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Com as mãos tremelicando e o coração acelerado, Hyunjin encarava a caixinha de veludo em sua frente na mesa grande e marrom envernizada da sala de professores que se encontrava vazia. Faltavam poucos dias para a formatura, e isto lhe deixava nervoso, tudo estava acontecendo tão rápido que em um piscas de olhos a semana da formatura havia chegado, com tudo, os alunos estavam alvoroçados por conta não apenas do baile mas também do fechamento que fariam para o fim do ano, era o terceiro e último ano que estariam na escola e queriam fazer algo memorável.
— Vai pedir alguém em casamento Senhor Hwang? — Hyunjin ouviu aquela voz não tão potente e doce da diretora que agora estava encostada na porta já fechada com seus braços para trás, sua roupa completamente em um azul marinho era bem passada, e seus cabelos já meio acinzentados prendidos em um coque bonito e sofisticado.
— Senhora Lee! — O de fios acastanhados pulou da cadeira onde estava fechando com velocidade a caixinha que carregava o bonito anel que a vovó Lee havia lhe dado.
— Só Hyo-Joo, querido... — Ela o relembrou dando um de seus sorrisos doces onde marcava mais ainda suas linhas de expressões já bem marcadas — Não respondeu minha pergunta... — Disse ainda sorrindo, logo direcionou-se a máquina de café pegando não apenas um para si mas para Hyunjin também, para logo depois sentar-se na frente do garoto entregando-lhe a xícara de café quente, o de fios morenos girou o objeto de porcelana entre seus dedos compridos para depois soprar buscando esfriar o líquido escuro.
— E-eu... — Gaguejou enquanto olhava para os lados meio desesperado tentando encontrar alguma saída.
— Beijar um aluno dentro do carro atrás da escola não é uma das melhores escolhas! — Ela disse ainda rindo e Hyunjin se engasgou arregalando seus olhos castanhos, ele estava muito fodido!
...
Enquanto isso do outro lado da cidade, Changbin caminha quase que saltitando pelos corredores do shopping principal, na semana passada, ele é Hyunjin haviam saído para comprar os anéis de compromisso que usaria para pedir Han e Lee em namoro, gastou uma boa nota nos três anéis prateados com algumas pedrinhas, mas estava radiante com sua escolha.
O dia estava ensolarado apesar de frio o clima era gosto e agradável, estava na escola e iria dar seu primeiro período do dia já que era professor de matemática de uma escola não tão grande.
Os dias de Seo só vinham se alegrando cada vez mais, parecia que enfim sua vida estava tomando um rumo, seu apartamento estava enfim quase ao fim da construção de reforma, estava apaixonado por dias pessoas lindas, e alguns dias atrás a universidade vinha lhe procurando para ele virar professor universitário, seria um salário mil vezes maior do que ele recebia e sem pestanejar, ele aceitou, e ao fim do ano ele já estaria entrando em sua mais nova profissão como professor universitário.
O de fios azulados sonhava alto, mal podia imaginar que um dia isso, seus sonhos se tornariam realidade pois, apesar de seu jeito todo marrento e nada tradicional, seu sonho sempre foi ser igual seu pai, ele sempre foi o homem bonito que se cuidava querendo parecer elegante para a esposa, sempre se esforçava no trabalho não faltando nenhum dia ou chegando atrasado, ele era o cara perfeito, seu herói, Changbin quero ser ele, idêntico a ele, fazer jus ao sobrenome que carregava, o sobrenome do homem que já não estava mais ali consigo, havia morrido a dois anos às vésperas de completar oitenta anos, isso pegou Seo de surpresa desestabilizando completamente o antes de fios morenos, e na época seu único é melhor amigo foi Hyunjin que permaneceu ao seu lado, já a mãe de Changbin estava em uma cidadezinha do interior onde negava-se a sair já que quem havia comprado as terras onde morava fora seu falecido marido.
