Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 16

― Tem certeza de que é aqui, Marco? ― pergunto.

― Sim, doutor. Foi aqui que eu deixei o remédio.

O prédio não era residência para a classe alta, mas tampouco era um lugar onde uma faxineira que ganhava menos de mil euros por mês moraria.

"... moro longe pra caralho e a menina que intercala comigo está doente" e muito menos longe como eu imaginava.

― Matteo, vamos embora! ― Lucca chama e eu o ignoro.

― Vamos entrar ― digo e me aproximo da portaria. ― Boa tarde ― cumprimento o porteiro pelo interfone. Gostaria de falar com Rebeca Monteiro, apartamento 1201.

Lucca, impaciente, revira os olhos.

― Senhor, deve haver um equívoco ― ele me responde e aquilo chama a nossa atenção. ― Não há ninguém com esse nome aqui, senhor.

Olho para Marco que não entende.

― Desculpa ― ele mesmo interfere. ― Hoje pela manhã, eu deixei uma encomenda para ela nesse número.

Ele passa um tempo em silêncio.

― Não há nenhuma Rebeca Monteiro, senhor, e eu não sei o que pode ter acontecido com a encomenda. Mas se o senhor quiser, eu posso deixar recado com o proprietário do apartamento, o senhor Mattia Basso.

Mattia Basso? Que porra era aquela?!

― Eu gostaria de falar com ele agora. ― Tinha algo de podre naquilo.

― Sinto muito, senhor. Ele não atende ― diz sem sequer abrir o portão e aquilo me irrita muito mais. Odeio falar com alguém por um aparelho.

― Ele está em casa? ― Ele não responde. ― Como posso entrar em contato?

― Posso deixar um recado aqui com o telefone do senhor. ― Recado? Eu?

Lucca vendo minha impaciência, se aproxima de mim pedindo calma.

― Vamos embora. ― Chama-me mais uma vez e eu nego. ― O que vai fazer? Entrar à força, matar o porteiro e ser indiciado por invasão de propriedade seguido de homicídio? ― Vontade não me falta, mas tampouco sou um louco psicopata a ponto de cometer esse tipo de coisa.

― Quero saber quem é esse tal de Mattia Basso e qual a relação entre os dois.

Meu irmão nega, irritado.

― Eu procuro essa informação pra você, Matteo. Ainda hoje você terá um dossiê dessa criatura em sua mesa...

― Marco, pule! ― ordeno interrompendo meu irmão que nega desacreditado.

Eu estou cheio de coisas para fazer, mesmo assim estou aqui para acertar contas com uma moleca que me insultou e não é um simples portão de condomínio de classe média que vai me impedir.

Marco ainda chegou a olhar para Lucca como quem pede ajuda, mas o fez e ai dele se não o fizesse, e ao entrar, interceptou o porteiro antes de ele fazer uma ligação para a polícia.

― Não queremos problemas ― digo, assim que Marco abre o portão e eu entro. ― Só vou prestar contas com esse tal de Mattia Basso e vou embora. ― O porteiro treme, coitado. Vê-se claramente que é burro que nem uma porta. ― Você pode até chamar a polícia, mas meu irmão aqui é advogado, meu pai é juiz e nós conhecemos muita gente grande que sequer se dará o trabalho de redigir um depoimento seu contra qualquer um de nós, então, meu amigo... Silêncio!

Eu sou alguém conhecido pelas pessoas da minha classe social. Os distribuidores ou ralé que trabalham para nós torcem para não nos conhecer, poque quando nos veem, já sabem que estão para morrer. E como eu já disse, não tenho perfil social nem gosto de aparecer em eventos, o que restringe e muito minha imagem na mídia de empresário rico, solteiro e de sucesso. Na verdade, sou odiado por esses mesmo e taxado de alguém arrogante, prepotente e mal-humorado.

Melhor.

Isso quer dizer que essa criatura não deve ter a menor ideia de quem eu sou, e como nossa organização não faz mais estardalhaço como nossos antecessores, provavelmente não lhe caiu a ficha do que somos.

Entramos no saguão do prédio e observo que é um edifício com tudo que um morador necessita mesmo que sejam somente poucos apartamentos por andar: piscina, salão de festas, sauna, academia. Um lugar excelente, localização privilegiada em um bairro nobre de Palermo.

