Haviam se passado duas semanas desde que o primeiro aluno foi petrificado. O ar de medo se agigantou por toda a escola, e com isso, a rivalidade entre as casas só aumentou. Nas aulas, os alunos de Sonserina eram discriminados por todas as outras casas. Até mesmo alguns professores começaram a destratar os alunos da casa, como se tudo fosse culpa deles. Deles todos, menos de Silena. Todos os alunos e professores esperavam que ela resolvesse o mistério do que estava acontecendo.
          O que era engraçado, já que ela tinha um irmão mais velho na escola, tão Potter quanto ela. Mas a menina então notou que ele não era tão Potter quanto ela, já que seus cabelos eram louros e seus olhos eram azuis profundos, lembrando Luna Lovegood mais do que qualquer coisa. Mas ela, ela seria a personificação do Menino Que Sobreviveu se usasse óculos e tivesse uma cicatriz na testa. E é claro, se fosse da Grifinória.
         Quando o segundo aluno fora petrificado porém, foi que as coisas ficaram mil vezes mais preocupantes. Os alunos de Lufa-Lufa, Grifinória, e até mesmo alguns da sensata Corvinal evitavam passar perto dos sonserinos, ignorando-os completamente ou os expulsando do lugar onde se encontravam.
       O medo era rei na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Mas também, quem poderia culpá-los? Afinal, pessoas virando pedra assim só poderia significar uma coisa, que a Câmara Secreta havia reaberto, e que, se a ela realmente estava aberta, havia um herdeiro de Slytheryn à solta. E todos sabem quem era o herdeiro de Slytheryn nas duas vezes que a Câmara havia se aberto anteriormente.
        Os professores tentaram ao máximo abafar o caso, tanto que O Profeta Diário não tinha tomado ciência da situação em que Hogwarts se encontrava. O Professor Potter havia saído da escola por um tempo, para pôr as ideias do lugar e Draco Malfoy estava lecionando Defesa Contra Artes das Trevas, enquanto Hermione Granger  secretamente usava seu vira tempo para ensinar Poções e Transfiguração ao mesmo tempo.
O segundo ataque ocorreu numa segunda feira. Naquele dia, todos pareciam ter esquecido o medo e o perigo, para comentar sobre o Halloween, que seria no sábado daquela mesma semana.
Três alunos do terceiro ano brincavam pelos corredores, fazendo pegadinhas e brincadeiras com aqueles que passavam. Eles andavam pelos corredores quando viram uma aluna do quinto ano parada em pé como uma estátua, com um pincel de maquiagem pousado sobre a bochecha e um olhar assustado para seu espelho de mão.
Naquela semana, nem mesmo os monitores-chefes saíram de suas camas, proibidos de fazer a ronda. O Profeta Diário apareceu no dia seguinte com as feições preocupadas de Minerva McGonagall. Minerva se aposentaria no ano que vem, mas devido aos acontecimentos recentes, ninguém confiava em outra pessoa para dirigir a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Silena ainda ouvia aquelas vozes estranhas na sua cabeça, que ficavam mais fortes quando ela se aproximava da Câmara Secreta. Boa parte dos alunos de Hogwarts sabiam onde estava a Câmara e muitos deles já tentaram entrar nela. Mas algum feitiço desconhecido impedia qualquer aluno ou professor de entrar, repelindo-os com um choque.
Silena e seus amigos não haviam tentado ainda, mas os três sabiam que se havia alguém naquela escola que poderia entrar lá, este alguém era Silena.
Os três procuraram em todos os livros permitidos da biblioteca e fizeram perguntas discretas aos professores, para que descobrisse, mais sobre aquele mistério. Mas a verdade é que tudo o que se sabia sobre a Câmara Secreta fora escrito na biografia de seu avô. Só havia uma única outra pessoa viva além de Harry que conheceu a Câmara: Ronald Weasley. Mas o velho senhor Weasley havia praticamente sumido do mapa, o que deixava as crianças sem muitas opções.
       Falar com Hagrid era quase impossível, já que ele praticamente só dormia, naquela idade e desconversava todas as vezes que tocavam no assunto.
        O pior de tudo era que mesmo que tentassem evitar, era quase impossível não se perguntar quem seria o herdeiro de Tom Riddle. Não haviam muitos registros sobre sua linhagem, o que deixava aquele trio ainda mais ás cegas (se é que é possível se tornar ainda mais cego do que antes). E Silena sabia que estavam deixando algo passar, isso parecia cada vez mais óbvio. Foi então que ela teve uma ideia arriscada, mas genial.
       -Você está completamente insana!- Disse Diego, arregalando os olhos para a amiga.
       -Por incrível que pareça, eu concordo com ele. Sem chance, de jeito nenhum isso daria certo!-Diz Ester, tão preocupada quanto Malfoy.
       -É porque não? Sabemos que os Veratti fariam isso por uma quantia fácil de dinheiro. Eu ganhei um pouco do meu avô, acho que é mais do que suficiente. Os monitores não podem estar em quatro lugares ao mesmo tempo, sabemos que a ronda é feita dois a dois. E além disso, vai ser fácil. É só não fazer barulho, se manter nas sombras. -A Potter olha para eles, com os olhos luzindo de animação.- Nós ainda conseguimos uma ajudinha extra daquele garoto de cabelo ensebado que dá em cima da Ester.
       -Ele tem um nome e não tem o cabelo ensebado nem dá em cima de mim!- Se defendeu Ester Zabini, cruzando os braços, de mau humor.
        -Então como sabe de quem estamos falando?-Perguntou Diego, rindo.
        Ester mostra a língua pra ele, cruzando os braços.
        Eles estavam no salão comunal de Sonserina, cedo demais para que qualquer aluno em sã consciência os interrompesse.
        -Como se eu não soubesse que você é caidinha pela Iris!- Falou a morena.
        -Merlim que me livre! Aquela garota é insuportável!- Riu Diego Malfoy.
        -Não aceito ser uma das madrinhas do seu casamento se ela for a noiva!- Disse Silena- O brilho daquele sorrisinho vai ofuscar o vestido.- Gargalhou.
         Diego se levantou, ainda rindo, assim como as duas meninas.
        -Vamos tomar café. Eu estou morrendo de fome!- Diz Ester, com a mão na barrica.
        -Ah, eu também, minha barriga está roncando!- Lamenta-se a jovem Silena.
        -Cuidado, desse jeito vão acabar pior que a Professora Sprout. - Zoou Malfoy.
        Silena lhe deu um tapa em resposta, bem a tempo de Diego calar a boca, vendo seu avô passar como um turbilhão pelas masmorras.
        -Bom dia crianças.-Disse ele, com um olhar frio.
        -Bom dia.-Responderam, segurando o riso.
        Assim que o Professor Malfoy havia sumido de vista, os três caíram na gargalhada.
        -Mais um segundo e nós poliríamos todos os troféus da escola!- Falou Sil.
        -Talvez pior que isso. Uma vez, meu primo falou mal de uma professora e o vovô o fez vomitar lesmas por seis horas!- Disse Diego.
        -Meu Merlim! Pois é o que digo. Meu tapa salva vidas.- Silena sorri, andando calmamente com seus amigos até o corredor principal, sem nem notar que um peculiar par de olhos os observava, protegido pelas sombras.