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A Lenda

"Nascerá de uma mulher, sem méritos e por lei escrava de seus desejos, um homem que mudará os moldes da constituição do universo, e por ela todos os reinos se prostrarão, sendo maldito todo aquele que sucumbir aos desejos de seu coração a uma vida de ganância. Este filho, indesejado pelos perversos e inexpressivo para os que se autoproclamam sábios, representará uma paz até então jamais imaginada e sendo a grande questão de Minha Autoridade; muitos questionam a soberana decisão pela imprecisão daquilo que julgam ser paz, estes mesmo compreenderão o que é quando assim Eu os permitir. Ser quem Sou é grandioso."

Palavras que estavam cravadas na entrada de cada palácio dos reinos, representando a profecia de Zoe, que por muitos questionada como uma brincadeira ou uma parábola, nunca fora vista como uma profecia de fato. As colisões dentro de cada reino e a forma oposta que muitos reis se dirigiam a si mesmos, tornou aguda a necessidade de que realmente algo desse alívio e que a esperança de um dia melhore poderia ser eternizada através do verbo. Os homens e mulheres que coabitavam e que olhavam para entrada dos grandiosos palácios não tinham tanta esperança, sem os banquetes da realeza, a vida não era calcada em luxos. Então com o tempo as palavras que estavam expostas na frente do palácio perderam o poder e, culpa de algumas autoridades que não queriam deixar as palavras gravadas em murais junto aos impostos porque a plebe tinha mais deveres do que o luxo do direito ao sonho.

"Que dor! Meu ombro está deslocado, esse cheiro forte e nauseabundo, parece que as minhas têmporas vão explodir e maldito pomo-de-adão, que desce e eclode, me fazendo ter dores por toda as minhas estruturas do pescoço, maldito pescoço fraco. Não posso deixar os meus inimigos vencerem, não apenas meus inimigos, mas inimigos do reino". O pensamento que se abatia sobre a mente perdida de Tybalt, que estava olhando para o solo e sentindo um líquido quente em sua nunca, lembrava-se onde estava. Mas não o fato de ter sido atingindo, não entendia as flechas ao seu redor, não entendia o fato de estarem perdendo, não o fato da guerra que os assolava. "malditos! O rei sabe o que faz!" o orvalhos escorria pela sua face jovial e que expressava dores no amago de seu ser. Há pouco entrara como um grande destruidor e Solar o adorava, Delta sentia orgulho e admiração de quem o jovem garoto se tornara. A sua expressão der cresceu em um lamento agonizante quanto sentiu que alguém se aproximava, era enfim a morte do homem que se tornou a mão direita de um rei, seu corpo se estremeceu ao ouvir o bater dos cacos no paralelepípedo e vindo como por intermédio de uma criatura acima de suas forças, e que forças? Não havia nada que pudesse fazer, seu corpo não respondia, e a pouca ação que executava era indescritivelmente pavorosa, o seu estomago revirava ao ouvir os cacos, os cascos mais alarmantes que ouviu em toda a sua vida, e que arrepiou a sua costela e correu como uma corrente elétrica por todo o seu corpo, o gosto de metal em seus lábios exibia que sangrava e seus olhos perdendo a visão do seu executor. Os cascos batiam, rompendo o caminho e quando se aproximaram enfim, abaixou o semblante em uma ação de reflexo e conseguiu ouvir o estralo ensurdecedor do som dos ossos sendo destruídos, explodindo. Insanamente por toda a estrutura de um ser vivo, levantou os olhos e era Aillard, seu amigo, que simplesmente teve o ombro destruído em uma ação de tentativa de cortar a cabeça do cavalo com uma espada, o peso do animal destruiu o ombro e chicoteou o braço para longe. A visão tenebrosa o abateu, os olhos se abriram com esforço e pode ver além do jovem sem o braço e com o sangue escorrendo, se debatendo com muito apelo no solo quente, viu o cavaleiro o observando em cima do dorso do cavalo que após o impacto exibiu um corto medonho em seu pescoço.

- Você merece uma morte lenta, seu fraco! Permitiu que o rei fizesse o que queria conosco. – disse sem pudor e com a arrogância de um juiz. – espero que no mundo dos mortos as suas justificativas sejam repensadas.

- Você fala muito para quem se esconde atras de um cavalo! Apenas me mate e siga seus dias miseráveis.

- Não sei se entendeu, mas quem está com as mãos em uma lança sou eu! Quem está acima sou eu, e quem se lamenta em meio ao excremento é você.

E no momento cortando os céus uma lança transpassou o homem que gritava contra Tybalt, expondo as tripas e explodindo, matando consigo o seu cavalo. Rowan estava ao lado de seu companheiro e virou-se para direção em que a lança fora lançada.

