O "E se"
Mark e Luís chegaram na frente do cinema e viram uma cena peculiar, Arthur imerso no cartaz, sozinho, apenas observando em um silencio sepulcral e com os olhos atentos. Era admirável essa face do jovem, que sempre era o destaque por falar muito, observar pouco e as vezes ser importuno.
As mãos sempre atuando, em movimentos calmos e lentos escorriam pela nuca, e depois iam para testa, frequentemente. Mordeu os lábios e finalmente parecia estar no lugar.
- Devem estar te reprogramando! – disse com um tom sarcástico. Luís gostava de ler as teorias da conspiração e as ridicularizava.
- Com certeza, e o jogador que manipula meu avatar deve ser bem burro. – falou entre os dentes, mas aos poucos foi deixando a cerviz menos enrijecida, até que relaxou os ombros.
- Vocês e esses papos de simulação, terra plana e fetos saindo do esgoto. – deu um suspiro de indignação que foi acompanhado por risadas.
- Cadê a Leticia, Arthur? – perguntou Mark, entre os risos.
- Disse que precisava ir ao banheiro. Estou aqui esperando. – buscou olhar para os lados, e falou o mais baixo que poderia, embora prezasse que os amigos ouvissem. – eu acho que to gostando dela.
- Ah, não acredito! Como assim? – questionou os dois amigos em uni som.
- Sim, esses dias eu estava olhando para a foto do status dela, e pensei no quanto ela é linda. Tirei um print, e toda vez que posso eu vejo a bendita foto.
- Poxa, soldado. Mas você acha que teria alguma chance? – inclinou os olhos para o amigo, sendo o mais sincero possível. Luís não tinha muita confiança na reciprocidade do sentimento de ambos.
- Torço que ela tenha pelo menos me visto uma vez assim.
- Você não sabe nada sobre mulheres, vejo que vou ter que formar mais um, Mark.
- Uma coisa eu posso te garantir, se você ouvir os conselhos do Luís, você morre virgem.
- Meninos! – e finalmente o assunto chegou, com uma camisa do Bom Jovi, calça preta e seus formosos olhos verdes. – Ficaram quietos do nada, xii. Me conte a novidade!
- O Mike está apaixonado pela moça do serviço dele. – disse Luís, entre trancos e barrancos, dando um breve sorriso ao encarar o semblante que emitia um leve gritinho do rapaz que nem teve a chance de dar uma resposta.
- Que bom! Finalmente. E você acha que ela está afim? -falou sorrindo para o amigo.
- Ah não sei, mas ela gosta de conversar comigo, seria esse um começo?
- Depende, eu gosto de conversar com vocês, mas não sonho em ter um romance com ninguém. – O fora estava sendo dado por tabela. Arthur engoliu a resposta em seco e desprezou os sentimentos.
- Você não sabe o que perde com essa afirmação. – falou imitando uma voz robótica. Luís deu um leve tapa nos ombro de Arthur ao mesmo tempo em que completava. – homens assim você não encontra com facilidade.
Um silencio pesteou o momento que foi quebrado pela gargalhada sincera de Leticia, que observando o ambiente perguntou se eles gostariam de comprar os bilhetes.
- Sendo sincero. Queria tanto ir ao karaokê que abriu. O que vocês acham? – perguntou Arthur.
- Vocês esqueceram que as vezes o Mark canta com os fones de ouvido? – deu uma olhada para o rapaz que a encarou veemente. – brincadeira. Vamos sim.
E assim o caminho foi mudado. Não muito longe, dando para chegar em menos de quinze minutos de onde estavam.
Casacos pendurados. Mãos no microfone e música escolhida, hora oportuna para brilhar. O pensamento de Mark estava em meio a devaneios, uma brisa que durou segundos. Os segundos que bateram e eclodiram em um barulho seco que vira de seu quarto. A mãe do rapaz estava na sala assistindo à programação. Procurando filmes. Quando se assustou com o barulho. Não suspeitou de invasores, mas o sentimento mantinha-se intacto, sendo o estopim para que ela subisse para ver o que era.
O que é isso? – disse Leticia ao ver as músicas escolhidas pelos rapazes. - Vocês não pediram nenhuma que eu sugeri!
- Meu Deus, o que é isso? – numa eloquente rajada de espasmos que cobriram seu corpo, fazendo o gosto de bile subir em sua boca. Luzia presenciava algo que jamais imaginaria ver fora da Tv, as mão disturbaram espasmódicas, e um escuro incompreensível se apossou de seu campo de visão, dando graves picos de um negrume atribulado. O globo ocular explodia com as luzes e membrana leitosa em seu olhar cálido a desorientou, caindo por cima do tapete que estava de frente para porta.
