala, Brunna começa a preparar Cecília para comer, colocando seu babador e a colocando no carrinho onde teria onde apoiar o pote.
- Aqui, Sra Gonçalves. - Brenda, sua secretária entra em sua sala segurando uma colher.
- Obrigada Brenda, esqueci de pegar uma colher. - suspira aliviada abrindo o pote com a salada de frutas e estende a mão para pegar a colher.
- Mamãe, dá! - Cecília fala em urgência ao ver alguns pedaços de manga.
- Não sabia que você tinha uma filha desse tamanho. - a mulher comenta olhando para Cecília que tinha os braços estendidos querendo pegar o pote.
- Nem eu sabia até um tempo atrás, ela que me escolheu. - sorri entregando a colher com o pote para Cecília. Rindo ao ver Cecília pegar os pedaços de manga com cuidado e levar até sua boca usando a colher, ela se vira para Brenda.
- Ela é uma graça... Você precisa de mais alguma coisa, Sra? - questiona.
- Você pode me trazer um antiácido? Vi que os meus acabaram. - conversando um pouco mais sobre seus compromissos na parte da tarde, Brenda se retira, a mais velha volta a trabalhar intercalando o olhar entre o computador e Cecília que comia sem pressa alguma. Minutos depois, Brenda retorna com um copo de água e o antiácido para Brunna que agradece, ficando aliviada ao sentir a azia que sentia sumir aos poucos ao tomar o remédio.
Menos de quinhentos metros dali, um homem chamado William apresentava para Ludmilla o andar em que ela trabalharia, primeiro eles conheceram a área dos lanches onde tinha uma pequena cafeteria, mais para frente foi a ala dos chefes e depois a mesa em que ela trabalharia. Ali ela foi muito bem recebida e recebia a ajuda necessária para pegar o ritmo daquele ambiente, menos de duas horas depois Ludmilla já sabia fazer a maioria das coisas, sentindo o olhar avaliativo do seu chefe sobre ela.
Ludmilla ficaria no período de experiência por uma semana, se ela passasse sem problema algum, o emprego já era dela. O que ela faria de tudo para conseguir pois já tinha chegado ali, não podia desistir. Ela estava eufórica, aquela era realmente a área que ela amava trabalhar, se dava tão bem com os números que chegava ser impressionante.
A mulher estava tão imersa em tantos números que só percebeu que tinha chegado o horário do almoço quando sua vizinha de mesa cutucou seu ombro, perguntando se ela não iria almoçar. Pegando sua bolsa, Ludmilla caminhou até o elevador e pegava seu celular, vendo a mensagem que Brunna tinha acabado de mandar dizendo que estava a esperando no restaurante em frente ao prédio que ela estava trabalhando.
Com um sorriso animado, ela sai do prédio atravessando a rua até chegar no restaurante da frente. Seu coração se enche de amor ao encontrar Brunna brincando e dando beijinhos em Cecília, ao perceber sua aproximação, Brunna abre um enorme sorriso ficando de pé para selar seus lábios.
- Estou faminta. - ela diz voltando a se sentar, olhando Ludmilla sentar a sua frente.
- Eu também. - sorri, se inclinando para beijar a testa de Cecília - Como a minha menina se comportou?
- Muito bem, não chorou, se comportou, comeu tudinho o que você mandou e ainda animou a sala de reunião. - ao dizer aquilo, Ludmilla parabeniza Cecília que ri animada.
Pelo horário de almoço delas serem diferentes, Ludmilla ter apenas uma hora e Brunna duas, elas ficam juntas almoçando e brincando com Cecília, Ludmilla conta como tinha sido sua primeira impressão do seu novo trabalho, o que deixou Brunna animada pela mulher. Quando chegar a hora de Ludmilla voltar para o trabalho, elas trocam um breve selinho dividindo a conta do que tinham consumido e Ludmilla se foi.
Brunna ficou por ali até chegar a mensagem de Rafaela dizendo que já estava no apartamento, em segundos ela já estava saindo do restaurante, pegando seu carro e voltando para sua casa. No meio do caminho, Brunna aproveita para comprar uma marmitex pequena para que sua filha não coma besteiras e ao chegar no prédio em que morava, pega as coisas de Cecília para poder subir com rapidez dando um beijo nas suas duas meninas.
Voltando para o seu trabalho, Brunna se encontrava leve e com um sorriso frouxo, passar um tempo com Cecília e Ludmilla causava isso nela, mesmo que fosse um tempo curto. Porém, sua calmaria dura pouco, logo que chegou no seu andar já teve que se apressar para fazer as coisas que tinha jogado da parte da manhã para a tarde, seriam longas horas cansativas.
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