[III] - Importunada por um demônio
Já havia se passado uma semana desde a noite daquele maldito sonho confuso e durante esses dias, a jovem Huh conheceu o significado do inferno na terra, eram várias noites rezando antes de dormir e pedindo perdão pelo que estava passando. Sentia que estava falhando com Deus.
Seus encontros com Chaewon após cada missa de domingo se tornavam frequentes, o que era um pouco complicado para Yunjin que os via como missões impossíveis e ela não entendia o porquê.
A Kim procurava sempre ser sincera em suas palavras e dizia seus vícios, seus problemas que achava que atrapalhavam seu caminho aos céus. Yunjin era compreensiva e dava conselhos a garota, porém sempre ficava difícil se concentrar depois daquele sonho, maldito sonho.
Ela podia estar ficando maluca mas cada vez que se encontrava com Chaewon passava notar mais aquela garota, seu modo de agir, de falar, parava para analisá-la e perceber se tinha algo de errado, alguma ação anormal, mas não via nada, então por que ela lhe trazia tanto desconforto?
Em meio aos seus olhares intensos e curiosos praticamente olhando a outra de cima abaixo sentada naquela cadeira, Chaewon passava a achar Yunjin um pouco mais astuta, chegava a dobrar suas pernas. A Kim se sentia tão satisfeita em ver que atraía aquele olhar profundo da coroinha.
Mas enquanto Chaewon amava aquele olhar, Yunjin se sentia perdida, pois para ela não podia ser normal uma garota vestindo roupas normais lhe causar tanto desconforto daquele jeito, os olhares da Kim também lhe afetavam, sentia que algo estava errado.
Yunjin sentia que estava ficando doente...
- Yunjin...
Aquela voz, falando seu nome daquele jeito, também deveria ser algo proibido. Não poderia ser possível que um nome tão simples, como "Yunjin", pudesse ser pronunciado de forma tão lenta, nesse tom explicitamente profano. Nos ouvidos da Huh, saboreou o eco Yun-Jin, antes de finalmente acordar de pensamentos e encontrar os olhos negros totalmente fixos em si.
Agora, Chaewon se encontrava sentada e na sua frente estava Yunjin, essa que lhe escutava atentamente e a Kim tomava um gole de seu chá que já estava no fim, continuavam suas várias conversas que claramente apenas a Huh levava elas a sério o bastante.
- Tenho que te dizer que já caí até na tentação de usar certas coisas nas festas, Yunjin... - falou baixinho encarando os grandes olhos curiosos da coroinha.
- Que coisas? - a Huh perguntou apoiando os braços na mesa.
Chaewon deu um sorriso de lado e pendeu um pouco sua cabeça para o lado.
- Drogas, Yunjin-ah...
Yunjin engoliu em seco ao ver Chaewon passar a mão em seu pescoço, alisando um pouco aquelas gotas de suor e segurando o colar de uma pedra azul ciano, parecia um coração, talvez a garota estivesse achando aquela sala muito quente.
Mas na verdade a Kim fazia aquilo de propósito, tinha percebido que atraía os olhares da inocente coroinha ao seu corpo, podia ser bobeira, mas Yunjin não disfarçava nem um pouco aquelas encaradas e Chaewon amava isso.
- Você deve continuar vindo a missa e pedir perdão por seus pecados, tem que procurar nunca mais fazer isso, você pode ter salvação. - Chaewon escutava tudo concordando, a Huh suspirou, parecia que a outra não estava levando tão a sério. - Você é viciada?
- Não, não... Viciada não. - negou rapidamente um pouco nervosa. - Mas fumar uma quando estou transando com alguém é magnífico, sabia?
Yunjin sentiu seu rosto inteiro corar com aquela fala da garota. Chaewon deu uma risadinha vendo o estado da coroinha, cruzou as pernas fazendo sua saia rodada um pouco curta levantar, suas coxas estavam bem a mostra, e como sempre, a Huh olhou para o corpo dela, aquelas pernas tão bem feitas.
- E-Estamos em uma igreja, pare de falar palavras constrangedoras, por favor... - Yunjin desviou o olhar da Kim, tentando a todo custo não cair naquele joguinho dela, na verdade até sentia que não era culpa da garota.
Sabia que era Deus lhe testando, sabia muito bem.
- Por que, Yunjin-ah? Tenho que ser sincera, preciso dizer para Deus todos meus pecados e o que falta para eu largar essa vida... Não é isso que você me recomendou? - sua voz saía carregada e sensual, pegou na mão de Yunjin em cima da mesa e podia perceber que a loira se assustou com aquele toque.
Chaewon alisou seus dedinhos delicados pela mão quente e suada de Yunjin, dando uma risada quando a coroinha rapidamente retirou sua mão dali.
- Diga isso sozinha com ele... Mas escolha palavras melhores, por favor. - voltou a encarar a outra garota e mais uma vez a Kim sentiu seu interior pegar fogo.
