Era sábado, Brunna e Ludmilla tinham terminado de decorar a área de festas do prédio para no dia seguinte ocorrer a festinha de Cecília e estavam planejando o que iriam fazer para conhecer Pedro, elas estavam debruçadas sobre o balcão vendo algumas receitas das quais elas sabiam fazer. Rafaela estava limpando a casa enquanto Cecília dormia causando inveja nas três.

Decidindo fazer o delicioso arroz de forno que Ludmilla sabia preparar, elas dividem as tarefas para adiantar um pouco as coisas em vista que já eram seis da tarde e o garoto chegaria às oito. Terminando de limpar a casa, Rafa corre para o banho sobrando apenas Brunna e Ludmilla para se arrumar.

Antes de tomar banho, Ludmilla acorda Cecília para lhe dar um banho sabendo que sairia ensopada dali, ela penteia seus cabelos castanhos que estavam clareando e veste um body de ursos colocando uma meia também de ursos em seus pés. Sorrindo orgulhosa da filha linda que tinha feito, a coloca de volta no berço e sai do quarto indo tomar banho.

Com quase todas prontas, uma batida na porta chama a atenção de todas, como Brunna estava arrumando a mesa e Rafaela terminando de se arrumar, Ludmilla abre a porta dando de cara com uma mulher de cabelos longos, pele clara e olhos castanhos.

- A Brunna está? - pergunta sorridente.

- Sim... Quer que eu a chame?

- Por favor. - balança a cabeça desviando os olhos para Cecília reconhecendo a mulher - Espera, você deve ser a Ludmilla, não é?

- Sou eu. - Ludmilla se encontrava completamente confusa.

- Agora eu entendo ela, também faria algo daquele tipo. - Júlia pensa alto demais deixando Ludmilla com um enorme ponto de interrogação no rosto.

- Ela que...

- Júlia? O que faz aqui? - Brunna aparece por trás de Ludmilla a fazendo se calar.

- Oi Brunna, eu vim te trazer essa pasta. Por algum motivo ela foi parar no RH e parece que é importante. - estende uma pasta transparente fazendo Brunna arregalar os olhos vendo que era sobre um dos maiores eventos que planejava.

- Oh meu Deus, obrigada Júlia. - segura a pasta e sorri.

Se afastando, Ludmilla volta a se sentar no sofá enquanto as duas mulheres conversavam sobre aquela pasta.

- Essa mulher é maravilhosa! Agora eu te desculpo por ter falado o nome dela. - Júlia cochicha com um tom malicioso fazendo Brunna revirar os olhos.

- Pare de me lembrar disso. - fala envergonhada - Você quer entrar? A Rafa vai trazer um namoradinho para eu conhecer e fizemos arroz de forno.

- Hoje não, tenho um encontro mas qualquer dia eu venho para ver essa mulher mais de perto.

- Saí daqui, anda vai embora. - aponta para o elevador com uma expressão séria arrancando uma risada de Júlia.

- Eu vou, mas não é porquê você está me expulsando. - aproxima seu rosto da mulher para beijar sua bochecha em despedida - E a minha proposta para repetir ainda está de pé, principalmente se você quiser levar a Ludmilla junto.

Incrédula com o que ouvia, Brunna apenas ri negando com a cabeça. Trocando mais algumas palavras, elas se despedem e Brunna fecha a porta indo para seu quarto guardar aquela pasta, voltando para a sala ela senta ao lado de Ludmilla e suspira.

- Será que ele já está chegando? - Ludmilla pergunta fazendo caretas para Cecília.

- Acho que sim. - afirma com a cabeça observando as duas - Você está linda. - elogia arrancando um sorriso da mais nova.

- Você também está linda. - manda um beijo no ar para ela que sorri.

- Mãe, ele está subindo. - Rafaela entra na sala segurando seu celular.

Cecília vira sua cabeça em direção a adolescente, e depois, olha para Brunna reparando na forma que ela a chamava. Com uma carinha confusa, ela continua observando as duas que conversavam por meros instantes.

Rafaela abre a porta deixando o garoto ser visto pelas duas mulheres que já se levantavam para o cumprimentar. Ele usava uma camisa azul escura lisa, não era tão longa mas também não tão curta, uma calça jeans preta e um tênis branco nos pés. A primeira coisa que ela faz ao ver Rafaela é sorrir e beijar sua bochecha a cumprimentando. Pedindo licença para entrar, ele espera Rafaela fechar a porta para se aproximar das outras duas que estavam paradas uma ao lado da outra.

- Senhora Gonçalves. - estende a mão em sua direção - É um prazer em conhecê-la.

- Que educado. - brinca apertando sua mão - O prazer é todo meu, Pedro. - avalia o garoto gostando do seu cabelo afro com um corte que valorizava seu rosto.

- Você deve ser a Ludmilla, acertei? - o garoto estende a mão em direção a mulher que rapidamente aperta.

- Eu mesma. - sorri exibindo os dentes.

- Eu já comprei os pães que a Rafa leva para a escola e são maravilhosos, sou seu cliente fixo. - fala com humor arrancando uma risada sem jeito de Ludmilla.

- Você é muito gentil. - solta a mão do garoto que também aperta a mãozinha de Cecília que o olhava com curiosidade.

Brunna realmente tinha gostado daquele garoto, parecia ser gente boa.

- Vamos comer? A janta vai acabar esfriando. - Brunna chama a atenção dos três que afirmam com a cabeça - Por aqui. - começa a andar em direção a cozinha com Ludmilla ao seu lado.

- Gostou dele? - cochicha.

- Estou avaliando ainda. - cochicha de volta com um sorriso divertido.

