𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑
— Jae — respondi, rangendo os dentes, sentindo o nome dele pesar como chumbo em minha língua.
Era impossível esquecer aquele rosto, mesmo que eu quisesse. E Deus sabe como eu tentei. Três anos não foram suficientes para apagar a memória de tudo o que ele fez. Ele não era apenas uma sombra no meu passado; era uma tempestade que varreu meu primeiro ano e transformou minha vida em um verdadeiro pesadelo.
Ele me atormentou de todas as formas possíveis — comentários maldosos, olhares carregados de desprezo, risadas às minhas custas que ecoavam pelos corredores. E agora, ele estava ali, parado à minha frente como se nada tivesse mudado. Só de vê-lo, o sangue fervia nas minhas veias, e senti minhas mãos se fecharem em punhos ao meu lado, sem que eu percebesse.
As mãos dele estavam firmemente pousadas no braço de Ye-ji. O toque parecia casual, mas meu peito apertou como se alguém tivesse arrancado o ar dos meus pulmões. Não deveria doer. Não tinha o direito de doer. Ela já havia feito sua escolha, e essa escolha claramente não era eu.
Mesmo assim, os olhos dela continuavam fixos em mim, como se estivessem congelados no tempo. Algo em sua expressão parecia… errado. Não havia o brilho confiante de sempre; em vez disso, seus olhos estavam ligeiramente arregalados, como se estivesse em choque.
Foi nesse momento que Jae me reconheceu de verdade. Eu vi quando seus olhos se estreitaram, e um sorriso enviesado se espalhou por seu rosto. Aquele sorriso. Sempre tão cheio de escárnio, como se o mundo inteiro fosse um tabuleiro onde ele era o único jogador que importava.
— Bem, bem, olha só quem decidiu dar as caras novamente. — A voz dele soou carregada de desprezo, cada palavra escorrendo como veneno. — Por que você não rasteja de volta para o buraco onde estava escondido nos últimos três anos?
Senti meu corpo todo ficar rígido. Ele queria me provocar, me fazer recuar. Mas algo dentro de mim — algo que eu nem sabia que existia antes — se recusou a ceder. Não mais.
— Por que você não cala a boca, Jae? — Minha voz saiu firme, carregada de uma raiva que eu não estava mais disposta a esconder.
O choque que passou pelos olhos dele quase me fez sorrir. Não esperava isso de mim. Para ele, eu ainda era aquele garoto insegura, que engolia as palavras e abaixava a cabeça. Não mais.
— Seu pequeno... — ele começou, mas levantei a mão em um gesto rápido, interrompendo-o antes que pudesse continuar.
— Não perca seu fôlego, Jae. Não tenho tempo para ouvir suas besteiras. E se acha que pode me intimidar de novo, é melhor repensar. — Dei um passo à frente, minha voz carregada de uma firmeza que fazia até meu coração bater mais forte. — Eu não sou mais a mesma pessoa patética de três anos atrás.
Minha atenção se voltou para Ye-ji. Ela não levantou a cabeça, mas percebi suas mãos fechadas em punhos, o olhar fixo no chão. Por um momento, pensei em dizer algo mais, mas não valia a pena. Não agora.
Sem olhar para trás, me virei e saí. Minhas costas estavam eretas, e cada passo parecia um lembrete de que aquele capítulo da minha vida, com Jae como o vilão, estava oficialmente encerrado. Ou, pelo menos, era isso que eu queria acreditar.
O prédio da faculdade se erguia à minha frente, imponente e quase intimidador. Suas paredes altas e janelas antigas pareciam carregar histórias de décadas, sussurrando segredos no vento frio da manhã. Enquanto eu atravessava as portas pesadas, o ar lá dentro era diferente, repleto de vozes animadas, passos apressados e o som de risadas ecoando pelos corredores. Os armários metálicos ao longo da parede batiam em um ritmo caótico, como uma trilha sonora improvisada daquele universo que parecia tão vivo e, ao mesmo tempo, tão assustador.