- Acha que Deus me perdoaria por tudo que faço?
- Deus perdoa tudo mediante seu arrependimento. Se você está verdadeiramente arrependida, Deus te perdoará... - Yunjin dizia calmamente, mas ainda continuava séria e com seu maxilar trincado.
"Será que ela fica assim enquanto me fode bem gostoso?" - a Kim mordeu o lábio com o pensamento.
Chaewon negou com a cabeça dispersando esses pensamentos assim que ouviu um sino alto tocar, Yunjin levantou-se de sua cadeira e fez uma pequena reverência para ela.
- Temos que ir...
- Obrigada por me ouvir novamente Yunjin, você me ajuda muito... - Chaewon dizia sorrindo sincera, se aproximou um pouco mais e rapidamente deixou um beijinho na bochecha da coroinha e saiu andando as pressas, até passar pela porta e fechá-la.
Yunjin respirou fundo e colocou a mão em sua bochecha, local que ela jurava que estava pegando fogo de tão corada que estava, não entendi o motivo, mas suas mãos suavam e novamente aquele selar tão inocente em sua bochecha tinha lhe deixado nervosa, fazendo uma pequena contagem de "1 até 10" em sua mente, apenas relaxou quando sentiu seu coração ficar mais calmo nos batimentos.
A Huh sentia que estava ficando mesmo doente, com tudo isso seguindo desse rumo... Ela precisava se curar, com isso em mente ela quis ficar um pouco mais na igreja, apenas rezando e rezando pedindo perdão a Deus, por algo que nem ela entendia o porquê de estar se sentindo culpada.
[...]
Chaewon tinha decidido ir em um mercadinho, próximo a igreja e quem sabe voltar para ver se Yunjin ainda estava por lá, pois sempre via que a mesma continuava na igreja quando a Kim dizia que ia embora. Com essa ideia, ela pegou sua antiga bicicleta e se pôs em andar pelas ruas da pequena cidade.
Não queria avisar sua mãe e nem seu padrasto, principalmente o último citado, sempre pegando no seu pé e evitando que ela saísse de casa. A Kim colocou um vestido mais soltinho, era amarelo que chegava até um pouco acima de seus joelhos, uma sandália simples e um lacinho também amarelo em seu cabelo curtinho, se encheu de perfume, gostava de andar cheirosa.
Quem ela queria enganar? Ela queria estar cheirosa apenas para Yunjin.
Em pouco tempo já estava perto do mercadinho, iria comprar alguns doces que amava e quem sabe levar alguns para Yunjin também.
O trânsito não estava tão movimentado, fazendo com que Chaewon pedalasse sem pressa. Em sua mente, se lembrou do pequeno encontro que teve com Yunjin, dos olhares dela, do rápido toque de mãos que tiveram... Se pegava sorrindo boba.
Na metade do caminho, percebeu que a bicicleta estava começando a fazer um barulho estranho. Não muito surpresa, uma de suas pedalas acabou falseando e a correia se soltou com um estrondo. O tombo não foi tão grave, mas Chaewon acabou ralando o joelho direito e abrindo um machucado feio.
Irritada, a Kim se levantou com certa dificuldade e percebeu que tinha caído próxima a praça em frente a igreja, ela notou um carro preto ali estacionado, parecia ser a camionete de seu tio e alguém que ajudava retirar algumas caixas estava ali, pelo jeito não parecia seu tio e sim outra pessoa.
Tirando suas dúvidas, quem veio em sua direção, fora uma Yunjin completamente preocupada.
Tentando limpar a sujeira em seu vestido e ficar minimamente apresentável para a Huh, Chaewon deu um sorriso nervoso, todo seu esforço de ficar arrumada para a outra tinha acabado de cair por terra.
- Chaewon? O que aconteceu?
Toda a irritação que sentia pelo seu vestido sujo, esvaiu-se nos preciosos segundos em que ouviu Chae-Won ser pronunciado naquele tom por Yunjin, tão carinhosamente preocupada.
Lábios abertos em completa admiração, Chaewon sorveu a figura de Yunjin com atenção. Ela usava uma calça preta apertada, uma camisa branca lisa e de botões, com um colar de prata com uma cruz...
Chaewon sentiu sua boca salivar com aquela visão, não tardou em se aproximar de Yunjin com um biquinho e um tom forçado de tristeza.
- Eu decidi vim aqui no mercadinho de bicicleta e a correia soltou... Nada sério, mas ralei o joelho... - Chaewon conseguiu responder depois de alguns segundos, apontando o joelho machucado e inchado.
Compreendendo suas palavras, Yunjin abaixou seus olhos para o machucado e depois subiu lentamente por todo seu corpo.
- E-Eu bem podia te levar para sua casa... - Yunjin lutava com algo dentro de si, queria fazer uma boa ação pela Kim, mesmo que quisesse ficar o mais longe possível da garota, mas seu machucado ali no joelho parecia precisar de cuidados. - Se quiser eu cuido de seu machucado, e sobre algum transporte... Será que o Padre Kim deixaria levar sua sobrinha na camionete dele?
