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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟔

Três anos atrás

A campainha tocou, interrompendo o silêncio confortável do meu quarto.
Franzi a testa. Já passava das onze da noite, e ninguém tinha avisado que viria. Um arrepio percorreu minha espinha—não de medo exatamente, mas de estranhamento. Quem bateria na porta a essa hora?

Me levantei da cama, andando descalço pelo chão frio até a porta. Espiei pelo olho mágico e, ao reconhecer a figura parada do lado de fora, meu corpo relaxou.

Mi-hi.

Ela estava ali, os braços cruzados, o rosto iluminado apenas pelo fraco brilho da luminária do corredor.

Abri a porta sem hesitar. — Oi, Mi-hi. Está tudo bem?

Ela revirou os olhos, soltando um suspiro cansado. — Ye-ji e Soo-min estão brigando de novo. Preciso de paz e sossego antes que eu mesma jogue um travesseiro na cabeça de cada uma delas.

Soltei uma risada curta e me afastei para que ela entrasse. Mi-hi não precisava de convite, já era praticamente parte da casa. Ela entrou como se aquele fosse seu próprio quarto, caminhando direto para dentro enquanto chutava os sapatos no caminho.

— Quer assistir alguma coisa? — perguntou, já se jogando na minha cama como se soubesse que a resposta seria "sim".

Fechei a porta e me virei para encará-la, um sorriso surgindo sem que eu percebesse. — Rainha das Lágrimas?

Os olhos dela brilharam.

— RAINHA DAS LÁGRIMAS! — ela gritou animadamente, pegando o controle remoto como se fosse uma espada na batalha.

E assim, a noite seguiu como tantas outras antes dela. Pegamos lamen da cozinha e nos aninhamos sob as cobertas, nossos olhos grudados na tela enquanto acompanhávamos cada cena com intensidade quase religiosa. Quando a tragédia do episódio bateu forte — o filho dos protagonistas partindo de forma cruel demais — Mi-hi desmoronou. Ela soluçava baixinho ao meu lado, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto tentava comer mais uma garfada de lamen.

E eu? Bem, fingi que não estava com os olhos marejados também.

O tempo escorreu pelos nossos dedos sem que percebêssemos. Quando finalmente desliguei a TV, piscando para afastar o cansaço, o relógio já marcava quase três da manhã.

Mi-hi soltou um bocejo longo e se aconchegou ainda mais no meu travesseiro. Seu cabelo bagunçado caía sobre os olhos, e eu sabia que ela não ia embora tão cedo.

Sorri e deitei ao lado dela, puxando o cobertor para nos cobrir. O silêncio foi confortável, tranquilo, até que a voz dela rompeu a escuridão.

— Ei, Sung-min?

— Hm?

Ela hesitou por um segundo antes de continuar, a voz mais suave agora.

— Você é como o irmão que eu sempre quis. Obrigada por estar aqui.

O cansaço sumiu por um instante. Virei o rosto na direção dela e sorri, mesmo sabendo que ela não poderia ver na penumbra do quarto.

— Você também é minha irmã. — Sussurrei de volta.

E então, finalmente, o silêncio nos envolveu por completo. Fechei os olhos e deixei o sono me levar, sabendo que, pelo menos naquela noite, tudo estava no lugar certo.

— Ei, Sung-min? — A voz suave de Mi-hi cortou o silêncio da noite, um sussurro hesitante no escuro.

Eu suspirei, sentindo o sono pesando sobre mim. — Hum?

Ela hesitou por um instante, como se estivesse escolhendo bem as palavras antes de falar. — Sabe... Se um dia você e a Ye-ji se casassem, nós poderíamos ser irmãos de verdade.

Abri os olhos imediatamente e me virei para encará-la, o cansaço dando lugar à indignação. Sem pensar duas vezes, bati de leve no braço dela, e Mi-hi explodiu em uma gargalhada abafada, tentando conter o som.

— Você é impossível, Mi-hi. — Murmurei, mas não consegui evitar o pequeno sorriso que surgiu em meus lábios.

O riso dela se dissolveu aos poucos, dando lugar a um silêncio tranquilo. O tipo de silêncio confortável que só existe entre pessoas que se conhecem tão bem que as palavras se tornam desnecessárias.

A brisa noturna era fresca e gentil, embalando nossos pensamentos na escuridão. Então, depois de um tempo, ouvi sua voz novamente, quase um sopro contra a quietude ao nosso redor.

