Have a cupcake
Na hora do almoço, acabamos todos nos encontrando na frente do Salão Principal por um acaso. Nixie me deu um sorrisinho dissimulado e eu cerrei os olhos para a Black, imaginando como poderíamos nos dar bem na nossa reunião depois que todos forem se deitar. Brandon vinha com ela, para minha infelicidade, e logo se meteu entre nós, me obrigando a cortar o contato visual com Nixie para encará-lo. Ele ergueu um cupcake muito bonito, praticamente o enfiando debaixo do meu nariz.
— Morde aqui.— ele ordena sem rodeios. Levanto a sobrancelha, nem um pouco inclinado a aceitar seu pedido tão gentil.
— Sinto muito, mas eu estou querendo ter um almoço de verdade.— desvio dele entrando no Salão logo atrás de Nixie e Jacob. A loira olhou para trás e eu tive que me segurar muito para não lhe sorrir de volta.
— Dá uma mordidinha!— Brandon insiste e eu me irrito, dá pra deixar eu criar um clima aqui?!
— Por que eu faria isso?
— Pra prevenir seu adorável irmão mais novo de ser envenenado?— ele sorri forçadamente e eu reviro os olhos.
— Por que isso seria problema meu?
— Porque se eu morrer, a mamãe nunca vai te perdoar. E você sabe que eu sou o filho favorito dela, né?— o olho com tédio enquanto ele anda de costas na minha frente, se esbarrando em outras pessoas sem se importar de pedir desculpas.
— Eu ia perguntar quem poderia te envenenar, mas aí me lembro que metade das pessoas nesse castelo sonham com isso. Inclusive eu.
— Rá, rá, engraçadinho. Adhara me deu.— Brandon responde com impaciência.
— Uh, finalmente vão assumir que se amam então?— Ron pergunta quando nós três nos sentamos.
— Primeiro: eu prefiro colocar fogo em mim mesmo antes de sequer cogitar dar um beijo na bochecha dela. Segundo: ela disse que é de uma amiga dela que gosta de mim, mas não estava com coragem de me entregar diretamente.— Ron e eu trocamos olhares debochados— É claro que é uma armadilha.
— Por que seria uma armadilha?
— Porque eu conheço Adhara e sei que ela não tem amigas. É uma megera, ninguém quer ficar perto dela.
Nós três nos viramos para olhar para a mesa da Corvinal e não demoramos a encontrar Adhara sentada no meio de um monte de outras garotas, enquanto ela falava, as outras ouviam e todas começavam a rir. Ela é uma das garotas mais populares do castelo, tão carismática quanto Nixie quando quer.
— Dá pra ver que ela vive sozinha, coitada.— Ron comenta com a voz pesando em sarcasmo.
— Pois é, uma completa perdedora.— concordo e nós rimos. Bato no braço de Brandon e me aproximo mais um pouco dele— Não acha mesmo que nenhuma daquelas garotas poderia ter uma queda por você?— sugiro, mas ele não tira os olhos de Adhara Lupin, cerrados de desconfiança.
— Estamos em guerra desde o começo dos tempos, não é possível que ela tenha feito qualquer coisa benéfica para mim.
— A Lupin é uma boa garota.
— Se confia tanto nela, por que não come?— ele empurra o cupcake em minha direção com um olhar desafiador.
Digo, eu confio em Adhara Black menos quando se trata do meu irmão. Eles não se suportam, e, bem... ela já tentou envenená-lo uma vez. É por isso que ele está tão desconfiado agora.
Não foi nada fatal, mas Brandon ficou com o rosto deformado por semanas. Se qualquer pessoa tenta tocar nesse assunto, ele fica bruto.
— Passo.— devolvo o cupcake pra ele e começo a me servir. Olho para a mesa da Sonserina e Nixie está de costas para mim. Mal posso esperar pra ficarmos só nós dois de novo.
❅
Ao fim do almoço, minha barriga está cheia. Eu sinto vontade de tomar um banho e depois cochilar, mas teremos um tempo se herbologia em breve e não dá pra descansar.
Ron arrota quando nos levantamos. Brandon continua desconfiado do maldito cupcake, mas ao invés de simplesmente deixá-lo na mesa, ele o leva consigo, examinando-o, por vezes cheirando-o.
— Ela não está tentando te envenenar.— solto um suspiro, passando as mãos na barriga.
— Ah, é? Fala isso pra minha cara de trasgo! Levaram dias para me curar, tenho certeza de que ela vai tentar fazer com que minha cara linda fique detonada pra sempre.— ele arregala os olhos de horror.
— Então joga fora, cara.— Ron fala ao meu lado.
— Não vou fazer isso na frente de todo mundo, vai que é presente de uma garota que gosta mesmo de mim?— as vezes Brandon é bastante decente.