Chaewon rapidamente assentiu com a ideia de Yunjin.
- Sim, sim! Eu falo com ele ali mesmo, ele empresta a camionete pra gente. - Chaewon não queria perder a chance, a Huh estava mostrando um mínimo de feição por ela sem ser dentro de uma igreja, ela queria interagir mais com a garota.
- Vem, eu te ajudo.
À principio a Huh não avisou o que iria fazer, apenas se aproximou e colocou uma mão na cintura de Chaewon, pegando-a de surpresa com o movimento, mas amando aquela pegada firme em seu corpo.
Chaewon usou um braço para enlaçar o ombro de Yunjin, agora ela tinha se abaixado o suficiente para ajudá-la a andar até o carro do Padre Kim, enquanto com a outra mão ela trazia uma bicicleta quebrada.
Eunwoo encarou as duas jovens sem entender, estava quase indo entrar na igreja para resolver um assunto com outros fiéis e ter visto sua sobrinha com o joelho machucado lhe trouxe uma curiosidade para saber o que aconteceu.
- Você está bem, Chaewon? Seu joelho parece estar muito inchado. - o mais velho perguntou apontando para a Kim.
- Bênção, padre... - Yunjin pediu como sempre fazia, mostrando seu respeito ao Kim.
- Deus lhe abençoe, filha. - o padre sorriu para a Huh, logo depois ele abriu a porta do passageiro de sua camionete. - Ande, sobrinha, se sente aqui. - ele pediu e assim Chaewon fez com a ajuda de Yunjin, ela sentou-se e soltou um logo suspiro, parecia que de repente a dor estava forte e muito forte.
- Na verdade, foi algo que parece bem sério, tio... Me machuca muito ter que colocar tanta força para andar, a queda da bicicleta foi tão forte que ela quebrou, eu preciso fazer algo com meu joelho... - Chaewon dizia pausadamente e com sua voz embargada, alisava seu joelho e o Kim ficava mais preocupado ainda com a mais nova.
Yunjin estava ouvindo aquilo? Chaewon tinha acabado de falar para ela que não tinha sido nada tão grave e para o padre mentia daquela forma... Realmente a Kim não prestava.
Quando notou o plano dela, Yunjin apenas se permitiu a dar uma risada baixa encostada a camionete do padre.
- Chaewon, estou indo agora resolver algo importante na igreja, não sei se posso te levar para casa... - Eunwoo era sincero em suas palavras, foi ali que Chaewon torceu para não sorrir, queria continuar sendo um pouco mais sofrida.
- Yunjin dirige, tio... Ela pode me levar. - a Kim propôs e o mais velho franziu o cenho, ele encarou a Huh e a mesma ficou sem jeito, colocando as mãos no bolso de sua calça.
- Yunjin? - ele arqueou uma sobrancelha com a ideia.
- Por favor, tio... Meu joelho pode pegar uma infecção por causa da ferida, é bom resolver assim que estou podendo. - Chaewon continuava com mais drama para ver se o tio se rendia.
Yunjin e Chaewon viram o mais velho suspirar, depois ele colocou a mão no bolso e retirou a chave, jogando-a para a Huh que por pouco não a deixou cair. Elas conseguiram.
- Por favor, cuide dela, Yunjin... - o padre pediu muito preocupado.
Yunjin rapidamente assentiu e fez uma reverência em respeito ao Kim, logo deu alguns passos colocando a bicicleta de Chaewon atrás da camionete e entrou no carro, as jovens colocaram o cinto. Eunwoo se aproximou da janela da Huh e a loira sorriu para ele.
- Prometo cuidar bem de sua sobrinha, padre. - o mais velho fez uma careta confusa.
E assim, Yunjin ligou a camionete e seguiu com Chaewon para o caminho da casa da Kim.
- Eu estava falando da camionete...
Eunwoo sorriu negando com a cabeça e se virou para entrar na igreja, tinha muito assunto a tratar naquela noite.
No meio do caminho, as duas se mantiam caladas e um silêncio até que confortável, apenas com o rádio com alguma música bem baixinho. Yunjin parou no sinal e virando seu olhar rapidamente para Chaewon, notou que ela estava focada em analisar a visão da janela. Parecia até um pouco distante.
Yunjin resolveu quebrar o silêncio de forma sutil.
- Você mora com mais alguém? - a Huh perguntou calma, aquela pergunta fez a Kim tirar os olhos da janela e passar encarar melhor a loira no volante.
Chaewon notou a mão com algumas veias a mostra no volante segurando firmemente, a outra trocando a macha e a concentração dela enquanto dirigia. A Kim se perdia encarando aquela garota...
- Moro com minha mãe e meu padrasto. - respondeu com desgosto.
E Yunjin percebeu.
- Não gosta...? - a Huh não sabia se era de bom tom perguntar para a outra.