— Ei, Sung-min?

Dessa vez, eu sorri antes de responder. — Sim, Mi-hi?

Ela demorou um segundo para continuar, e quando finalmente falou, sua voz estava mais baixa, carregada de algo que parecia um toque de vulnerabilidade.

— Nós sempre seremos irmãos, certo? Não importa o que aconteça... Sempre estaremos lá um para o outro?

Virei meu rosto na direção dela, mesmo sem enxergar direito na penumbra do quarto. Havia algo na maneira como ela disse aquilo, um medo sutil escondido entre as palavras.

— Sempre, Mi-hi. — Sussurrei de volta. — Não importa o que aconteça.

Ela soltou um suspiro longo, como se tivesse esperado aquela resposta a noite inteira. Pouco a pouco, sua respiração foi ficando mais lenta e tranquila, sinal de que estava cedendo ao sono.

Fechei os olhos logo em seguida, deixando que o mundo ao nosso redor desaparecesse na escuridão.

Soltei um suspiro pesado, tentando, sem sucesso, focar no trabalho à minha frente. As palavras embaralhavam diante dos meus olhos, e minha mente insistia em vagar para lugares onde eu não queria que ela fosse. Era como se cada pensamento meu estivesse preso em uma névoa densa, me impedindo de realmente prestar atenção no que precisava ser feito.

O som do meu telefone vibrou contra a mesa, um som baixo, mas que ecoou como um trovão na minha cabeça. Meu coração deu um leve salto quando vi o nome na tela. Hye.

Com um deslizar de dedos, abri a notificação.

"Eu te enviei minhas anotações antigas por e-mail. Elas vão te ajudar a estudar. Hye."

Fechei os olhos por um segundo, absorvendo o peso daquela simples mensagem. Eu realmente precisava de toda a ajuda possível. Hye sabia disso. Ele sempre sabia.

Provavelmente ele enviou para minha conta de e-mail antiga. Fazia tanto tempo que eu sequer lembrava da última vez que a tinha acessado.

Respirei fundo e digitei minhas credenciais. Assim que entrei, uma avalanche de mensagens inundou minha tela. Spam, anúncios, notificações irrelevantes. Passei os olhos distraidamente por cada linha, sentindo o tempo pesar sobre mim. Três anos. Era a primeira vez que eu voltava ali depois de três anos inteiros.

Então, vi.

O nome.

Um choque frio percorreu minha espinha, e meu estômago se contraiu como se eu tivesse despencado de um prédio alto. Meus dedos pararam sobre o mouse, incapazes de se mover. O nome estava ali, brilhando entre os outros e-mails insignificantes.

Yuna.

O ar pareceu ficar mais pesado ao meu redor. Meu coração, que um segundo antes estava batendo rápido demais, agora parecia ter parado completamente.

Ela me enviou um e-mail.

Não só um.

Dez.

Dez e-mails. Dez mensagens que ficaram presas ali, esperando para serem lidas.

Engoli em seco, sentindo minhas mãos trêmulas clicarem na primeira. A mais antiga.

Três anos atrás.

O tempo pareceu se curvar ao meu redor enquanto a tela carregava. E, pela primeira vez em muito tempo, senti o passado me puxar de volta, como se estivesse tentando me contar algo que eu já deveria saber.

“Ei, Sung-min.

Já faz sete dias. Sete longos dias desde que você foi embora.

Ouvi falar sobre o que aconteceu, e meu coração se apertou como se algo estivesse tentando me esmagar por dentro. Eu queria tanto estar aí com você, mas entendo... Entendo que, às vezes, o mundo pesa demais e a gente só precisa de um tempo para respirar. Só queria que você soubesse que a sua ausência deixou um buraco aqui. Todos sentimos. Eu sinto.

Ye-ji... Ela está um desastre, para dizer o mínimo. Desde que você partiu, é como se tivessem arrancado algo dela. Ela não fala, não ri, não olha nos olhos de ninguém. Tentei perguntar o que houve entre vocês, mas ela se fecha como se tivesse medo de dizer em voz alta. Como se as palavras pudessem torná-lo ainda mais distante.