Seo também amava sua mãe, a mulher agora de cabelos brancos e sorriso igual ao seu tinha orgulho do filho único que tinha, e nunca deixava de ligar para ele todos os dias, ela até mesmo já sabia de toda história entre Changbin, Minho e Jisung já que o próprio filho narrava suas aventuras com os dois e a mãe pulou de alegria ao descobrir que o filho achou "alguéns" -apesar da palavra não existir- para si, já começando a dizer que já era sogra dos dois e que sim, queria os conhecer o mais rápido possível.
...
Os olhos de Hyunjin se arregalaram, o pouco de café que tinha em sua boca ainda quente desceu com velocidade queimando completamente sua garganta, suas mãos que já estavam trêmulas apenas pioraram ao ouvir o que a diretora havia dito. Merda, ele estava fodido, queria sair correndo pela porta da sala e pedir carinho de Felix, afinal quantos anos mentais Hwang tinha?
— O que disse? — O de fios castanhos Perguntou em um fio de voz não querendo transparecer que estava nervoso, nervoso pra' caralho.
— Que não é apropriado ficar beijando um aluno em seu carro — Ela disse ainda com o maldito sorriso doce no rosto e Hwang quis saber se ela estava rindo na verdade de sua cara.
— E-Eu nunca... — Tentou rebater mas a voz trêmula e nada firme não o permitia que mentisse naquele instante.
— Não precisa mentir, eu vi querido! — Hyo-Joo com seus olhos amassadinhos avisou enquanto estendia as mãos sobre a mesa entrelaçando os dedos.
— Senhora... Quero dizer — Começou confuso não sabendo o que dizer — Hyo-Joo, eu posso explicar! — Antes de continuar a mulher apenas negou com a cabeça erguendo a mão enrugada para que ele parasse de falar.
— Felix está feliz? — Ela perguntou docemente e delicadamente um pouco tímido Hyunjin assentiu — Sabe que isso é arriscado para sua carreira, não sabe? — Voltou a questiona-lo e novamente o garoto a sua frente que mais parecia uma criança com seus olhos escuros um tanto acuados, como se fossem retirar seu brinquedo predileto de si — Não tenho como dizer o que vai acontecer daqui para frente — Ela retornou a falar após um tempo em silêncio, para logo após agarrar com delicadeza uma das mãos de Hyunjin — Mas quero que saiba que eu apoio! — Voltou a sorrir abertamente fazendo o de fios morenos ficar espantado, ele nunca imaginaria isso, a diretora lhe dando cartão verde para seu relacionamento com Felix, talvez ele não estivesse mais fodido — Felix, já sofreu muito Sr Hwang... Quero que cuide dele para mim, eu nunca — Olhou profundamente nos olhos do mais novo — Nunca! — Enfatizou — Vi o Felix sorrir como ele sorri hoje em dia, o brilho nos olhos dele são lindos Hyunjin! Ele te ama, isso eu sei apenas com o jeitinho que ele te olha quando vocês se encontram por aí, eu sempre observo porque é simplesmente lindo e puro o amor de vocês! — Nestas horas Hyunjin já tinha a boca entreaberta e o peito já não tinha tanto fôlego.
— Eu... Nem sei como...
— Me agradecer? — A diretora completou sua fala e Hwang baixou a cabeça rindo e assentindo — Me agradeça fazendo aquele menino feliz do jeitinho que ele merece!
...
Mais uma vez, na verdade a última Bangchan caminhava pelos corredores do presídio mas dessa vez ele ficou parado na parte de fora onde esperava seu irmão que seria solto hoje. A verdade é que, só havia conseguido fazer com que o soltassem pois o outro tinha ótimas maneiras dentro do local o que fez que sua saída fosse mais breve o que foi ótimo já que faltavam apenas alguns dias para a formatura de Felix, e queriam o comparecimento de HyoJin na cerimônia, e nossa, o Lee mais novo ficaria muito feliz em ver seu pai ali, Chan até podia imaginar o loirinho rindo daquele jeito fofo que só ele sabe, onde seus olhinhos pequeninos viram duas metades de luas. Fofo.
— Chan! — O irmão chamou e assim que o viu sorriu abertamente, o irmão com os ânimos mais altos tinha até mesmo feito a barba deixando sua aparência mais jovem, apesar dos cabelos negros estarem sem vida alguma e meio bagunçados, ele era um homem bonito.