- É... Depois que meu pai se foi, minha mãe ficou saindo com caras nada legais e encontrou esse agora que parece ser o pior de todos, porque vão até se casar. - Chaewon deixava transparecer sua raiva, ela segurava com força seu vestido e lembrando-se que teria que lidar com eles assim que chegasse, lhe deixava nervosa.
- Já pensou em se mudar de lá? - a Huh continuava com suas perguntas e torcia para que a Kim não lhe achasse uma estranha por querer saber mais dela.
Mas na verdade Chaewon estava gostando muito de estar ali conversando com Yunjin, mesmo que um assunto delicado.
- Sim... Mas não consigo um emprego bom para me estabilizar financeiramente... - a Kim suspirou cansada e vendo pela janela que estava chegando em sua casa, ela avisou para Yunjin.
Yunjin assentiu e estacionou com cuidado a camionete, descendo pela sua porta e dando a volta até onde estava a porta de Chaewon, a Kim já abria para sair mas quando viu que a Huh estava sendo cavalheira foi impossível não dar uma risadinha.
- Vem, eu te ajudo.
E novamente a pegada firme de Yunjin na cintura de Chaewon que a deixou muito afetada, era tão bom... Estava pensando nas próximas vezes que fosse cair de bicicleta mesmo na frente da igreja só pra chamar atenção da coroinha e ela poder lhe carregar naqueles braços fortes.
Yunjin colocou Chaewon em frente a porta da casa e a garota sentou-se na varanda, onde tinha alguns bancos de madeira como decoração, ficou ali e fazendo careta alisando seu joelho... Parando para analisar tinha ficado um pouco roxo mesmo. A Huh voltou da camionete com a bicicleta quebrada e trouxe para perto da varanda.
- Onde deixo a bicicleta, Chaewon?
- Coloca aqui do lado mesmo, depois vejo como vou concertar.
A Huh assentiu e deixou a bicicleta próxima de algumas plantações, vendo que tinha um cadeado ali e uma corrente, ela a trancou no ferro da varanda.
Chaewon se levantou e com a ajuda de Yunjin elas conseguiram entrar na casa, como estava nervosa a Kim torcia para que ninguém estivesse ali naquele momento... Vendo no grande relógio da sala que já eram dez horas era bem provável que eles pudessem aparecer a qualquer momento, mas por enquanto parecia que não tinha ninguém ali, ela suspirou aliviada.
Yunjin encarava a casa e ficava um pouco surpresa, ela jurava que Chaewon era uma daquelas garotas riquinhas que morava em um casarão ou até mansão, mas era uma casa humilde com algumas decorações até mesmo desgastada. A Huh lembrou-se até mesmo do próprio apartamento que morava.
- No armário embaixo da pia na cozinha tem kit primeiros-socorros, Yunjinnie. - apoiou suas mãos nos ombros da maior o que fez com que ela voltasse a sua atenção ao joelho ralado de Chaewon.
- S-Sim, claro... Fique aqui no sofá, eu posso buscar pra você.
Antes mesmo de Chaewon intervir a Huh já saiu em passos apressados para cozinha, a Kim sentou-se melhor no sofá de sua sala e sorria boba.
Passou um tempinho e Yunjin já estava de volta com o kit primeiros-socorros, também com um paninho.
- Por favor, não se mexa.
Chaewon obedeceu, com uma ordem da Huh ela não se mexeria nem se acontecesse um terremoto naquele exato momento. Apenas estirou sua perna para Yunjin, a maior se abaixou ficando com os joelhos naquele tapete e fazia o curativo com cuidado.
Óbvio que a Huh também lutava muito contra algo dentro de si, aquela perna tão bem desenhada... Ela estava colocando suas mãos nas pernas daquela garota, se sentia cada vez mais nervosa quando percebia que qualquer movimento que Chaewon fizesse o vestido dela poderia subir e deixar mais a vista certas coisas que a Huh não queria mesmo ver...
Intoxicada pelos movimentos de Yunjin, Chaewon observou a rapidez que ela abriu a caixinha pequena. Ajoelhando-se na sua frente, a Huh deu uma olhada em sua direção antes de segurar gentilmente as costas de seu joelho, levantando um pouco sua perna para analisar o machucado de perto.
Naquela posição, Chaewon não conseguia pensar em mais nada que não envolvesse aquele rostinho de Yunjin entre suas pernas, tocando-a e saciando todos os seus desejos.
"Ela só está fazendo um curativo, Kim... Fica calma." - Chaewon pensando precisou fechar os olhos e morder a língua para não deixar nenhum som escapar de sua garganta.
Yunjin higienizou o machucado com álcool, fazendo Chaewon puxar a perna para longe do contato em reflexo.
- Não se mexa, Chaewon... Sei que está doendo.
A Kim se perdeu naquele olhar intenso da loira e apenas concordou lentamente com a cabeça.