Aquela cena tinha algo estranhamente familiar. Era quase como voltar no tempo para o meu primeiro dia de ensino médio. Eu sentia aquele mesmo aperto no peito, aquela ansiedade que apertava meu estômago e fazia minhas mãos tremerem. Só que agora, havia algo mais: o peso do passado que eu tinha tentado enterrar.
Faziam três anos desde que eu deixara a cidade. Três anos desde que eu me forcei a começar do zero, fugindo de tudo e de todos que me lembravam quem eu era — ou quem eu costumava ser. Mas, entre todas as coisas que eu tinha deixado para trás, havia uma que ainda queimava na minha memória: Mi-hi.
Ela tentou me alcançar tantas vezes. Telefonemas, mensagens, e-mails... todos cheios de palavras que eu nunca tive coragem de responder. Ela queria respostas. Queria entender por que eu tinha me afastado. Mas eu estava tão quebrado, tão cheio de dor, que só conseguia pensar em cortar os laços e seguir em frente. E foi exatamente o que fiz. Ou pelo menos tentei.
Agora, de volta ao ponto de partida, o arrependimento parecia pesar mais que qualquer mala que eu tivesse trazido comigo. Respirei fundo, sentindo o ar frio preencher meus pulmões. "Agora é tarde demais para arrependimentos", pensei. Eu precisava ser forte. Precisava encarar o que viesse pela frente.
E foi nesse momento, enquanto eu lutava para reunir coragem, que ouvi uma voz.
— Sung-min!
Aquele chamado congelou meu corpo. Meu coração disparou, e por um instante eu não consegui me mover. Lentamente, virei a cabeça na direção do som, já sentindo o mundo ao meu redor balançar. E então, meus olhos encontraram um par de olhos castanhos que eu reconheceria em qualquer lugar.
— Hye — sussurrei, minha voz falhando.
Ali estava ele. E, antes que eu pudesse processar qualquer coisa, seus braços fortes me puxaram para um abraço esmagador. Eu mal conseguia respirar, mas também não queria me afastar. O choque corria pelo meu corpo, mas, ao mesmo tempo, havia algo estranhamente reconfortante naquele momento.
Quando ele finalmente me soltou, eu o observei melhor. Hye estava exatamente como eu me lembrava, mas, de alguma forma, também diferente. Ele estava mais alto, mais confiante. O cabelo, um pouco mais comprido, caía de forma displicente sobre seus olhos, dando a ele uma aparência quase... charmosa.
— Já faz um tempo, hein? Como você está? — ele perguntou, o sorriso dele tão caloroso quanto a lembrança que eu guardava.
— Estou bem — respondi, embora minha voz saísse mais baixa do que eu pretendia.
— É bom ver você — ele disse, e aquele sorriso parecia iluminar o corredor inteiro.
Eu tentei sorrir de volta, mesmo com as mãos ainda tremendo. Assenti de leve, sem saber muito bem o que dizer.
— E sua mãe? Como ela está? — ele perguntou, o tom gentil, mas curioso.
Minha garganta apertou. Havia tanto que eu queria contar. Tantas coisas que eu precisava explicar. Mas, por enquanto, tudo o que eu podia fazer era estar ali, olhando para ele, e tentando encontrar coragem para começar.
Ele deve ter percebido a mudança na minha expressão antes mesmo de eu dizer qualquer coisa. Seus olhos estavam fixos nos meus, ligeiramente estreitados, como se estivessem tentando decifrar o que passava pela minha mente. A preocupação atravessou seu rosto, apagando o sorriso que antes estava ali.
— Ela morreu. Há três meses. — Minha voz saiu baixa, mas clara. Cada palavra parecia pesar mais do que a anterior.
Observei com atenção enquanto ele processava. Seus olhos desceram para os meus lábios, capturando cada sílaba como se quisesse garantir que não havia entendido errado. Quando finalmente me encarou novamente, algo em sua expressão mudou. Seus ombros caíram ligeiramente, e um brilho solene tomou conta de seus olhos.
Ele deu um passo à frente, hesitante, como se estivesse pedindo permissão para se aproximar. Antes que eu pudesse reagir, senti seus braços ao meu redor. Foi um abraço diferente, mais delicado do que o primeiro. Não havia pressa, apenas a tentativa de me oferecer algo que palavras nunca poderiam: conforto.
— Sinto muito. — Sua voz era tão suave quanto o gesto. Ele se afastou apenas o suficiente para me olhar, avaliando meu rosto com cuidado.
— Está tudo bem. — As palavras saíram automáticas. — Estou bem. — Esforcei-me para soar convincente, mas havia uma leve tremor em minha voz que o fez franzir a testa.
Ele tinha sido meu porto seguro em tempos de tempestade. Meu anjo da guarda, sempre pronto para me amparar quando o mundo parecia desmoronar ao meu redor. E ali estava ele novamente, sem hesitar.
— Hoje é seu primeiro dia, certo? — Sua pergunta veio como um sopro de realidade, me puxando de volta para o presente.
Assenti devagar.
— Já passou no escritório para pegar sua agenda?
— Ainda não — admiti, um pouco constrangida.
Um pequeno sorriso curvou seus lábios, trazendo de volta parte do calor que antes estava ausente.
— Então vem comigo. Eu te levo lá. — Ele estendeu o braço de maneira quase teatral, e eu, sem pensar duas vezes, aceitei.
Enquanto caminhávamos juntos, senti um arrepio percorrer minha espinha. Não era o tipo de frio que vinha de fora, mas aquele que nasce de uma sensação inconfundível: alguém estava me observando.
Meus passos diminuíram, e meu olhar foi instintivamente atraído para o fim do corredor. Foi quando a vi.
Ye-ji.
Ela estava encostada contra a parede, as mãos cruzadas na frente do corpo. Seus olhos castanhos, tão profundos que pareciam segredos escondidos em um poço sem fundo, estavam fixos em mim. Sua expressão era indecifrável, mas havia algo sombrio em sua postura que fez meu coração acelerar.
Por um breve momento, nossos olhares se encontraram. Foi como se o tempo tivesse parado, e o corredor cheio de vozes e passos se dissolvesse ao nosso redor. Ela não piscou. Não demonstrou surpresa, nem raiva. Apenas... observou.
Então, sem aviso, ela se afastou da parede e começou a caminhar para longe. Não olhou para trás nem por um segundo.
Fiquei ali parada por alguns instantes, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Algo em mim sabia que aquele olhar não tinha sido casual. E que, de alguma forma, aquilo era só o começo.
Três anos atrás...
— Nós seremos os ÚNICOS calouros a ir ao baile de formatura este ano! — Mi-hi exclamou, sua voz quase ecoando pelo corredor enquanto balançava os braços no ar, como se estivesse proclamando uma vitória épica.
Revirei os olhos para o entusiasmo exagerado dela, como fazia em 90% das vezes que estávamos juntos. — Mi-hi, o baile de formatura é só daqui a dez meses. Dez. Meses.
Ela franziu o nariz e me mostrou a língua, uma resposta clássica da Mi-hi. — E daí? Isso não significa que não podemos ficar animados! Você precisa aprender a viver o momento, Sung. Qual é o seu problema?
Eu suspirei. Antes que pudesse responder, ela inclinou a cabeça, o olhar brilhando com algo travesso. — Além disso, por que você não convida a Ye-ji? Aposto que metade dos garotos da escola já está ensaiando como fazer isso sem parecer idiota.
Minha boca abriu para responder, mas fechei em seguida. Um peso desconfortável se instalou no meu estômago. Ela percebeu. Claro que percebeu. Mi-hi sempre percebe tudo.
Ela deu de ombros, mudando de assunto rapidamente. — Seja como for, acho que deveríamos começar a planejar nossos trajes agora. Não vou te deixar aparecer com aquele terno horrível que você usou no casamento do seu primo.
