-28-
Na manhã seguinte, todos se levantam às seis da manhã, menos Ludmilla que estava cansada graças a Cecília por não querer dormir no cedo. Na cozinha, todos estavam sentados na mesa comendo um bolo de fubá e tomando o café que Mirian tinha feito, já Cecília se encontrava deitada no colo de Brunna tomando sua mamadeira.
- Querida, vai acordar a Ludmilla para ela tomar café. Nós vamos ir pegar frutas. - Brunna pede olhando para Rafaela que afirma com a cabeça.
Saindo da mesa, a garota segura a risada tendo uma ideia de como acordar sua madrasta, coloca a cabeça para dentro do quarto escuro, anda até a janela abrindo-a com rapidez e começa a cantar:
- Bom dia, o Sol já nasceu lá na fazendinha, acorda o bezerro e a vaquinha! - começa a dar pulinho até a cama e Ludmilla começa a se mexer, olhando por cima do ombro tentando entender o que estava acontecendo - Levanta, o cavalinho já pulou da cama. - Ludmilla permanece séria por alguns segundos até que ri afundando o rosto no travesseiro - Hora de levantar, gay! Vamos colher frutas. - puxa o edredom da mulher que resmunga.
- Você tem que ter mais respeito por mim, agora eu sou a sua madrasta. - Ludmilla fala sonolenta, coçando os olhos.
- Você era a minha amiga muito antes de virar minha madrasta. - rebate fazendo a mais velha rir - Se colocar na balança, tem pesos diferentes.
- Me acorda desse jeito de novo que convenço sua mãe a tirar seu notebook. - ameaça sentando na cama, agradecendo mais um dia por não estar com ereção matinal.
- Vai enfiar a minha mãe no meio? - cruza os braços, debochando.
- Sim. - afirma com a cabeça, tirando alguns fios do rosto.
- Vamos logo, mãe. A vó falou que não vamos sair pra caçar frutas enquanto a bela adormecida não tomar café. - Ludmilla franze o cenho e encara Rafaela com confusão.
- Do que você me chamou?
- De mãe. A Cecília pode roubar a minha mãe de mim e eu não posso roubar a dela? Isso é injustiça! - pontua fazendo Ludmilla rir.
- Sou nova demais para ter uma filha de dezesseis anos. - se defende, levantando da cama.
- Entra no roteiro, é aqui que você fica emocionada e me abraça. - ouvindo aquilo, Ludmilla ri.
- Se manca, Rafaela. Nem você acredita nisso. - dizendo aquilo, quem ri é Rafaela mostrando que estava brincando.
Andando para fora do quarto, ainda rindo. Rafaela entra na cozinha sentando no lugar em que estava anteriormente, minutos depois, Ludmilla entrava na cozinha usando uma roupa confortável para o que iriam fazer, senta ao lado de Brunna e olha para seus sogros.
- Desculpe não ter acordado para tomar café com vocês. - se desculpa envergonhada.
- Está tudo bem, a Brunna explicou que a bebê demorou para dormir. - olha para Cecília que olhava para a mãe do colo de Brunna, terminando sua mamadeira.
- Mesmo assim, me desculpem. - sorri sem jeito, pegando um pedaço do bolo que estava cortado em fatias logo a sua frente - Por que não me acordou? - cochicha para Brunna, logo após beijar os cabelos de Cecília cumprimentando a bebê.
- Você parecia cansada, amor. Meus pais não ligam de alguém demorar para levantar. - cochicha de volta, lhe dando um selinho de bom dia.
- Mesmo assim, é a primeira vez que eu venho. - suspira. Seus sogros estavam ocupados demais com Rafaela falando sobre querer nadar no lago que tinha dentro do sítio para notar as mulheres cochichando.
- Desculpe, amanhã eu te acordo bem cedo. - sorri pegando a mamadeira que Cecília lhe estendia.
- Então, vocês dormiram bem? - Mia pergunta, olhando para o casal - Hoje teve poucos mosquitos, uma sorte.
