Who knows best?
❅
HARRY POTTER
2 de novembro de 1999
— Ah, merda!— Rony exclama de repente ao bater os olhos em seus livros, ainda estamos na metade do caminho para a sala de aula e apesar do café da manhã reforçado, não sinto que acordei cem por cento. Esfrego o rosto com preguiça de todas as aulas que teremos que enfrentar o resto do dia, isso sem contar com os treinos que por algum milagre Nixie conseguiu nos encaixar no horário da tarde.
Estou esperançoso, apesar de tudo. Finalmente cobriram o campo e agora poderemos só nos molhar caminhando até lá. Sair um pouco do chão já é uma vitória para mim, esperamos poucos dias até tudo estar montado, mas eu já podia sentir os sinais de abstinência.
— Que foi?
— Para que aula estamos indo mesmo?— ele pergunta, tão preguiçoso quanto eu, com bolsas sob os olhos de avelã.
— Hã...— limpo a garganta um pouco rouco— Adivinhação?— tenho de olhar para meus próprios livros para ter certeza de que não estou viajando. Que, Adivinhação?
— Cacete, eu estou com os livros de feitiços!— ele reclama me mostrando como se tivesse que me provar alguma coisa, mas eu nem prestei atenção na sua mão.
— Então vai trocar, ué!— sacudo a cabeça e o ruivo solta um gemido, batendo o pé.
— Tá bem!— ele dá meia volta e começa a correr com pouca vontade de volta para nossa torre. Parei de andar meio do corredor para o encarar se afastando, algo no fundo do meu consciente me dizendo que ele não iria voltar. Bem, eu não voltaria.
Meus olhos se desviam de Ron quando uma pessoa curvada e encapuzada se aproxima de mim, saindo de trás de uma pilastra como se estivesse escondida e agarra meu braço, começando a me arrastar exatamente pelo caminho que eu estava indo.
— Coloque a touca.— sua voz é reconhecida em um piscar de olhos e eu obedeço, confuso e contente por vê-la.
Não é como se eu não visse Nixie há décadas, mas ficarmos a sós parece cada vez mais impossível. Mal temos conversado, nada fora do regular na frente de nossos amigos. Ela me desvia do caminho virando uma curva para um corredor isolado e nós subimos um lance de escadas.
— Estou me sentindo como um criminoso.— comento porque de fato estamos agindo como se fôssemos procurados pelo Ministério. Nixie deu uma risada baixa e gostosa e olhou para os lados para ter certeza de que não estávamos atraindo atenção desnecessária e eu fiz o mesmo mais por reflexo do que por honesto interesse.
— Não é excitante?— ela brinca e me faz parar de andar, nem vejo quando ela me empurra para dentro de um dos muitos armários de zelador dispostos pela escola. Me sinto muito mais acordado, de repente. Nixie acende a luz puxando uma cordinha no meio do cômodo quase que extremamente apertado— Bom dia, Hazz!— ela cumprimenta, tira os livros das minhas mãos e os coloca na estante entre os produtos de limpeza do Filch.
— Bom dia, Nixie!— cumprimento, empolgado. Nixie fecha a porta atrás de si e ataca meus lábios com vontade, me desconcentrando por completo do que estava acontecendo, meus pés saíram do chão. Não demoro nada em retribuir o beijo porque, por mais surpreso que esteja, eu também estava com saudades. Nixie tira meus óculos rapidamente e me coloca contra a estante, acabamos por espantar umas vassouras e esfregões para os lados, mas nem me importei, agarrando sua cintura e a dando todo o direito de me arrancar o fôlego com um beijo intenso e que implora por muito mais.
— Eu senti sua falta.— ela murmura baixinho e eu sinto meu coração bater com tanta força quando ela me abraça que acho que vou ter um ataque.
— Também senti a sua.— admito e nós voltamos a nos beijar. É engraçado, eu penso. Há poucos dias eu acharia muito assustador ficar a sós com ela no armário, mas agora noto que é tudo o que eu quero fazer. Nossos corpos se aqueciam no abraço e eu me arrepiava conforme ela emaranhava os dedos em meus cabelos e me fazia carinho como se tivéssemos todo tempo do mundo. Quando o ar faltou, Nixie desceu os beijos pelo meu pescoço, me fazendo estremecer.
— Eu tenho que admitir, sua lerdeza nunca fora tão louvável.— ela sussurra e com os olhos fechados, eu uno as sobrancelhas.
— Do que está falando?— pergunto e Nixie se afasta obrigando-me a despertar para encarar seu rosto corado com um sorriso lindo.
— Harry, você não olhou mesmo para os livros na mão de Rony?— ela me indaga, curiosa.
Pisco inocentemente. O que Rony tem a ver?
— Por que?
— Eu usei confundus nele, mas parece que sobrou um pouco para você também. Me perdoe, eu esqueço que vocês dividem o mesmo neurônio.— Nixie está totalmente apoiada em mim, seus peitos espremidos contra meu peitoral. Ela me encara com seus maliciosos olhos azuis e segura meu rosto me roubando mais selinhos. Aah...
— Sempre muito esperta.— sorrio entre os beijos sem me importar com a ofensa e a abraço com mais força tentando suprir a falta que ela estava fazendo. Precisava da sua proximidade assim.
— Como está, pãozinho?— ela pergunta carinhosamente e eu tenho vontade de rir com o apelido.