— Adhara sabe que você também gosta dela.— provoco e Brandon me olha torto.
— Eu não gosto de Adhara! Que que deu em vocês hein?
— Não?— Ron se faz de surpreso.— É que você só fala nela, quando ela faz alguma coisa... quando não faz nada...
— Reclama quando ela está, quando ela não está...— continuo, um sorriso zombeteiro nos lábios. Brandon bufa, mas não fala nada. Ron e eu rimos do mais novo sem argumentos.— Me passa isso. Tenho certeza que não tem nada demais.— pego o bolinho da sua mão e o cheiro sem sentir nada além do cheiro doce de chantili. Dou uma mordida.
Nós três paramos de andar e os dois me encaram com expectativa. Não sinto nada além da explosão gostosa de sabores na minha boca.
— Está muito bom.— digo, voltando a caminhar tranquilamente.
Foram poucos minutos, bastou até chegarmos na escada que nos levaria à torre. Minha visão ficou turva e eu tropecei nos degraus caindo de quatro.
— Hazz.— Rony agarrou meu braço e me impediu de bater a cara no chão. Meu estômago começou a se remexer de um jeito completamente desconfortável, como se eu fosse vomitar. Ao meu lado, Brandon gemeu, talvez caído como eu porque comeu o resto do bolinho depois de eu lhe passar confiança.— Ai, merda, o que que tá pegando com vocês?
— Aquela... desgraçada...— ouvi Brandon rosnar. Minha cabeça dando voltas. Ah, não, cara de trasgo não, eu tenho um encontro.
Mas não era só meu rosto que doía, era como se... como se eu fosse um balão e estivessem sugando o ar do meu corpo. Cada parte de mim era apertada dolorosamente.
— Merda!— o Weasley soltou meu braço, minha visão turva foi melhorando e eu vi mãos pequenas na minha frente, apoiadas no degrau. Mãos pequenas quase sendo escondidas pelas mangas de um casaco, o meu casaco.
Pisquei algumas vezes, os meus óculos iam caindo do meu rosto e a mãozinha veio segurá-los. Desesperando-me, fiquei tocando meu rosto, minha pele de bebê e meus cabelos curtos, aquelas pequenas mãos trêmulas são minhas. Olhei para Ron, ele parecia um gigante. Estava dividido entre um riso e um olhar incrédulo. Minhas roupas ficaram largas novamente, largas demais, como se tivessem pertencido a alguém muito maior do que eu. Olho para Brandon, ele me parece no tamanho normal, mas quando tira a toca da frente do rosto e me olha, nós dois arregalamos os olhos. Parece que ele tem dez anos novamente, o rosto redondo e de traços tão leves, os olhos grandes — talvez por culpa do choque. Ele aponta pra mim e eu aponto para ele com minha mãozinha pequena.
Então nós dois gritamos, damos gritos agudos de criança, porque fomos transformados em crianças outra vez.
— ADHARA!— Brandon se levanta, mas acaba tropeçando nas próprias calças, compridas demais para seu corpo atual, e cai outra vez. Ronald Weasley cai na gargalhada e se senta do meu lado, incapaz de ficar de pé. Fico tocando meu rosto, sentindo saudade do meu bigode pra crescer. Teimoso, Brandon se levanta arregando as calças e as mangas, ele luta contra as próprias roupas e está perdendo.
— Continue rindo, e eu te extermino.— ameaço Ron que para para me olhar com choque, mas aí ele volta a rir e bagunça meus cabelos. Minha voz é de quem está longe da puberdade ainda.
— Desculpa, maninho, mas não dá pra te levar a sério agora, vocês estão uma gracinha!— ele diz, soa como Fred e George agora, nunca antes se pareceu tanto com eles.
— ADHARA, EU VOU MATAR VOCÊ SUA DESGRAÇADA!— e a vozinha fina de Brandon vai se tornando distante conforme ele se afasta atraindo olhares e risadinhas.
— Que é que você tá esperando?— pergunto a Ron que me lança um olhar confuso ainda que tenha um sorriso largo no rosto.
— Que?
— Vai pegar ele!— mando, ainda que não esteja em posição.
— Quer vir no meu colo pra gente alcançar seu irmãozinho?— Ron afina a voz de um jeito debochado, inclinando-se para mim. Apenas o encaro, amarrando minha cara o melhor que posso. Eu o mataria com minhas próprias mãos se elas não estivessem pequenas demais para se fecharem ao redor de seu pescoço.— Ok, entendi— ele se levanta, rindo a beça e sacudindo a cabeça— Tão fofinhos... genial...
— Ainda sou seu capitão, Ron!— grito nas suas costas e me irrito quando um grupo de quintanistas passa por mim, me encarando fixamente— Perderam alguma coisa?!
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