Enquanto ela tagarelava, andávamos em direção ao refeitório. O corredor estava cheio de vozes e passos apressados, mas minha atenção foi capturada por algo – ou melhor, alguém.
Um garoto alto com cabelos negros que caíam como seda brilhante estava parado perto dos armários, parecendo deslocado e, de certa forma, atento demais.
— Olha ali, é o Jae. — Falei, apontando discretamente.
Mi-hi parou e imediatamente fez uma careta dramática, cruzando os braços. — Ugh, por favor, vamos para o outro lado. Eu não suporto ele.
Fitei-a com um olhar de censura, cutucando-a com o cotovelo. — Isso não é legal, Mi-hi. Ele nunca fez nada pra você.
— Talvez não diretamente, mas ele me dá arrepios, Sung. — Ela deu de ombros e franziu o nariz de novo. — Você nunca percebeu como ele olha para a Ye-ji? É tipo... assustador. Como se ele estivesse obcecado ou algo assim.
Eu não podia negar. Já tinha notado os olhares longos e silenciosos que Jae lançava para Ye-ji, mas, para ser justo, ele não era o único. Ye-ji era como um farol em uma tempestade, chamando atenção de todos os lados. Jae só era... mais evidente, talvez.
— Ei, relaxa. — Falei, tentando aliviar o clima. — Olha, por que você não vai na frente? Vai guardando um lugar pra gente no refeitório. Eu vou falar com ele rapidinho e já te encontro lá.
Mi-hi estreitou os olhos para mim, claramente não gostando da ideia, mas acabou suspirando e balançando a cabeça. — Tudo bem, mas não demora.
Ela foi embora, desaparecendo na multidão. Eu inspirei fundo, me perguntando o que exatamente eu diria a Jae. Talvez ele só precisasse de alguém para conversar. Talvez ele só estivesse perdido, como tantos outros aqui.
Ou talvez Mi-hi estivesse certa, e Jae fosse mesmo estranho.
Respirei fundo, reunindo toda a coragem que eu nem sabia que possuía, antes de dar os primeiros passos na direção de Jae. Ele estava distraído, mexendo em algo dentro de seu armário, os ombros tensos como se carregassem o peso do mundo.
— Ei, Jae, tudo bem? — Minha voz soou mais animada do que eu esperava, quase artificial.
Ele parou de fuçar no armário e virou o rosto para me encarar, seus olhos castanhos se arregalando de surpresa. Por um breve segundo, ele parecia vulnerável, quase desconcertado.
Forcei um sorriso amigável, tentando quebrar o gelo. — O que você achou daqui até agora?
Houve um momento de silêncio. Um momento longo demais. Seus olhos, antes arregalados, se estreitaram em uma expressão carregada de desconfiança.
— Que porra você quer? — Ele retrucou, cada palavra cortante como uma lâmina afiada.
Meu sorriso vacilou, mas tentei não demonstrar que suas palavras tinham me afetado. — Eu só queria... — comecei a explicar, mas ele me cortou sem a menor cerimônia.
— Eu não me importo. — Sua voz era gélida, carregada de uma raiva que eu não conseguia compreender.
Ainda atordoado, perguntei: — Desculpe, fiz algo que te ofendeu?
Ele bufou, fechando o armário com força. — Sim, fez. — Seus olhos frios se cravaram nos meus, e ele continuou, a voz agora cheia de desprezo: — Sua existência já é o suficiente para me ofender.
Minhas sobrancelhas se ergueram em um misto de choque e incredulidade. Certo, talvez Mi-hi estivesse certa sobre ele.
Respirei fundo, tentando não me deixar abalar, mas minha paciência estava começando a se esgotar. — Olha, eu só estava tentando ser legal, mas claramente você tem seus próprios problemas para lidar. — Levantei as mãos em um gesto de rendição fingida.