— Pãozinho?— levanto as sobrancelhas, embalado pelo deleite de tê-la nos braços de novo.
— Pãozinho. Não gostou?— mal abro a boca e ela continua— Problema seu.
— Uau, mas eu nem ia reclamar.— faço bico— Rude.
— Como você está?— ela repete, sacudindo meus ombros.
— Eu estou bem, e você, pêssego?— ironizo e seu olhar se ilumina.
— Pêssego, hum? Eu gostei de pêssego.— ela aprova e eu faço careta, com vergonha.
— Como está?— tento fugir do assunto porque eu não sou nada bom nessa coisa de apelidos.
— Eu estou chateada, nós mal ficamos juntos esses dias.— ela reclama— Assim nem parece que somos amigos.
— Nem me fale— resmungo, emburrando-me— Não sabia que éramos tão ocupados assim.— inconscientemente ou não desço os olhos para os seus lábios rosados e atraentes, cara, eu estou necessitado deles. Balanço a cabeça e Nixie, como se lesse meus pensamentos, volta a me beijar, só que desta vez com mais pressa.
— Nós temos que mudar isso, e tem que ser agora.— ela disse, me deixando desconcertado com seus beijos. Eu não consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
— Hum?
— Eu estava com saudade e precisei te sequestrar.— ela fala e eu sorrio que nem um abobalhado, querendo tombar para o lado e enfiar meu rosto no chão— Você será meu hoje, Harry Potter.
Que é que eu tinha para fazer hoje mesmo?
— Quer brincar de esconde-esconde?— ela sugere começando a sorrir maliciosamente e se afasta de mim, apagando a luz. Cerro os olhos mesmo que ela já não possa mais me enxergar.
— Eu tenho escolha?
— Indubitavelmente não, meu lindo.— ela é direta e sorrio quando ela coloca meus óculos em minhas mãos.
— O que está planejando?
— Deixa que eu te mostro.
[...]
Me surpreende a estufa estar livre em uma hora como essas. Eu nunca tinha vindo para cá fora de necessidade, mas até que é um lugar agradável quando não está cheio. Respiro fundo o ar puro e entrelaço os dedos aos dela. Coloco os livros sobre a mesa e Nixie me puxa para nos sentarmos no chão.
— Eu estive pensando... do que vamos conversar se eu te conheço desde sempre, Harry?— ela me encarou, sempre com um sorriso pequeno nos lábios.— O que poderia ser novo entre nós dois?— ela apoiou nossas mãos entrelaçadas no meu colo e eu baixei a cabeça, pensativo.
— Bem, isso é curioso. Mas você não sabe tudo sobre mim.
— É claro que eu sei tudo sobre você.— ela levanta a sobrancelha, convencida, eu cerro os olhos.
— Não, não sabe.
— Me teste.— ela propõe e eu penso um pouco.
— Minha cor favorita.
— Eu estou falando sério, todo mundo sabe que é azul.— reviro os olhos e volto a pensar.
— Minha comida predileta?— dou de ombros, por fim.
— Você gosta muito de carne de porco, mas ultimamente seu paladar está muito parecido com o de seu pai que gosta muito dos bolos da minha mãe, mais especificamente o bolo de caldeirão de Floresta Negra.— fiz careta não gostando da resposta certa dela— Mas, que surpresa, eu tenho certeza que você não sabe a minha comida predileta.
— São os diabinhos de pimenta.— respondo automaticamente— Você os adora mesmo que sempre chore quando os come.
Nixie cerra os olhos para mim e passa a língua na bochecha, eu seguro o sorriso achando certa graça principalmente porque tenho certeza que acertei. Nem precisei pensar a respeito.
— Minha música predileta?— ela quer saber.
— Should I stay or sould I go. E a...
— Livin' La Vida Loca, e não se atreva a dizer que não.— ela me interrompe, mesmo sendo apenas uma brincadeira, sinto que isso logo vai se mostrar uma competição— É a sua música favorita e a de Brandon também. Minha aula predileta.
— Adivinhação. E a minha?
— Muito engraçado, Potter, você odeia todas as aulas.— abro a boca para lhe retrucar, mas ela me silencia com a mão livre— Quadribol não conta. Minha pessoa favorita na escola.
— Isso é truque— respondo quando ela baixa a mão— Você nunca poderia escolher, ama todos nossos amigos igualmente. Minha pessoa favorita?
— Sou eu, é óbvio.— ela sussurra e eu cerro os olhos sem saber como responder.
— É?
— Ah, é melhor que seja eu.— então ela ri e me beija, agarrando minha nuca e me puxando para si abruptamente. O silêncio só não é absoluto por causa de nossos beijos estalados e meu coração retumbante e acelerado.
— Talvez.... seja...— respondo pausadamente, emaranhando minha mão nos seus cabelos lisos e macios. Isso é tão gostoso.
— Eu acho que a gente não precisa conversar o tempo todo, né?— ela recua e eu me inclino na sua direção como se ela tivesse me puxado, silencio sua risada com mais selinhos.
— Uhum.— eu a abraço e o calor que tínhamos instigado no armário aumenta e se espalha pela estufa— A não ser que você queira me contar como foram seus últimos dias, porque eu adoraria ouvir...
— Menos conversa, mais língua, Harry.
— Se você insiste...
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