- Nem notei, nenhum me picou. - Ludmilla comenta intercalando o olhar entre a mais velha e Cecília que descia do colo de Brunna para explorar o ambiente.
- Em compensação, estou cheia de calombos. - Brunna resmunga mostrando os braços que estavam com alguns pontos vermelhos.
- E você, Rafa? - Jorge pergunta.
- Eu sou esperta e trouxe repelente. - se gaba - Para a arteira ali e para mim. - aponta para Cecília que estava ameaçando de abrir uma gaveta mas quando Ludmilla chama sua atenção, ela desiste.
- Não se esqueçam de passar antes de sairmos, lá fora tem ainda mais por ser mato. - ele alerta.
Terminando de tomar o café da manhã, os seis vão para fora e Cecília fica abaixada olhando a grama, vendo uma joaninha entre tanto verde. Ludmilla ri baixo quando Cecília cai sentada quando o inseto voa, olhando em volta procurando sua mulher, ela encontra Brunna saindo de uma pequena casa de barro empurrando uma carriola, se aproximando das duas que estavam na grama, Brunna para para fazer um coque apertado e olha Ludmilla.
- Coloca a Cecília aqui, vamos subir o morro porquê é lá em cima que tem as árvores. - aponta para um morro extremamente alto que dava para ser visto de onde estavam.
- Vai andar de carriola pela primeira vez. - brinca pegando a bebê no colo para colocar dentro da carriola, Cecília estranha por alguns segundos mas logo olha para o metal, Brunna faz um barulho de carro com a boca balançando o que seria o transporte da bebê e Cecília não demora muito para achar aquilo divertido.
- Onde eles estão? - pergunta procurando seus sogros e a Rafa.
- Minha mãe foi pegar a bolsa de colheita dela, meu pai o facão e a Rafa foi encher o saco deles. - explica olhando em volta esperando que eles voltem até elas para começar a caminhada.
- Meu Deus do céu, eu encontrei a bolsa que você usava, mãe! - Rafaela corre em sua direção segurando uma bolsa rosa fazendo Brunna rir.
- Usa ela, filha. Te dou de herança. - lança uma piscadela em direção a adolescente que sorri animada.
- Podemos ir, só temos que tomar cuidado com a vaca nova que seu pai comprou, ela é muito brava. - Mirian fala se aproximando das três que a esperavam.
- O pai comprou uma vaca nova?
- Comprou, iam sacrificar ela por não estar pegando mais cria então seu pai comprou, ela deve ter uns dez anos, estava magrinha quando ele trouxe mas agora está enorme. - explica olhando para Jorge que saia pela mesma casinha que Brunna tinha saido, segurando uma tesoura enorme que usava para pegar as bananas indo soltar os cachorros.
- Mas ela é muito brava? - Ludmilla questiona preocupada com Cecília.
- Não, só se tentam se aproximar, se ficarmos longe ela só fica olhando. - tranquiliza a mulher que balança a cabeça entendendo.
- Eu quero ver a Ulisses. - Rafaela fala atraindo a atenção das mulheres - Oh vô, a Ulisses está aqui? - pergunta vendo três cachorros saírem de um portãozinho.
- Sim, deve estar pastando por ai. - o homem responde alto.
- Quem é Ulisses? - Ludmilla questiona começando a andar com as outras mulheres, indo até uma outra porteira onde as animais ficavam.
- Ulisses é a cabra da Rafaela. - Brunna responde soltando uma risada - A mais ou menos um ano, ela saiu para comprar pão e voltou com um cabrito.
- Ela era muito fofa, ficava pulando no sofá. - Rafaela completa com um enorme sorriso.
- Espera, "a" Ulisses?
- Sim, a Rafaela não soube ver se era macho ou fêmea, depois de três meses chamando ela de ele, percebemos que era fêmea. - Mirian ri com vontade se lembrando do quanto confusa que Rafaela ficou pois jurava que era macho - Fiquei até assustada quando a Brunna ligou transtornada falando que ia mandar a Rafaela morar com o pai e perguntando se a gente poderia aceitar um cabrito. - a Gonçalves mais velha fala risonha dando um tapinha no ombro da neta.
