The library
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HARRY POTTER
21 de novembro de 1999
— Como se sente de volta no seu corpo?— ela me pergunta enquanto eu suspiro admirando minhas mãos do tamanho normal.
— Bem, bem melhor... sabe, eu até poderia matar Adhara agora.
— Ah, mas você não vai matar, né?
Faço uma careta pensativa, como se estivesse medindo as consequências e mesmo assim continuasse muito tentado a cometer o crime. Nixie ri e empurra meu ombro, me puxando para si no segundo seguinte pela minha gravata.
— Ah, por favor, Harry— ela faz beicinho, os cabelos loiros jogados para um lado só e os olhos azuis brilhando. Eu me pergunto: tem como você parar de ser linda? Tento tirar da minha cabeça os dois dias que se passaram em que eu tive que ficar olhando para cima para encará-la quando conversávamos, meu pescoço doía. Não gostei de ser mais baixo que ela por esse tempo, ainda que seja lindo vê-la de baixo.— ela é muito querida para mim.
— Mais querida que eu?— levanto a sobrancelha, inclinando-se na sua direção, estou com ambas as mãos apoiadas na prateleira da estante em que Nixie está escorada, uma de cada lado da sua cabeça.
Nós não devíamos estar aqui, ainda mais com o risco iminente de qualquer pessoa nos ver, mas eu senti tanta falta de beijá-la esses dias em que fui obrigado a ser criança outra vez que tive que roubá-la assim que ela me cumprimentou ao passarmos um pelo outro no corredor. Estávamos a sós e aconteceu de a biblioteca ser o buraco mais próximo em que poderíamos nos enfiar.
A loira se recusa a responder. Eu sei que Nixie não gosta de comparar as pessoas com quem ela se importa, mas algo em seu rosto me deu esperanças de que talvez eu tenha me tornado mesmo seu favorito.
Ela enrola minha gravata na mão e me puxa mais um pouquinho para perto. Não consigo evitar de sorrir. Durante o dia, nós devemos ser rivais amigáveis, devemos andar na linha e agir normalmente, mas, ah, que droga, eu não consigo. Preciso dela agora.
— O que você acha?— ela sussurra.
— Eu acho que sou.— meu sorriso se alarga e ela revira os olhos, mas não me contradiz. Nixie umedece os lábios e se aproxima mais um pouquinho, tem menos de um palmo nos separando.
— Eu não te daria tanta moral assim, príncipe Potter.— ela pisca inocentemente e levanta os ombros como quem não quer nada.
— Então a senhorita me daria o que?— pergunto. Nixie sopra uma risada e vira o rosto para olhar o corredor por um momentinho antes de voltar a me encarar.
— Você não quer brincar com isso, Harry.— Nixie me olha com malícia.
— O que...— fico confuso por um momento, mas aí me dou conta da gafe e arregalo os olhos, sentindo meu rosto pegar fogo no instante seguinte.— Oh! N-não! Eu não quis dizer isso...
— Não?— ela levanta as sobrancelhas, fazendo cara de surpresa— Então você não me quer?
— Não! Quer dizer, espera!— sacudo a cabeça— Quero dizer, sim, é claro que e-eu te quero— isso está certo?— mas não pra isso...— Nixie une as sobrancelhas, eu estou piorando tudo, mas fiquei nervoso demais e agora não consigo me fazer parar— Digo, n-não só para isso.... mas é que não é especialmente por isso... bem, é por isso, mas...
— É por isso?— ela repete. Mordo a língua e enfio as mãos no rosto por baixo dos óculos. Nos segundos que se passam eu me afundo num mar de remorso e vergonha, mas aí ela começa a rir muito, Nixie ri tanto que fica vermelha e seus olhos lacrimejam. Abro umas frestas entre os dedos e a encaro enquanto espero meu rosto parar de corar.— Você é tão adorável, pãozinho!
— Você fez de propósito!— acuso e minha voz é abafada pelas minhas mãos. As deixo cair e fulmino minha namorada com o olhar— Quer parar de me envergonhar atoa?
Espera. Eu pensei "minha namorada"? A Nixie é minha namorada?
— Eu não.— ela fala e por um segundo fico em choque como se de repente ela estivesse lendo meus pensamentos. Meu rosto volta a queimar por outro motivo e a Black o coloca entre as mãos, beijando meu rosto carinhosamente.— Te ver vermelho de vergonha é o que faz os meus dias, querido.— ela sussurra e antes que eu me recupere dos meus próprios pensamentos, ela junta nossos lábios e eu acho que sim. Ela é minha namorada. Secreta, mas minha.
De repente, eu fico feliz, porque mesmo que a gente não tenha usado essa palavra para nos definir, é o que nós somos.... deve ser o que nós somos, não é?
Ah, que se dane. Nixie me puxa para si e me abraça, seu calor me envolve e eu me derreto. Não importa o que somos, importa que somos.
Quando nossas línguas se juntam, nossas respirações vão perdendo a prioridade. Coloco as mãos debaixo de sua blusa e Nixie ri entre os beijos, eu preciso muito sentir sua pele. É mais do que óbvio que eu quero muito ela.
