Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 20

Rebeca

Não posso negar o tamanho da minha felicidade. Matteo está aqui de novo, e além de me ajudar comprando meus produtos, ainda está me levando de carro.

Às vezes eu chego a acreditar que há alguém lá em cima que gosta de mim.

― E então, morena, me conte algo sobre você? ― Eu já disse o quanto adoro quando ele me chama de morena?

― O que exatamente quer saber?― Não que eu esteja disposta a contar detalhes da minha vida. ― Pergunte. Se eu puder responder, eu respondo.

Ele me olha rapidamente.

― Tem algo que não pode responder? ― Muitas, meu amigo.

― Algumas ― ele para o carro no sinal e olha para mim.

― Ok, então. ― Ele faz toda uma encenação, diminui os olhos como se estivesse querendo entrar em minha intimidade, faz um bico engraçado. ― Bom, já sei que veio para Itália em busca de melhores condições de vida, mas você não me disse o que fazia no Brasil. Vendia doces lá também?

Ele volta a dirigir e eu percebo que mesmo que a via seja mais rápida e não haja trânsito, estamos devagar.

― Não. Eu aprendi a fazer doces com minha avó que era doceira e boleira. Eu somente a ajudava a enrolar, mexer, coisas simples, tanto que se eu precisar fazer algo mais elaborado, eu me perco. Então, eu a ajudava geralmente nos fins de semana quando havia mais demanda.

― Entendi. ― Ele dá uma olhada na minha bandeja com meus docinhos todos enfeitados. ― E o que você fazia lá?

― Estudava somente. Ela também me dava alguns trocados quando eu a ajudava para comprar minhas coisas, mas nem sempre. Praticamente vovó sustentava a casa, e o dinheiro era muito curto.

―E seus pais?

― Minha mãe morava lá com a gente, mas nunca tinha dinheiro. O pouco que ela conseguia era pra pagar as próprias despesas. ― E só Deus sabe que tipo trabalho ela e o tio Jamil faziam.

― E seu pai? ― Meu pai!

― Nunca o conheci. ― Eu fui o que eles chamavam de aborto mal sucedido. ― Mamãe engravidou de mim quando tinha dezesseis anos de uma loucura descuidada. ― De um gringo lindo que mal sabia falar português.

Solto um suspiro mostrando claramente que ele está entrando em terreno desagradável.

― E até aonde você foi? No sentido dos estudos. ― Ele muda de assunto, um outro que eu lamento por minhas escolhas erradas.

― Só terminei o ensino médio. ― Infelizmente. ― Concluí os estudos que antecedem a universidade.

Ele olha rapidamente para mim.

― E por que não esperou um pouquinho mais para vir para cá? Poderia ter mais oportunidades se tivesse terminado a universidade. ― Eu tenho consciência disso, como também sabia que não passaria no Enem. ― Acho que até se tivesse começado seria melhor por conta dos intercâmbios. ― confirmo. ― Por quê?

Está aí uma das coisas que eu não quero falar, tanto que eu me mantenho em silêncio, olhando a rodovia.

E ele entende.

― E o que pretendia cursar? ― Tanto dinheiro que vovô investiu.

― Engenharia Mecânica. ― Ele ergue as sobrancelhas levemente surpreso.

― Sério?!

Abro um sorriso ao pensar em meu sonho de infância, adolescência, quando vovô abria o motor de um carro e me mostrava cada peça e sua funcionalidade.

"Você me acha inteligente por abrir um motor de um carro? Você vai abrir motor de foguete, mocinha." Ah, vovô. "Você vai alcançar voos mais altos, muito mais altos que eu."

― É sério. Sempre gostei dessas coisas.

Ele ri desacreditado.

― Ah, qual é? Acha mesmo que uma mulher não pode trabalhar com motores, consertá-los, abri-los e até criar? ― Argumentei com autoridade.

― Eu não falei nada ― ri se justificando. ― Quem sabe isso explique o fato de eu ver em você uma mulher tão... digamos... versátil. ― Franzi o cenho sem entender aonde ele queria chegar com aquela expressão. ― Você trocou um pneu, morena. Acho que conto nos dedos... Não, não conto nos dedos uma mulher que eu conheça que já fez isso.

Reviro os olhos chocada com aquele comentário tão bobo.

― Amigo, acho melhor rever seus conceitos e suas amizades. Trocar pneu de carro, ver o óleo do motor e outras coisinhas tão básicas deveriam ser prerrogativas para quem quer dirigir. ― Ele nega sorrindo. ― Você só deve conviver com dondocas que têm motoristas e seguranças que a levam para todos os lugares.