- Desculpa, Yunjin-ah... - conseguiu falar depois de muito esforço, voltando a observar atentamente os movimentos de Yunjin.
A Huh usou uma gaze para limpar o machucado. Quando o sangue não estava mais aparente, só a pele ralada exposta, ela sorriu simples se afastando. Aquele sorriso que fez Chaewon também sorrir feito boba, mas ainda tinha algo...
- E o beijo? - Chaewon perguntou agora balançando suas pernas animadinha.
Yunjin arregalou os olhos e seu coração acelerava os batimentos, não podia estar ouvindo aquilo, né? O que a Kim queria era... Um beijo?!
- C-Como assim, Chaewon? - se praguejou por gaguejar tanto, mas era impossível se manter firme com aquele olhar de Chaewon e aquela pergunta.
- Um beijinho, Yunjin-ah... - fez um biquinho adorável. - Dizem que beijinho no curativo ajuda a curar mais rápido...
Chaewon sorria, era um sorriso sensual em seus lábios e Yunjin nervosa apenas assentiu, como poderia ser tão tola?
Era claro que não era um beijo, beijo, beijo mesmo. Tudo era um problema de sua cabeça com aqueles pensamentos impuros e Chaewon não tinha culpa de nada, ela estava sendo inocente.
- T-Tudo bem... - a Huh corada apenas se aproximou e deixou um beijinho rápido um pouco acima do joelho, praticamente na coxa.
Chaewon estaria mentindo se não tivesse com vontade de incentivar mais aqueles beijos de Yunjin, como tinha amado o selar em sua coxa...
"Imagina se ela sobe mais esses beijos..." - a Kim pensava sorrindo e mordendo o lábio.
Tudo que Chaewon viu agora foi uma Yunjin levantando completamente sem jeito e evitando lhe olhar diretamente nos olhos, a Kim realmente achava aquele jeitinho dela único e adorável.
- Senta aqui, Yunjin-ah... Não precisa ficar em pé o tempo todo. - a menor deu umas batidinhas ao seu lado do sofá.
Yunjin com certeza estava com uma ideia de mentir e dizer que estava querendo ir embora, estava tarde e precisava devolver a camionete do padre... Mas era tão difícil para ela negar algo a Chaewon... Apenas se sentou ao lado da garota e segurando as próprias mãos no colo.
Chaewon analisou melhor Yunjin e se aproximou, a Huh arregalou os olhos e vendo que a Kim deixou apenas um selar demorado em sua bochecha, ela suspirou aliviada. Mas mesmo assim ainda muito nervosa, como sempre acontecia quando recebia um beijo na bochecha por Chaewon.
- Obrigada pelo curativo, Yunjinnie. - Chaewon sorria sincera.
A Kim sabia que Yunjin estava nervosa, queria que ela se soltasse mais quando estavam próximas.
- E-Espero que você fique bem, Chaewon, e cuidado quando for andar de bicicleta da próxima vez.
O olhar intenso que trocavam faziam com que se perdessem na hora, por um lado Yunjin lutava para ir embora, mas ao mesmo tempo não queria. E Chaewon lutava para não avançar naquela coroinha ali mesmo, porém não queria deixar ela tão desconfortável.
- Não quer ficar pra jantar? - Chaewon pôs a mão na coxa da maior por cima da calça e alisou um pouco.
Antes mesmo de Yunjin responder, a porta fora aberta de forma brusca, assustando as jovens que se afastaram de imediato.
O casal que entrou encaravam as duas garotas de forma confusa.
- Pensei que estivesse na casa de mais um garoto, Chaewon. Já que você sumiu. - o homem mais velho dizia rindo e atrás dele entrava uma outra mulher carregando sacos de compras. - Quem é essa?
- Não te interessa, você não tem que saber nada. - Chaewon respondeu irada e cruzou os braços.
- Poxa... - o mais velho fez uma careta debochando.
Yunjin completamente deslocada no ambiente apenas encarava a situação sem dizer nada, pelo visto aqueles eram a mãe e o padrasto de Chaewon.
- Anda, loirinha, já não acha que está tarde para ficar na casa dos outros? - o homem mais velho continuou sendo rude e a Huh apenas assentiu envergonhada.
- Tudo bem, eu já estava de saída.
Yunjin se levantou mas sua mão fora segurada por Chaewon.
- Fica mais um pouco, Yunjinnie... Por favor... - a Kim pediu murmurando baixinho. - Podemos ir pro meu quarto...
A Huh sentiu seu coração apertar, óbvio que se pudesse ficaria ali com a garota, tinha suas obrigações e teria que deixar a camionete com o Padre Kim, tudo isso rodava sua cabeça e apenas resolveu tirar sua mão da garota com cuidado.
- Depois nos vemos na igreja, ok? Se cuida. - a Huh garantiu passando conforto com seu sorriso e Chaewon assentiu cabisbaixa. - E boa noite senhor e senhora Kim, Deus abençoe vocês.
Yunjin passou pelos mais velhos fazendo uma reverência e antes de passar pela porta deu mais uma olhada para Chaewon e deu um sorriso para ela, a Kim sorriu de volta.
- Desde quando você pisa em uma igreja, Chaewon? - a sra. Kim perguntou assim que Yunjin saiu pela porta, ela deu uma risada debochada olhando sua filha.
Chaewon se levantou e apenas respirou fundo não querendo nenhuma discussão naquela hora da noite, passou por eles e indo em direção ao seu quarto e trancando a porta, se jogando na cama e abraçando seu próprio corpo. Ela não deixava de sorrir nem por um segundo sequer, estava completamente boba lembrando-se de Yunjin, seu cheiro, seus toques...
Viu novamente o curativo e lembrou-se do beijinho que ganhou. Chaewon riu sozinha e já se levantando para se trocar e dormir.
[...]
Após chegar da casa da Kim, em seu apartamento nem um pouco luxuoso, Yunjin resolveu pedir uma pizza para comer enquanto assistia algo na televisão, continuava lembrando-se de Chaewon e apenas Chaewon o caminho inteiro que veio andando da igreja.
Mesmo que tivesse ficado perto da garota o resto da noite, Yunjin sentia que continuava pensando naquele sonho como algum teste do Senhor com ela, sua pobre cabeça que tendia sim a desejos impuros, nunca tinha sonhado com aquelas coisas em sua vida inteira. Olha que tinha acabado de fazer dezenove anos, era nova ainda, não tinha porque de ficar pensando em bobeiras como aquilo.
Ela sabia que precisava se curar.
E depois da própria conversa que tiveram na igreja e quando a levou para sua casa, estava extremamente nervosa e desconcertada, toda interação que a Huh tinha com a Kim, ela sentia isso... Seus batimentos acelerados e pensamentos confusos.
Também aquela sensação de estar sendo observada não passava...
- Meu Deus, será que eu estou enlouquecendo? - andou um pouco e deixou caixa de pizza já vazia em cima da mesa, a escuridão já havia invadido a casa.
Antes de dormir ela fez mais uma oração e pediu para que Deus deixasse aquele tipo de pensamento e sonho bem longe dela... Mas será que era isso mesmo que ela queria?
Yunjin se sentida testada e tentada a pensar coisas que ela talvez estivesse escondendo dentro do seu coração há tempos...
[...]
A segunda-feira já havia chegado, um raio de luz solar entrou pela fresta aberta da janela acordando a jovem Huh. Levantou-se com a cabeça pesada, cansada, como se não tivesse descansado absolutamente nada.
Não pôde deixar de sentir um cheiro diferente, forte... Gostoso... Atrativo... Não soube explicar, mas era aquele cheiro gostoso que costumava sentir. Esse mesmo cheiro que tinha sentido enquanto levava Chaewon para a casa dela ou quando apenas estava na presença dela...
Sua cabeça deu uma pontada dolorida quando se lembrou dos problemas, da possível assombração. Ou da possível perca de juízo dela.
"Vou ter que faltar aula nessa segunda-feira para ir até a biblioteca da igreja."
E foi exatamente o que ela fez. Colocou sua calça preta, seus tênis, uma camisa branca de botões longa e uma gravatinha. Penteou com os seus cabelos loiros de forma impecável, também se certificou com um espelho que não tivesse nenhuma olheira e passou uma maquiagem de leve, saiu pela rua andando com a cabeça erguida e com um sorriso simpático no rosto.
Cumprimentou algumas senhoras no caminho, alguns donos de lojas, crianças que passavam correndo por ela para ir à escola... Tudo na mais absoluta paz, tudo como deveria ser... Tudo do jeito que era esperado para a vida de uma fiel à Deus como ela.
Aquela rotina que ela repetia desde muito jovem, vivendo da mesma forma. Na verdade, sempre fora assim, desde muito novinha. Mas depois de adulta sua vida era faculdade e igreja, nada mais.
A biblioteca ficava embaixo da igreja. Além da biblioteca, ali também ficava guardado alguns documentos da construção da igreja, documentos burocráticos, alguns recibos e pediu para o Padre Kim permissão para entrar, como ele bem conhecia Yunjin deixou que a mesma ficasse por ali.
Não era grande, mas tinha uma quantidade interessantíssima de livros, isso porque nos anos 50 havia um padre que tinha algumas conexões com bispos e padres exorcistas do Vaticano. Assim o Padre Kim conseguiu alguns exemplares interessantíssimos sobre a igreja, sobre o Vaticano e claro, sobre exorcismos.
Yunjin negou para si mesma que o que ela fora buscar naquele lugar era esse último tipo de livro... Mas somente por curiosidade, claro.
Pegou um deles nas mãos e sentou-se numa mesa, o título em especial era "O diabo como meu vizinho." Ela achou que era um pouco sensacionalista, porém tinha curiosidade então decidiu começar a ler.
Mas não conseguiu passar da segunda página e foi invadida por aquela sensação de novo, como se estivesse sendo observada, como se tivesse mais alguém ali com ela...
Olhou ao redor com os olhos grandes e arregalados, procurando ver alguém, mas não viu nada, não ouviu nada, era apenas uma sensação na pele, um arrepio que subia até a nuca... Ela não sabia explicar, mas nem sempre esse arrepio era horrível. E era isso que mais a assustava.
"Yunjin, se mantenha firme no seu propósito..." - a Huh pensou enquanto continuava a folear as páginas... Mas parecia que ela não conseguia se concentrar, flashs daquele sonho que tivera com Chaewon voltava a sua mente contra sua vontade.
Fora tão real que ela podia sentir a textura da pele dela, o calor do seu corpo, o gosto da sua boca, a maciez da língua, as reboladas, o gemido manhoso...
Yunjin tirou seu óculos para passar as mãos no rosto, como se quisesse se dispersar daqueles pensamentos intrusos, não era o momento de pensar naquilo e sim procurar respostas.
"Isso não pode estar acontecendo comigo."
Voltou seu olhar para o livro e lá tinha um parágrafo interessante.
"A vítima relatou que vinha se sentindo perseguida, que tivera sonhos incomuns com pessoas próximas a ela. Como se aquela entidade quisesse enlouquecê-la com esses sonhos. O Padre então concluiu que usar sonhos era uma das táticas de alguns demônios para se apoderar das almas humanas."
Yunjin levou a mão até os olhos cansados pela leitura difícil, ela não queria acreditar nisso, mas parece que era verdade... Será que ela, uma jovem coroinha carismática e que dava o seu melhor pela comunidade estava sendo importunada por um demônio? E se sim, como ela lidaria com isso?
- Seja o que for está usando a Chaewon, que é uma garota que precisa de ajuda, que é próxima a mim... Que golpe baixo! - disse entre dentes fechando os punhos em cima da mesa.
Pegou o livro e o colocou embaixo do braço e subiu até a igreja por uma escada de madeira antiga e que fazia muito barulho, outra coisa que ela havia notado que eles precisariam fazer era reformar a biblioteca e a escadaria, com certeza ela conversaria com o Padre Kim para isso.
Ao chegar finalmente na igreja, observou lá no primeiro banco ajoelhada e com um terço nas mãos, rezando fervorosamente, Chaewon.
Uma parte dela quis sair dali sem ser vista. Talvez ela estivesse muito alarmada com o tipo de sonhos que havia tendo, cada vez mais quentes, cada vez mais excitantes... Com aquela pobre alma que estava desesperadamente buscando uma saída.
Sua obrigação como uma fiel aos ensinamentos de Deus e como humano era acolhê-la. Seus problemas pessoais não deveriam interferir nisso, não mesmo.
Mas era muita coincidência a Kim aparecer naquele momento, estava tentando evitar a presença da garota mais que tudo e logo quando a Huh tinha ido procurar respostas para entender o porquê da outra viver perturbando sua mente. Era de fato engraçado.
- Yunjinnie? - Chaewon a chamou virando para trás.
A Kim então foi caminhando lentamente até a maior, ela parecia bem animadinha, mas a Huh parecia nervosa e com um olhar perdido, observou a roupa de Chaewon e achou adorável, era um vestido florido branco que ia até um pouco embaixo de seus joelhos.
- T-Tudo bem, Kim? - Yunjin perguntou um pouco nervosa apertando mais aquele livro no braço, desceu seu olhar pelo corpo dela e percebeu que o curativo tinha sido trocado. - Vejo que seu joelho está melhorando... Graças à Deus.
- Sim, ele está bem melhor... Aconteceu algo para vim aqui? - Chaewon também desceu o olhar pelo corpo inteiro da Huh e mordeu o lábio inferior, seu olhar era completamente diferente daquele inocente da outra, tanto que a Kim deixou uma mordida em seu lábio.
Chaewon estava achando a Huh muito gostosa.
- A-Ah sim, na verdade apenas vim hoje para igreja rezar para mais uma semana abençoada. - sorriu simpática e nem percebeu o olhar faminto da menor em si. - E você veio aqui faltando na faculdade, por que?
- Resolvi faltar porque briguei com minha mãe, precisava de um lugar de paz e ouvi algumas palavras de meu tio... Minha casa e faculdade são os piores lugares... - suspirou pesado. - Não aguentava mais aquela casa com aquele outro nojento, de tantos homens que ela poderia ficar resolveu escolher um mergulhado em álcool.
Chaewon sentia que naquela casa tinha nada e nem ninguém. Era uma alma perdida que vagava pelo mundo sem nenhuma razão e sem nenhuma expectativa. Como se ela estivesse esperando o dia de partir dessa terra e quando isso acontecesse, ninguém sentiria a sua falta.
Bebidas, festas e "amigos" interessados apenas em outras coisas suas, sabia que não tinha nenhuma relação sincera com ninguém.
