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Manhã de Visitas

Olá! Mais capítulos! Espero que gostem e se deliciem com as dúvidas, planos e humor do nosso melhor detetive: Sherlock Holmes! 😃

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Depois do susto no cemitério, Watson deixou Rita em seu hotel em segurança e seguiu apressado para Baker Street. Ele resolveu não alarmar o Holmes naquela noite e apenas na manhã seguinte, depois de seu primeiro paciente, iria para o hospital.

Já era dia, e Rita mal dormira depois da turbulenta noite no cemitério. Acordou cedo no intuito de ir visitar Sherlock e contar-lhe o que houve. Grandes olheiras contornavam seus olhos, não só pela perda do irmão, mas também pela noite muito mal dormida cheia de pesadelos e agitações, e apesar disto, sua beleza permanecia inabalável. Tomou todas as precauções possíveis com a ajuda de seus seguranças do hotel e seguiu para o hospital Sto Tomerson.

Sendo Sherlock paciente de Watson, este permitiu, com prudência, que o amigo pudesse receber as visitas de Rita e Lestrade se assim fosse preciso, deixando então, ambos tranquilos em ir vê-lo sem correr o risco de serem barrados. Minutos depois de ter saído do Alas, Rita chega ao hospital.

– O que a espanhola faz aqui tão cedo? – Holmes estava deitado de costas para a porta em seu leito, de olhos fechados, porém não dormia.

– Sherlock? Mas cómo...? – Rita perguntou entrando.

– Ouvi seu salto desde que andava no corredor vizinho.

– Podría ser qualquer otra mujer. Una enfermeira.

– Enfermeiras não usam saltos, e seu andar é inconfundível. Meio segundo para cada passada firme e ritmada... Aliás, você dança? – Sherlock agora se virava para Rita levantando-se e pegando seu cachimbo em cima da mesa de cabeceira.

– Oh, cierto. Por un segundo esqueci que estava hablando con el detetive más reconhecido de toda Inglaterra. – Um sorriso discreto formou-se no canto da boca da espanhola. – Danço sí. Mas hace algún tiempo... Espere, cómo esto veio parar aqui? – Rita agora olhava para o cachimbo.

– Não importa. – Holmes tragou uma vez soltando um perfeito aro de fumaça.

– Para mí, sí. – Rita respondeu relutante.

– Não veio perder seu tempo em saber como consegui meu cachimbo.

– Y você no devería comprar favores al primero moleque que passasse. – Rita observou a janela perto da cama e arriscou tal ato.

Holmes interrompeu seu trago arqueando uma sobrancelha e riu.

– Muito esperta. – Falou apenas – Mas ficar preso num quarto de hospital não é nada fácil sem um bom fumo... – Holmes falou simples dando uma breve pausa e continuou:

– Minha mente sofre diante da estagnação.

– Sua mente sofrerá más ainda se Watson souber que andas fumando aqui en el hospital, Sherlock!

– Isso só se você disser. – Sherlock caminhou até a janela.

– Obviamente!

– Releve minha cara. – Sherlock voltava da janela em direção a Rita.

– Claro que no.

Holmes a olhou de cima a baixo lentamente mirando suas curvas desenhadas naquele vestido azul escuro, e novamente para seu rosto.

– Creio que o detetive aqui sou eu. Não vai dedurar um simples deslize.

– Não cuentes con esto. Hay otros pacientes por acá Holmes. – Rita se aborrecia com o rumo da conversa, e principalmente por Sherlock manter-se tão calmo.

– Holmes? – Sherlock repetiu soltando de lado a fumaça do cachimbo e agora podia sentir a respiração muito próxima de Rita a sua frente.

– Você está me irritando... – Rita sussurrou o que fez com que Sherlock risse satisfeito.

– E você ainda não falou porque veio. – Sherlock sussurrou de volta.

– Se yo tivesse tido la oportunidad-- - Rita ouviu um "shhh" vindo de Sherlock antes de sentir mais um de seus ardentes beijos. Aproveitou então, ainda sem esquecer-se do cachimbo, para tirá-lo de suas mãos.

Passado algum agradável tempo entre beijos, Holmes de súbito, empurrou-a levemente, dando lugar a sua mais séria e confusa expressão.

Rita mais uma vez se aborreceu.

– Sherlock, você no puede tratarme así. – Ela falou igualmente séria.

– Me desculpe, eu não sei o que está acontecendo...

– Ah, no sabes?! – Rita falou sarcástica.

– O que tirou seu sono noite passada? – Sherlock perguntou observando as profundas olheiras no rosto de Rita mudando bruscamente de assunto o que fez com que ela bufasse irritada.

– Sobre esto que vim hablar contigo.

– Vejo que não foi nada agradável. – Sherlock falou sentando-se na cama com um profundo suspiro.

– No. Alguien tentou matarme y al Dr. Watson.