Nem precisou responder aquela verdade.

― Quem sabe você tenha um pouco de razão. Um pouco só? ― Ele me encara mais uma vez. ― Eu realmente me surpreendi com a garota que cozinha tão bem, que trabalhava como faxineira em uma boate e ainda troca pneu de carro. ― Cruzo os braços esperando sua conclusão ― Eu vejo isso onde eu trabalho. Há um grupo de pessoas para cada função.

Ah, sim.

― Quem limpa não cozinha, quem cozinha não passa, quem passa não guarda e assim vai. ― Completo e ele não responde aquela afirmação nem nega. E está na cara que ele está dentro desse grupo de pessoas que só fazem o serviço que fora contratado.

Ele me olha de lado, indagando ou sei lá o que ele pensa.

― Meu avô era dono de oficina mecânica e eu, desde criança, passava minhas tardes com ele. ― Relembro saudosa das melhores épocas da minha vida. ― Foi ele quem me ensinou, quem me fez ser apaixonada por carros.

― Gosta de carros? Que tipos? Os conversíveis, modernos e rápidos?

Nego, rindo.

― Não desgosto desses, até porque é lindo demais. Eu mesma fico babando quando passo em frente a uma loja da Ferrari e olho aquelas miniaturas que custam o olho da cara. Mas minha paixão mesmo são os carros antigos, pesados, que fazem um barulho ensurdecedor quando se liga, que consome tanto combustível quanto um alcoólatra incorrigível.

Ele ri desacreditado.

― É sério. Vovô tinha um corcel 1970, todo original, que ele cuidava com tanto amor. ― Lembro-me da paixão de vovô, a adoração. ― Só ele tocava naquele carro. Um trabalho dos infernos para conseguir as peças.

― Corcel?

― Da Ford. A Ford no Brasil lançou no final dos anos sessenta.

― Da Ford! Deveria ser uma merda.

― Não. Era bom para os padrões da época.

― Garota, só sendo da Ford já diz tudo.

Reviro os olhos para aquele comentário idiota.

― Não vá me dizer que você é desses nacionalistas que não sabem apreciar a concorrência? ― Ele me recrimina só com o olhar. ― Apanho se eu disser que os carros alemães são os melhores do mundo?

Sua risada foi sarcástica.

― Garota, eu me recuso a discutir isso com você. E sim, sou capaz de te bater se ousar falar que os alemães são melhores que os italianos. ― Sua ameaça foi uma graça.

― Temos aqui um machista, mas que quando precisou trocar o pneu, só ficou observando a garotinha fazendo tudo ― e ainda faço uma dancinha.

― Que eu posso fazer? A visão era melhor que o esforço. ― Babaca. ― Ao menos sabe dirigir?

― Claro! Óbvio. Mas não cheguei a tirar carteira. Eu vim para cá logo após completar dezoito anos, e tampouco tinha dinheiro para isso.

― Ah!

― Você tem cara que não confia na direção de uma mulher ― Estava escrito na testa.

― Em minha defesa, eu não confio em ninguém, nem em meu irmão ― se defende e eu gosto de saber que ele citou a família.

― Você tem irmão?  Ele trabalha com você? Segurança também? ― Ele muda o semblante.

― Não! Nem mora aqui. ― Pelo jeito, não se dão bem. Ele foi seco, como quem não gosta de quem entre em sua intimidade.

Volto a olhar a pista pensando no quanto eu gostaria de ter tido uma irmã. Antes da Cat, eu sonhava em ter um irmão pensando que ele não passaria por metade do que passei, até conhecer Cat.

― Antes de vir para cá, para Palermo, onde você morava? ― Muda de assunto.

― Florença. Mas não na cidade em si ― minto para não entrar em detalhes assim como fiz com Cat. ― Eu morava nas redondezas, um pouco afastada.

― Não conheceu a cidade? ― por isso eu evito falar para não entrar em detalhes da minha vida.

― Um pouco, lógico. A cidade é linda demais, mas todos os pontos turísticos são caros e pagos. Para se ter uma ideia, só paguei pelo de Belas Artes para ver o Davi de Michelangelo. No mais, entrei na Catedral de Santa Maria del Fiori e no Batistério, e atravessei algumas vezes a Ponte Vecchio ― sempre nos dias que tinha menos movimento para não me expor. 