- Bendita lança! – exclamou em sinal de alívio. Sobrevoou e viu o rei Petrus com a besta em mãos, aquilo lhe causou mais satisfação do que deveria. E aos poucos, montado em seu cavalo, o rei Petrus se aproximou de Tybalt, seguido pelo conselheiro que comentou ao se deparar com o corpo de Aillard, que sofreu múltiplos espasmos e que sucumbiu em contração com o terror daquele ambiente e disse:

- Pobre homem, não sabe que uma espada cega não vale de nada! – ao terminar de executar suas palavras, percebeu que a sua língua estava estranhamente grudenta.

- Tybalt, quero que seja meu novo Conselheiro. – e ao tempo em que essas palavras entravam pelos ouvidos do rapaz que ainda estava de joelhos, o conselheiro espirrou uma quantidade de sangue e ao dirigir o seu rosto para o seu senhor, a língua que antes estava apenas grudenta, havia se rompido. Foram pequenos segundos percebendo o que havia acontecido.

- Substitua-o, não gosto de pessoas com comentário importunos e que não respeitam os mortos em batalha. – e apontou para o corpo que caiu como uma rocha ao chão. – tolo é tu, que me conheces há tanto e parece não conhecer nada. " em um mundo assim, as vezes perco a noção do que é correto". Pensou nas conversas com Aillard. O que fez cair ao solo e nada mais soube após isso.

- Peguem Tybalt e cuidem de seus ferimentos, cuidem dele como se a vida de vocês dependesse disso! – falou para os quatro rapazes que estavam atrás de seu senhor, que se ergueram e acompanharam o primeiro que pegou o corpo de Tybalt e lançando-o sobre o cavalo, prosseguira rumo a região oeste do reino. Rowan foi junto com os soldados, em silencio sepulcral. E observando ao redor, os corpos podres, alguns sendo rodeados por insetos, vermes e acolhidos em meio ao barro vermelho, a cena causava repulsa, fazendo o estomago contrair até as costas e o pulmão regozijar-se enquanto segurava o folego para não puxar para si um odor fétido, de mijo e fezes, que cobriam corpos de camponeses e soldados.

- Aos que restaram, me sigam, existem camponeses que estão loucos para morrerem hoje. – disse em um tom mortal e vil, irado pela conduta, pelas traições de alguns e pela soberba daqueles que estavam fardados a serem plebe para sempre. Pelo menos a frase "plebe sempre plebe" gritava em sua mente. Cizar, Kyssar e Quento pegaram as lanças, inclinaram para frente e suspiraram, coberto por todo aço mais caro e resistente de um reino, avançando sem piedade, ouvindo alaridos de misericórdia, que foram ignorados pelo sorriso de Cizar que prosseguia e gritava freneticamente "vocês nunca serão mártires" e salpicava a cena em um vermelho que escorria, espirrava e jorrava dos camponeses, que de inimigos mortais se tornaram meras vítimas. Empilhavam corpos e a guerra bradava em meio aos clamores de mulheres que não queriam perder seus filhos, amantes e netos.

O cheiro de urina aumentou quando os Vermes de Netriz saíram de uma caixa bordo que Petrus tinha escondido, eles percorreram por dentro das roupas dos camponeses que não tinham a proteção do metal, e esses vermes destruíram um a um, tomando conta da mente, inspirando-os a se matarem. E os gritos começaram a serem orquestrados e ante a tudo isso, corriam os quatro cavaleiros com o corpo machucado de Tybalt.

Quento pegou uma das mulheres que julgou ser linha de frente, pois empunhava uma espada e controlava uma águia com gritos de autoridade, e trazendo-a para si correu com o cavalo por círculos, a puxando pelo cabelo. E com risos observava os poucos homens ainda sãos. E com a sua espada escalpelou a jovem que ao cair no chão agonizando em dor, a deferiu o golpe de misericórdia no pulmão, pelo menos era o que julgaram.

- Maldição, acho que errei, agora vai se afogar em meio ao próprio sangue! – ao dizer isso uma jovem pequena e de olhos claros, com o rosto fino lhe encarou e gritou.

- Quando Tybalt saber disso, sua carne perecerá – a voz impetuosa era de Letti, o antigo amor de Tybalt. Que mesmo se sentindo acuada, não desistiria de lutar pelo que julgava correto.

- Isso se Tybalt acordar, adorável dama. – e saiu aos gritos com o seu cavalo. Letti sentiu um aperto e correu para distante de tudo aquilo, e ao mesmo tempo em que suas pernas corriam, suas lagrimas acompanharam, um pleno equilíbrio entre a dor e a necessidade de viver.

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