Ludmilla apenas revira os olhos sem deixar o sorriso morrer entrando na cozinha, coloca Cecília na cadeira de alimentação fazendo-a bater as mãozinhas no apoio balbuciando algumas coisas desconexas enquanto Rafaela e Pedro vinham logo atrás.

Todos se sentam a mesa, menos Ludmilla que preparava o pequeno pratinho de Cecília com brócolis, frango e pequenas rodelas de cenoura. Entregando para a bebê que não tarda a pegar o brócolis para matar a curiosidade, Ludmilla sorri e senta ao lado de Brunna.

Brunna toma a frente no assunto perguntando algumas coisas para Pedro na intenção de conhecê-lo melhor descobrindo algumas coisas que agradam ainda mais Brunna, além da sua extrema educação e respeito. Ludmilla intercalava sua atenção entre o assunto e Cecília tentando não deixar a bebê passar comida até nos cabelos, e sim, comer.

Conversa vai, conversa vem, eles terminam de jantar e Brunna vai pegar a sobremesa que tinha preparado no dia anterior, um pavê com morangos. Pedro se ofereceu para tirar os pratos junto com Rafaela para que liberasse espaço na mesa deixando Ludmilla admirada.

- Está delicioso, Sra Gonçalves. - Pedro elogia quando coloca um pouco de pavê na boca.

- Obrigada, Pedro. - Brunna sorri com cordialidade. Ela ficava admirada que Cecília não parecia sentir vontade de experimentar o pavê e se contentava com o sorvete de frutas que Ludmilla lhe dava, parecendo gostar bastante.

- Mãe, depois você deixa eu mostrar o meu quarto para o Pedro?

- Claro mas a porta fica aberta. - alerta. Rafaela sorri e balança a cabeça não contestando.

- Mamãe. - Cecília bate a mãozinha na colher que Ludmilla segurava quase fazendo que ela voe em seu rosto. Os três seguram a risada vendo a expressão seria no rosto de Ludmilla mas assim que a mulher ri e limpa a boca da bebê, todos riem.

Percebendo que Cecília já estava cheia, ela tira o babador da bebê e entrega um brinquedo para que ela fique quietinha ali. Direcionando sua atenção para Brunna, Rafaela e Pedro, eles continuam a conversar.

- Seus pais convidaram a Rafa para almoçar na sua casa? - Brunna questiona por não ter entendido o que o garoto falou.

- Sim, eles querem a conhecer. - explica olhando para Rafa que sorri sem jeito - Talvez no próximo domingo.

- Por mim, tudo bem. - Brunna afirma com a cabeça dando um gole na água - Mas se você não se importa, eu quero conhecer seus pais antes.

- Claro, se meu pai e minha mãe virem juntos me buscar, eles provavelmente vão querer conversar com você. - o garoto se apressa a dizer.

- Que tal você vir para a festinha de aniversário da Cecília amanhã? - Ludmilla convida gostando do jeito do garoto.

- Ele adoraria. - Rafaela se apressa a dizer arrancando uma risada dele.

- Sim, eu adoraria. - confirma a fala da garota.

[...]

Pelas próximas duas horas, Brunna ficou conversando com o garoto até que seus pais chegaram para o buscar, o que rendeu mais trinta minutos de conversa para todos constatarem que eram pessoas boas. Quando eles foram embora, Rafaela ficou com um enorme sorriso bobo no rosto por causa do beijo na testa que recebeu em despedida, correndo para seu quarto para poder conversar com suas amigas sobre o que tinha acontecido, ela deixou Ludmilla, Brunna e Cecília a sós.

- Acho que alguém está apaixonada. - Ludmilla cantarola sentada no chão observando Cecília tirando a meia do pé.

- Ela não é a única. - murmura extremamente baixo para que Ludmilla não ouça - Eu também acho. - senta ao seu lado - Ele me parece ser um bom garoto.

- Concordo.

- Mas se ele fazer a Rafa chorar, você e eu vamos atrás dele. - brincando fazendo Ludmilla rir.

- Se você pagar as nossas finanças, eu vou. - responde no mesmo tom.

Levando sua mão em direção a de Ludmilla e entrelaçando seus dedos, elas ficam se olhando por vários segundos até que Ludmilla se inclina tocando seus lábios de maneira carinhosa. Acariciando seu rosto admirando cada pedaço do seu rosto sentindo seu coração quente, ela sussurra roçando seus lábios:

- Quero ir em um encontro com você. - sussurra roçando seus lábios.

- Eu também quero. - sorri querendo a beijar de verdade mas se afasta ao sentir as mãozinhas de Cecília sobre sua coxa fazendo força para se levantar.

- Mamãe. - a garota repete diversas vezes aquela palavra enquanto escalava nas pernas de Brunna para subir em seu colo.

As duas mulheres se olham confusas. Normalmente quando Cecília falava aquela palavra, olhava para Ludmilla mas daquela vez estava olhando diretamente para Brunna. Sem reação, as duas ficam em silêncio até que Cecília fica ajoelhada no colo se Brunna, apoia as mãozinhas em seu peito e sorri.

- Mamãe. - repete deixando claro quem estava chamando.

Surpresa, Brunna olha para Ludmilla vendo seus olhos arregalados e os lábios separados parecendo tão em choque quanto Brunna. Voltando a olhar para Cecília, Brunna sente uma forte vertigem a atingir como se sua pressão tivesse caído. Colocando as mãos em suas costas e sobre a fralda para evitar que ela caía dali, Brunna solta o ar que estava preso em seus pulmões voltando a olhar para Ludmilla que tinha a mesma expressão de antes.