Essa parte eu não menti.

― O Davi é uma escultura belíssima mesmo ― elogia.

― E como! A perfeição era algo impressionante.

― Não colocou nenhum cadeado na ponte jurando amor eterno? ― Não.

― Não. ― Eu disse a Cat que tinha alguém que me fez mal. E como não quero mentir para Matteo sobre isso, não entro mais em detalhes.

Ele continua me encarando como se a resposta não o convencesse.

― E o que fazia lá em Florença?

― Trabalhava com doces também. ― Não conto que lá eu tinha quase um emprego fixo. ― Só que lá, alguém ia buscar em minha casa os doces para revender.

Tantas mentiras!

― E por que veio para cá?

― Não deu certo. ― Digo com naturalidade. ― Se estou aqui para conhecer o país, o idioma, não dá para ficar parada em um ponto longe da cidade.

Ele abre um sorriso de lado, confirmando.

― E seu Visto? ― Puta que pariu!

Não tenho tanta intimidade para contar a ele que eu sou ilegal.

― Tudo certo. ― O que é mais uma mentira.

Às vezes ele tem um olhar que me causa arrepios, e não é de excitação.

― Por que tantas perguntas, Matteo? ― Está na hora de cortar isso.

― Só querendo te conhecer um pouco mais ―pisca o olho. ― Posso?

Não. Quanto menos souber de mim, melhor.

―Não tem muito de mim para conhecer. E você, é daqui? ― Inverto os papeis.

― Sim. Nascido e criado aqui, na Sicília.

― Como se tornou segurança?

― Constituição física, inteligência, agilidade, capacidade de manusear uma arma muito bem, frieza e outras qualidades. ― Me ajeitei melhor no banco para olhar de frente o arrogante em pessoa. ― Quer mais? ― E ainda abre um sorriso torto.

― Seu ego é impressionante ― ironizo. ― Não vai dizer que além de tudo isso, é gato, gostoso, maravilhoso e outra qualidades.

Ele solta uma gargalhada.

― Isso é você quem tem que dizer, morena. ― Brinca. ― Eu sou gato? ― Faço um bico desdenhando. ― Gostoso e maravilhoso só provando, apesar de nunca ter ouvido alguma mulher falar o contrário. ― Reviro os olhos.

― Matteo, sinceramente, seu ego é pior do que eu imaginava.

― Nada. Sou só o que sou, o que nasci pra ser ― fico boquiaberta com tamanha presunção.

― E seu chefe? Como ele é?

―Lucca! ― Ele se concentra na direção. ― Eu e Lucca fomos criados praticamente juntos, só que eu tive uma disciplina mais rígida.

― Como criados juntos? ― Matteo abre um sorriso de gratidão e aquilo me dá a segurança de que estou pisando em terreno sólido.

― Meu pai trabalhava para o pai dele, por isso o conheço desde criança. Então, desde pequeno, eu tinha em mente o dever de protegê-lo.

Fala com mais carinho do que do irmão.

― Entendo. ― Seu sorriso chega a ser desconcertante. ― Você é mais velho quantos anos?

― Três anos. ― Pouco.

― Agora eu entendo porque você o chama pelo nome. E também a forma como ele foi te chamar naquele dia lá na boate. Geralmente os homens que apareciam lá como seguranças eram tão rígidos diante dos chefes, mas quando eles... sumiam, eles eram tão gente fina.

― Tinha muito contato com eles?

― Alguns poucos. Tinha homens lá que praticamente passavam o fim de semana no clube e seus seguranças ao longe, observando.

― Não tentavam algo com você? ― Como ele consegue reverter facilmente os questionamentos.

― Não. Geralmente os chefes deles sim, inclusive eram eles que me ajudavam a me livrar de alguns poucos que achavam que por ter dinheiro, podiam extrapolar. Por isso eu não consigo pensar em quem pode ter feito uma proposta daquelas. ― Divago. ― Podia ter sido qualquer um.

Estávamos chegando perto de onde eu ficaria e ele procurou um lugar para estacionar, e quando desligou o carro, se virou para ficar de frente a mim.

― Bem, morena, infelizmente chegamos. ― Eu já estava guardando em um vasilhame descartável uma parte para ele, já que fora esse um dos objetivos de estar ali.

― Obrigada, Matteo ― mostro a ele o que eu separei e ponho no banco de trás com cuidado. ― Espero que senhor Lucca e a mãe dele apreciem esse também. ― E esse é pra você ― e mostro outro vasilhame com alguns que eu separei para ele.