– Quê?! – Sherlock indagou surpreso e logo se pôs a pensar unindo as pontas dos dedos.

– Ya estávamos voltando cuando percebi un vulto. Disse para o Dr. Watson que logo pegou sua arma. No atirou, mas cuando preguntó quién era, la persona respondeu con tiros contra nosotros.

– Pensei que algo pudesse acontecer, mas não acreditava que realmente acontecesse. Seja lá quem for, está determinado. – Olhou para Rita – Não deu para ver quem foi?

– No... Mas durante el funeral, havia alguien muy parecido con el hombre que descrevestes en el dia de la muerte de mi hermano.

– Tudo indica que era o próprio. Primeiro nos seguiu quando voltávamos da mansão de seu irmão, depois seu irmão morre, e agora além de continuar seguindo você e quem a acompanha, tentou matá-los... – Sherlock pensava alto.

– El zelador del cemitério chamou la policia. Él apareceu también assustado e lhe hablé pra llamarla. El inspetor Lestrade deve saber de algo.

– Sim, sim. – Holmes continuava sério.

Rita também pensativa sentou-se na cadeira próxima.

– Estoy pondo vocês en perigo.

Holmes a mirou por um tempo, observando aqueles traços lindamente proporcionais.

Você não pode ficar em perigo. – Falou mais baixo - Vamos solucionar este caso. Não se preocupe.

Rita semicerrou os olhos sem conseguir desvendar aquele homem a sua frente e levantando-se ainda irritada, saiu pisando firme. Holmes sabendo do porque daquela reação suspirou passando a mão nervosamente nos cabelos.

– Bom dia Rita. – Cumprimentou Watson ao passar por ela rumo ao quarto de Sherlock – Já está--

– Buen día. – Respondeu ela ríspida caminhando para a saída.

Adentrando o quarto em que Holmes se encontrava perguntou de imediato:

– O que aconteceu com a sua espanhola?

– Não me venha com seu humor agora Watson. – Holmes encontrava-se sentado de costas para aporta encarando a janela.

– As coisas não estão muito boas por aqui...

– E o que você esperava? Uma festa por me encontrar neste lindo hospital? – Holmes ironizou mal-humorado.

– Você as vezes me espanta, homem. Bem, preciso saber como se sente. Se a cirurgia está cicatrizada, ou não...

– Estou péssimo.

Watson desistiu das suas análises clínicas e resolveu perguntar, mudando de assunto:

– Não vai me contar o que houve?

Holmes virou-se para o doutor e pensou um pouco antes de dizer:

– Não sei lidar com a Rita.

– Conte-me alguma novidade. – Watson falou distraindo-se com sua bengala.

– Não seja ridículo, meu caro. – Holmes levantou-se caminhando de um lado para outro no quarto.

– Continue, continue. – Watson sentara-se.

– Certa vez lhe falei que talvez fosse melhor viver sozinho do que em um eterno purgatório. – Holmes agora procurava seu cachimbo abrindo a pequena gaveta da mesa de cabeceira.

– O que procura?

– Meu... Nada. Isso não vem ao caso.

"Que mulher..." – Pensou Sherlock percebendo agora que Rita havia lhe tirado o cachimbo. Já estava novamente entrando em seus devaneios.

– Holmes? – Watson o observava.

– Hã? Sim. Prosseguindo: nesta frase que lhe falei certo dia, igualei o casamento ao purgatório, o que ainda não discordo, enfim, minha análise pessoal não é sobre isso, então; pois conversávamos sobre seu casamento com Mary...

– Holmes, vá direto ao ponto, sim?

– Não me apresse. Minha mente não trabalha sob pressões, principalmente emocionais. – Falou orgulhoso.

– Você falou: "emocionais"? Holmes, meu caríssimo amigo, você está mudando, quase imperceptivelmente, mas está mudando. – Watson interrompeu com um sorriso maroto.

– Como dizia, bem, como expressarei... Nunca levei em consideração o "talvez", me entende?

–Não. Nunca o vi tão subjetivo.

– Watson, as vezes duvido de seu raciocínio lógico.

– Você vai desembuchar isso de uma vez ou vai continuar me insultando? – Watson falou com um leve tom irritado.

Enquanto Sherlock procurava com esforço expressar seus sentimentos, Rita agora de frente ao hospital prestes a entrar em uma de suas carruagens de volta para seu hotel, olhou para aquele objeto em sua mão e com uma onda de raiva percorrendo seu corpo, largou o cachimbo do detetive no chão para em seguida subir na carruagem.

Ela não estava nada satisfeita com as indecisões de Sherlock e essas indecisões a atingiam e estavam deixando-lhe confusa quanto ao que ele sentia por ela e ainda sobre como ela deveria se comportar com ele. Será mesmo que ele a amava? Ora demonstrava afeto e ora era tão arredio... Não podia viver assim.


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