- Eu quase tive um treco quando eu vi a Rafaela chegando com um cabrito no colo, o pior é que ela estava de coleira, imagina eu vendo aquilo? - Brunna olha para Ludmilla que segura a risada imaginando baseando-se na sua reação quando a encontrou em sua sala.
- Do que estão falando? - Jorge questiona, se aproximando delas para abrir a porteira.
- Da Ulisses. - a adolescente responde sorridente.
Enquanto eles conversavam, Cecília olhava para o enorme verde que era banhado pelo Sol, vendo os cachorros saírem correndo. Arregalando seus olhinhos, ela abre a boca surpresa e olha para Ludmilla.
- Mamãe, auau. - aponta para os cães que rolavam na grama.
- É os cachorrinhos, amor. - corrige observando a bebê voltar a olhar para o gramado. Ela fica ainda mais surpresa e eufórica ao ver uma vaca com um bezerro ao seu lado.
- Mamãe, mamãe! - Cecília olha para trás tentando achar Brunna. - Muuu, muuu. - faz o barulho da vaca, apontando para o animal que estava a vários metros de distância
Com todos rindo da reação da bebê vendo uma vaca pela primeira vez, continuando a andar, passam pelo local em que as vacas ficavam até chegar na base do morro.
- Chama o demônio da sua cabra, ela fica por aqui essa hora da manhã. - Jorge diz para Rafaela que fecha a cara pela forma que seu avô a chamou.
- Vô! Não chama a Ulisses assim.
- Aquela cabra estava arranjando briga com as vacas! Uma nanica daquele tamanho querendo comprar briga com vacas, pelo amor. Ela não bate bem! - o homem exclama com indignação.
- Ulisses! - Rafaela grita colocando a mão na boca. Chamando mais três vezes, em segundos eles vêem uma cabra branca saindo do meio das árvores, correndo em direção a Rafaela. Ulisses sempre atendia ao chamado de Rafaela, era impressionante.
Eles param de andar vendo o animal se aproximando com velocidade, começa a diminuir ao ver Rafaela e começa a dar pulinhos arrancando uma risada gostosa de Cecília. A cabra até mesmo usava uma coleira rosa com uma plaquinha que tinha seu nome, um presente de Rafaela para o seu animal.
- Ulisses! - sorri abertamente, se aproximando da cabra para acariciar sua cabeça. Quando o animal berra, Cecília gargalha descontroladamente gostando daquele bicho.
Enquanto Rafaela matava a saudade e conversava com a sua cabra, Jorge olha para trás e assobia chamando seus cachorros que ainda estavam brincando com um bezerro que tinha nascido a alguns dias atrás, ouvindo o chamado do dono, eles passam a correr morro acima. Jorge gostava de ir pegar fruta com seus cachorros, pois se tivesse no caminho houvesse algum outro animal que não fosse dele como cobra ou até mesmo algum macaco agressivo — não que ocorresse com frequência por Jorge ser um "amigo" dos macaquinhos que viviam pelas redondezas, até mesmo os alimentava quando não havia muitas frutas nas árvores —, os cães davam um sinal.
Percebendo que Cecília queria acariciar a cabra, Ludmilla se certifica que ela não era brava com pessoas desconhecidas para só então tirar a bebê da carriola deixando que ela se aproxime de Rafa. Segurando a mão da adolescente, Cecília se aproxima ainda mais estendendo a outra mãozinha para acariciar o pêlo branco do animal que coloca a língua para fora, cuspindo em Mia que se aproximava. Arrancando uma risada de todos
- Vamos continuar? Tem mais uns minutos de caminhada. - Mia fala, enxugando a baba da cabra.
- Vamos. - todas concordam e Cecília volta para a carriola que era empurrada por Brunna.
Deixando a cabra para trás que ameaça dar uma cabeçada em um dos cachorros que ela não gostava, Brunna se afasta rindo. Odiava e amava aquela cabra.
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