Foi confirmado que o meteoro Hudson entrará em colisão com a Terra dentro de dezoito dias. Apesar da notícia inicial não ser promissora a NASA em parceria com a China e a Rússia já estão estudando maneiras para evitar que o impacto seja destrutivo para a humanidade. O governo britânico pede que todos mantenham a calma...

Não terminei de escutar o aviso. Simplesmente levantei da minha cadeira e saí correndo. Meu peito estava acelerado. Eu não tinha um bom condicionamento físico, mas mesmo assim corri como se a minha vida dependesse disso.

Pelo visto não dependeria de qualquer forma porque todos iríamos MORRER!

É um sinal dos tempos! Pensei.

Saí de escola correndo em direção ao pátio, perto das árvores.

Eu precisava de oxigênio, meu peito doía. Eu tentava respirar e não conseguia.

Apalpei meu bolso buscando a minha bombinha e não encontrei, provavelmente estava na minha mochila.

Merda! Agora eu ia morrer antes da hora e por causa de um ataque de asma.

Isso Harry, parabéns! Pensei comigo.

Continuei tentando respirar e sem conseguir. Pensava na minha mãe e na minha irmã. No quão chateadas elas ficariam sabendo que eu morri de um ataque de asma por ter entrado em pânico com a notícia do meteoro. Meu deus! Gemma ia me ressuscitar só para me matar novamente.

Ouvi passos se aproximando, talvez não fosse o fim. Por agora.

─ Puta merda Harry! Você tá bem?

Deus se for da tua vontade me leve agora! De todas as pessoas daquela escola porque justo Louis Tomlinson apareceu em meu socorro?

─ O que você tem? Ele perguntou novamente.

Eu não conseguia falar. Tentava puxar o ar pesadamente, me esforçando ao máximo para continuar respirando.

─ Você está tendo um ataque de asma, é isso? Tomlinson perguntou. Ou deduziu eu não sei.

Acenei de forma frenética concordando com ele. Talvez morrer diante de Louis fosse um último presente de Deus para mim. Uma última visão bela que me permitiria partir em paz. Vejo Louis pegar o celular de forma nervosa e ligar para alguém.

─ Calvin escuta! Eu preciso que você saia da sala agora e traga com você a sua bombinha de asma! O Harry está tendo uma crise... Não, eu não sei onde tá a bombinha dele... Estamos aqui no pátio perto das árvores... Vem rápido e não deixa a Gemma saber! Ele falou desligando em seguida.

Achei gentil da parte dele não contar pra Gemma. Louis é da mesma turma que a minha irmã e eles são bem amigos. Sempre tive um crush por ele e mais do que nunca estava odiando não conseguir respirar na frente dele.

Deus por favor acabe logo com o meu sofrimento!

─ Fica calmo Harry, o Calvin vai vir ajudar a gente! Preciso que você se concentre em mim um pouco okay?! Louis falou.

Ele não sabia que tudo que ele fazia me chamava atenção. Louis era como o sol em pessoa, todos eram atraídos pela sua luz. Vê-lo ali tentando me ajudar fazia com que meu coração batesse mais rápido e a dificuldade de respirar aumentasse.

É isso! Vou morrer diante dos olhos azuis mais bonitos que já vi na vida. Bem poético. Pensei. 

─ LOUIS! Ouvi alguém chamando.

─ AQUI CALVIN! Louis respondeu.

Meio esbaforido, Calvin apareceu perto de nós com uma bombinha de asma na mão. Rapidamente Louis pegou e administrou o remédio em mim.

─ Isso Harry! Você está indo bem, você consegue respirar, tudo vai ficar bem, Louis falava procurando me acalmar.

Aos poucos senti que meu peito doía menos quando eu respirava. Meu coração ainda estava um pouco acelerado, mas acho que agora era devido à presença de Louis ali comigo.

─ Você está se sentindo melhor Harry? Calvin educadamente perguntou.

Ainda não me sentia bem parar falar então só acenei confirmando enquanto sentia a minha respiração normalizar. Agora que as coisas pareciam que estavam em seu devido lugar, meus pulmões funcionando e meu coração batendo compassadamente, a vontade de chorar veio com tudo.

Eu sentia os olhos de Louis ainda sobre mim, provavelmente se perguntando o que agora estava errado.

─ Calvin, você pode voltar pra sala bro. Vou levar o Harry na enfermaria só por precaução, sabe como é né?! Louis disse.

─ Tudo bem. Fica com a bombinha aí, quando voltar você me devolve. Melhoras Harry, Calvin falou.

─ Obrigado! Respondi, com a minha voz saindo meio trêmula.

Alguns segundos ou minutos se passaram, até que eu ouvisse a voz de Louis novamente.

─ Estamos só eu e você agora Harry. Pode chorar se quiser. Ele falou com cuidado.

E como uma barragem tivesse se rompido as minhas lágrimas começaram a escorrer sobre o meu rosto. Com certa cautela Louis se aproximou de mim e me abraçou. E por mais que eu desejasse aquele abraço em outro contexto não pude deixar de me sentir cuidado por garoto de olhos azuis.

Pensar que Louis se importava comigo fazia eu sentir menos vergonha de estar chorando como um tolo da sua frente. Aos poucos, a medida que meu choro foi cessando, pude reparar que Tomlinson fazia um gostoso carinho nos meus cachos o que me deixou um pouco envergonhado.

─ Desculpa por toda essa cena, falei constrangido.

─ Não precisa pedir desculpas Harry. Você estava passando mal, o mínimo que eu poderia fazer era tentar te ajudar, ele falou.

─ Porque o Calvin tem uma bombinha de asma com ele? Perguntei curioso.

─ Porque ele tem asma desde criança. Eu já o ajudei algumas vezes, assim como já fiquei com ele no hospital durante algumas crises bem ruins que ele teve, Louis explicou.

─ Você é um amigo de ouro então, falei dando um sorriso.

E ali estava, o sorriso que me deixava encantado. Louis quando sorria formava ruguinhas no canto de seus olhos. Eu achava aquilo a coisa mais bonita que meus olhos já presenciaram.

Obrigada pelos mimos meteoro!

Porém a lembrança do meteoro fez com que a ansiedade me atacasse novamente.

─ Vamos morrer, falei de forma dolorosa.

─ Sim, e parece que antes do esperado né, Louis respondeu.

─ Você não tem medo? Perguntei.

─ Não exatamente medo... a primeira coisa que pensei é que estamos fodidos, mas agora eu tenho pensado em como aproveitar sabe, Tomlinson falou.

Aquilo realmente era uma nova perspectiva. Fiquei em silêncio pensando no que queria fazer agora que o mundo realmente tinha um prazo de validade.

─ acho que vou fazer uma to do list pros próximos dias, disse de maneira vaga.

─ Isso é uma excelente ideia Harry!

Bom, eu estava ali conversando com o meu crush supremo, o mundo ia acabar, então não custava nada eu me arriscar um pouquinho.

─ Louis, digamos que hipoteticamente eu faça uma to do list, você me ajudaria a realizar algumas das coisas que eu quero fazer antes do mundo acabar? Perguntei sentindo meu rosto em chamas.

O som da risada de Louis me aqueceu por dentro. Ele fica tão lindo sorrindo.

─ Te ajudo sim desde que conte pra Gemma. Porque se ela descobrir, nós morremos antes do mundo acabar, ele falou.

Bom, eu entendia o receio dele. Gemma era muito superprotetora comigo.

─ Prometo, falei esticando minha mão com o mindinho levantado em sua direção.

Ele juntou o mindinho dele ao meu selando a promessa.

─ Bom, agora eu vou te levantar a enfermaria só pra conferirem se está tudo bem com você. Enquanto isso, já pode ir pensando no que quer fazer nos próximos dias. Louis falou se levantando e me ajudando a levantar também.

Era isso! Agora eu teria que pensar com muita calma em coisas que eu realmente queria fazer nos meus próximos dias na Terra. Não tinha tempo para ficar chorando, a pouca vida que me restava deveria ser muito bem aproveitada.