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Brunna encarava o teto na escuridão da noite sem conseguir dormir, ela estava se achando uma pervertida graças ao sonho com Ludmilla , além de não conseguir entender o do porquê ter sonhado aquilo com ela, tinha até mesmo ido pesquisar no google os significado dos sonhos e isso foi algo que a deixou ainda mais inquieta. Não conseguia parar de pensar no porquê ter sonhado aquilo, raramente tinha sonhos eróticos e quando vem a ter é com a sua amiga?
E assim os dias se passaram até o sábado em que ela tinha marcado de sair com o pessoal do seu trabalho para ir no tal bar. Ela terminava de ajeitar o vestido com um decote em "x" no corpo e se olhava no espelho, não estava muito animada mas Allyson queria muito que ela fosse, e como a mulher era sua amiga ela faria esse esforço.
- Rafaela, como eu estou? - se vira para a filha que estava deitada na enorme cama mexendo no celular.
- Linda.
- Rafaela, você nem me olhou! - a garota desliga a tela do celular, senta na cama e encara sua mãe.
- Dona Bruninha, você é a mulher mais linda dessa Terra e não precisava nem olhar para ter certeza. - elogia a mais velha que sorri.
- Obrigada. Eu já estou indo. - avisa sem deixar o sorriso morrer, pegando a bolsa de couro onde já tinha seus documentos e o celular.
Acompanhando Brunna para fora do quarto, Rafaela para na sala olhando sua mãe parar perto de Ludmilla esperando que ela a olhe.
- Ui, vai matar quem? - pergunta bem humorada ao percorrer o olhar pelo corpo da mulher.
- Nem precisei perguntar, viu Rafaela? Você deveria ser assim. - brinca olhando para sua filha que levanta a sobrancelha - Eu já estou indo, sem fast food ou dormir muito tarde. Não tenho hora para voltar. - avisa intercalando o olhar para as duas.
- Pipoca pode? - Ludmilla questiona.
- A vontade. - sorri sabendo que Ludmilla obedecia suas regras impostas sobre Rafaela a risca, nunca tinha passado por cima de um não seu.
A mais velha se despede de Ludmilla e Rafaela antes de sair do apartamento deixando sua fragrância no ar. Em passos apressados, ela chamava um carro por saber que iria beber, minutos depois já estava indo em direção ao bar. Brunna estava nervosa e curiosa, nunca tinha ido em um bar daquele tipo, queria saber como era e se a única coisa que o diferenciava de outros bares era que tinha gente LGBT.
Poucos minutos depois ela já desembarcava do carro, andava para dentro olhando tudo com calma vendo alguns homens em umas mesas, mulheres em outras e alguns grupos mistos espalhados por ali, todos pareciam ter a sua faixa de idade. Procurando Allyson, ela a encontra junto com o pessoal do seu trabalho caminhando em direção a amiga, a mulher sorri e se levanta para receber Brunna.
- Mulher, eu pensei que você não viria. - Allyson comenta a abraçando deixando um beijo em sua bochecha.
- Eu disse que viria, não disse? - sorri divertida cumprimentando todos que estavam na mesa encontrando um ou outro que trabalhava com ela, o resto eram de outras equipes.
Sentada ao lado de Allyson, ela pede um chopp e olha em volta ouvindo a música ao vivo, um bar com uma bancada extensa no centro com um barman e uma decoração rústica. Era um ambiente gostoso.
Na mesa estavam Júlia, Gabriel, Heloísa, Pedro, Breno, Allyson e Brunna. Ela conhecia todos, menos Júlia que parecia ser de outro setor, talvez do RH e a mulher parecia bem a vontade naquele ambiente o que faz Brunna se perguntar se ela frequentava muito ali.
- Vocês já vieram aqui? - Brunna pergunta.
- Acho que a única que vem muito aqui é a Júlia. - Breno brinca dando um empurrão no ombro da mulher que sorri revirando os olhos, ela leva a cerveja até os lábios e balança a cabeça afirmando com a cabeça.
