O Ódio de Claudia - Parte II
E assim a pequena Claudia fugiu para onde seu pai havia lhe orientado.
Foi quando os homens avistaram Cristóvão ao longe e correram de maneira tão dinâmica que quando nosso herói percebeu já estava sendo cercado por dezenas de lacaios de um rei tolo.
- Nós já sabemos, camponês. Onde está a sua filha a quem tem treinado constantemente? – falou o homem que se posicionava a frente de todos os outros.
- Não há criança alguma aqui, não sei quem lhe passou essas informações de que venho treinando alguém, mas acredito que essa pessoa mentiu. – falou sem abaixar a cabeça para aquele que estavam se aproximando por todos os lados.
- Não estou aberto a debates, me traga a garota e tudo estará tranquilo?
- Me desculpe, mas não sei se, pelo pólen dos deuses, você não compreendeu meu idioma, mas acabei de dizer que não tem garota alguma aqui.
- Peguem-no! Nosso rei terá o prazer de destroçar este ser desprezível – ao sinalizar que deveriam atacar, ele sai da frente e fica na retaguarda de seus homens que avançam como lobos para atacar Cristóvão, que empunhando uma faca não se curva e se lança contra os valentes. Deferindo golpes com as duas mãos, uma com a faca e a outra com uma proteção com pequenas pontas de metal, que cortavam inúmeras coisas, e que nesse momento estavam cortando inúmeras gargantas.
A força de Cristóvão lançou dezenas de homens para bem longe, foi quando ouviu um corte se fazendo em seu braço, era uma lança com uma espécie de sonífero, que não abateu ao homem de imediato, que em meio ao dissabor das circunstancias lançou sobre eles toda a sua fúria, agora os atacando com os dentes, e ali se via esculpida a visão de um homem grande, negro e poderoso com a jugular de um soldado em seus dentes e com um olhar de fúria, até que como por um milésimo de sorte, a composição química do liquido que havia na lança fizesse efeito e ele caísse.
- É grandão, eu estou aqui para derrubar lendas. – e pediu para que seus soldados o carregassem ate o castelo, a punição seria ainda naquele dia e a euforia dos homens ao saber disso fez ser ouvida aos quatro cantos daquela região e perturbaram a pequena Claudia, que embora estivesse escondida, viu toda luta, com orgulho de seu pai pela força de seu espirito e com medo do que aquilo poderia lhe causar; mas mesmo em meio a dor que sentia por ter a força apenas para segui-los, ela já planejava ali algum feito para conseguir roubar o corpo de seu pai, se entregar seria uma maneira desprestígiosa de ignorar toda a luta de seu pai, mas isso não a impediria de tentar resgatar a quem ela amava com todas as forças.
Após algumas horas caminhando, enfim chegaram ao castelo. O rei infame estava na porta esperando por Cristóvão, o homem que era a lenda dos camponeses, o olhava com desprezo.
- Vejo homens fracos carregando uma lenda, se homens fracos carregam uma lenda, essa lenda se torna mais fraca do que esses homens! – estendo os braços para o alto e com a voz mais grave que poderia fazer, semelhante ao rompimento das rochas.
- Lenda ou não, hoje eu pintarei minha escadaria com o seu sangue. – Todos aplaudiram as palavras.
- Oh, meu rei. A ti entrego este homem que rejeitou os nossos princípios e estava ensinando uma mulher a ser uma guerreira.
- E onde está a mulher?
- fugiu e não sabemos para onde foi.
- Vocês são inúteis, fizeram o serviço pela metade, e percebo as baixas.
- O homem era um demônio em meio ao campo.
- Engraçado, pois eu vejo apenas um homem.
- Então o senhor não viu o suficiente – falou baixo, mas o rei o ouviu.
- Como disse?
- Perdão meu rei apenas pensei alto.
- Só toma cuidado para que a sua cabeça não seja uma das minhas especiarias em algum momento de sua existência!
Após isso, os homens levaram Cristóvão para escadaria de Fonte, onde havia uma guilhotina, porém. Dessa vez, ele queria fazer algo diferente. Despiu Cristóvão de todas as suas vestes, mostrando a vergonha de seu corpo e gritou para que todos que estivessem perto aparecessem.
- Vocês irão ver o que é uma tortura de verdade!
A multidão foi se achegando conforme o rei gritava para que aparecessem, seria o show para assustar quem tivesse em seu pensamento algum tipo de rebelião, e conforme os gritos se tornavam mais fortes, foram despertando Cristóvão que aos poucos foi percebendo que estava nu e sem forças, com seu corpo amarrado por laços poderosos, ele estava servindo de exemplo da impiedade de um rei que temia por sua posição, então a sua morte seria a mais sem misericórdia possível. E em meio a tantos pensamentos, rezava para que sua filha estivesse o mais distante dali, por várias razões, mas em seu coração o medo de ver sua filha o vendo sendo humilhado, machucava a sua alma. E Claudia estava ali, escondida em meio a uma multidão que se formava, a grande maioria por pessoas que além de terem sido convocadas pelo grito do rei, estavam ali porque amavam torturas; a empatia era alo mais conhecido em harmonia, ali era algo que apenas tolos tinham a capacidade plantar em seu corações.