— Hyung! — Bang o chamou com carinho e o abraçou forte — pronto para uma nova vida? — Questionou o irmão que vestia as mesmas roupas do dia em que foi preso já que haviam já devolvido suas coisas.
— Mais que pronto! — Sorriu abertamente fazendo questão de abraçar o irmão.
— Então vamos! — Chan falou animado guiando o irmão este que parou nomeio do caminho e silencioso encarou o chão com um olhar perdido — O que foi Hyung? — Questionou levemente preocupado ao ver que o irmão não correspondia a seus chamados.
— Quero que me faça um favor... —Suspirou, Chan já pode entender tudo, os olhos do irmão ficaram tristes e apagados como se quisesse-o dizer algo indiretamente — Me leve para ver Sana, por favor! — Implorou não evitando que os olhos marejassem, sem pestanejar, Bangchan assentiu, levaria sim seu irmão para ver a esposa ou seria ex? Bem ele não sabia, mas a única certeza que tinha era que seu irmão amava muito aquela mulher apesar de tudo o que ela fez, então talvez por uma última vez ele teria direito de ver aquele alguém que em algum dia já foi seu grande amor.
...
A sala do presídio feminino era mais limpa e bem menos enferrujada que as dos homens, Chan pode perceber a impaciência do irmão que balançava a perna para cima e para baixo enquanto encarava a porta de metal por onde em alguns instantes Sana passaria, já faziam tempos que não se viam, HyoJin tinha o coração acelerado ele de fato a amava e rezava para que a mulher como si, tivesse repensados seus atos e mudado, mas isso ele sabia que era algo muito improvável.
— Sana... — Ele murmurou assim que viu a mulher entrar e sentar em sua frente, ela tinha os cabelos um tanto secos presos em um rabo de cavalo perfeito, e seu rosto parecia sem expressões, o peito de Hyo doeu ao ver as mãos da mulher que amava presas por aquele metal nojento das algemas — Amor... como... Como está? — Questionou com os olhos brilhosos e Chan apenas permanecia em silêncio encarando toda a situação.
— Como acha que eu estou? — Perguntou a morena rudemente — Estou presa, mas pelo visto você está melhor que eu! — Revirou os olhos.
— Vejo que não mudou... — O Lee murmurou chateado e a mulher riu com desdém.
— Deus me fez assim! — Pronunciou-se raivosa — Por que eu deveria mudar?!
— Seu Deus doente me manipulou, me fez machucar meu filho! — Seus olhos lacrimejaram lentamente — Como você não pode ver isso?
— Quero que aquele garoto morra! — Ela disse irritada — É uma praga do diabo! — Olhou enojada para o marido que ficou com raiva — Eu não estou nem aí pra' família, e eu tenho certeza que Lúcifer me fez casar com você — Acusou ela — Para num ato impuro aquele garoto nascer!
— Chega! — HyoJin falou friamente irritado surpreendendo Chan que iria tomar a atitude achando que o irmão não fosse conseguir enfrentar a claramente ex esposa — Fique tranquila, Felix não é seu filho ele é meu, e eu vou cuidar dele com todo o amor e carinho que eu tenho, pode ficar calma que depois do teu showzinho quem não tem sentimentos aqui sou eu por você — Passou a mão sobre os olhos limpando-se por causa de algumas lágrimas que já não caiam mais — Você não faz mais parte da família Sana! — Cuspis as palavras vendo que sim, por incrível que pareça a mulher pareceu se abalar ao que o marido não concordou consigo sobre Felix — Então faça a porra do favor de arrancar meu sobrenome do teu nome imundo! — Ok, aquilo havia impressionado muito Chan que tinha os olhos arregalados mas no fundo queria pular e gritar como o irmão mais velho era seu herói.
Aquela foi a última vez que HyoJin veria Sana, ele faria questão de arrancar os bons momentos que viveu com a mulher e metralhar o amor que sentia por ela, estava decidido, conheceria alguém melhor, que o amasse e de não faria aquilo por si mesmo ou um pecado divino que certamente não existia.
Ele estava disposto a mudar, viver sua vida, tudo por Felix, seu anjo da guarda.
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