Ele soltou uma risada seca, sem humor algum, antes de dar um passo em minha direção, seus olhos duros e implacáveis. — Você acha que é perfeito, não é? Que tem tudo a seu favor agora? — Sua voz era carregada de amargura. — Espere só até perder tudo: sua popularidade, seus amigos e, o mais importante, Ye-ji.
Meu coração parou por um instante.
— Vou garantir que você acabe sem nada — ele continuou, um sorriso sádico curvando seus lábios.
Minha boca abriu em choque, mas antes que eu pudesse reagir, uma voz familiar ecoou pelo corredor.
— Sung-min!
Virei a cabeça e vi Ye-ji correndo em nossa direção, os cabelos negros esvoaçando com o movimento. Ela parecia aliviada por ter me encontrado.
— Aí está você! Estava te procurando em todos os lugares. — Sua voz era doce, carregada de uma familiaridade que me trouxe uma sensação de conforto.
Sem hesitar, ela passou o braço pela minha cintura, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Mas quando seus olhos encontraram os meus, sua expressão se transformou em preocupação.
— O que aconteceu? — Ela perguntou, a voz suave, mas firme.
Antes que eu pudesse responder, Jae interrompeu, sua postura e tom de voz mudando completamente.
— Oi, Ye-ji. — Ele disse, como se a hostilidade de segundos atrás nunca tivesse existido.
Eu quase não acreditei no que estava vendo.
Ye-ji inclinou a cabeça, reconhecendo-o. — Ah, Jae, certo? — Ela ofereceu um sorriso caloroso.
Isso está realmente acontecendo?
— Você é novo aqui? — Ela perguntou, simpática como sempre.
Ele assentiu, um sorriso encantador iluminando seu rosto.
— Espero que você goste daqui — ela disse com uma risadinha, antes de me puxar pelo braço. — Vamos, Sung-min, estou morrendo de fome, e o horário de almoço está quase acabando.
Ainda perplexo com o que acabara de acontecer, deixei que ela me arrastasse pelo corredor.
— Vejo você por aí? — A voz de Jae soou atrás de nós, agora incrivelmente educada.
Ye-ji virou-se para acenar de forma amigável. — Claro!
Assim que nos afastamos, ela apertou minha cintura e comentou, despreocupada: — Ele parece legal.
Balancei a cabeça, tentando encontrar palavras para responder. — Sim. Legal. — Murmurei, mais para mim mesmo do que para ela.
Mas por dentro, eu estava fervendo. Se ele acha que vai mexer comigo ou com Ye-ji, ele está muito enganado.
Adentramos a cafeteria, o aroma acolhedor de café fresco misturado ao doce toque de caramelo no ar me envolvendo como um abraço invisível. Aquele lugar era mais do que um ponto de encontro, era quase como um santuário onde o mundo lá fora perdia sua força e só importava o que acontecia entre aquelas paredes.
Meus olhos logo encontraram Mi-hi e Hye, já acomodados na nossa mesa habitual, perto da grande janela que deixava a luz do fim de tarde banhar o espaço. Mi-hi, com sua energia inconfundível, começou a acenar de forma exagerada assim que nos viu, como se não fôssemos percebê-la de outra forma. O entusiasmo dela era contagiante, e mesmo sem querer, senti um sorriso brotar em meu rosto.
Enquanto me aproximava, observei os sorrisos radiantes deles, a maneira como pareciam genuinamente felizes por estarmos todos juntos. Meu coração se aqueceu com aquela cena. Por um momento, todos os pensamentos turbulentos que Jae tinha plantado na minha mente se dissolveram como açúcar no café quente. Só existia aquilo. Nós. O agora.
E naquele instante perfeito, tive a ingênua e doce ilusão de que seria assim para sempre. Que aquele fragmento de felicidade simples e despretensiosa seria eterno. Eu não queria que nada mudasse.
Mal sabia eu que a vida, com seu humor cruel, estava prestes a me surpreender. Que aquele pequeno mundo que eu tanto prezava estava por um fio e prestes a desmoronar.
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