Capítulo 2
"Toda sorridente, eu sei como enganar esta cidade
Eu farei isto até o sol se pôr, e através da noite toda
Oh sim, oh sim, eu te direi o que quer ouvir"
- Unstoppable - Sia
Ergo meu olhar, adquirindo minha expressão impassível. Olho para todos os convidados que me encaram nesse momento. A empresa está lotada por pessoas da alta sociedade brasileira. Muitos vieram de outros países para prestigiar um grande evento como esse, sempre organizamos as melhores festas. Meus tios que sempre atraiam todas as atenções, mas essa noite, sou eu.
Respiro fundo e segurando minha bolsa, ando lentamente por todos os convidados. Eu me sentia nervosa, mas feliz com aquilo. Claro que não queria aquilo diante as circunstâncias, meus tios eram muito importantes para mim, mas não tem como negar que estou adorando todo aquele poder, todo aquele ar de superioridade.
Poderia até ter muitas pessoas milionárias, grandes magnatas e CEOS, celebridades...mas era eu que estava ali, sendo desde admirada a odiada. Porque era assim no mundo dos negócios e fama, ou você era lindamente odiada, ou terrivelmente admirada. Eu preferia uma mistura dos dois.
Continuo caminhando até o pequeno palco que foi montado para uma atração, contratada pela organização do evento. Nem eu sei quem é. Assim que chego, subo, pego o microfone e vejo muitos cochicharem.
— Boa noite! — digo e todos respondem. — Primeiramente queria agradecer pela a presença de todos. Cada um é de grande importância aqui. — Não conheço a maioria deles.- Hoje deveria ser mais uma festa onde comemoramos mais um ano da empresa, mas infelizmente as coisas mudaram um pouco, meus tios... Os donos da Rells Construtora, faleceram a seis semanas atrás em um trágico acidente de carro e como escolha deles em seus testamentos, sou a única herdeira de tudo. Portanto a única a obter todas as ações da empresa. E me sinto... — Tento controlar a vontade de chorar. — Enfim... espero conseguir administrar tudo tão bem quanto eles, e fazer esse império crescer cada vez mais. Não me sinto pronta para festejar por agora, mas também não me sinto bem em fazer algo que eles jamais fariam... acabar a festa, então divirtassem. Mas antes, gostaria de homenagear meus tios.
Antes de serem CEOS, chefes... eram pessoas comuns, que tinham sentimentos, coração, pessoas alegres, que me ensinaram as melhores coisas, e me deram a melhor coisa: sua confiança.
Digo e me afasto um pouco, olhando o telão passando fotos de meus tios, contando toda a sua trajetória. Desde o início do namoro de ambos, empresa, casamento, ongs, construtora e tragédia. Mas passa coisas que não deixei.
Fotos do acidente passam, expondo as cenas mais fortes. Olho para a mulher responsável pelo o slide, ela parece tão assustada quanto eu.
Mas logo para, e uma imagem toda preta aparece, logo sendo substituída pela a frase "Você é a próxima!"
Então todas as luzes do salão apagadas até então para melhor visibilidade de todos, são acessas.
Eu ouvia muitas pessoas cochicharem entre elas, muitas nervosas. Então lentamente me viro para os convidados, vendo o quanto estavam assustados.
— Nos desculpem por isso... Os responsáveis serão encontrados. — Falo séria, para que não restem dúvidas.
Olho para Fernando, que já se encontrava ao meu lado, diante o ocorrido.
— Já sabe o que fazer. — Sussurro para somente ele escutasse.
Logo desço do palco e começo a circular entre os convidados, que aparentemente tinham esquecido o acontecimento. Embora eu soubesse que era só fingimento e quando eu virase as costas, comentariam.
(...)
— Gostei muito do prédio que construiram em São Paulo, a estrutura é perfeita. Gostaria que construíssem algo semelhante para minha nova filial no Ceará. — o senhor Oliveira diz, ele é um homem de meia idade, dono de uma empresa de tecnologia muito popular pelo o mundo. Um bilionário.
— Claro, fico honrada em ter escolhido nossa construtora. Podemos fazer ainda melhor que a última, estamos inovando cada vez mais nossas idéias. — Sorrio.
— Oh, sim. Mas temos créditos não é? Contratamos seus serviços e vocês os nossos. — ele abre aquele sorriso amarelo.
— Claro, uma união de negócios não é mesmo? Nada melhor. — digo e pego um taça de champanhe, quando o garçom passa por mim. Bebo um gole.