E aí, nos dois minutos seguintes, eu fico me perguntando porque é que esse castelo não é maior. Tem sabe-se lá quantos alunos em cada casa, em cada ano. Todos poderiam se enfiar em qualquer outro canto da porra do castelo, mas os meus colegas de quarto que eu nunca vi na biblioteca, que nunca pisaram na porra da biblioteca, aparecem logo no último corredor, tão perto da seção proibida. Eles se aproximaram silenciosamente, mas eu sentia que tinha alguém me olhando, e apartei o beijo com Nixie com a testa franzida e nós dois olhamos na direção de Dean, Seamus e Ronald na hora que esse maldito Weasley deixou a bolsa cair no chão junto com seu queixo.
— Ele não estava zoando.— Ron diz com os olhos arregalados, ele está totalmente incrédulo.
— Cacete.— Nixie xinga, tirando minhas mãos de debaixo da sua blusa já que eu estava congelado tanto pela raiva de ser atrapalhado quanto pela surpresa.
— Eu sabia!— Dean se gaba e Seamus revira os olhos, metendo uns galeões na mão do melhor amigo.
— Isso que você ia discutir de "capitão para capitão"?— Ron aponta e nós dois vamos para perto do trio.— Por que você não me falou nada, cara?— ele me pergunta, ofendido. Não é como se eu vivesse escondendo coisas dele.
— Que diabo vocês estão fazendo aqui?— sibilo, ignorando-o. Depois a gente tem essa DR.
— Quem não estava zoando?— Nixie pergunta, o semblante enrijecido, muito diferente de como ela estava quando éramos só nós dois. Talvez o meu esteja assim, se não ainda pior.
—O Malfoy.— Seamus diz com um sorrisinho, parece muito satisfeito consigo mesmo por ter nos pego no pulo. Nixie infla as narinas e uma fúria assassina cintila em seus olhos.
— Há quanto tempo isso tem acontecido?— Dean pergunta empolgado— Sabe, eu sempre achei vocês um belo casal.
— Há quanto tempo isso tem acontecido?!— Ron repete. Céus, ele vai me atolar de perguntas.
— Lida com eles.— Nixie olha para mim. Ela está com muita raiva— Eu vou cometer um crime de ódio agora.— e então ela se retira e eu fico em dúvida se vou atrás ou não. Não tem dia de visitas em Askaban.
— Foi depois do desafio ou desafio, né?— Dean pergunta e os três me seguem até a porta da biblioteca, me bombardeando de perguntas enquanto eu ia acompanhando Nixie de longe. Ela parecia deslizar no chão enquanto caminhava. Quero muito que Draco se ferre por isso, mas também não quero que Nixie se dê mal pelo que quer que ela esteja pensando em fazer.
— Vocês estão namorando?
— Por que cê não me contou?
— Ela finalmente te fisgou, né?
— Calem a porra da boca!— me volto para meus amigos, revoltado. Eles obedecem e eu solto um suspiro. Olho ao redor, estamos sozinhos no corredor. Gesticulo para que eles se aproximem um pouco mais das paredes comigo— Não contei porque não era da conta de vocês. Não era para ninguém saber!
— Por que não?— Seamus franze a testa— Todos nós apoiamos vocês.
— Não é sobre vocês. É o time da Nixie que não vai apoiar a gente, eles que são o problema.— baixo o tom de voz, olhando ao redor de novo— Nós somos rivais e todos eles me odeiam. Queríamos manter em segredo até descobrirmos como vamos fazer para que nosso namoro não complique as coisas para ela.
Merda. Eu usei a palavra em voz alta. Não devia fazer isso sem consultar ela. Merda.
— Por que isso complicaria as coisas para ela?— Seamus pergunta sem entender o que tem demais. Reviro os olhos.
— Cara.— Dean começa antes de mim— Ela é, tipo, a primeira mulher no time de quadribol da Sonserina desde que essa escola existe e tá confraternizando com o inimigo.— ele aponta para mim— Vão acabar com ela se descobrirem.
— Mas ela é a capitã. Não podem acabar com ela.
— Você conhece os sonserinos?— Ron pergunta como se Seamus tivesse algum retardo mental. Os sonserinos sempre dão um jeito de acabar com alguém.
— Então agora vocês entenderam que ninguém mais pode saber disso.— levanto as sobrancelhas.— Vai morrer entre nós.
— Claro, mano.— Dean concorda sem pestanejar e nós sorrimos um para o outro. Ron faz careta.
— A Mione sabe?— ele franze a testa.
— Não. E nem vai saber.
— Mas é que...
— Não, Ronald.
Ele suspira com os ombros caídos.
— Tá.
Nós três olhamos para Seamus que pisca inocentemente.
— Se falar disso para alguém, eu vou te matar enquanto dorme.— ameaço. Ele arregala os olhos e ergue as mãos em rendição.
— Aí, se vocês querem manter segredo deveriam ser mais discretos, qualquer um poderia ver.
Faço careta e solto um gemido. Eu agi por impulso, nós deveríamos ter esperado até anoitecer, mas eu estava carente.
— Eu sei.— resmungo, voltando a caminhar.
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