― Não precisava, sabe disso.

― Por favor. Eu insisto.

Ele a pega, tocando seus dedos em minhas mãos, o que me causa um choque, um arrepio.

Não, Rebeca. Não deixe isso crescer.

― Obrigado, Rebeca. ― Ele sai do carro, faz a volta e abre a porta para mim.

Suspirei.

― Sabe que é raro achar homens assim? ― comento, ao descer do carro.

― Assim como?

― Cavalheiros, gentis, educados.

― Ossos do ofício, morena ― responde, olhando em meus olhos. ― Será que eu poderia te ver novamente, não com somente o objetivo de comprar alguma coisa gostosa que porventura você venha a fazer?

Não, não, não.

― Não sei se é uma boa ideia, Matteo. Assim... ― como explicar que não quero me ligar a alguém tanto por mim quanto por ele? ― minha vida é um tanto complicada.

Ele toca em meu cabelo.

― A gente descomplica. ― E se eu me apaixonar? ― E eu só quero conversar com você, tomar um sorvete, comer uma pizza  ― E pior, se nos pegarem?

Como vou ficar se fizeram mal a ele?

Ele se aproxima ainda mais de mim, pegando um cacho do meu cabelo solto.

― Gosto da seu cabelo. ― Ele brinca, enrolando em seus dedos. ― Também admiro seus olhos ― O que ele estava fazendo? ― E adoro ainda mais sua cor de pele.

Meu coração acelera.

― Matteo ― afasto-me, sentindo uma reviravolta em meu estômago. ― Acho melhor você...

Ele passa o polegar sobre meus lábios, silenciando-me.

― Por que foge? ― Nego.

― Não estou fugindo ― minha voz rouca é um indicativo da minha excitação.

Tremo.

― Está. Você está sim, morena. ― Eu me sentia presa em sua presença.

― Matteo, acho melhor você ir. ― Quebro a um custo alto. ― Obrigada pela carona.

Passo com certa dificuldade por baixo dele, carregando minhas coisas. Ele não se mexeu para facilitar.

― Posso passar domingo à tarde em sua casa? Você não trabalha, né?

― Trabalho sim. ― Só pela manhã, mas isso eu omito. Cat geralmente passa o domingo comigo e eu não a quero tendo contato com Matteo. Não quero que ela fique imaginando, pensando, sonhando, sugerindo nada. ― São nos domingos que eu mais trabalho.

Ele me encara como se buscasse a mentira.

― Ok, Rebeca. Vou pegar qualquer dia à noite para te visitar.

Nego.

― É perigoso, Matteo. Ali não é um lugar legal de chegar à noite ― ele abre um sorriso de lado como se não se importasse. ― É sério. Às vezes aparece alguém atrás de drogas, e onde há essas merdas, há violência, mesmo para alguém intimidante como você.

― Me acha intimidante?

― Sim, você é. Mas até para você aparecer sozinho não é algo legal e eu não me perdoaria se algo acontecesse a você.

Ele nega como se aquilo fosse besteira.

― Que tal se você me disser onde posso buscá-la? Eu te convido para fazer um lanche, mesmo imaginando que nenhum é tão bom quanto o seu, e depois eu te levaria para casa ainda cedo. Sem riscos para mim, nem para você.

Olho para seus lábios, sua boca tão bem-feita. Tenho vontade de passar a mão pelos seus cabelos e sentir os seus braços me abraçando.

Estou carente.

Não sei o que é beijar desde Micheli...

― Quinta. Você pode na quinta? ― O que eu estava fazendo?

― Posso dar um jeito. Quinta-feira eu ligo pra você perguntando onde posso pegá-la.

Confirmo, ainda descrente.

― Nos vemos então. ― e me afasto temendo ser beijada, mesmo que no rosto.

Só falta se apaixonar por ele. E aí, quando precisar fugir vai sofrer ainda mais.

E se Micheli achou por bem me esquecer? Já estou aqui há quase um ano.

Não, ele não me esqueceria. Em Florença, eu passei quase dois anos morando lá e ele acabou me encontrando. Aqui não tem nem um e já estou sonhando em ficar livre.

Não.

Preciso esquecer Matteo.

Só um beijo... um beijo naquela boca deliciosa.

Isso.

Só um beijo. Um beijo de agradecimento.


Matteo está me saindo pior que encomenda.

Xêro.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro