Embarrassed
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NIXIE BLACK
25 de outubro de 1999
Puxo meus cabelos os descolando de minha nuca suada e solto uma bufada de ar, sentindo-me extremamente cansada. Virei a definição de derrota e estou perfeitamente satisfeita com o treino de hoje. Olho para os rapazes tantos pés abaixo de mim e sorrio. Meu coração bate forte em meu peito pelo exercício que praticava com meu substituto, abusando de minha pressão ao ficar repetindo uma série de mergulhos.
Assobio alto, atraindo sua atenção.
— O descanso lhes é merecido, rapazes! Acabamos por hoje.
Eles nem resistiram, tão acabados e sedentos por um banho frio quanto eu. Enquanto eles desciam, eu fiquei planando por mais um tempinho, sentindo o vento frio contrariar a temperatura do meu corpo. Mirei o castelo, o céu coberto por nuvens cinzas e pesadas como se estivesse ameaçando despencar em chuva, ou até mesmo causar um diluvio. Enchi os pulmões e fechei os olhos, é tão bom estar ali no topo, como se todas as preocupações caíssem por terra a partir do momento que eu tirava os pés do chão.
Mas eu ainda tinha aulas para encarar e voltar para o chão era extremamente necessário.
Quando tomei um banho e coloquei roupas limpas, saltitei de encontro a meu melhor amigo, JJ, na comunal, este sentado de pernas cruzadas em uma das poltronas, com o rosto apoiado na mão, estava simplesmente parado lá, sendo bonito. Ele não demora nada em desviar os olhos castanhos para mim e eu lhe abro um sorriso.
— Bom dia, senhor Johnson.— cumprimento mesmo que a gente tenha se visto durante o treino da manhã. Ele se levanta ultrapassando bons centímetros da minha altura e pega sua mochila sobre a mesa de cabeceira que tinha logo ao lado.
— Bom dia, senhorita Diggory.
— Tudo bem?
— Tudo, tudo sim. Eu só estava aqui me perguntando porque é que você está sempre atrasada.
— Eu cuido do meu cabelo todo santo dia. Isso me faz querer saber como é que você nunca se acostuma.— brinco e ele me acompanha assim como um bando de outros alunos para fora das masmorras.
— Acho que parte de mim ainda tem esperanças de que você tome jeito.
— Quer uma almofadinha para matar essa parte tola sufocada?— sugiro sorrindo e acenando para um grupo de garotas que fazem Herbologia comigo.
— Sempre tão adorável.
— Você ama esse meu jeitinho.
A primeira aula do dia é de Transfiguração e infelizmente, terei de entrar na sala sem Jacob já que ele é teimoso demais para aceitar que é uma matéria muito legal sim!
Durante o longo caminho, nós conversamos sobre as banalidades diárias sem muito interesse, no entanto, quanto mais perto ficávamos da sala de Minerva e por mais que eu tentasse evitar, meus olhos me traíam, correndo a multidão de rostos familiares em busca de um em especial. Aqueles alunos que vinham da torre dos leões com suas capas me confundindo.
— Nixie.— Jacob me dá um leve empurrão com o ombro, tirando-me de meus devaneios. Me obriguei a parar de morder o lábio, mas custou conseguir parar de olhar para os Grifinórios.
— Hm?
— Você ouviu uma palavra do que eu disse?
— Desculpe, eu não estava prestando muita atenção...— resmungo ajeitando os livros nos braços. O Johnson levanta a sobrancelha escura.
— Eu sei no que você estava prestando atenção.— ele joga pra cima de mim. Eu o olho torto, é claro que ele sabe, eu lhe contei.
— Pode repetir, por favor?— eu prefiro não me aprofundar no assunto.
— Temos um trabalho de Feitiços para apresentar essa semana, vê se não se esquece. O professor disse que tem que ser algo que nos inspire, uma apresentação bonita. Eu estava pensando em exibirmos nossos patronos, mas aposto que a maioria da sala vai pensar o mesmo, então temos que ser mais criativos.
— Por essa semana você quer dizer amanhã?— o olho com tédio e ele dá um sorrisinho. Amanhã é sexta.— Cacete, tinha me esquecido totalmente.— resmungo, colocando na cabeça que deveria ir correndo atrás de um livro de Feitiços Avançados e estudar o mais fácil a noite toda.
— Eu sei, nos últimos dias você anda tão avoada... aquele sábado a noite te desestruturou todinha, não foi?
Reviro os olhos.
— Fala logo o que você quer falar, Jacob.