Para uma garota sem visto, trabalhando como faxineira, não consigo associar com alguém que mora ali. E isso só significa que ela mentiu.

― Senhor ― Marco interrompe meus pensamentos ―, será que ela não é uma espiã de outra organização? Será que ela não fingiu ser uma simples faxineira para se aproximar de seu irmão?

Se eu disser que isso não passou pela minha cabeça, estaria mentindo, mas ao relembrar da nossa conversa, rever o vídeo que ela gravou, essa possibilidade se torna muito, mas muito remota.

Uma espiã conhece seus objetivos e todos os parentes e conhecidos dele.

Não. Há algum outro motivo que eu não estou conseguindo pensar.

― Sei que parece difícil, mas irritar um dos irmãos é ter a certeza de que os dois aparecerão para prestar contas ― continua.

― Para, Marco! ― Lucca diz irritado. ― Está na cara que essa garota não é ninguém, mas infelizmente, ela desprezou meu irmão aqui que agora está com o ego ferido. ― Olho para Lucca puto com seus comentários diante de um de nossos homens. Não temos que dar satisfação de nossas vidas a ninguém.

― Vamos saber agora o que ela é, Marco ― falo entredentes, mostrando a Lucca que não gostei em nada de seu comentário.

Toco uma, duas vezes a campainha e quando chega na terceira vez, ouço saltos caminhando em direção à porta o que eu imagino ser o dela.

Mas ao abrir eu tenho a visão dos infernos.

O homem alto, magro, de roupão rosa, tamancos altos, ainda chega a gritar e fechar a porta, o que nós impedimos e Marco é quem o segura pelo pescoço depois de ter tomado um empurrão.

― Ele não está aqui ― diz e eu entendo menos ainda. ― Eu estou sozinha.

Cada vez eu entendo menos.

―Cale a boca, veado! ― brigo quando Marco a empurra no sofá, deixando-o imobilizado. ― Viemos te fazer perguntas sobre Rebeca Monteiro, conhece?

Aquela perua depenada rosa para de se debater o que faz Marco afrouxar.

― Rebeca? ― nega. ― Não conheço. ― Outro mentiroso.

Puxo uma cadeira e me sento diante do projeto de drag queen do circo dos horrores.

― Olha bem, Mattia ― começo a explanação. ― Não quero machucá-lo e muito menos decepar algo que provavelmente você não usa. Ou seja, ou você responde, ou não terei outra opção.

Um aviso simples para não dizer que não sabia.

― Doutor Matteo ― Alguém me chama e ao olhar para o corredor, me deparo com o juiz Ferrante, homem muito conhecido por nós e a quem meu pai tem muita estima. Aliás, a ele e a família dele. ― O que está acontecendo aqui?

Agora eu entendia o motivo do pânico e dos gritos dizendo que não tinha ninguém aqui. Ela o estava protegendo. Já Lucca, que o trazia depois de ter feito uma vistoria no apartamento, solta uma risada diante daquela descoberta para lá de chocante.

Bem, o que cada um faz de suas vidas particulares desde que não nos atinja é problema de cada um.

― Posso ajudá-lo? ― pergunta e eu afirmo, convidando-o a se sentar além de dar sinal para Marco pegar leve com a bichona. ― Resolva primeiro isso, por favor. ― Peço depois de ouvir o interfone começar a tocar ininterruptamente.

― Cat ― Ferrante chama ―, atenda e diga que está tudo resolvido. Que os senhores são conhecidos seus e estão aqui a convite. ― A tal da Cat olha para Ferrante, ainda tremendo, e faz o que ele mandou sem sequer questionar. Ferrante era o dono daquele lugar, sustentava o amante que o obedece sem qualquer questionamento.

Até que descobrir esse segredo veio muito bem a calhar. A conversa deveria ser fluida e mais fácil, não que nós não conseguiríamos obter informações de outra forma um pouco mais dolorosa, o que eu lamento.

"Cat, minha amiga, diz que eu lavo uma roupa como ninguém sem agredir o tecido." Mattia Basso, essa porra louca, é a amiga da pequena desaforada.

Interessante.