Ela não tinha família decente, nem um parceiro fixo, ficantes desinteressantes, nem amigos... Nada. Mas depois que começou a frequentar a igreja e ter conversas frequentes com Yunjin ela começou a mudar mais, precisava fugir um pouco daquela casa que parecia ser o seu inferno.
- E você está certa em querer se afastar um pouco, ambientes tóxicos apenas nos afetam e você precisa ficar bem. - Yunjin falava sorrindo passando conforto para a Kim, a outra assentiu concordando.
Sem perceber, Yunjin estava ali sendo uma grande ajuda, ela estava sendo a mão que lhe puxava para que pudesse sair do buraco que havia entrado depois que perdeu o seu querido pai de um jeito tão inesperado como um acidente de carro.
Muitos vícios a seduziram mais do que Chaewon poderia imaginar, ela procurava esquecer seus problemas e o luto, mas passava dias fazendo coisas que nem ela própria aprovava, apenas para fugir daquele mundo.
Percebendo o pequeno silêncio, o nervosismo de Yunjin estava falando mais alto naquele momento, ela queria se distanciar um pouco mais de Chaewon...
- Bem... Eu acho que já vou indo.
- Yunjin, espera... - antes mesmo que Yunjin virasse suas costas, a Kim se pronunciou. - Eu preciso falar uma coisa pra você que percebi ultimamente, mas não quero que me leve a mal.
Yunjin paralisou na hora.
"Meu deus, será que eu dormi naquela mesa e estou sonhando agora? Será que ela vai avançar sobre mim? Aqui, na igreja? Na frente do altar... Não permita meu Deus, não permita que eu caia em desgraça, não permita que eu jogue a minha alma no limbo porque... Eu sei... E o senhor também sabe, se ela vir... Não conseguirei me livrar dela."
Junto com esse pensamento desesperado, Yunjin arregalou os olhos e segurou com força o livro suas próprias mãos.
- Bom... - Chaewon a encarou bem no fundo dos olhos da loira, e aquele olhar intenso da menor pareciam que poderia ler a sua alma. Lentamente ela lambeu os lábios inferiores para umedecê-los e Yunjin conseguia sentir o próprio corpo tremer. - É que você anda muito esquisita nas últimas semanas, parece as vezes querer até me evitar... Parece preocupada. Ontem quando nos vimos depois da missa, você estava muito diferente... Quer parar com os encontros? Eu fiz algo para você, Yunjin-ah?
"Não fez algo, você me causa algo."
Yunjin respirou aliviada porque não fora "atacada" e parecia que estava acordada mesmo, mas ficou encabulada sem saber o que dizer, sem saber qual mentira inventar, justo ali, em frente a Cristo crucificado no altar.
- Não mesmo, Chaewon... Podemos continuar nos vendo... - sorriu e a outra continuava lhe encarando com um beicinho e aqueles olhinhos adoráveis. - Você não fez absolutamente nada. Me perdoe por esse comportamento estranho, só estou com alguns problemas pessoais.
- Eu gostaria de saber se eu posso lhe ajudar, de qualquer forma... Você já me ajudou tanto e ainda me ajuda nessa minha luta contra os vícios e o pecado, se não fosse por isso... Pode ser que eu já estivesse enlouquecido. Quero retribuir isso de alguma forma... Eu ficaria feliz se eu pudesse te ouvir e te ajudar, Yunjin...
"Então Chaewon... eu acho que estou sendo assombrada com um demônio que usa você em sonhos eróticos pra me atormentar." - Yunjin pensou que isso não seria a coisa mais sensata a se dizer naquele momento e nem a coisa mais simples de explicar.
Mas sabia que como estava não dava para ficar. Parando para pensar por um segundo, mas que naquele momento era como se fossem dias, ela chegou à conclusão de que teria que contar alguma coisa para alguém e Chaewon era a pessoa mais próxima dela ali. Era alguém que estava se mostrando mesmo amigável e gentil, que queria genuinamente devolver um favor e queria mudar seu modo de viver.
Ela não contaria para seus colegas da igreja e muito menos para o Padre, a pessoa que ela mais admirava ali, não teria coragem de como contar tudo que passava em sua cabeça e seus problemas de insônia. Jamais iria conseguir.
- Não é nada demais, pode ter certeza... Estava conversando com ele? - Yunjin virou o rosto e mudou de assunto, a Kim seguiu com o olhar da garota e a viu encarando Jesus crucificado naquela cruz enorme no altar, mas depois voltaram a se encarar. - Está tentando mesmo ser alguém melhor, Chaewon? Isso é uma benção.
Yunjin sorriu para ela e Chaewon encarando a Huh sentiu seu coração acelerar no peito.
- Eu quero ser alguém melhor. - Chaewon sussurrou piscando lentamente. - Quero poder ser uma pessoa digna e ter orgulho de eu mesma, mas eu ainda sou uma confusão, Yunjin...
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