- Essa é a primeira vez que nós viemos aqui, das outras vezes sempre íamos em outro bar perto de uma boate. - Heloísa explica - A Júlia que teve a ideia de nós virmos aqui.
- Mas aqui é gostoso, vocês tem que concordar. - Júlia olha para cada um que estava na mesa os fazendo concordar.
- Não tinha vindo aqui, se soubesse que o lugar era tão legal teria vindo antes. - Brunna diz olhando para Júlia que sorri de lado
Conversa vai, conversa vem, algumas cervejas foram o suficiente para todos estarem se divertindo e conversando uns com os outros. Já Brunna resolveu sair dali e ir para perto do bar ver o cardápio dos drinks já que estava curiosa por ver várias pessoas com bebidas diferentes. Pedindo uma caipirinha de morango, Brunna olha em volta vendo alguns casais se beijando a deixando sem jeito.
- Eu recomendo a caipirinha de maracujá. - a voz de Júlia ao seu lado faz Brunna a olhar, juntar as sobrancelhas e sorrir.
- Fiz uma má escolha pedindo a de morango?
- Longe disso. - nega com a cabeça sentando no banco vazio do seu lado - A de morango é a segunda melhor caipirinha daqui, só perde para maracujá. - se vira para o barman pedindo um coquetel e então volta a olhar para Brunna.
- Você trabalha no RH, não é? - força a memória tentando se lembrar da mulher.
- Exato e você é uma das melhores organizadoras daquele prédio. - mexe a mão que estava sobre a bancada.
- Não diria uma das melhores...
- Eu diria, os novatos que entram sempre querem trabalhar com você, Sra Gonçalves. - sorri de lado - É até engraçado quando eles descobrem que a sua equipe já está completa e ouvem o que falam sobre você pelos corredores.
- E o que falam? - questiona olhando para a caipirinha que é colocada na sua frente.
- Perfeccionista, muito irritada e uma coisa que eu acho... Sexy para caralho quando está brava. - Brunna prende a respiração percebendo que Júlia estava flertando com ela. Se sentindo em pânico, ela segura o copo com a sua bebida e da um gole com os olhos presos na mulher.
- Me acha sexy, Júlia? - seu peito vibra em animação por não ter dito algo horrível graças ao seu estado de nervosismo que era mascarado por um sorriso prepotente.
- Você nem tem idéia do quanto. - seus olhos descem para os lábios de Brunna, descem até chegar no seu decote e sobe novamente até chegar nos olhos castanhos - Que perfume é esse? É delicioso. - passa a língua sobre os lábios - Posso? - pede permissão se inclinando em sua direção. Sentindo seu coração batendo rápido e a adrenalina percorrendo suas veias, Brunna afirma com a cabeça sentindo a mão quente de Júlia colocar os fios do seu cabelo para trás, aproximando o rosto do seu pescoço deslizando a ponta do nariz por sua pele.
Engolindo seco ao sentir a mulher arrastar os lábios por sua pele, ela prende a respiração até Júlia se afastar com um sorriso malicioso.
- Realmente delicioso. - balança a cabeça como se tivesse tirado uma dúvida.
Brunna fica a encarando sem reação, sentindo todos os seus pensamentos atropelando uns aos outros, ela encara os lábios da mulher e sentindo o álcool correndo pelas suas veias, quando percebe sua mão estava no pescoço da mulher e encaixava seus lábios quase que em urgência tentando sanar todas aquelas dúvidas que tinha sobre beijar uma mulher.
Sentindo os lábios macios de Júlia e em seguida as mãos da mulher pararem sobre sua cintura, ela suspira quando suas línguas se tocam causando uma explosão de euforia em Brunna. Por um momento, sua cabeça para de raciocinar só se deliciando do quanto era delicioso beijar uma mulher. Tudo era completamente diferente, os lábios, a pele tocando na sua, as mãos sobre seu corpo, a delicadeza e até mesmo a língua conseguia ser ainda mais deliciosa do que de um homem.
Levando as mãos até a nuca de Júlia, Brunna suspira aprofundando ainda mais o beijo sentindo seu corpo vibrando em animação. O beijo tinha um ritmo calmo, sem muita pressa onde as duas exploravam a boca uma da outra com lentidão.
Quando afastam suas bocas, Brunna se sentia zonza e ofegante, sua cabeça girava diversas vezes tentando digerir o que tinha acabado de fazer. Brunna tinha beijado uma mulher pela primeira vez em 34 anos.
Júlia solta uma risada baixa deixando um selinho sobre seus lábios para puxar seu coquetel e beber um pouco para só então encarar Brunna e perceber que ela parecia confusa.
- O que foi? - questiona soltando sua cintura para que se ajeite no banco.
- Essa foi a primeira vez que eu beijei uma mulher. - murmura sem fôlego encarando sua caipirinha.
- Você nunca beijou uma mulher?
- Não. - encara Júlia confusa.
- Por acaso você tem curiosidade em como é ficar com alguém do mesmo sexo? - pergunta com um quase imperceptível sorriso malicioso nos lábios.
- Sim... - deixando as palavras saírem sem filtro por sua boca, Brunna continua a olhar a mulher.
- Posso me oferecer para sanar suas curiosidades. - morde os lábios tentando conter um sorriso malicioso. Brunna fica sem saber o que dizer, não sabia se deveria aceitar ou não - Se quiser, nós podemos ir para um lugar mais reservado.
- Eu adoraria. - quando vê, já tinha aceitado e Júlia sorria satisfeita. Elas terminam de beber suas bebidas, conversam mais um pouco e pagam o que tinham consumido para então Júlia chamar um carro para Brunna e ela.
Durante o trajeto, Brunna tentava se acalmar já que estava se sentindo uma adolescente indo para o lugar onde teria sua primeira vez. Já no apartamento de Júlia, Brunna olha tudo em volta reparando na decoração, algumas fotos espalhadas com um toque bem feminino.
- Seu apartamento é lindo. - elogia olhando por cima do ombro encontrando Júlia de braços cruzados logo atrás.
- Eu que decorei. - comenta dando passos calmos em direção a Brunna - Ei, se eu fizer algo que você não queira, fale para eu parar. - murmura passando os braços em volta do corpo de Brunna e deposita um beijo em seu ombro.
- Tudo bem. - afirma com a cabeça se virando para ela, sorri sem jeito e Júlia encaixa seus lábios iniciando um beijo lento e calmo que aos poucos vai ganhando velocidade. Brunna percorria suas mãos pelas costas da mulher de maneira tímida sem saber muito bem o que fazer mas a cada segundo seu corpo esquentava ainda mais. Cada toque de Júlia causava uma pequena fagulha.
Júlia afasta seus corpos, segura a mão de Brunna e a guia até seu quarto onde fecha a porta, liga o ar condicionado e volta a se aproximar da mulher que não desviava os olhos de si. Parando na frente de Brunna , ela a empurra fazendo que sente na cama e leva uma mão até as costas deslizando o zíper para poder se livrar do vestido que usava.
[...]
Júlia fazia uma trilha de beijos do seu pescoço, passava pelo vale entre seus seios e chegava ao abdômen indo em direção a sua virilha. Seus corpos quentes se tocavam sem ter nenhuma peça de pano sobre eles, Brunna estava ofegante e ansiosa para a próxima coisa que Júlia faria. Olhando para a mulher que se aproximava de sua intimidade com calma, ela aperta o maxilar quando o sonho que tinha tido com Ludmilla invade seus pensamentos causando um forte espasmo em suas paredes internas.
O sentir a boca de Júlia a tocar, Brunna aperta os olhos encostando a cabeça nos travesseiros, morde os lábios e tenta afastar a imagem de Ludmilla que insistia invadir sua cabeça. O prazer tomava conta do seu corpo não permitindo que ela pensasse ou tivesse forças para abrir os olhos, dando passe livre para que os olhos, os lábios e o sorriso de Ludmilla fique presente em seus pensamentos.
Soltando gemidos baixos, Brunna leva uma mão até sua boca tentando conter um gemido alto por sentir um orgasmo se formando em seu ventre.
- Ludmilla... Ai meu Deus, Ludmilla. - geme arqueando as costas assim que explode em um orgasmo forte. Seu corpo todo tremia e nem percebia as coisas que saíam por sua boca.
Segundos depois, Júlia beijava seu abdômen e subia por seu corpo buscando sua boca para a beijar. Ao encontrá-la, a mulher inicia um beijo repleto de desejo permitindo que Brunna sinta o próprio gosto e até mesmo sinta a umidade da ponta do nariz e do queixo de Júlia.
Ambas cansadas, a mulher deita ao seu lado podendo ouvir a respiração ofegante de Brunna, ela fica encarando o teto e então solta uma risada baixa, se vira para Brunna, apoia a cabeça na mão e levanta a sobrancelhas.
- Quem é Ludmilla ? - questiona com um semblante divertido vendo a feição de Brunna mudar de prazerosa para assustada.
- O que? - a olha de olhos arregalados.
- Você chamou por ela algumas vezes e não foram poucas... Desde que começamos. - passa a língua sobre os lábios se divertindo ao ver Brunna parecer entrar em pânico.
- Júlia... Eu... Me desculpa.
- Não estou brava, nem ofendida, só quero saber quem é essa Ludmilla. - nega com a cabeça tentando acalmar Brunna que quase cavava um buraco para se enfiar dentro.
- Ludmilla é... Uh... - solta um grunhido frustrado, puxa um travesseiro para o rosto e o aperta com força - Uma amiga minha que me faz duvidar de muitas coisas.
- Como a sua sexualidade?
- Esse assunto é estranho para ser tratado com alguém que eu acabei de transar.
- Levando em consideração que você chamou pelo nome dela e não o meu, não é. - refuta sem perder o sorriso divertido.
- Tudo bem, ela está me deixando confusa...
- Quanto a sua sexualidade?
- Eu nem sei se é sobre a minha sexualidade... Quando a vi, senti algo mas pensei que era necessário de ajudá-la e me tornar amiga, mas tudo mudou quando eu tive um sonho erótico com ela a um tempo atrás, desde então ela não sai da minha cabeça e...
- E com tudo isso você acabou na minha cama. - completa.
- Sim. - balança a cabeça.
- O que você sente por ela? - questiona puxando um lençol para cobrir sua nudez.
- Eu não sei...
- Tesão, atração, paixão, desejo...
- Eu não sei, Júlia. Ela me causa coisas que me deixa confusa.
- Eu te causei isso?
- Não muito...
- Então minha amiga, você vai ter que se conhecer melhor para tentar acabar com essa dúvida. - é realista.
- Não posso nem aproveitar uma transa sem essa mulher ficar na minha cabeça. - resmunga esfregando o rosto com as mãos.
- Você sabe se ela gosta de mulheres?
- Acho que não.
- Já perguntou?
- Não... - Júlia levanta a sobrancelha.
- Então pergunte e tenta conversar com ela sobre isso, vai que ela sente o mesmo e tenha respostas. - sugere se inclinando para dar um selinho nos lábios da mulher que parecia pensativa com suas palavras - Vou fazer algo para comer, vai querer?
- Sim, por favor... - afirma com a cabeça encarando o teto para pensar nas palavras de Júlia. Será que Ludmilla gostava de mulheres ou ao menos sentia a mesma coisa que ela?
Em busca de respostas, Brunna apenas encontra ainda mais perguntas sem respostas.
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