A tal da Cat retorna e se senta longe de Marco que se mostra um animal louco para estripar sua vítima, não sabendo ela que eu sou o alfa dessa matilha.

― Que tal nós recomeçarmos? ― pergunto mais calmamente, quem sabe desejando que essa anormalidade negue cooperar. ― Rebeca Monteiro, brasileira, vinte e um anos, moradora e domiciliada nesse endereço aqui. Conhece?

Ela olha para Ferrante que assente depois de falar algo inaudível para ela, e ela somente arregala os olhos.

Agora a criatura sabe o que nós somos.

― Você é o marido violento dela? ― Marido? Violento?

Olho para Lucca que não tinha me passado uma informação tão pertinente.

― Não. Não sou o marido dela. Na verdade, estamos investigando se ela trabalha para alguma corporação inimiga. ― Resolvi usar do argumento do Marco. É mais coerente e exige menos questionamentos.

― Rebeca? Não! ― nega veementemente. ― Eu conheci Rebeca numa lanchonete, chegando de viagem, somente com a roupa do corpo. Como ela poderia ser de alguma organização cri... ― para ao ver que falaria demais.

Somos criminosos, é verdade, mas isso não quer dizer que gostamos de ouvir de qualquer um, essa expressão tão pesada.

― Quando?

Ela olha para doutor Ferrante, pedindo consentimento, ajuda.

― Diga, Cat. Fale tudo que você sabe sobre essa garota.

― Você a conhece, Ferrante? ― Lucca pergunta.

― Não. Até ouvi Cat falar algo sobre ela, mas nunca entrei em detalhes. Não pensei em alguém que pudesse prejudicar a organização.

Volto a olhar para a tal da Cat esperando uma resposta.

― Não tem nem um ano que a conheci. Oito, nove meses sei lá. Não me prendo em datas.

― E de onde ela veio? Como ela chegou aqui? O que sabe sobre ela?

A criatura coça a cabeça mostrando as unhas gigantescas pintadas de um vermelho vivo mais que chamativo.

― Ela não fala muito do passado. Não gosta. Ela só disse que veio do Brasil atrás de um homem lindo, apaixonante que pagou tudo para ela, mas quando chegou aqui, se decepcionou com ele.

― Ela disse o porquê?

― Não. Rebeca é muito reservada, mas eu deduzo que ela tenha descoberto que o cara é casado dada a resistência que ela tem em ouvir até sobre mim e ... ― aponta para o amante ao lado. ― E às vezes eu acho que ela foi abusada, agredida, para ter saído de casa sem roupa, sem documentos.

― Ela não tem documentos?

― Ela tem uma cópia somente do passaporte já que ele ficou com o passaporte original dela. ― Ela baixa a cabeça. ― Ela não é perigosa, doutor.

Lucca olha para mim e acena o que eu já percebi. Não havia mentiras.

― Por que? Por que ajudou uma garota que nunca viu antes? ― Como alguém pode estender a mão para uma garota que viu na rua?

Cat olha para mim e abre um sorriso diferente, estranho.

― Se alguém estivesse estendido a mão quando meus pais me expulsaram de casa, eu não teria feito metade das coisas que eu fiz, vivi. ― Inspira profundamente. ― Quando eu me deparei com Rebeca, eu me vi ali – sozinha e triste mesmo tão jovem. ― A medida que Cat fala, percebo o quanto ela gosta da garota a ponto de ficar emocionada. ― Eu a convidei para ficar uns dias comigo em casa e... ― suspira ― não consegui mais deixá-la partir. ― Abre um sorriso saudoso. ― Ela tinha tanta gratidão, transbordava tanta alegria em simplesmente dormir no sofá duro e desconfortável que eu tinha em casa que me constrangia. Sabe aquela pessoa que faz você ver o copo meio cheio quando tudo está tão vazio? É ela. Claro que ela, às vezes, é chata, irritante e até briguenta, principalmente quando pega intimidade, mas também é doce, humilde e muito divertida.

Não precisa de intimidade para ser irritante.

― Como ela chegou aqui?

― Ela veio de carona. Se eu não me engano, ela morava na periferia de Florença, afastada da cidade tanto que ela não conheceu sequer a cidade.

Cada revelação à respeito da garota, mais eu me sentia tentado a descobrir a fundo o que ela escondia.

