𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
Um instante.
Às vezes, é tudo o que basta para virar o mundo de cabeça para baixo.
Um instante.
Um único e precioso momento.
O suficiente para você se apaixonar profundamente...
Para perder o amor que jurava eterno...
Para sentir a alma escorregar pelos seus dedos...
E, quem sabe, morrer por dentro.
É nesse instante que me encontro. De pé, diante de um túmulo recente, o cheiro da terra úmida ainda fresco no ar, o silêncio do cemitério pesando em meus ouvidos.
Na frente de alguém que significava tudo para mim.
Três meses. Três longos meses desde que nos despedimos. E, ainda assim, a incredulidade persiste como um nó que não se desfaz. O choque é um fantasma que não me abandona.
A solidão? Ela é absoluta. E agora, é a única companhia que me resta.
- Por quê... por que você me deixou, mãe? - minha voz sai entrecortada, um sussurro afogado pelas lágrimas que começam a descer, grossas e teimosas, como se nunca fossem parar.
Por que isso teve que acontecer? Por que agora, justo quando estávamos encontrando o caminho para sermos felizes outra vez?
As palavras finais da minha mãe ecoam na minha cabeça, cortantes como cacos de vidro:
- Eu quero que você volte, Sung-min. Volte para a casa do seu pai. Quero que você o perdoe.
Minhas mãos se fecham, os punhos tão apertados que sinto as unhas cravando nas palmas.
Perdoá-lo? Ela realmente acreditava que isso era possível?
Como posso perdoar o homem que tirou a vida dela?
Sim, eu voltaria para Seul. Realizaria o desejo dela, porque era o que ela queria. Mas perdoar? Isso nunca aconteceria. Não para ele. Não para ninguém que tenha me ferido tão profundamente.
A buzina de um carro quebra meu devaneio. O som parece distante, embora venha de um Hyundai preto que reconheço instantaneamente.
Olho para ele como se estivesse em câmera lenta, meus olhos demorando-se na mala desgastada que carrego.
Com passos lentos, começo a caminhar em direção ao veículo.
Três anos. Três longos anos desde que fui embora, jurando a mim mesmo que jamais pisaria nesse lugar novamente. Rezando todas as noites para que nunca precisasse encarar esse dia.
Mas, como sempre, a vida tem seus próprios planos.
Em algum lugar no fundo do meu coração, eu sabia que isso era inevitável. Mais cedo ou mais tarde, eu teria que voltar. Encarar tudo.
Meu peito dói. Uma dor física que me surpreende pela intensidade.
Minha mão sobe automaticamente, como se meu corpo ainda soubesse o que fazer, apertando o lugar onde meu coração deveria estar batendo forte.
Lembro-me de um dia distante, de alguém que uma vez me explicou o gesto. Alguém que foi importante para mim, embora eu mal me permita pensar nisso agora. "Significa que o coração está ferido", ela disse.
Respiro fundo. Uma. Duas vezes.
Preciso me preparar.
Porque estou caminhando em direção ao meu próprio inferno pessoal.
De volta às pessoas que tornaram a minha vida um caos.
De volta ao lugar que me destruiu.
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