Passei as últimas duas horas parando em cada convidado, fechando negócios pendentes e conseguindo outras. Já estava exausta em meu salto. Decido me afastar um pouco,
" Você é a próxima."
Essa frase vem rondando minha mente nas últimas horas. O que será que quiseram dizer? Foi uma ameaça ou só uma brincadeira estúpida? Será que o acidente de meus tios foram armados? Estão planejando fazer o mesmo comigo?
— Conseguimos encontrar os responsáveis. — Fernando diz, parando ao meu lado. — Eram adolescentes frustrados, queriam apenas chamar atenção. Foram levados para a delegacia, um deles era maior de idade.
— De qualquer forma, averigue bem... uma ameaça, é sempre uma ameaça. — digo e ele confirma, saindo em seguida.
Pego outra taça de champanhe, olho detalhadamente para todos a minha volta. Todos os convidados parecem animados ao som da banda, que toca ritmos desde lentos a bem agitados. A pista de dança já estava lotada. Como disse, nossas festas são bem animadas, nada daquelas onde toca músicas clássicas e os convidados ficam parados. Não que isso seja errado, mas prefirimos assim.
E então toda minha atenção é voltada para um homem no outro lado do salão, ele me encarava enquanto conversava com algumas pessoas, mas sua atenção estava em mim.
Curiosa, acabo retribuindo seu olhar.
Ele é lindo!
Tem cabelos de um loiro escuro entre castanho, penteando de uma maneira estremamente sexy. Uma barba muito bem feita.
É alto, provavelmente uns 1,90 cm. Seu corpo estava bem marcante naquele smoking preto que deixava seus músculos não exagerados, perceptíveis.
Ele era a própria perfeição em forma de homem.
Estava chamando a atenção de praticamente todas as mulheres da festa. Não as culpo, afinal sua beleza era tanta.
Eu não conseguia desviar meu olhar do seu, era como uma disputa de poder... Quem cederia? Afinal, ele também não fazia menção em desviar.
— Alyssa. — Escuto alguém me chamar e desvio minha atenção do homem desconhecido.
Céus, eu estava mesmo flertando com aquele estranho?
— Olá, Heitor! — O cumprimento.
— Uau... Está belíssima. — Ele me elogia enquanto me avalia dos pés à cabeça.
— Obrigada. — Agradeço enquanto ele me entrega uma taça de vinho e fica com a outra.
Heitor é um ator muito famoso nacional. Um típico galã de novelas. Possui uma beleza absurda... com aquele par de olhos castanhos, cabelos negros e corpo atlético... consegue muitas fãs e admiradoras.
Até já saímos algumas vezes, mas nada que seguiu adiante, não passaram de meros jantares e conversas aleatórias... jamais me envolveria com um homem como ele, um completo narcisista que acredita que tem que ter todas as mulheres ao seus pés e seus mandatos. Mas parece que só pelo fato de eu não o querer por perto, ele insiste mais.
Isso é tão irritante!
— Realmente, soube assumir tudo muito bem... a festa está perfeita. — Sorri galante.
— Fico feliz em saber que está gostando. Agora licença, preciso resolver algumas coisas. — Faço menção em sair.
— Tão rápido? Nem ao menos brindou comigo. — Noto seu olhar estranho. Algo estava errado.
Não sou uma especialista em leitura corporal, mas admito ser bem observadora e a forma como ele falou, me despertou uma coisa ruim.
— Claro. — Pego a taça de vinho e aproximo de meus lábios, mas logo entrego a ele.
Claro que ele tentaria fazer isso.
— O que houve, Alyssa? — Continua com seu sorrisinho cafajeste.
— Nada, é só que... dá próxima vez que tentar me dopar, irá direto pra cadeia. — Falo séria e logo vejo seu sorriso desaparecer. — Pensou mesmo que eu não perceberia? Ficarei de olho, se tentar fazer isso com mais alguém na minha festa, já sabe o que farei. — O encaro desafiadoramente, me virando rápido.
Mas para o meu completo azar, acabo batendo em alguém. E foram questões de segundos até sentir mãos ao redor de minha cintura, evitando que eu caísse pelo impacto.
Sinto sua respiração tão próxima. Eu senti meu coração acelerar pelo medo e adrenalina. Seria vergonhoso e desatroso eu cair ali, na frente de todos.
Mas nada era comparado com o que sentir, ao perceber que o mesmo homem que eu esbarrei e me segurava agora entre seus braços... era o mesmo com quem eu flertava minutos atrás.
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