- Não acredito! – suspirou Mark ao perceber que a hora já passava das 22. – A noite nem parece que começou direito e já está tão tarde.
encarar as caretas que Arthur fazia ao cantar a música tema de Nasce uma estrela, ele era o rapaz e Leticia era a mocinha. Isso aspirava uma esperança eloquente em seu peito, que o fazia suar. Soar e suar. A testa do jovem Arthur suava muito. Cadê o paninho quando se precisa dele?
"Oh, mamma mia, mamma mia!
Mamma mia, let me go!
Beelzebub has a devil put aside for me!
For me!
For me!
So you think you can stone me and spit in my eye?
So you think you can love me and leave me to die?
Oh, baby!
Can't do this to me, baby!
Just gotta get out
Just gotta get right outta here!"
Ao terminar de cantar a canção do Queen, Mark se sentia revigorado, a noite havia começado a ficar interessante, não que a presença de seus amigos não fossem o suficiente, mas esteve com os pensamentos naquilo que havia presenciado, de tarde, ao voltar da loja. Seu corpo cansado implorava por água e suas pernas por um assento. Ao concluir a missão, como por um movimento peristáltico, olhou para tela do celular, seus olhos fugiram da órbita. Já havia passado da casa das 2. Falou consigo mesmo que precisava relaxar e que tudo bem, mas algo estava estranho. Sem ligações. Sem mensagens. Estava pronto para ter que responder as milhares de questionamentos da sua mãe. Mas não havia absolutamente nada. Absurdamente nada! O que o fez estremecer. E como por um intermédio divino decidiu ligar. Para aliviar o medo que veio com os dois pés na porta. Ao toque do telefone e nada de alguém atender do outro lado. O fez suspirar entre calafrios. Sua mãe não dormia antes dele chegar em casa. O "e se" fez com que qualquer euforia causada pela letra viril de sua banda favorita, caísse por terra. Estremeceu novamente e emitiu um som de lamento. Balbuciou algumas vogais e atento ao ambiente desistiu de ficar se lamentando.
- Preciso ir embora! – como por um estalo. Todos ficaram encarando, mas se assustaram com a aparência pálida de Mark.
- Está tudo bem... – Luís foi interrompido por um sinal de obrigado.
Ao correr pelo caminho escuro, a penumbre intensificou o seu medo. Decidiu correr mais, o corpo estava cansado, mesmo assim buscou todas as forças, embora as pontadas ao lado da costela o fizessem reclamar durante o caminho.
- Quem manda ser um sedentário de uma figa. – falou entre os dentes, respirando com certa dificuldade. – Bem que poderia ser lua cheia. Bem que minha mãe tivesse me ligado, brigando comigo por simplesmente não ter percebido o correr das horas. Que merda, sou um tronco enorme de problemas!
Foi no lamentar do frio que entrava nos vãos de sua roupa, pela penumbre que insistia em estar presente e nos lamentos dos gatos, se aproximava de sua casa, percebeu que a rua não estava completamente vazia. Porém não parou em nenhum momento, a respiração pesada não o forçou a parar. "E se ela passou mal?" "E se." As conspiração emergiram a sua mente se fazendo perder entre a rua e o paralelepípedo, o fazendo cair. Batendo forte os joelho contra o chão.
- Desgraça! – gritou e sem perceber as lagrimas escorriam de seu rosto. Estava se lamentando por ter bebido um pouco. Estava se lamentando do pessimismo. Mas nem tudo estava dando certo. Na realidade se algum dia algo deu certo. Após os pensamento nada excitante o abaterem em uma confusão, se levantou e continuou. Entre devaneios e o medo. Conseguiu chegar na frente de seu lar. que agora não havia nada de doce. Abriu a porta com a chave que demorou a aparecer no bolso do seu casaco. Ao chegar em casa. Se assustou por estar tudo aceso.
- Mae? – gritou e repetiu a ação por algumas vezes e nada. O pavor o petrificou por instantes. Foi quando viu um pequeno bilhete na mesa da cozinha.
Pegou-o, abriu e ali encontrou uma caligrafia que não era de sua mãe:
"Marcos, sou eu, Carlos. ouvi um barulho estranho seguido de gritos, quando estava passando na frente da sua casa, Meg, minha cadelinha. Começou a latir em direção e logo pensei que alguém havia entrado na sua casa. Chamei por diversas vezes e nada. Foi quando observei que vocês deixam uma chave extra, assim como eu também faço, embaixo do tapete. Resolvi abrir a porta e percebi que algo não estava legal, ao subir pelas escadas vi sua mãe convulsionando. Tomei as medidas cabíveis no momento e estou a levando para o Hospital do centro. Te Esperarei".
Um medo inexplicável o atingiu com força. Suas mãos deixaram o papel cair e ali chorou sem ao menos ter uma noção disso. As lagrimas escorriam e preenchia cada traço do seu rosto. O "e se" se concretizou. Se sentiu culpado por isso. Mas agora já era tarde.
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