Ela brigou com Soo-min. Feio. Nunca vi nada parecido entre elas. Gritos, lágrimas, palavras que não podem ser retiradas depois de ditas. E por mais que ninguém tenha falado abertamente... Sei que, de alguma forma, tem a ver com você. Com a sua falta.

Gostaria de poder fazer alguma coisa para aliviar sua dor, Sung-min. Se eu pudesse, pegaria uma parte dela para mim, dividiria esse peso com você. Mas tudo que posso oferecer são palavras, e palavras nem sempre são suficientes, não é?

Eu sempre admirei sua força. Você sempre encontrou um jeito de seguir em frente, mesmo quando tudo desmoronava ao seu redor. E eu acredito que vai conseguir de novo. Sei que vai.

Estou aqui, Sung-min. Sempre estarei.

Amo você.

Sua amiga, Yuna.”

Meus dedos tremiam quando terminei de ler. Um soluço escapou antes que eu pudesse contê-lo.

Ah, Yuna...

Eu sinto muito.

Me levantei, pegando as chaves do carro na mesa com dedos ansiosos.

Antes que percebesse, já estava dirigindo, o motor rugindo como se sentisse minha urgência. O caminho era familiar. O destino, inevitável.

O cemitério.

O único lugar onde eu ainda podia estar com Yuna.

O céu estava tingido de tons suaves de lilás e dourado quando cheguei ao cemitério. O vento frio de fim de tarde sussurrava entre as árvores, carregando consigo o cheiro úmido da terra recém-revolvida e o sutil perfume das flores deixadas sobre os túmulos.

Meus passos desaceleraram quando avistei a lápide de Yuna – e, diante dela, uma figura familiar.

Mi-hi.

Ela estava sentada no chão, as pernas dobradas contra o peito, os braços envolvendo os joelhos. Seus ombros estavam curvados, e mesmo de longe, percebi o leve tremor em seu corpo. Meu coração apertou.

— Mi-hi? — chamei baixinho.

Ela ergueu a cabeça num movimento brusco, os olhos arregalados e vermelhos de tanto chorar. O rosto manchado de lágrimas me atingiu como um soco no estômago. Por um instante, parecia que ela nem me reconhecia. Apenas me olhou, vazia, como se estivesse em um lugar muito distante.

Eu quis correr até ela, abraçá-la, dizer que tudo ficaria bem — mesmo sabendo que não era verdade. Em vez disso, minha voz saiu trêmula.

— Me desculpe, Mi-hi. Me desculpe por não estar aqui para você e para Yuna quando vocês precisaram de mim.
As palavras pesavam em minha boca como pedras.

As palavras pesavam em minha boca como pedras.

— Não vou justificar minhas ações, porque não posso. Fui egoísta. Achei que era o único que estava sofrendo. Mas você sempre esteve lá para mim quando precisei… e eu falhei com você. Eu entendo se me odiar. No seu lugar, eu também me odiaria.

Ela continuou me encarando, sua expressão ilegível. Eu respirei fundo, desviando o olhar.

— Vou embora agora. Volto mais tarde.

Girei nos calcanhares e comecei a me afastar. Mas então, sua voz me parou.

— Fica.

Parei no mesmo instante.

Virei-me devagar e encontrei seu olhar. Desta vez, havia algo diferente ali. Uma súplica silenciosa.

— Por favor, Sung-min. — sua voz quase se quebrou. — Eu não quero ficar sozinha hoje.

Engoli em seco. Meu peito se apertou, e sem hesitar, fui até ela. Abaixei-me e me sentei ao seu lado. Não dissemos nada por um tempo. Apenas ficamos ali, encarando a lápide, a presença de Yuna ainda pairando entre nós, invisível, mas inegável.

— Hoje faz um ano. — Mi-hi murmurou, sua voz quase engolida pelo vento.

Assenti, sentindo minha garganta arder.

— Eu sinto tanta falta dela. — minha voz saiu entrecortada.

— Eu também. — Mi-hi sussurrou.

Um silêncio pesado caiu entre nós, apenas quebrado pelo farfalhar das folhas ao nosso redor. Então, de repente, senti seus braços ao meu redor. O calor de seu abraço me envolveu, e meu peito cedeu a um soluço abafado.

— Sinto muito pela sua mãe. — ela disse, sua voz carregada de uma ternura que eu não esperava.

Fechei os olhos por um momento, tentando conter as lágrimas.

— Senti sua falta, Mi-hi.

