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Onde Está a Verdade?


– Ei, Holmes! Holmes, acorde! – Watson sacudia o amigo que permanecia caído.

–Hum...? – Murmurou Sherlock abrindo os olhos aos poucos. Ainda estava sob o efeito da substância. – Mas... O que...? – Estava confuso - Ah, aquela mulher me paga! – Lembrou-se enfim o que acontecera. – Que lugar é este?

– Um porão. Ainda estamos no hotel.

– Onde está a Rita? – Holmes agora se endireitava sentando no chão.

– Não sei. Mas ela virá. Ela falou algo como "ajuda" e "ficarmos seguros" (...).

– Esta mulher está nos enganando Watson. Precisamos ficar atentos e não acreditar em nada que ela disser. – Deu uma pausa encarando o dr – O que houve com seu nariz?

– Ah, ela ordenou que capangas nos prendessem. Tentei nos defender, mas sozinho não pude fazer tanta coisa. – Watson ainda bufava de ódio.

– Sei. – Holmes pensava. – Mostre-me aquele seu jornal.

Watson estendeu o jornal para o outro que abriu e leu em seguida:


"Some propriedade de uma rica família espanhola. Essa tal propriedade, uma caixa, não é encontrada nos cofres dos Valdéz e irmã é suspeita de roubo.

Outros informes não oficiais dizem conter muito ouro e jóias da família nesta caixa...".


A matéria continuava agora com coisas inúteis para o detetive que mirava rígido o jornal.

– Precisamos arrancar alguma informação daquela mulher, nos juntar a ela quem sabe, para escaparmos daqui.

Ouviram passos. Calaram-se.

– Ah! Que bueno que acordou, Sherlock. – Falou assim que abriu a porta encarando o detetive sentado, apoiado na parede. Virou-se para Watson e nada disse. – Precisamos esclarecer ciertas coisas. – Voltou-se para Holmes.

Holmes levantara-se. Watson preferiu permanecer sentado no chão e assim pegou seu bloco de anotações.

Eu que preciso esclarecer certas coisas, Rita. Por que me dopou?

– Queria ter a certeza de que não fugiria ou tentaria algo contra mim. Preciso de una valiosa información sua. – Falou a mulher sem pestanejar.

– O que quer então?

– Quiero mesmo saber se alguien foi hablar com você sobre esta caixa.

A mulher então caminhou até um grande caixote próximo e encostou-se nele ainda mirando Holmes. Apoiou suas mãos para trás cruzando as pernas. Holmes não resistiu em olhar rapidamente suas curvas.

– Não. Ninguém me falou nada sobre isso. Soube a pouco do que se trata pelo jornal de meu amigo aqui. – E apontou para Watson que observava os dois do chão. – No jornal diz que a irmã é suspeita por ter roubado a caixa do cofre de sua própria família, Srta Valdéz. E sinto que está muito preocupada em saber se vieram falar comigo. – Sherlock continuava com seu jeito astuto e levemente irônico.

– Oh, não, não, não! Não acredite em nada que disserem quanto a isso. Não fui yo quem roubou! Estão apenas querendo tirar lo que é meu! – Rita apontou para o próprio peito em um ato desesperado.

Holmes olhou de relance para Watson que franziu o cenho. Aquilo estava ficando confuso.

– Me prove então. – Sherlock arriscou. Watson agora se levantou permanecendo mais afastado no canto.

Rita então andou até o detetive, aproximando-se. Puxou levemente sua gola e perto de seu ouvido sussurrou:

– Posso soltá-los.

Sherlock a encarou confuso.

– Fica a seu critério. – Rita continuou – Se preferir os deixo aqui presos, com prazer.

– E o que ganha se nos soltar?

– Todas las informaciones que você conseguir, Sherlock.

Sherlock riu sarcástico.

– Como tem tanta certeza disso, Rita?

– Apenas sei. De una forma ou de otra, ficarei sabendo lo que você descobrir.

– Você está me dizendo que irá me manipular?! Está me ameaçando? – Holmes não tirara o sorriso do rosto, porém agora ria incrédulo da ousadia da mulher.

– Ah, foi isso que você entendeu? – Rita sorriu de lado.

– Não. Foi exatamente isso que você falou Rita. Não me engane!

– Ora, por que estás tan nervioso?

Holmes pigarreou e tomou uma postura ereta segurando sua bengala, então falou sério:

– Nunca foi um dos meus hobbies perder tempo. Já estou farto desse seu joguinho. – E virando-se para Watson – Vamos embora.