— Você sabe que não pode se apaixonar, não sabe?— ele pergunta, porém continua assim que eu abro a boca para lhe responder— A paixão deixa as pessoas burras, Nixie. Você anda agindo como uma pateta.
— Como é?!— me sinto ultrajada, mas ele não está errado em tudo.
Digo, eu não estou apaixonada, mas se estou agindo como uma pateta? Ah, eu estou.
Me sinto estranha com os outros e comigo mesma desde que Harry Potter me beijou bêbado, cinco dias atrás. E, embora um diálogo fosse necessário para esclarecermos certos pontos, sempre que estou perto dele o clima fica estranho demais e não demora nada até um de nós sair correndo, de tanta vergonha. Ele mal me olha nos olhos e eu me saboto sempre colocando algumas pessoas entre nós. O clima entre nossos amigos está, no mínimo, embaraçoso, e isso só piora — porque eles sabem o que aconteceu.
Mas eles não sabem como foi bom.
— Francamente, Nixie. Eu não preciso nem começar a dizer todos os contras existentes sobre você namorar nosso rival.
— Ele não é meu rival, caso tenha se esquecido, é meu amigo há muito mais tempo que você.— retruco sentindo o rosto esquentar e a voz afinar.
Eu e Harry como namorados? Sai dessa...
— Não, fala sério, olha para ele.— Jacob aponta. Eu nem hesito em olhar na direção certa. A tantas cabeças de distância, visualizo Harry Potter em uma conversa animada com Ronald Weasley e meu coração me trai.
Ai, os cabelos dele sempre bagunçados...
— Ele consegue ser mais idiota?— Jacob me pergunta quando Ron chuta os pés de Harry e o Potter quase cai de cara no chão. O sorriso que estava em seu rosto evapora arrancando risadas do melhor amigo. Eu sorrio de canto, os observando se aproximar.
— Eu não o acho idiota.— comento, por incrível que pareça, Harry me olhou de volta como se soubesse que eu estava falando dele. De longe, pude ver suas bochechas mudando de cor. Talvez as minhas estivessem tendo a mesma reação, denuncia meu coração acelerado e meu corpo formigando.
— Porque seu QI foi rebaixado, o que não faz muita diferença já que você nunca foi muito esperta.— Jacob caçoa e eu lhe bato com um punhado de livros.
— Desapareça, rato!— o afuguentei. Jacob sorriu e balançou a cabeça.
— Não se apaixone, Nixie! Estou apenas lhe aconselhando!
E nós nos separamos. Harry Potter e eu nos encontramos na porta da aula de Transfiguração, um oferecendo uma passagem silenciosa para o outro. E lá vinha novamente a estranheza, o sentimento de euforia um tanto quanto assustador.
— Oi, Harry.— cumprimento mordendo o lábio inferior para conter o sorriso.
— O-oi, Nixie!— o Potter responde abrindo um sorriso torto e coçando a sobrancelha para esconder o rosto corado. Aí nós ficamos parados, nos olhando nos olhos, trocando sorrisos bobos, sem mais nada em mente. Não fazia ideia do que lhe dizer, mas sentia que devia haver algo na ponta da minha língua.
Não sei. Algo na forma que ele me olhava me insinuava que ele poderia estar sentindo o mesmo, mas nenhum de nós estava sabendo lidar com isso.
— Oi, Ron, como você está?— a voz do ruivo fez com que nós cortassemos o intenso contato visual e olhassemos para sua cara sardenta e debochada— Eu vou bem, e você?— ele gesticula como se estivesse falando sozinho e eu me sinto mais envergonhada ainda por ter superado tão rápido sua presença. Eu e Harry trocamos olhares e ele aponta para a sala, insistindo para que eu entrasse primeiro.
Ron entrou na nossa frente, resmungando.
Eu vou atrás do Weasley e sinto Harry logo atrás de mim, de um jeito que nunca tinha acontecido antes, cada centímetro de meu corpo se arrepiou só por ele estar perto. Harry caminhou do meu lado e eu segurei os livros com a mão direita, deixando a esquerda livre.
Um sorriso bobo me escapou quando o senti roçar as costas de minha mão.
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Nota da autora:
Oi pessoinhas, só quero deixar em destaque que o ano em que eles estão é 1999 e normalmente lá na gringa não tem isso de ficar sério, ou eles ficam só uma vez ou eles namoram. Só queria deixar isso claro antes que vocês chamem os personagens de emocionados :3
O intuito da fanfic é ser curta mesmo, ou seja, desenvolvimento rápido. Alguns romances são bem mais descomplicados do que outros.
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