- Vocês querem o que? – Gritou o rei.
- Queremos empalamento! – Gritaram alguns homens no lado norte do rei.
- Caixão! Caixão! – Eis que maioria havia determinado a primeira tortura de Cristóvão.
- Como prezamos pela escolha da maioria teremos o caixão por uma hora. – falou sorrindo de ponta a ponta.
- Vocês são os mais sábios! – Concluiu o rei insolente.
O Caixão da Tortura funcionava assim: as pessoas julgadas eram obrigadas a ficar dentro da “cela móvel” durante dias até a morte. Extremamente apertadas, as gaiolas eram penduradas em praça pública para que sofressem exposição ao sol e para que animais pudessem se alimentar do ser, enquanto vivo.
Porém esse teria o brilho de ternura que só o coração de um tirano e cruel poderia conceber, ele começou a jogar açúcar e mel sobre o corpo nu de Cristóvão, estendo ao lado da guilhotina o Caixão que estava preso em uma das bases daquele lugar, sem forças para dar os paços, Cristóvão é carregado e após muito esforço, os homens conseguiram pendurar o caixão. Mel era o alimento favorito dos carniceiros de Geena, que tinham bicos pesados e afiados e que em pequenas horas poderiam triturar o corpo de alguém e conforme os minutos foram se passando uma nuvem negra de carniceiros de Geena tomaram o lugar e começaram a atacar exclusivamente o homem que estava debilitado. O corpo estava sendo despido não de suas roupas, mas de sua pele, que estava sendo mastigadas pelos seres mais grotescos de uma região nefasta.
Os olhos de Cláudia encheram de lagrimas, e sua alma estava sendo despedaçada junto com o corpo de seu pai, que insistia em não gritar, até que após sentir as unhas saindo de seus dedos os gritos se tornaram sua fonte de força para aguentar aquilo, e em meios aos gritos do herói, sua filha chorava e pedia para que alguém na multidão o ajudasse, ninguém a escutava. Ver o herói sendo humilhado era a alegria de um povo que não estava acostumado ao heroísmo.
- Pronto, vocês estão satisfeitos? – Perguntou alegre o rei.
- Não, não estamos. Queremos mais! - o povo gritava em um som pelo costume das torturas, tudo era muito teatral, menos a tortura propriamente dita.
- Vocês são tão cureis quanto eu, mas temo que ele não aguente. – sorriu compulsivamente.
- Tirem-no daí, e tragam para cá! – e pegaram o corpo do homem que estava esfolado e com sangue por cada membro de seu corpo.
Levando o pobre homem até enfim onde estava a guilhotina, mas antes ele olhou para os olhos, olhos machucados, sem força e com pouca vida e questionou:
- Valeu a pena ensinar uma mulher?
- Oh, rei tolo e imprudente, não sei a qual mulher você se refere, mas levo em meu coração o sentimento de que eu ensinaria a quem quisesse aprender, vim de uma mulher e me apaixonei por uma e tive mais algumas vindas do fruto do meu amor. Eu apenas não ensinaria para pessoas como você! - cuspiu na face daquele homem cruel, que o olhou e riu novamente, em um rosto demoníaco e perverso.
- Pelo visto valeu a pena! – completou em um som de deboche.
- Valeu por cada segundo da minha vida – Cristóvão olhou para o meio da multidão, que estava assustada com a sua imagem.
- Adeus, Cristóvão! - dando o sinal para os homens o levarem para a guilhotina, e assim o fizeram.
- 4, 3, 2, 1... – E a cabeça de Cristóvão rola pelas escadarias.
- Nãaaaaaaaao! – Claudia chora com alma em pequenas partes, se sentindo destruída, o coração começou a pesar toneladas e no meio das lagrimas se inicia um pequena convulsão, a garota chorou, chorou, até seu olhos escurecerem e os seus cabelos caírem. Ódio estava tomando conta da pequena e amável ser que era diferente por isso, mas ao ver seu pai sendo torturado e executada. Tristeza a machuca, criando dentro de si uma marca que jamais ela esqueceria. O de como era forte o sentimento de ódio por alguém.
- Eu irei te matar seu rei maldito, talvez não hoje, nem amanhã, nem mês que vem, nem o ano que vem, mas antes mesmo que a primavera se torne graciosa e o frio retorne de sua viagem, eu irei ter sua cabeça em minha mãos! – Gritava em meio a uma multidão que ao mesmo tempo gritava palavras de apoio a majestade.
E no meio ao apoio havia os gritos de uma garota que conheceu o significado do ódio.
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