Watson seguia Sherlock em direção a porta quando Rita fez com que o detetive parasse pondo a mão em seu peito.

– Fez sua escolha. – Murmurou alisando o rosto do homem.

Holmes a encarou por alguns segundos e sem dizer uma palavra seguiu em frente.


***


– Nossa! Mas o que foi tudo isso Watson?! – Os dois agora estavam prestes a finalmente chegar em casa.

– Holmes, nós temos que pensar muito cautelosamente sobre tudo isso.

– Ah, claro! Claro! – Abriu a porta largando seu casaco e chapéu no sofá ao lado – Sra. Hudson!

A mulher veio quase que imediatamente.

– Oh, Sr. Holmes! Que horas são essas? Já passa das 23h!

– Não me venha com essa agora. – Holmes falou ríspido – Não lhe chamei para que me desse sermão. Tem algum recado? Algum caso novo ou alguém veio a minha procura hoje?

– Sim! – A mulher apertava as mãos, ansiosa – Um homem. Ele parecia estar com raiva e--

– Fale logo mulher! O que disse o homem? – Holmes a interrompeu; estava estourando de ansiedade.

– Ele falou que nada sobre esse sumiço é verdade... E que... Ela é uma impostora... E que quer tomar tudo dele... Mas não falou quem era senhor Holmes.

Watson arregalou os olhos para o amigo que se sentou perto da lareira levantando as pernas na cadeira e segurando os joelhos. Watson sentou-se também tirando do bolso seu bloco de anotações e começou a lê-lo. Olhava de relance para Sherlock que mantinha os olhos vidrados no fogo.

– Sherlock.

– Shhh! Preciso do meu cachimbo. – Holmes falou aéreo em seus pensamentos – Sra. Hudson! Traga meu cachimbo, por favor!

– Sherlock, você não vai fumar aquelas porcarias--

– Pare de falar.

Watson bufou.

A Sra., poucos minutos depois apareceu apressada e impaciente com o cachimbo do detetive e entregou-lhe. Ele imediatamente acendeu e começou a fumar. Levantou-se da cadeira e sentou-se no chão em meio as almofadas. Logo toda aquela fumaça tomava conta do ambiente e Watson vendo que não adiantaria falar com o amigo naquele momento, foi para a cozinha a fim de comer algo.

De repente Watson pôde sentir uma pesada mão em seu ombro. Com um salto, virou-se, já com sua bengala-espada preparada, para ver quem o tocara.

– Argh! Da próxima vez que quiser brincar, meu caro, me avise antes! – O dr. falou mau-humorado.

– Não estou para brincadeiras Watson, e muito menos piadinhas. – Sherlock falou com os olhos vermelhos e ainda levemente vidrados. – É curioso como ambos disseram a mesma coisa... – Sherlock puxara uma das cadeiras e sentara-se – O que você diz sobre isso?

– Que eles estão pregando uma peça em nós e querem te confundir.

– Quê?

– Isso mesmo, Holmes. Digo que eles se conhecem e combinaram tudo isso apenas para testar você. Ah, Holmes, não venha me dizer que não percebeu como ela te olha, como age com você!

– E mais uma vez, você e suas fabulosas hipóteses. – Holmes fitou o amigo já ficando irritado. – Isso não faz sentido. Por que teriam o objetivo ridículo de apenas tentarem me enganar?!

– Diversão.

Holmes franziu o cenho apertando os olhos.

– Isso é completamente ridículo. Você não está ajudando em nada.

– Tome. Leia tudo que anotei e veja se não faz sentido.

Sherlock pegou o bloco do doutor e começou a ler os acontecimentos. Passou a mão pelos cabelos agitando-se.

– E então, o que diz? – Watson perguntou.

– Primeiro a cesta com a carta e o vinho, depois o encontro, o sumiço da caixa que inclusive pertence a família; ela me dopa e nos prende, depois nos solta...! E ainda este homem que falou exatamente a mesma coisa que ela: Que nada é verdade... Que querem tomar o que é dela... – Sherlock falou tudo pontuando nos dedos – Realmente faz sentido o que você disse... É uma hipótese a se considerar.

Watson sorriu satisfeito com sua dedução.

– Mas – Continuou Sherlock – não temos certeza de nada ainda. Precisamos nos certificar de que essa caixa realmente existe e se existe, onde está; com quem está.

– Quem é este homem que veio aqui hoje...

– E que relação tem com a Rita Valdéz...

– Qual dos dois diz a verdade...

– Temos que de uma vez por todas descobrir onde está a verdade.

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