Ela se afastou apenas o suficiente para me olhar nos olhos. Seu rosto estava vulnerável, mas havia algo mais ali. Algo que eu não via há muito tempo.

— Eu também senti sua falta, Sung-min. — ela suspirou. — Desculpe por ter sido tão dura com você antes. Mas eu entendo por que você escolheu ir embora. Claro que entendo.

Seus dedos apertaram os meus com leveza.

— Eu te amo.

Aquelas palavras, simples e sinceras, quebraram algo dentro de mim. Como se uma corrente invisível que me prendia ao passado finalmente tivesse se rompido.

O peso que carregava no peito se dissipou um pouco.

Nós estávamos bem. Éramos amigos novamente.

Não havia mais nada a ser dito.
Apenas ficamos ali, juntos, abraçados sob o céu do entardecer, enquanto lágrimas silenciosas deslizavam por nossos rostos.

Yuna se foi.

Mas, de alguma forma, ela nos trouxe de volta um para o outro.

E isso… isso significava tudo.

Três anos atrás

A noite de domingo estava tranquila, daquele jeito que faz o tempo parecer mais lento. A casa inteira parecia adormecida, mergulhada no silêncio confortável que sempre vinha depois do jantar. Eu estava deitado na minha cama, a luz do abajur iluminando suavemente as páginas do livro em minhas mãos. Era um dos meus favoritos – já tinha lido tantas vezes que conhecia alguns trechos de cor, mas isso nunca diminuía o prazer de revisitar a história.

Então, do nada, minha porta se escancarou com um baque.

Ye-ji entrou sem cerimônia, como se o quarto dela e o meu fossem a mesma coisa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se jogou na minha cama, o colchão afundando um pouco com o impacto. Eu nem precisei olhar para saber que ela estava sorrindo daquele jeito travesso, porque era exatamente o tipo de coisa que Ye-ji fazia.

— O que você está fazendo? — Sua voz saiu arrastada, cheia de tédio, como se qualquer resposta minha fosse apenas um detalhe.

Mantive os olhos no livro.

— Lendo.

Curto e direto. Qualquer um teria entendido que isso significava: "Não me incomode." Mas Ye-ji nunca foi "qualquer um".

Antes que eu pudesse virar mais uma página, senti um puxão brusco, e, de repente, o livro que estava nas minhas mãos desapareceu.

— Ei! — Minha voz saiu indignada. — Eu estava chegando na melhor parte! Devolve!

Ye-ji revirou os olhos, segurando o livro como se ele fosse um brinquedo e eu, uma criança birrenta.

— Você já leu isso umas cem vezes, Sung-min.

— E daí? — retruquei, estreitando os olhos.

Ela me lançou um olhar divertido, inclinando a cabeça para o lado.

— Daí que você pode ler depois. Agora, vamos a uma festa.

Meu olhar imediatamente se tornou letal.

— Não, obrigado. Você pode ir sozinha. Agora devolva o meu livro.

Ye-ji apenas sorriu. Um sorriso travesso, o tipo de sorriso que significava problema.

— Não. Você não vai pegar de volta.
Ela ergueu o livro acima da cabeça, longe do meu alcance.

Ah, então era assim que ela queria jogar?

Senti minha paciência se esvaindo.

Ye-ji claramente subestimou minha determinação. Num movimento rápido, derrubei-a para trás na cama. Ela soltou um pequeno grito surpreso quando seu corpo caiu sobre os lençóis, e antes que pudesse reagir, arranquei o livro de suas mãos.

— Ha! — Levantei o punho, triunfante.
Minha vitória, no entanto, durou menos de um segundo.

Porque, no instante seguinte, Ye-ji se lançou para cima de mim com uma velocidade assustadora.

Um grito escapou da minha garganta quando, de repente, fui virado com força e imobilizado contra o chão. O impacto me fez perder o fôlego por um segundo, e antes que eu pudesse reagir, senti o peso dela sobre mim, seus joelhos pressionando os meus, suas mãos segurando meus pulsos com firmeza. Meu coração disparou, não só pelo susto, mas pela proximidade sufocante entre nós.

— É fofo como você realmente achou que poderia vencer. — A risada dela foi baixa, carregada de diversão, mas com uma ponta de provocação que me fez estremecer.

Ela estava tão perto. Perto o bastante para que eu sentisse o calor do seu corpo, para que sua respiração suave roçasse minha pele. O perfume dela era um misto de algo cítrico e doce, como tangerinas frescas em uma tarde de verão.

Nossos olhos se encontraram e, por um instante, o mundo pareceu desacelerar.

O brilho em suas íris me prendeu de um jeito que eu não conseguia entender. Alguns fios do seu cabelo escuro deslizaram sobre sua testa, parcialmente escondendo aqueles olhos afiados que pareciam sempre um passo à frente de mim. Seus cílios roçavam levemente suas maçãs do rosto altas, e antes que eu percebesse, estava segurando o fôlego.

Ela umedeceu os lábios, hesitante, antes de sussurrar:

— Sung-min, venha para a festa comigo. Por favor?

Havia algo na sua voz — uma vulnerabilidade inesperada, um pedido genuíno — que me fez engolir em seco. Meu peito subia e descia rápido demais, como se o ar tivesse ficado mais denso ao nosso redor.

— Eu… não posso ir a uma festa como essa. — Minha tentativa de protesto soou fraca, quase como se eu mesmo não acreditasse nela.

Oh, merda.

Por que minha voz saiu tão hesitante? Por que parecia que eu estava lutando contra mim mesmo mais do que contra ela?

Ela inclinou a cabeça de leve, os olhos avaliando cada mínima reação minha, como se estivesse decifrando um código secreto. Então, antes que eu pudesse sequer pensar em desviar o olhar, ela sorriu de um jeito pequeno, quase carinhoso.

— Você está lindo. Você sempre está lindo. — A voz dela caiu para um tom quase inaudível, como se fosse um pensamento escapando sem permissão.

Meu coração tropeçou em uma batida errada.

Minha garganta estava seca. Minhas mãos tremiam sob as dela.

Ela começou a se inclinar.

E eu não recuei.

Meus olhos se fecharam antes mesmo que eu percebesse. Era como se meu próprio corpo estivesse se movendo sozinho, como se alguma força invisível estivesse me puxando para mais perto. Meu queixo se ergueu levemente, e no segundo seguinte, meus lábios estavam a poucos milímetros dos dela.

Então, o som estridente de um telefone quebrou o momento como vidro se estilhaçando contra o chão.

Nós dois pulamos com o susto.

A realidade caiu sobre mim como um balde de água fria.

O que diabos eu estava fazendo?

Ela se afastou de mim num piscar de olhos, rápida demais, como se também tivesse sido arrancada de um transe. Os dedos dela tremiam levemente enquanto pegava o celular do bolso e atendia a ligação, a voz um pouco vacilante do outro lado da linha.

Foi então que notei.

Seus lóbulos das orelhas estavam tingidos de rosa.

Provavelmente da mesma cor do meu rosto.

— É o Hye. Ele está nos esperando na festa. — A voz de Ye-ji soou em meio ao silêncio do meu quarto, baixa, mas cheia de expectativa.

Meus olhos se arregalaram. — O quê? Agora? — Sentei-me na cama, puxando o cobertor para mais perto, como se isso pudesse me proteger da ideia absurda de sair de casa naquele instante. — Ye-ji, olha pra mim. Eu estou de pijama. P-I-J-A-M-A. Além disso, você acha mesmo que meus pais vão deixar?

Ye-ji suspirou dramaticamente, cruzando os braços. — Primeiro, ninguém vai se importar com a sua roupa. Segundo… — Ela sorriu, aquele sorrisinho presunçoso que sempre significava problema. — Eu já pedi permissão. Eles disseram sim.

Pisquei, processando as palavras. — Espera… O quê?

Ela deu de ombros, ajeitando a franja como se não tivesse acabado de jogar uma bomba. — Seus pais me amam, oras.

Meus ombros desabaram. Eu deveria saber. Ye-ji sempre conseguia o que queria.

Suspirei, olhando para a porta aberta, sentindo a inevitabilidade da situação me alcançar como uma onda.

— Eu odeio você. — Declarei, sem real convicção.

Ye-ji apenas riu, já dando meia-volta pelo corredor. — Você me ama!

Não consegui evitar um pequeno sorriso. Bufei, empurrando as cobertas para longe e me arrastando até o guarda-roupa.

Afinal… Era só uma festa.

O que poderia dar errado?

Mal sabia eu que, em poucas horas, o caos absoluto estaria prestes a acontecer.

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