― Sabe algo sobre o homem com quem ela convivia?

― Nada. Isso nada. Ela nunca sequer pronunciou o nome dele. Falar dele para ela é como falar do diabo para a devota da igreja. Tanto que ela refuta todos os homens que tentam se aproximar dela, é quase uma fobia.

Isso explicaria o motivo de negar a minha proposta.

― Onde ela mora? Já vi que aqui não é.

Ela baixa a cabeça temendo em responder.

― Você não vai machucá-la, vai? Ela é minha irmã.

― Se ela é isso mesmo que você diz, não tenho nem porque perder mais meu tempo com alguém como ela.

Ela olha para mim e assente.

― Ao sul, duas ruas paralelas a Villagrazia ― um lugar longe, violento e pobre.

Lembro-me que o lugar é dominado por uma gangue de marginais em que um dos nossos chefes é o fornecedor, mas alguém sem muito peso.

Não! Não quero chegar a sequer comentar com alguém sobre isso.

― Obrigado, Cat ― levanto-me. ― Ferrante, não sabe o quanto foi prazeroso revê-lo. ― digo. ― Manda lembranças para a esposa e os filhos ― completo.

Marco pega o endereço exato da garota enquanto Lucca conversa com Ferrante, inventando uma mentira qualquer.

― Ah propósito! Nunca nos conhecemos, nunca nos vimos e nunca sequer nos falamos,  entenderam? ― Meu recado fora dado aos dois. Para um, causou alívio, para o outro, uma ameaça.

Ao sairmos, vejo o porteiro e mais dois homens junto a ele que sequer nos cumprimentou. Lucca, ao contrário, ainda agradece a permissão.

Meu irmão é um filho da puta cínico mesmo. Só podia ser advogado.

Entramos no carro comigo dirigindo, Lucca ao meu lado e Marco no banco de trás. Geralmente não uso motorista.

― Colocaremos uma pedra sobre esse assunto e esqueceremos isso? ― Lucca pergunta assim que eu arranco o carro.

― Não.

― Como não, Matteo? Essa garota deve ser um poço de trauma. Agora se explica a resistência dela. Agora se explica o pico de pressão, o medo, tudo. Imagina uma garota viver se escondendo do homem violento dela. Sabe-se lá o que ela passou, quantas vezes fora abusada, estuprada, agredida.

Chego a apertar o volante de raiva. Odeio estupradores.

― Eu vou fazer uma visita.

― O QUÊ? ― Lucca questiona. ― Você deve estar louco, Matteo. Que insistência, doença é essa?

― Não é doença, nada. Agora estou curioso.

― Curioso? Você não é disso.

Isso era verdade, mas não posso negar que ouvir a tal da Cat falar com tanta admiração de uma garota que só me fez raiva, me atiçava. Eu não sabia se era orgulho ferido, ou porque sou uma pessoa que quando quero uma coisa, vou atrás até conseguir.

― Nós temos um jantar hoje, lembra? Um jantar de boas-vindas para sua futura esposa.

― Eu não disse que irei hoje, disse?! ― Lucca solta um grunhido. ― Marco, procura saber a rotina da garota.

― Ok, senhor.

― Ótimo. ― Vamos conhecer mais um pouco dessa garota iluminada de acordo com a criatura mais horrenda e desprovida de bom gosto que eu já conheci.

― Uma coisa foi acertada. Descobrir a podridão de Ferrante foi bom demais ― Lucca debocha. ― Aquele senhor tão sério, tão respeitado no meio jurídico, elogiado pela elite, filhos prodígios, é um gay enrustido. ― Lucca cai na gargalhada. ― Que escândalo!

― Não sabia que era preconceituoso.

― Não sou, sabe disso. Mas não posso negar que se isso vir à tona, vai ser uma loucura.

― Pouco me importa, desde que ele faça o que nós mandamos. E ter mais isso ao nosso favor é o melhor.

― Contará ao nosso pai?

― Não acho que precisemos, até porque não quero ter que mentir em como descobrimos ― Lucca confirma. Marco, por outro lado, sabe que isso não precisa sequer comentar. Um soldado deve ser surdo, mudo e cego.



E a bola de mentira só cresce... e cresce... e cresce.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro