Fechar os olhos, para uma pessoa que já sabe o que a aguarda em seu subconsciente enquanto vai dormir, é a pior hora do dia. Ter que encarar tudo aquilo que finge não saber ou finge esquecer.

Meu pesadelo, diferente dos de algumas pessoas, não acaba com o abrir de meus olhos. Ele não acaba.

Acordar, uma hora tão ruim quanto dormir as vezes. A hora que abro os olhos e percebo que nada mudou, que não acabou.

Dormir, ao menos estarei descansando, ao menos tudo que tenho de lidar é comigo mesma. Eu sei lidar comigo mesma, digo diversas vezes antes de dormir, antes de me deixar levar pelas ondas do mar. Mas eu afundo. Eu sufoco. Eu morro.

"Eu sei lidar comigo mesma." Uma mentira deslavada, mas que precisa ser repetida, que precisa ser processada em uma falha tentativa de controle. Não existe controle. Não existe parar. Apenas a montanha-russa desgovernada, com seus altos e baixos, suas quedas e erguidas, suas alegrias e medos.

Estou com medo. Estou com medo pois meu pesadelo tem nome. Tem rosto. Tem endereço. Meu pesadelo se repete. Meu pesadelo jamais acaba.

Meu pesadelo, sou eu mesma.